Com eleições autárquicas marcadas para 20 de Novembro deste ano, Moçambique vive um clima de intensidade política, com diferentes questões e muitos atores em cena. O programa Prosavana, que altera a propriedade da terra, é uma das questões centrais com que o governo, o actual e o futuro, terá que lidar.
"A parceria fechada entre os governos de Moçambique, Brasil e Japão há quatro anos poderá mudar radicalmente a vida de 4 milhões de pequenos produtores rurais moçambicanos, mas ainda não existe clareza sobre os benefícios para a população – o que faz com que especialistas e a sociedade civil do país vejam o megainvestimento com desconfiança e apreensão.
Culturas de soja, projetos de reflorestamento com impacto social negativo, casos de expropriação e vastas produções de algodão para exportação já existentes em Nacala também embasam a tensão provocada pelo programa."
Azagaia e Shot-B são os dois nomes de referência da cultura hip-hop moçambicana. A CNN foi ver e ouvir a intervenção social que os dois artistas fazem em Maputo e as motivações da nova geração.
"Tempo e Espaço: Os Solos da Marrabenta" é a peça que Panaíbra Gabriel, coreógrafo moçambicano, traz ao Verão do Próximo Futuro. Trata-se de um solo que o bailarino executará dividindo o palco com o guitarrista Jorge Domingos. E em palco estarão também Gonçalo Mabunda e Fanny Mfumo, Pedro Homem de Mello e Amália Rodrigues, numa viagem sobre a identidade e o corpo. Tudo isto nos dias 22 e 23 de Junho às 21h00 no São Luiz Teatro Municipal (Sala Principal)
"Desde a independência, em 1975, Moçambique tem sido uma terra de transformações sociais e políticas, passou de um modelo inflexível comunista, abrindo-se gradualmente para uma frágil democracia. A performance explora essa noção de corpo africano de hoje: um corpo pós-colonial, um corpo plural que absorveu os ideais de nacionalismo, modernidade, socialismo e liberdade de expressão, o meu próprio corpo."
A peça foi apresentada no Festival Panorama em 2010, onde foi gravado o registo que se pode ver aqui. Há mais informações aqui e sobre os mais recentes trabalhos de Panaíbra e dos seus bailarinos pode saber-se aqui
"Smile if you can" e "Orobroy, Stop!" são as duas peças que o coreógrafo moçambicano Horácio Macuácua traz ao Verão do Próximo Futuro dia 29 de Junho, no S. Luiz Teatro Municipal.
A dança contemporânea moçambicana tem, discretamente, vindo a ocupar espaço nos palcos internacionais. Horácio Macuácua é um dos convidados deste Verão do Próximo Futuro, trazendo duas peças.
No mesmo dia veremos "Orobroy, Stop!" trabalho premiado em 2010 no “Danse l’Afrique danse” realizado no Mali e "Smile if you can", criado em 2012. O mesmo programa repete-se no domingo dia 30 de Junho, no mesmo local.
"¿Qué intención tenías a la hora de montar Smile if you can?
Quería exponer mi visión sobre el valor del pueblo mozambiqueño, que a pesar de las dificultades del día a día, nunca se frustra. En Europa la gente se suicida porque de repente no tiene los mismos recursos económicos que antes. En mi país la gente no sabe si tiene dinero para tomar el transporte público al día siguiente, no sabe cuándo va a poder comer. Y a pesar de todo nunca deja de sonreír. Eso me parece admirable. Al mismo tiempo quería construir una crítica contra los gobernantes y las empresas extranjeras que absorben lo poco que tenemos. Intento alertar a los ciudadanos que debemos despertar y tomar más consciencia con lo que nos ocurre. De otra forma acabaremos vendiendo el país sin darnos cuenta."
O P3 publica uma séria de entrevistas e imagens que permitem conhecer melhor alguns dos artistas que integram a exposição "Ocupações Temporárias - Documentos" que até 26 de Maio pode ser visitada na galeria 01 do Edifício sede da Fundação Gulbenkian em Lisboa.
Este “desafio constante” que é ser jovem artista em Moçambique inspira Azagaia a fazer música de intervenção social — razão pela qual fala em “censura por parte dos órgãos de comunicação públicos”. “Muitas vezes fico à margem dos grandes concertos, uma vez que a maior parte desses eventos são patrocinados por empresas ligadas ao poder político.”
Rui Tenreiro vê esta exposição conjunta como uma oportunidade para “formar um ponto de encontro de expressões entre os vários artistas e países participantes” e espera que a mesma encoraje “os moçambicanos a se questionarem sobre como podem narrar o seu panorama artístico”.
As entrevsitas na íntegra para ler aqui e aqui e as pinturas do Shot-B podem ser vistas aqui
"Esquecidos" é a nova exposição de Mário Macilau que inaugurou há dias no Centro Cultural Franco Moçambicano em Maputo e pode ser visitada até 5 de Março.
"In affluent societies, the demands of the high-performance labour that is paired with the increasing life expectancy, a culture of care homes has been put in place. Elderly members of the family are placed in these homes under care of professionals who are often strangers to these vulnerable groups. Care homes are part social club, dispensaries and hospices.This culture of displacement stands in contrast with social values of the traditions of living together and growing old in one homestead, whereby senior members of the family were cared for by their offspring. Such cultures can still be found in rural areas and some parts of African countries."
Parte da entrevista ao Professor Elísio Macamo por altura da sua participação no Observatório de África, América Latina e Caraíbas, no âmbito do Programa Gulbenkian Próximo Futuro.
A África de muitas latitudes tem também várias camadas. Como o mundo inteiro. Ou um país apenas: Moçambique. África pode ser ilusão. Pelo menos como a conhecemos, ou seja, sob a forma de narrativas muito simples que escondem os efeitos acumulados de uma história complexa. As palavras são do académico moçambicano do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Basileia na Suíça Elísio Macamo que agarra esta imagem para explicar A Ilusão da África conhecida – título da sua apresentação em Lisboa na conferência O tratamento dado à informação sobre África pelos media inserida no programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian no fim de Novembro.
Elísio Macamo falou mais tarde ao PÚBLICO desse fio de narrativas com o qual criamos “a ilusão que entendemos Moçambique”; da oposição política da Renamo que, nos 20 anos dos Acordos de Paz assinados a 4 de Outubro de 1992 em Roma, ameaça voltar à guerra; e de uma Frelimo dominante, produto de uma ideia fantástica porque sobre ela se projectam medos e esperanças. Uma Frelimo com um rosto: Guebuza que deixa a presidência do partido e do país em 2014. O sucessor (daquele que sucedeu a Joaquim Chissano) será uma escolha dentro da Frelimo. “Não da maioria, de uma minoria influente.”
Desde 6 de Dezembro, Maputo está temporariamente ocupada por seis intervenções artísticas de igual número de artistas, tendo como mote a palavra “Estrangeiros”.
Esta proposta temática para a terceira edição desta mostra de arte contemporânea surge depois de muitos debates sobre migrações, legais e ilegais, fluxos de pessoas e trocas inerentes, por se entender que resta ainda espaço para falar “dos de fora”; porque a aldeia que se diz global continua a classificar dicotomicamente os seus habitantes: “os de dentro” e “os de fora”. Este estatuto, que parece exclusivamente geográfico, tem também um eixo temporal que retira a pátria aos “de dentro”, se estes permanecem muito tempo fora. Quando regressam, ou quando chegam, passam a ser olhados como “de fora”. São estrangeiros na terra natal.
“Estrangeiros” nas OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.12 realiza-se em Maputo no mês em que todos os “de fora” parecem ocupar a cidade. Os turistas estrangeiros que chegam de avião ou nos cruzeiros, os moçambicanos do estrangeiro que voltam para as férias de família e praia, os estrangeiros que aqui trabalham, e que ainda não saíram para as suas terras de origem.
A exposição toma as linhas de perspectiva, de trajecto e de trabalho de alguns destes estrangeiros, no caso, cinco artistas moçambicanos que estudaram e viveram ou ainda vivem fora do país, e um angolano.
São muito diversas as obras e as abordagens que os autores fazem e o termo “estrangeiros” é transmitido sem recurso a discursos óbvios.
(Sandra Muendane/Fotografia de Maimuna Adam)
Sandra Muendane no Aeroporto de Mavalane apresenta “Outra moda é possível” que propõem uma reflexão sobre a origem daquilo que enunciamos como património identitário, a partir de objectos quotidianos.
