Logótipo Próximo Futuro

Um itinerário de ocupações: MAPUTO

ocupações temporárias maputo 2012

(Fotografia de Maimuna Adam)

Desde 6 de Dezembro, Maputo está temporariamente ocupada por seis intervenções artísticas de igual número de artistas, tendo como mote a palavra “Estrangeiros”.

Esta proposta temática para a terceira edição desta mostra de arte contemporânea surge depois de muitos debates sobre migrações, legais e ilegais, fluxos de pessoas e trocas inerentes, por se entender que resta ainda espaço para falar “dos de fora”; porque a aldeia que se diz global continua a classificar dicotomicamente os seus habitantes: “os de dentro” e “os de fora”. Este estatuto, que parece exclusivamente geográfico, tem também um eixo temporal que retira a pátria aos “de dentro”, se estes permanecem muito tempo fora. Quando regressam, ou quando chegam, passam a ser olhados como “de fora”. São estrangeiros na terra natal.

“Estrangeiros” nas OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.12 realiza-se em Maputo no mês em que todos os “de fora” parecem ocupar a cidade. Os turistas estrangeiros que chegam de avião ou nos cruzeiros, os moçambicanos do estrangeiro que voltam para as férias de família e praia, os estrangeiros que aqui trabalham, e que ainda não saíram para as suas terras de origem.

A exposição toma as linhas de perspectiva, de trajecto e de trabalho de alguns destes estrangeiros, no caso, cinco artistas moçambicanos que estudaram e viveram ou ainda vivem fora do país, e um angolano.

São muito diversas as obras e as abordagens que os autores fazem e o termo “estrangeiros” é transmitido sem recurso a discursos óbvios.

sandra muendane

(Sandra Muendane/Fotografia de Maimuna Adam)

Sandra Muendane no Aeroporto de Mavalane apresenta “Outra moda é possível” que propõem uma reflexão sobre a origem daquilo que enunciamos como património identitário, a partir de objectos quotidianos.

eugénia mussa

(Eugénia Mussa/Fotografia de Maimuna Adam)

Eugénia Mussa, com o seu tríptico de pintura exposto no exterior do Restaurante Cristal (Av. 24 de Julho, nº 554), obriga-nos a uma leitura mais atenta do que são as paisagens conhecidas. “Fata Morgana”, assim se chama o seu trabalho, vai para além da miragem, recorre à memória e ao envolvimento emocional, para que possamos ver para além do imediato.

rui tenreiro

(Rui Tenreiro, video still)

Rui Tenreiro ocupa o interior da Embaixada Real da Noruega (Av. Julius Nyerere, nº 1162). O visitante começa por experienciar a condição de estrangeiro ao sujeitar-se ao horário da embaixada (exposição visível apenas no horário da instituição) e também com a necessidade de se identificar. Este “ritual” próprio de quem parte para um território estrangeiro, completa-se no visionamento dos três vídeos e dos textos que nos levam em “Viagem ao Centro de Capricórnio” onde, como em qualquer viagem reconheceremos paisagens ou pelo menos traçaremos paralelos com os nossos territórios de origem.

tiago correia-paulo

(Tiago Correia-Paulo/Fotografia de Maimuna Adam)

Tiago Correia-Paulo sai da sua área profissional, a música, e apresenta-nos “5:59” uma instalação com objectos e vídeo na Embaixada Sul-Africana (Av. Eduardo Mondlane, nº 41). Aqui, a abordagem é feita a partir do confronto com a rotina, que poderíamos associar à esperança e muitas vezes à desilusão de alguém que num país estrangeiro se vê obrigado a procurar o cumprimento do seu próprio sonho.

joão petit graça

(João Petit Graça/Fotografia de Maimuna Adam)

A instalação visual e sonora de João Petit Graça na Embaixada de Portugal (Av. Julius Nyerere, nº 720) deixa-nos, literalmente, uma janela aberta para nos debruçarmos sobre os imensos fluxos que o termo “estrangeiros” pode encerrar. “HOYO-OYOH”, leitura em espelho da expressão de boas vindas, é também uma singular visão do que pode ser o fluxo de imigrantes em Maputo, a partir de uma porção de cerveja.

kapela

As reproduções das obras do artista angolano Paulo Kapela podem ser observadas em diferentes pontos da cidade como sejam a Av. Eduardo Mondlane, frente à Ronil, a Escola 1º de Maio da Av. 24 de Julho ou o mural de graffiti na Av. OUA. Estas “Obras” de Paulo Kapela têm associada uma mensagem recorrente de paz e unificação que pretende eliminar o estigma do estrageiro e que se reflecte também no uso indiscriminado de objectos, ícones e referências que o artista faz nas suas colagens e na construção das suas obras que são, normalmente, apresentadas em instalações.

Tal como nas edições anteriores, as Ocupações Temporárias podem ser vistas intencionalmente, como um percurso que se realiza de uma só vez, ou em etapas, feitas ao acaso ou de acordo com a agenda de cada um.

Mais uma vez, a ocupação de espaços não vocacionados para a apresentação de obras de arte constitui a “originalidade” do projecto, sendo relevante