(Eugénia Mussa/Fotografia de Maimuna Adam)
Eugénia Mussa, com o seu tríptico de pintura exposto no exterior do Restaurante Cristal (Av. 24 de Julho, nº 554), obriga-nos a uma leitura mais atenta do que são as paisagens conhecidas. “Fata Morgana”, assim se chama o seu trabalho, vai para além da miragem, recorre à memória e ao envolvimento emocional, para que possamos ver para além do imediato.
(Rui Tenreiro, video still)
Rui Tenreiro ocupa o interior da Embaixada Real da Noruega (Av. Julius Nyerere, nº 1162). O visitante começa por experienciar a condição de estrangeiro ao sujeitar-se ao horário da embaixada (exposição visível apenas no horário da instituição) e também com a necessidade de se identificar. Este “ritual” próprio de quem parte para um território estrangeiro, completa-se no visionamento dos três vídeos e dos textos que nos levam em “Viagem ao Centro de Capricórnio” onde, como em qualquer viagem reconheceremos paisagens ou pelo menos traçaremos paralelos com os nossos territórios de origem.
(Tiago Correia-Paulo/Fotografia de Maimuna Adam)
Tiago Correia-Paulo sai da sua área profissional, a música, e apresenta-nos “5:59” uma instalação com objectos e vídeo na Embaixada Sul-Africana (Av. Eduardo Mondlane, nº 41). Aqui, a abordagem é feita a partir do confronto com a rotina, que poderíamos associar à esperança e muitas vezes à desilusão de alguém que num país estrangeiro se vê obrigado a procurar o cumprimento do seu próprio sonho.
(João Petit Graça/Fotografia de Maimuna Adam)
A instalação visual e sonora de João Petit Graça na Embaixada de Portugal (Av. Julius Nyerere, nº 720) deixa-nos, literalmente, uma janela aberta para nos debruçarmos sobre os imensos fluxos que o termo “estrangeiros” pode encerrar. “HOYO-OYOH”, leitura em espelho da expressão de boas vindas, é também uma singular visão do que pode ser o fluxo de imigrantes em Maputo, a partir de uma porção de cerveja.
As reproduções das obras do artista angolano Paulo Kapela podem ser observadas em diferentes pontos da cidade como sejam a Av. Eduardo Mondlane, frente à Ronil, a Escola 1º de Maio da Av. 24 de Julho ou o mural de graffiti na Av. OUA. Estas “Obras” de Paulo Kapela têm associada uma mensagem recorrente de paz e unificação que pretende eliminar o estigma do estrageiro e que se reflecte também no uso indiscriminado de objectos, ícones e referências que o artista faz nas suas colagens e na construção das suas obras que são, normalmente, apresentadas em instalações.
Tal como nas edições anteriores, as “Ocupações Temporárias” podem ser vistas intencionalmente, como um percurso que se realiza de uma só vez, ou em etapas, feitas ao acaso ou de acordo com a agenda de cada um.
Mais uma vez, a ocupação de espaços não vocacionados para a apresentação de obras de arte constitui a “originalidade” do projecto, sendo relevante o facto de em 2012 se terem aberto à proposta instituições que à partida poderiam ser assumidas como de pouco flexibilidade como são as embaixadas.
O apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian à realização deste evento é também uma nota a reter no apoio à divulgação e à circulação da criação contemporânea moçambicana, no seguimento de outras acções anteriores realizadas com este e com outros projectos.
Mais informações:
Ana Lúcia Cruz
+258 82 353 79 21
Nota: Os artistas podem ainda ser contactados em Maputo. Uma visita à exposição pode ser agendada com a produtora Ana Lúcia Cruz.
Hoje (5 Dez.), "véspera da inauguração das 'Ocupações Temporárias 20.12', uma conversa sobre o projecto, com artistas, curadores, jornalistas e todos os interessados: às 18:00 no Instituto Camões".
Uma parceria entre o Programa Gulbenkian Próximo Futuro (PGPF) e o Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento (PGAD), com curadoria de Elisa Santos
“Estrangeiros” é a palavra mote que serve de ponto de partida para a intervenção artística de 5 artistas moçambicanos e 1 angolano, de diferentes áreas de criação. Os ocupantes estão baseados em territórios que facilmente se identificam com a temática proposta, e trazem-nos abordagens muito distintas, tanto ao nível da linguagem quanto ao nível do discurso daquilo que podem ser as leituras e os significados da palavra estrangeiro.
Eugénia Mussa, João Petit Graça, Rui Tenreiro, Sandra Muendane e Tiago Correia-Paulo, são os cinco moçambicanos que se apresentam este ano, utilizando como suporte a pintura, o vídeo, o som e a instalação de objectos, para abordarem um conceito que lhes é familiar, dado o seu percurso académico e profissional que passou pela saída do país.
Nesta exposição feita “em casa”, feita em território “familiar”, os artistas aprofundam o olhar sobre as dimensões do que pode ser viver-se como “outro”, como “estranho”, para lá da dimensão geográfica ou fronteiriça que o tema encerra.
Paulo Kapela, artista angolano que aborda as temáticas da cultura bantu muito para além das fronteiras políticas trará um discurso transnacional, incitando a paz e a união dos povos,pela criação e recriação manifestos que aliam religiosidade, misticismo e a tradição com ícones, realidades e materiais contemporâneos.
CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA
LISBOA, IICT – JBT / Palácio dos Condes da Calheta, 24- 26 DE OUTUBRO DE 2012
O Congresso Internacional Saber Tropical em Moçambique: História, Memória e Ciência resulta de uma parceria interna entre vários projectos do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) no âmbito do Programa História da Ciência, e visa apresentar e partilhar estudos e resultados de trabalhos de investigação em curso sobre Moçambique, nas várias áreas do saber científico, parte dos quais desenvolvidos em parceria com instituições moçambicanas.
Reflectindo uma história de séculos de contactos, influências e intercâmbios com o Oriente e o Ocidente, Moçambique assume-se no contexto da África Austral como um espaço privilegiado de articulação do continente africano com o Índico e com o Atlântico, atestado pelo crescente número de trabalhos de investigação e de projectos de cooperação. Nesse sentido, este Congresso pretende dar mais visibilidade à investigação que tem vindo a ser feita, criando oportunidades para os investigadores das diversas áreas científicas apresentarem os seus trabalhos contribuindo para dinamizar o interesse por Moçambique e sublinhando o papel desempenhado pela investigação científica e pelo envolvimento directo no desenvolvimento e na cooperação.
Privilegiar-se-á uma abordagem comparativa e interdisciplinar que tenha em conta perspectivas históricas, antropológicas, sociológicas, culturais, económicas, políticas, biológicas e ambientais, incluindo ainda aspectos técnicos do tratamento e preservação do património, que permita não só uma perspectiva histórica em termos regionais e mundiais mas também em termos do reconhecimento da importância dos saberes e do conhecimento científico no contexto actual desta sociedade; sendo que, para tal, o Congresso será também enquadrado por uma mostra documental e material que testemunha e reflecte a diversidade e transversalidade da abordagem proposta e a riqueza do património documental e material em que se apoia uma boa parte do trabalho de investigação.
Deste modo, espera-se que este Congresso contribua para uma compreensão mais global e abrangente, que permita uma melhor percepção da situação presente de Moçambique, ajudando a identificar desafios actuais e a cooperar na sua resolução.
Áreas temáticas propostas Património Histórico e Científico Ocupação, História Pre-colonial e Escravatura Colonialismo, Território e Definição de fronteiras Missões científicas e Antropologia colonial Descolonização e Estado independente Etnobotânica, Medicina tradicional Biodiversidade, Gestão e Uso sustentável de recursos naturais Saúde e Alimentação Alterações climáticas e riscos associados Arquitectura e Urbanismo Literatura, Cultura e Educação Políticas de Desenvolvimento e Cooperação
This selection of images makes part of a phd research about on Capulana from Mozambique available on the site: http://d4capulana.wordpress.com/. On this case I present a selection of images with a focus on specific decades 1from 1900 to 2011.
Entre os dias 14 e 23 de Setembro, Maputo recebe novamente o mais conceituado evento do seu género realizado em Moçambique. Com um cartaz composto por cerca de 80 títulos, entre curtas e longas-metragens, o Festival do Filme Documentário (Dockanema) foca, nesta sua 7.ª edição ininterrupta, atenções nas temáticas sociais que vêm pautando a actualidade nacional e internacional, nos últimos anos.
Liderada por Pedro Pimenta, fundador do festival, a organização sugere três ciclos de documentários – nos quais serão destacados filmes de um realizador internacional e dois temas específicos – e três secções, denominadas por ´Sal da Terra` – de autores moçambicanos ou temáticas relacionadas com Moçambique -, ´Janela Aberta` – falados e/ou com legendas em Português - e ´Original Docs` – com legendas em Inglês.
Como já vem sendo habitual, o Dockanema propõe ainda a todos os curiosos da arte do cinena [sic] documental os chamados ´Programas Paralelos`, que se irão desenrolar em três diferentes instituições de ensino: Universidade Politécnica, Universidade Pedagógica e Escola Portuguesa de Maputo.
Os palcos de exibição das fitas escolhidos para esta edição são o Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), o Teatro Avenida, o Centro Cultural Brasil-Moçambique e a Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS).
"É uma rua ali ao lado da 24 de julho... não, não é na Patrice Lumumba, é na outra, naquela discreta, tem aquela casa, aquela casa que tem um cão, aquela onde trabalha a Sara, onde o chão da cozinha tem tons de verde como a parede, tás a ver?! Essa, tás a ver?! Sabes, o Kok já não mora ali"
Começa hoje a 5ª Bienal de Arte Contemporânea do Muvart em Maputo, que se estenderá por 7 espaços com igual número de inaugurações. Até 31 de Agosto ESTAR é o tema da exposição com 19 artistas nacionais e 18 participações estrangeiras.
Com a curadoria de Jorge Dias, Isa Bandeira, Luc Andrié e Vanessa Dias, a Bienal integrará ainda worshops e palestras a decorrer em diferentes espaço da capital moçambicana
Una azagaia es una jabalina o una lanza pequeña y también es el nombre artístico de Edson da Luz, un artista de hip-hop de Mozambique.
La claridad y crudeza de sus letras causa malestar en los círculos cercanos al poder y al partido en el gobierno de su país, el FRELIMO. Esto ha sido la causa de que en numerosas ocasiones hayan intentado silenciar su voz y el propio Azagaia fuera detenido.
Comenzamos con un tema titulado Combatentes da fortuna y que va dedicado a todos los dirigentes africanos que siempre prometen una vida mejor a sus seguidores y que una vez que llegan al poder se olvidan de todo.
Esta canción va dedicada a todos eses dirigentes africanos
que nos prometieron un África mejor
y nos dieron un peor resultado
camada de hijos de puta…
quisimos creer en el discurso de la igualdad
compartimos el discurso de unidad
combatimos al opresor
para liberarnos
esclavos de nuestra pasividad
nosotros obedecimos esas órdenes
morimos para ser hombres de verdad
a pan y agua,
en la lengua sólo el sabor de la libertad
nosotros
combatimos al opresor sin impiedad
nos enseñaron que el racismo tenía color
negra era la piel del señor.
Azagaia procede de la ciudad de Beira, zona que tradicionalmente es baluarte del partido surgido de una escisión de la RENAMO, el MDM, fundado por Daviz Simango, alcalde de Beira, y por el que el artista hace campaña, como se comprueba en este video del tema Corre e avisa.
El tema Povo no poder fue compuesto tras una serie de manifestaciones convocadas en la capital, Maputo, en protesta por la carestía de la vida, en 2008. Más tarde, en los disturbios que tuvieron lugar en septiembre de 2010 la canción se convirtió en el himno de los manifestantes. En esta ocasión hubo más de una docena de muertos y la ciudad estuvo paralizada prácticamente una semana. Se protestaba por la subida del precio del pan y del combustible.
El tema recrimina al gobierno por la subida de los productos básicos, se llama al pueblo a la lucha y se acusa a los gobernantes de corruptos y traidores del pueblo. Un tema bastante atemporal y que se puede aplicar a muchas realidades fuera de Mozambique.
Ya no creemos en esa vieja historia
salimos para combatir la escoria
ladrones, corruptos
gritad conmigo para que esa gente se vaya
gritad conmigo porque el pueblo ya no llora
esto es Maputo, nadie sabe bien como ocurrió
el pueblo dormía ayer
pero hoy perdió el sueño
todo por causa de ese vuestro salario mínimo (se lo recrimina al gobierno)
el pueblo sale de casa y tira apunta al primer cristal
sube el precio del transporte, sube
sube el precio del pan
deja a mi pueblo sin norte
pueblo sin suelo
revolución verde
sólo la vemos en nuestro almuerzo
ahora piden el qué: ¿ponderación? (austeridad, cautela)
pondera tú
antes de hacer esa mierda de subir el costo de la vida
y mantener bajo nuestro ingreso,
este gobierno no se enmienda, no
hasta va a haber una tragedia, sí
que vengan con gas lacrimógeno
esta huelga está llena de oxígeno
no vamos a parar en nuestro empeño
yo no me abstengo.
El gobierno de Mozambique quería callar a Azagaia y encontró la ocasión para arrestarle cuando este viajaba en coche en el que uno de los ocupantes llevaba Marihuana. A raiz de ese hecho escribió el tema Filhos da... (Hijos de...) que es una llamada de atención a la gente que solo reacciona ante los abusos de los gobernantes cuando le toca a ella y ya es demasiado tarde para cambiar las cosas.
Nos cogieron y apresaron y tú no hiciste nada
se llevaron a tu vecino y tú no dijiste nada
y cuando te lleven a ti
también nadie hará nada
hijos de…
cuando me apresaron dijiste
que era por culpa de la irreverencia
que el pueblo abusó del poder
e insultó a la Presidencia
que estaba fuera de tu jurisprudencia
te llevaste el título de campeón de la coincidencia.
tú eres el tipo que apoya la revolución
pero que no se quiere envolver
el olor de tu miedo denuncia tu perfume
miedoso que cuando muere
no sirve ni para estiércol.
En el tema Minha geração (Mi generación) describe las condiciones de vida de los jóvenes y refleja los cambios culturales, de estilo, en los estudios..., que están viviendo pero preguntándose que para qué tanto esfuerzo si parece no haber un futuro claro.
Esta es la generación del cambio
aquellos que se vuelven para pagar el alquiler de casa
que se vuelven ante los combustibles
que también subieron
la autoestima subió
solo los salarios no subieron
la generación de los que lamen el culo
pornográficamente
hasta el jefe eyacular
pero al fin de mes no hay aumento (…)
dicen que pertenezco a ella,
la generación del capricho
que desfila con coches de lujo
en barrios de mierda (basura)
la generación del HIV
pero la gente se contagia
hombres con cuerpo de gimnasio
que no usan condón
la generación de Sofala (provincia de la que Beira es capital)
que mira al pueblo de Sofala
pero que cuando llega el momento de actuar
sólo habla.
Terminamos con otro de sus temas más reivindicativos, A marcha.
Yo hablo del pueblo para el pueblo
porque yo soy pueblo y tú eres pueblo
usamos el mismo lenguaje
y cuando tu hablas yo te oigo
cuando yo hablo tu me oyes
compartimos los mismos dolores
si te cansaste de pedir favores
entonces vem a esta marcha
tú que estás mal pagado
aunque te esfuerzas en el trabajo
a ti que no te pagan
y recibes limosnas en el trabajo
sí, tu que eres humillado por no haber ido a la escuela
nadie se da cuenta que tuviste que irte pronto a trabajar
tú que pagas impuestos
te quedas sin nada en los bolsillos
tú que haces a los dirigentes engordar como cerdos
tú que no entiendes de economía ni de política
dicen que el país va mal, pero en tu plato no ves comida.
Pedro Muagura já plantou perto de cem milhões de árvores. Coordena o programa de reflorestação da serra da Gorongosa. Planta árvores até quando vai ao estrangeiro.
Ninguém lhe ordenou que andasse por aí a plantar árvores, mas aos seis anos já lançava sementes pelos caminhos. Pastoreava bois. Os bois não paravam de comer plantas. Pedro Muagura também se servia delas. "Milho não tínhamos, batata usávamos uma vez por mês, arroz não havia. As frutas silvestres sempre existiram. Mesmo que haja seca prolongada, as plantas nativas têm fruta. Fui vendo isso."
Plantou muitas árvores. Uns cem milhões, contando com as que meteu na terra e com as que meteu na terra quem lhe obedece.
Uma vez, o Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, apareceu-lhe em casa: "Por que plantas árvores?" Pedro pensou: "As grávidas precisam de sombra. Os bebés descansam numa cama de madeira. O nosso caixão também é feito de madeira. Nós alimentamo-nos de plantas. Plantas são vida."
Cresceu em Machipanda, província de Manica. Estudou no Instituto Agrário de Chimoio. Fez das plantas o seu negócio. "Antes era eu, a minha esposa, as crianças. As crianças deram uma grande contribuição. Tenho cinco - quatro meninas e um só menino. A mais velha tem 17 anos, o mais novo seis meses. É o Salvador. Salvou-me de ser o único homem no meio de tantas mulheres."
Plantava embondeiros (que dão malambe, um fruto com um miolo seco de sabor agridoce), maçaniqueiras (maçãs pequenas), ximénias (ameixas-do-mato)... As pessoas perguntavam-lhe: "Porquê só plantas nativas?" E ele começou a ter laranjeiras e outras árvores para vender. A empresa cresceu. Agora, 21 funcionários plantam árvores em seu nome. "Num dia só chego a produzir 26 a 27 mil plantas." Números que não estão exagerados, sublinha, porque há trabalhadores que chegam a fazer 1700 vasos por dia.
Sente-se "especial" desde que professores e estudantes lhe começaram a aparecer em casa. Às vezes, até lhe pediam que fosse a escolas ou universidades ensinar a cuidar de algumas espécies. Tornou-se professor. Estudou florestas na Finlândia e fauna bravia na Tanzânia.
Nem fora de Moçambique larga o seu "grande desafio". Plantou uma árvore em Portugal, perto do Aeroporto de Lisboa. "Não tive problemas." Em Heathrow, Londres, não conseguiu. "Foi difícil, mesmo para cumprimentar as pessoas. Dizia: "Bom dia!" A primeira pessoa não respondeu; a terceira quis saber por que estava a cumprimentar. Perguntei se podia plantar, ela disse: "Esquece!""
Plantou na Suécia, Dinamarca, Finlândia, Tanzânia, Zimbabwe, Malawi, África do Sul. Na África do Sul, mostrou que não brinca com isto. "Primeiro falei para os serventes: "Se não regam essas plantas, não vou almoçar aqui." Pensavam que estava a brincar. Falei com o manager. Ele disse: "Vão lá regar." Depois, deram-me uma árvore para plantar."
Quando a recuperação do Parque Nacional da Gorongosa despontou, o plantador de árvores dava aulas na vila homónima. "Fui vendo a relação entre florestas e fauna bravia. Pensei que era melhor fazer práticas no terreno. Depois, pedi ao Ministério de Educação para me juntar ao parque." Está há dois anos a tempo inteiro na reserva. Gere o programa de reflorestação da serra.
Ainda há um século, o homem não se atrevia a sair do sopé da serra, que atinge 1863 metros de altitude. Reza a lenda que quem tentar subi-la perderá a vida. Baptizaram-na de "Kuguru Kuna N"gozi", que no dialecto local quer dizer "lá no cimo há perigo". Aportuguesada, Gorongosa.
Na guerra civil (1976-1992) e nos dois anos até às primeiras eleições multipartidárias, as pessoas foram subindo a serra em busca de segurança. E a serra sofreu com esse avanço. "Faziam queimadas por causa da guerra, para caçar animais, para preparar áreas para milho, feijão."
Pedro ainda se lembra da primeira vez que sobrevoou a Gorongosa. Terá sido em 2005 - o Governo de Moçambique e a Fundação Carr (EUA) tinham assinado há pouco o memorando de restauração do parque, que haveria de evoluir para a co-gestão. Faltavam partes de floresta tropical, floresta de galeria, savana. A continuar assim, os rios Vunduzi e Muera mingariam.
Nem é preciso helicóptero. Para ver a devastação basta subir pela picada num jipe de safari, como o engenheiro agora sobe em direcção à cascata de Murombodzi. Consequência de práticas inapropriadas de uso de terras, baseadas no corte e na queima, o que degrada solos, fauna, flora, "tudo". Só em 2010, o Governo alargou os limites do parque de forma a incorporar a serra situada acima dos 700 metros. E ainda ali moram duas mil pessoas.
Pedro aposta nos mais novos. "Ensinar uma pessoa que já não tem dentes a fazer um novo tipo de agricultura é muito difícil." Não desiste delas. Mostra que a água dos rios corre barrenta, que desapareceram poços. Diz-lhes: "Era fácil o feijão germinar aqui. Já não é. Cortaram muito. Temos de reflorestar."
Na natureza, tudo interage. "As aves lançam sementes. Os macacos comem frutas e, pelo produto fecal, vão dispersando sementes. Tudo vai fazendo a cobertura vegetal. Nas zonas onde se cortam as árvores, os rios vão perdendo caudal. O programa florestal tem por objectivo garantir a sustentabilidade de recurso hídrico do parque." Sem água, não há flora, não há fauna bravia, não há ecoturismo, não há empregos.
O projecto agrega 34 viveiros. Só o ano passado, plantaram 850 mil árvores. Pedro soma 1,2 milhões. Está a contar com o apoio prestado às escolas e comunidades. Recolhem sementes nativas, plantam-nas, cuidam das plantinhas até à hora de as transplantar. "Este ano, o alvo é dois milhões. Na recolha de sementes, a média é seis toneladas. O grupo é muito motivado."
A motivação transparece numa curta conversa com plantadores de árvores como Silvestre Braga, que tem três esposas, 29 filhos, uma dor de cabeça quase permanente. "O problema é que quando cultiva... milho, feijão, mapira, é pouca comida para alimentar as crianças." Vale-lhe o que recebe do parque.
O plantio mobiliza 55 trabalhadores e à volta de 275 voluntários. O número está em crescendo. Pedro até pensava que iam exigir um salário. Não o fazem. Talvez por sentirem que estão a aprender. Talvez por acreditarem que os melhores poderão vir a ser contratados pelo parque.
Por vezes, Pedro fica a dormir na montanha. Também os recebe quando vão à vila da Gorongosa. Oferece-lhes água para tomar banho, esteira para descansar. E com esses pequenos gestos vai conquistando aliados. Alguns vêem cortar ou queimar e avisam.
O país combina justiça tradicional com justiça convencional. "Se destrói a casa do vizinho ao fazer queimada, chama-se a polícia. Se corta uma árvore na nascente do rio, confisca-se o machado e entrega-se a pessoa ao régulo." Cortou uma árvore, tem de plantar 15. "É para educar. Nós, do programa de restauração, entregamos as plantas à pessoa e ela vai abrir as covas e plantar."
Os fiscais não chegam a todo o lado. "Há áreas que só são acessíveis de helicóptero." E falta educação. "Existem muitas pessoas que não conhecem escola e falar com elas de ambiente, de erosão, de fauna, é muito difícil."
A muitos parece desnecessário plantar espécies nativas, como chanfuta, amonha, panga-panga ou umbila. Parece mais útil plantar, por exemplo, batata-reno. Na serra, um cacho de banana custa 10 a 15 meticais (28 a 42 cêntimos de euros). Ora, cinco quilos de batata-reno podem ser vendidos a 80 a 100 meticais.
Nem só as bicicletas chegaram à Gorongosa nos últimos tempos. "Os jovens agora querem telefones celulares. Isso tem impacto negativo. As pessoas vão cortando floresta para pôr batata-reno. Desenvolvimento e conservação são assuntos muito contrários." O trabalho não pode parar. "Não vamos chegar à vila sem ver um camião com troncos grandes." Não tarda a encontrar um, atolado.
Três décadas depois da abolição, o governo vai reintroduzir no próximo ano lectivo, o ensino pré-escolar, com o objectivo final de melhorar o ensino no país.
Três décadas depois da abolição, o governo vai reintroduzir no próximo ano lectivo, o ensino pré-escolar, com o objectivo final de melhorar o ensino no país.
Segundo anúncios feitos esta semana pelas autoridades de educação, a medida visa permitir que as crianças se socializem com o sistema, antes de iniciar o ensino primário, contribuindo deste modo, para melhorar a qualidade que segundo opinião geral, está cada vez mais baixa, a todos os níveis.
A Associação Nacional dos Professores saúda a medida, contudo, considera que o Governo deve criar todas as condições prévias, por forma a garantir que os resultados esperados se reflictam na realidade.
Em contacto com a reportagem da Voz da América, a Direcção de Planificação do Ministério da Educação não quis dar detalhes sobre o programa, revelando apenas que o objectivo é superar a fraca qualidade no ensino primário e facilitar o alcance dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio.
Um dos principais desafios que se colocam a este processo, tem a ver com as infra-estruturas existentes e os professores necessários para concretizar a iniciativa.
O Ministério da Educação diz estar a preparar todo o processo que será conhecido, em devido momento. Para os professores, este desafio deve ser muito bem visto, sob risco de sobrecarregar o sistema e piorando ainda mais os resultados actuais.
Filipe M.C. Branquinho was born in 1977 in Maputo, Mozambique.
He works as a freelance photographer and illustrator. Hes graduating in Architecture by UEM (Universidade Eduardo Mondlane, Maputo / Mozambique) and attended the same course at UEL (Universidade Estadual de Londrina / Brazil).
His passion for the arts (including photography) was born in the environment they grew up in Maputo, the coexistence with the environment and many of the artistic masters and national benchmarks.
In Brazil the design and illustration appear systematically and consciously, through contact with the artistic disciplines together with architectural training. It is in this context that decides to try to photography as art.
He participated in several group and solo exhibitions in Brazil, Mozambique and South Africa has several works in private collections.
Mauro Pinto é o vencedor da 8ª edição do Prémio BES Photo, uma iniciativa do Banco Espírito Santo (BES) em parceria com o Museu Coleção Berardo, à qual se junta a Pinacoteca do Estado de São Paulo no seu alargamento à lusofonia.
O BES Photo, que já se afirmava como o principal prémio de arte contemporânea em Portugal de estatuto internacional, dá a conhecer trabalhos inéditos dos mais consagrados artistas da lusofonia num evento ímpar que atribui ao vencedor o prémio no valor pecuniário de 40.000 euros.
O Júri de premiação, de composição internacional, com nacionalidade distinta das representadas pelos artistas selecionados, escolheu por unanimidade, Mauro Pinto para vencedor do BES Photo2012, pela série “Dá Licença”, projeto fotográfico no Bairro da Mafalala, em Maputo.
Moçambique tem uma área de 799,380 KM². Este território, está ocupado por homens e mulheres, crianças e velhos, nacionais e estrangeiros, católicos e muçulmanos, zions e ateus, doentes e sãos, famílias e órfãos, patrões e empregados, pedintes e doadores, justos e bandidos.
Esta serie de 12 retratos é um mosaico que ilustra a ocupação territorial, social e imagética de um país. O espaço tomado pelo individuo, a sua presença na paisagem e no tecido social são a materialização da sua existência. De igual forma, o retrato materializa códigos e valores associados à sua imagem e ao seu desempenho. O trabalho ou o passatempo fazem pose no corpo do retratado e o que a lente fixa são todas as singularidades de um ofício encarnadas pelo melhor modelo: aquele se ocupa do seu exercício.
Maputo será, a partir da noite de sexta-feira, 13 de Abril, a capital africana de literatura. É que a Cidade das Acácias acolhe o I Encontro Africano do Livro de Cartão, cuja cerimónia inaugural acontecerá no Centro Cultural Português – Instituto Camões, tendo o seu fim marcado para o dia 23. Descubra o milagre do papelão na promoção da literatura...
No Primeiro Encontro Africano do Livro de Cartão ? que decorre de hoje a 23 de Abril em curso ? tudo é novo e/ou está inovado. A maior parte dos escritores é jovem. As propostas de aventuras literárias para leitura também são recentes, do mesmo modo que foi inovada a fisionomia dos manuais que se apresenta de forma criativa e atraente.
No entanto, no meio da tanta inovação encontra-se algo mais interessante ainda: um preço simbólico na compra das obras. Afinal, o maior objectivo desta feira livresca é promover o conhecimento, levando os livros aos sectores sociais mais desfavorecidos, muitos dos quais não são abrangidos pelas publicações das editoras convencionais.
Está-se diante de uma nova postura de produção e publicação de obras literárias. Trata-se das editoras de livros de cartão. A iniciativa nasceu na Argentina, no ano 2003 e, desde então, não pára de evoluir.
Exposições de livros de cartão, oficinas infantis, oficinas literárias, oficinas semiprofissionais, vídeo-conferências, lançamento de novos livros, programas paralelos de eventos culturais são algumas das atividades que preenchem o 1º Encontro do Livro de Cartão que acontece, em Maputo, entre os dias 13 e 23 de abril de 2012, integrado nas atividades da IIIª Feira do Livro de Maputo.
A inauguração deste Encontro e da exposição de livros de cartão – uma iniciativa da Editora Kutsemba Cartão, do Projeto Ler é Nice e da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UEM, com o apoio da Embaixada de Espanha e do Instituto Camões – realiza-se no dia 13 de abril, na sede do Instituto Camões/Centro Cultural Português de Maputo.
Talk about a chair that packs heat. The Zuma Throne by Mozambican artist Goncalo Mabunda is political commentary you can sit on. Assembled using guns, rifles and pistols, furniture-sculpture – named after you-know-who – can be interpreted as a scathing critique of the violence in South African societies, or a satirical reference to shady arms deals with million-dollar kickbacks. The chair is a recurrent theme in Mabunda’s art. In elevating the otherwise pedestrian piece of furniture into an imposing and sometimes intimidating throne, Mabunda alludes to the Western world’s interest in collecting the Chief Chair prevalent in traditional ethnic African art.
No dia em que quatro mulheres negras brasileiras – lindas, talentosas, inteligentes e corajosas – decidiram lutar pela sua identidade cultural (a de ser negro), uma nova esperança em relação ao respeito pelos valores da igualdade, fraternidade e solidariedade entre os Homens foi relançada na sociedade. No entanto, enquanto as desigualdades que caracterizam as nossas sociedades não reduzirem, é urgente lançar no solo a semente da igualdade sem ansiar os frutos. O Homem perverteu o mundo...
Ao desencadear um enorme movimento cultural votado à consciencialização social do negro em relação às suas origens, a sua cultura e tradição, no Brasil, Adriana Paixão, Priscila Preta, Débora Marçal e Flávia Rosa ? as quatro mulheres que há cerca de cinco anos fundaram a Capulanas ? Companhia de Arte Negra – não devem passar despercebidas em nenhum lugar.
As causas que norteiam as suas acções e discursos políticos, no contexto sociocultural, são nobres. Elas sublimam o ser negro. E não o fazem por mero acaso, senão leiamos:“A nossa sociedade foi construída sob os alicerces da escravidão. Tomando como base esse princípio, toda a nossa construção social foi sendo erguida em cima de um pensamento racista”, conta Priscila Preta quando interrogada sobre as razões que fazem com que a comunidade negra, no Brasil, sempre aparece como sendo aquela que luta constantemente pelos seus direitos.
I CAME to Africa with one purpose: I wanted to see the world outside the perspective of European egocentricity. I could have chosen Asia or South America. I ended up in Africa because the plane ticket there was cheapest.
I came and I stayed. For nearly 25 years I’ve lived off and on in Mozambique. Time has passed, and I’m no longer young; in fact, I’m approaching old age. But my motive for living this straddled existence, with one foot in African sand and the other in European snow, in the melancholy region of Norrland in Sweden where I grew up, has to do with wanting to see clearly, to understand.
The simplest way to explain what I’ve learned from my life in Africa is through a parable about why human beings have two ears but only one tongue. Why is this? Probably so that we have to listen twice as much as we speak.
Aqui, para continuar a ler o artigo de Henning Mankell.
How Mozambique turned from war zone to tourist hotspot
(CNN) -- Once marred by conflict, Mozambique is slowly emerging as a popular tourist destination as people are drawn in by the tropical weather, beautiful beaches and rich culture.
Mozambique's capital, Maputo is a vibrant and cosmopolitan city bursting with lively sidewalk cafes and jazz venues.
One of Maputo's landmark buildings is the train station designed by an associate of the famous French engineer Alexandre Gustave Eiffel.
Today the train station he inspired rarely sees trains, instead its jazz cafe is among the city's best night spots.
The music likely to be performed there is marrabenta, a mix of traditional and urban dance music that was born in the capital.
"It's really become a national genre," said Joao Carlos Schwalba, a musician with the band Ghorwane.
"It was created in the south but slowly it has such a strong rhythm, it really became a national rhythm you can hear it in the south, the center and the north," he continued.
The official language is Portuguese, after settlers first arrived in Mozambique in the 15th century.
Colonial era architecture and relics can be found across the country but the nation has also preserved much of its African cultural heritage, making for an interesting and diverse mix of old and new.
The city has undergone major redevelopment since the end of the civil war and any reminders of the country's brutal past are being carefully transformed in to points of interest. And it is proving a draw with tourists; government figures show that four times as many tourists visited the country in 2010 compared to 2004.
Investment in tourism began in 1992, following a peace agreement, which brought an end to 16 years of civil war in the country.
The old fort in the capital, built by the Portuguese nearly 200 years ago, is a symbol of the country's, sometimes violent, colonial past.
But a group of Mozambique artists are working in the building to transform reminders of Mozambique's more recent civil war into pieces of art.
Decorre até ao próximo dia 6 de Novembro, em Moçambique (Maputo), a 4.ª edição do KINANI. Trata-se de "um festival bianual de carácter internacional concebido com o intuito de promover a Dança Contemporânea e profissionalizar jovens bailarinos e coreógrafos através de vários programas de formação e apresentação de espectáculos. (...) O Festival acontece em diferentes salas de espectáculo da cidade de Maputo, espalhando-se ainda pelas ruas da cidade e alargando-se aos Bairros Periféricos e às Províncias."
Para saber mais sobre o KINANI'2011, basta clicar aqui.
Still do documentário "Regresso a Nacala" (2001), de Brigitte Martinez
Debate CEsA - Os movimentos da sociedade civil e a construção da democracia em África: o caso de Moçambique
No próximo dia 13 de Outubro, pelas 18 horas, o CEsA irá organizar o debate “Os movimentos da sociedade civil e a construção da democracia em África. O caso de Moçambique”. A discussão será animada por João Baptista Mussa, ex-vereador do Conselho Municipal de Nacala (1998-2003), Fátima Proença (da ACEP) e Joana Pereira Leite (do CESA/ISEG). No início da sessão será projectado o filme “Regresso a Nacala”.
Está a decorrer nestes dias em Maputo a segunda edição das Ocupações Temporárias que tem por "chave" a precariedade. Inaugurou, ou melhor: o conjunto das cinco intervenções passou a ocupar vários lugares da cidade no dia 11 de Setembro, data do 10º aniversário sobre os atentados às Torres do World Trade Center de Nova Iorque.
A produtora das Ocupações, Elisa Santos, definiu-as como intervenções que assinalam o ”dia que marca o fim do mito da inviolável segurança, o fim da tranquilidade colectiva”.
Numa cidade e num país em mutações rápidas e com uma opinião pública muito pouco sustentada e pouco interventiva, que lugar ocupam os artistas neste processo de constituição de uma cidade aberta ao mundo? E que artistas são estes?
Os artistas que intervêm correspondem à mais recente geração de criadores já muito distantes da geração de Malangatana e Shikane, como de Naguib e mesmo do Muvart (este último, o movimento surgido no princípio da década deste século). Estes novos artistas são os artistas "conectados" pelas redes sociais, visitantes de sites, links, em estado constante de recepção via sms ou facebook e são artistas com preocupações sociais tomadas de um modo muito próprio. Nenhuma vertente sociológica é neles predominante mas rebelam-se contra os casos de corrupção pública, de desigualdade social, de falta de espaço no espaço público. Cada vez que intervêm escolhem o meio mais adequado e à parte disto são músicos, fotógrafos, desenhadores, pintores.
O resultado das instalações – cuja descrição exaustiva pode ser vista em http://ocupacoestemporarias.blogspot.com/ – é uma constelação de rebeldia artística. Bem distante em termos de produção, de impacto mediático e de notoriedade, é como se de algum modo assistíssemos a um remake no Maputo da exposição "Quando as atitudes tomam formas", de 1969, com curadoria de Harald Szeemann.
No conjunto as Ocupações são de uma fragilidade de produção enorme dada a escassez dos meios, mas esta fragilidade dá-lhes uma inovação no processo de criação artística na actualidade moçambicana muito importante e a diversidade das propostas é uma das grandes mais-valias do processo, tanto mais que a qualidade plástica e interventiva das mesmas é determinante. Sejam as fotos e o vídeo assombrosos de Camila de Sousa, os retratos da exaltação da dignidade dos retratados de Filipe Branquinho, o Facebook em materiais pobres com intervenções públicas da autoria de Azagaia, o muro a graffiti de mitologias urbanas de ShotB Hontm, os desenhos das situações utópicas de Jorge Fernandes.
“Temporary Occupations 20.11” installs itself again in the capital city bringing contemporary art to public spaces, from 11/09 to 02/10.
The Faculty of Medicine at the Eduardo Mondlane University, the Mozambican Photography Association, Cinema Scala, OUA and 25 de Setembro Avenues will be occupied by interventions by Camila de Sousa, Filipe Branquinho, Jorge Fernandes, Shot-B and Azagaia, in the second edition on the project TEMPORARY OCCUPATIONS, this year with the theme of PRECARIOUSNESS.
The opening of the five installations begins at 15:00 at the Faculty of Medicine and will follow this route:
Faculty of Medicine --> OUA Avenue -- > 25 de Setembro Avenue (Cinema Scala + EMOSE building) --> Julius Nyerere Avenue (Mozambican Photography Association).
OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.11 inaugurará no dia em que se celebram 10 anos sobre o ataque às torres de Nova Iorque, o dia que marca a queda do mito da segurança inviolável, o fim da tranquilidade colectiva. Novos interesses parecem estabelecer-se e com isso novas ordens que alteram estruturas fundamentais como o trabalho, o parentesco, as relações sociais e até as identidades. Estes são os tempos da PRECARIEDADE, do transitório, do temporário, do inseguro.
O que acontecerá ao que sempre nos foi confortável e apaziguador, ao que sempre tivemos como definitivo, permanente, seguro? Voltará? Queremos que volte? Saberemos, poderemos, conciliar frenesim com eternidade? Resultado com paciência? Sucesso com memória? As OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.11 são elas próprias, por definição, precárias, tendo em conta os locais e condições em que se apresentam, mas na versão deste ano sê-lo-ão ainda mais, já que se apresentam assumidamente como uma proposta de reflexão pública sobre o tema que terá um espaço de particular relevo nos encontros com artistas e as conferências a realizar em parceria com a Academia.
Um dos mais importantes festivais internacionais de documentários está de volta para a sua 6.ª edição. Este ano o DOCKANEMA - Festival do Filme Documentário, tem lugar na capital moçambicana de 9 a 18 de Setembro e o seu principal eixo temático é o Desporto, dado que Maputo recebe os jogos africanos durante o mesmo período.
“Projecto anual de ‘encontro’, ‘intercâmbio’ e ‘criação’ entre jovens criadores emergentes espanhóis e o potencial tecido criador de diferentes países do continente africano”, CREO EN ÁFRICA organiza um encontro preparatório no próximo dia 7 de Setembro, em Madrid, já tendo em vista a preparação da sua segunda edição.
Contaremos con la presencia de los creadores que participaron en Creo en África en su edición en Malabo (Guinea Ecuatorial): la fotógrafa Tanit Plana, el ilustrador Juan Zamora y la realizadora Carla Alonso. Ellos nos contarán su experiencia con los jóvenes guineanos con quienes compartieron talleres y proyectos. También proyectaremos un corto documental inédito sobre la primera edición de Creo en África.
Además haremos púbicas las bases para la convocatoria de la segunda edición, de Creo en África, que tendrá lugar en Mozambique.
A continuación de la presentación de Creo en África, y en el marco de la Semana de la Cooperación, la Secretaría de Estado de Cooperación Internacional, a través de la Agencia Española de Cooperación Internacional al Desarrollo organiza un concierto gratuito con La Shica y, a continuación, un concierto conjunto de los artistas árabes Naïssam Jalal (Siria) y Rayess Bek, DJ libanés y pionero del rap en el mundo árabe. No te pierdas este concierto, en el Círculo de Bellas Artes, en el que podrás disfrutar de la creatividad y pasión de La Shica y de la novedosa propuesta de Naïssam Jalal y Rayess Bek.
Em Maputo já está a decorrer a 2.ª edição do KUGOMA: o Fórum de Cinema de Curta Metragem de Moçambique, que neste ano termina a 10 de Julho. O primeiro KUGOMA aconteceu entre os dias 10 e 14 de Novembro do ano passado, também na capital de Moçambique, e levou filmes, documentários e curtas metragens até às populações dos bairros.
Nesta edição de 2011 o KUGOMA conta com uma vasta programação de cinema de animação, seções dedicadas à Música, ao Futebol, a filmes para adultos, para adolescentes, além de diversas co-produções que permitem ter alinhamentos temáticos dentro do próprio festival ("Tão Perto, Tão Longe"/LX Filmes, Curtas Africanas, Festival Black & White, etc). Toda a programação, aqui.
Nsiro, Ilha de Moçambique (2003), de Sérgio Santimano
O fotógrafo moçambicano radicado na Suécia, SÉRGIO SANTIMANO, apresentou na passada quarta-feira, na cidade de sueca de Upsala uma exposição de fotografias intitulada "Africa has the floor". A mostra integrou a ECAS 2011 - 4th European Conference on African Studies entre 15 e 18 de Junho e em Agosto estará disponível na internet em acesso livre, sendo exibida em Setembro na Feira do Livro de Gotemburgo 2011.
Drumming - Grupo de Percussão (foto: Susana Neves)
E se a programação de teatro teve início a 16 de Junho, com a estreia de “Woyzeck on the Highveld” (é hoje a última apresentação, às 19h), a de música começa hoje às 21h30, no Anfiteatro ao Ar Livre, com um concerto único da Orquestra Gulbenkian, o Drumming – Grupo de Percussão e Matchume Zango (Timbila de Moçambique), tendo Pedro Neves por Maestro.
Marlos Nobre, Concerto N.º 2/a para 3 Percussões e Orquestra, Opus 109a (2011) [versão encomendada pelo grupo Drumming, a quem Marlos Nobre dedica a partitura]
(Sem Autor) Timbila, Música Africana para Percussão
Iannis Xenakis, Pithoprakta
Gyorgy Ligeti, Romanian Concerto
Matchume Zango e Drumming - Grupo de Percussão (foto: Susana Neves)
AMANHÃ, 19 de Junho (domingo)
19h00 (1.ª parte) e 22h00 (2.ª parte) Jardim Gulbenkian MÚSICA / Bilhete único: 12 Eur
Fica ali, no sítio dela, naquela bolsinha mesmo à fente dos meus joelhos, entre um saquinho para momentos mais agitados e as derradeiras instruções para casos de emergência.
A Índico está muito diferentes desde a última vez que a vi. Mudou de visual, está mais bonita, mais atraente. E mudou mais que isso, mudou o modo, mudou a "voz" e o "discurso".
Índico é o nome da revista de bordo da companhia aéra moçambicana e, tal como todas as edições do género, tem como objectivo promover o país e os destinos da transportadora. O escritor Nelson Saúte é o director da revista e não está sózinho já que nela colaboram regularmente outros nomes das letras como Ba Ka Kossa ou Mia Couto e também fotógrafos reconhecidos como Funcho ou Rui Assubuji. Deve ser por isso, por a LAM ter entendido que a indústria ganha em aliar-se aos artistas, aos criadores, e que estes são uma força de trabalho valorosa, que esta "nova" revista, que em Junho faz um ano, transmite Moçambique não só pela sua "geografia" mas também pela sua "demografia" cuidando de mostrar paisagens, como cuida de contar histórias, de revelar as arte e o património.
Não resisto e trago-a comigo quando saio do avião. Envio páginas soltas em cartas aos amigos e à família e guardo alguns recortes como recordações de viagem. Os próximos números sei que os encontro a bordo ou aqui.
As mulheres de Maputo estão ainda mais “capulanosas”!
A utilização do tradicional pano africano em modelos arrojados ou clássicos, em peças com corte de pronto a vestir ao estilo ocidental, em acessórios de vestuário e outras utilidades entrou no dia a dia da capital e deixou de ser “extravagância” de estrangeiros para ser identidade dos habitantes de Maputo. Malas, brincos, colares, bolsa para portáteis, cintos ou porta-moedas. Camisas, calções, corsários, vestidos, saias, tiras de cabelo ou chapéus. De tudo se pode encontrar, utilizável por todos, em combinações mais ou menos arrojadas, mais ou menos “combinadas”.
Desde 2005 Maputo apresenta a MFW-Maputo Fashion Week, que de ano para ano vem mostrando novos valores nacionais na área da moda, fazendo mais exigências de qualidade e criatividade aos que se apresentam e trazendo mais nomes estrangeiros – designers e modelos.
Deve ser por isso, por haver uma montra nova para a imaginação na utilização da capulana, e não só, que as mulheres de Maputo estão ainda mais “capulanosas”. E não só elas, eles também!
A utilização dos fatos africanos, feitos de panos coloridos, com cortes tradicionais, de mangas em balão, galões a debruar, lenço na cabeça igual ao pano e saias longas, a utilização destes fatos não está em risco. As mulheres de Maputo, mais velhas ou mais jovens, gostam de passear a sua identidade africana, em momentos especiais, envergando obras primas feitas por alfaiates dedicados e que têm eles próprios um “ranking” apenas conhecido no circuito da moda tradicional. Dizem que os melhores são os congoleses!
Marinela, Ísis, Taibo, Mama África são alguns dos melhores nomes dos novos "alfaiates" Moçambicanos, que reforçam esta identidade africana, que vestem eles e elas, nacionais e estrangeiros, e que tornam Maputo ainda mais singular.
Chama-se “Homenagem de afectos a Malangatana Valente Ngwenya”, a iniciativa que a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, em Almada, organizou para hoje, prolongando a última exposição individual realizada pelo grande mestre Malangatana (1936-2011). Intitulada “Novos Sonhos a Preto e Branco” esta mostra abriu ao público a 23 de Outubro de 2010, reunindo “uma série de 15 desenhos inéditos” entre outras obras, e decorreu paralelamente à exposição dedicada ao arquitecto José Forjaz. Outro amigo de longa data de Malangatana, também arquitecto e também com ampla obra realizada em Moçambique é Pancho Guedes, cuja colecção de arte africana, reunida sobretudo durante as suas vivências em África, inclui um importante núcleo de pinturas precisamente do início da produção artística de Malangatana, podendo ser vistas na outra margem do rio Tejo, no Mercado de Santa Clara de Lisboa (em plena Feira da Ladra).
Programa para dia 22 de Janeiro, das 14h30 às 18h30, na CASA da CERCA, (entrada livre):
14h30
Encontro informal de amigos do artista
Visita à exposição Novos Sonhos a Preto e Branco e José Forjaz Arquitecto, Ideias e Projectos.
15h30
Intervenções informais / Apresentação de elementos pessoais da relação com o artista.
16h30/17h00
Actuação do Coral TAB (Barreiro). Cânticos em Ronga.
Malangatana Valente Ngwenya, pintor Moçambicano, morreu com 74 anos e meio.
Malagatana tinha um andar arrastado lento, arredondado. Transportava o seu peso, as suas maleitas, todos os dias da sua vida sem grandes reclamações. Viajava muito e não reclamava. De Matalane para Maputo, de Maputo para Lisboa, de Lisboa para Maputo. Os seus pés inchados moviam-se pesados e firmes. Malangatana dançava marrabenta.
Malangatana tinha as órbitas salientes e um véu na menina dos olhos que denunciava descuidos de saúde. Pousava as vistas, antes fixava-as, num ponto sem se distrair de tudo em volta. E assim lia o que se passava.
Malangatana falava com voz grossa, profunda, enfumarada, escolhia o momento em que a sua boca se abria. E mordia.
Ngwenya quer dizer Crocodilo
Malangatana Valente Crocodilo morreu com 74 anos e meio.
Nota: Não será difícil encontrar informações sobre Malangatana. Estão no documentário Ngwenya o Crocodilo de Isabel Noronha, aqui, aqui, aqui e em muitos outros sítios
A Dança Contemporânea criada, coreografada e dançada por Moçambicanos, premiada na semana passada na Bienal "Danse Afrique Danse!", em Bamako. No blog Ocupações Temporárias.
(Poema retirado de Minarete de Medos e Outros Poemas, Indico, 2009)
Mbate Pedro, nasceu na Cidade de Maputo, capital de Moçambique. Desde muito cedo interessou-se pela literatura, tendo, no entanto, iniciado o seu percurso na década de 90. Participou em vários movimentos literários surgidos na cidade de Maputo. É membro da Associação dos Escritores Moçambicanos e da União Mundial dos Escritores Médicos. Colabora na revista brasileira de literaturas africanas Sarará. Publicou "O Mel Amargo" (2006) e "Minarete de Medos e Outros Poemas" (2009). É licenciado em Medicina pela Universidade Eduardo Mondlane.
Ocupação temporária de 6 locais de Maputo por 6 artistas contemporâneos Moçambicanos. De 20 de Março a 3 de Abril. A expoisção tem um blog, com muito mais informação. Aqui
Centro Cultural Franco Moçambicano (Fevereiro 2010) A primeira exposição do ano do CCFM é uma retrospectiva do pintor Valdemiro Matsone. Miro, como é conhecido, faleceu em 2002 e é um dos mais plagiados autores moçambicanos. É impossivel passear por Maputo e não ver réplicas (assinadas!!!) do Miro, à venda, encostadas nos muros da 24 de Julho ou nas mãos dos vendedores ambulantes que tentam assim "exportar" o melhor da arte moçambicana. São os "disciplagiadores" da arte Miriana" como diz Gemuce no catálogo da exposição Pintura, desenho, aguarelas ocupam toda a galeria e mostram a versatilidade do artista. Em tempo de carência de , de dificuldades em chegar aos materiais certos, a sua compulsividade usou de tudo como suporte para as tantas figuras que agora povoam inumeras coleções privadas.. Gonçalo Mabunda é o curador da exposição e diz que "este é o Miro/simples e verdadeiro/Miro" O seu Miro. Pode ver mais do autor aqui e aqui Elisa Santos
Meio atrapalhado, na estação de comboios, sem saber que direcção tomar, mesmo com uma agenda bem traçada e munido de mapas, preferi seguir o meu instinto e guiar-me pela arquitectura que confrontava a minha sensibilidade. Era ainda muito cedo para visitar os museus e galerias que constavam da minha lista, só o poderia fazer mais tarde. Era domingo, 15 de Novembro de 2009 e fiquei por ali das 8.45h às 18.15h num clima carregado de nuvem cinzenta e frio de 7 graus. Nunca tinha visitado uma cidade grande em tão curto espaço de tempo. Uma das vias para se sair da estação é uma rampa que termina numa rua ao cimo de uma pequena colina. Ao fundo da rampa podia-se ver um autocarro turístico com 2 pisos, estacionado na perpendicular. Este elemento atraiu a minha atenção e tornou decisiva a tomada de direcção. Ao chegar ao cimo da rua, no cume da colina, apercebo-me de estar mergulhado num “alto mar” arquitectónico que não escaparia nem à visão de um cego mesmo naquele clima cinzento! Uma sincronização de formas e atitudes arquitectónicas desde o Barroco, passando pela Arte nova e pelo Modernismo. Uma sensação esquisita provocada pelo frio, pela fome e alguma desorientação, tornava-se mais aguda por isso decidi fazer uma pausa estratégica para um café. Lembrei-me da referência de um Mac Donald ali perto de que me falara o meu amigo Mathew. Levantei a cabeça numa tentativa de adivinhar a direcção da sua localização quando deparei com uma rapariga solitária, de traços asiáticos, ar muito descontraído, caminhando na minha direcção como se fosse oferecer-me serviços de guia turística. Não perdi a ocasião e gentilmente pedi-lhe informação sobre a localização do Mac Donald. A resposta dela foi automática, dizendo que não era de Edinburgh e continuou o seu caminho. Eu também.
Uns passos depois oiço uma voz feminina precipitada atrás de mim dizendo: “Sorry gentlemen, do you mean Mac Donald?” Eu também de forma precipitada, virei-me para ela e respondi que sim. Com um sorriso mais simpático que própria simpatia, ela desculpou-se mil vezes com vénias japonesas, como se tivesse feito algo de muito grave, mas sem medo de punição, pelo facto de não ter percebido logo a minha pergunta, argumentando que o seu inglês era fraco. “No, sorry I think mine is worse” - disse eu. Mas outra vez não me entendeu e com o seu jeito atrapalhado e servil, não me deixou dizer nem mais uma palavra e foi andando, apressada, em direcção a um cruzamento convidando-me a segui-la. Chegados à esquina ela apontou um edifício onde facilmente li “Mac Donald”. Numa tentativa de agradecimento, afinando o meu inglês para o sotaque mais britânico possível, convidei-a para tomar um café. Hesitante e até um pouco embaraçada, aceitou. Ting Fang Hsueh é uma jovem Taiwanesa, estudante de curadoria em Londres, que estava em Edinburgh numa condição parecida com a minha: com o propósito de visitar museus e galerias. Aquele era o seu 3º e último dia, quando a encontrei dirigia-se à estação para regressar a Londres. Ting Fang Hsueh depois de se aperceber desta coincidência de objectivos e de que afinal pertencíamos a uma mesma “tribo profissional”, decidiu adiar a sua viagem para mais tarde e ser minha guia turística na cidade. Levou-me ao Fruitmarket Gallery, uma galeria de arte contemporânea que mostrava a exposição “The and of the line - atitudes in drawing” bastante interessante e didádica para quem cultiva o desenho. À National Gallery, como todos museus tradicionais, não fiquei impressionado, quadros e esculturas mediavais dominavam o ambiente expositivo. Ao Castelo de Edinburgh, num tour que foi contornando ruas e avenidas sob o fundo de edifícios e estátuas, cruzando com pessoas de toda parte do Mundo, artistas e mendigos performando, lojas vendendo kilts(veste tradicional escocês) e outros objectos tradicionais, atingimos finalmente o centro folclórico de Edimburgh. Cumprimos com os rituais turísticos (tomadas de poses fotográficas, compra de bilhetes e postais de e um cafezinho. Uma atmosfera bastante exótica invadiu-nos ao penetrar a dentro do castelo. Paredes grossas e escuras, muita gente entrando e saindo, um homem ao fundo trajado de kilt tocando um instrumento típico, um canhão do século 18 preparado para disparar e depois a guia oficial conduziu-nos ao grande salão com tecto alto, muito ornamentado e iluminado contrastando completamente o espaço exterior, onde relatou-nos em 5 minutos a historia de Edimburgh. Edinburgh é a capital escocesa desde 1492 e é a sede do parlamento escocês, desde 1999. Após a unificação do parlamento da Escócia com o da Inglaterra, Edinburgh perdeu sua importância política mas permaneceu um importante centro económico e cultural. Conta com cerca de 448.624 habitantes e é dominada pelo Castelo de Edinburgh construído sob uma rocha de origem vulcânica o que atrai centenas de turistas. A Universidade de Edinburgh foi pioneira na informática e gerenciamentos. A curadora e minha guia na aventura rápida de conhecer Edinburgh em menos de 12 horas, tomou notas sobre tudo e mais alguma coisa das nossas conversas. Partiu no comboio das 17h para Londres. Eu parti as 18.15h para Aberdeen esmagado pelo desejo de continuar naquele sonho de descoberta. Apesar de Edinburgh parecer uma cidade bastante conservadora, está cheia de mistérios, surpresas e muita energia positiva. “Keep in touch”... Gemuce Artista plástico moçambicano em residência em Huntly (Aberdeen share)
Uma linha recta. Um traço fino. Divide? Não. Une. O continente e a Ilha. Azul turquesa líquido. Branco areia fina. Casa de macúti, casa de pedra e cal. A costa, a contra costa, o omnipresente Indico. O hospital, a praça, a casa da flor, o forte, as arcadas. O Arsenal gigantesco, um escudo na fachada. Mussa Al Mbique. Camões. Xavier. Fatimah. Pedro. Oxi. Nazira. Gabriel. Rino. Felismino.
“Quero ser arquitecto, como o Alexandre que trabalha na UNESCO.” Disse o menino. A porta aberta. O contra luz. Um retrato a preto e branco. A mão tapa o sorriso. A máscara de pó branco. Mussiro. O riso. A dança. Cheira a sal. Turista. O barco. As ilhas. Mais praia. Água morna. Missangas. Vidros. Corais. Moedas. Muito antigas. Mais risos. “Não há cães na ilha. Abateram-se 52 cães vadios.” Passeia um gato. Sol aberto. Céu celeste. Luz. Silêncio. Silêncio e luz. Calor. Quase lume. Proteger a pele. Branca. Negra. Quantos quartos tem este pátio? Um véu que desenha os olhos. Descalçar. Voz de chamada. Ouvi um sino. O por do sol. A madrugada. Ventania. Silêncio e ventania. Mesquita verde. Igreja branca. Deus. Uma linha recta. Um traço fino. Divide? Não. Une. Elisa Santos Missionária/Técnica em actividades de desenvolvimento comunitário P.S. A Ilha de Moçambique tem cerca de 3 km de comprimento, 300-400 m de largura e está orientada no sentido nordeste-sudoeste à entrada da Baía de Mossuril na província de Nampula. Foi a primeira capital de Moçambique e desde 1991 é Património da Humanidade. Decorrem obras de reabilitação que contam com o apoio da UNESCO e o Forte de S. Sebastião deverá acolher em breve uma universidade.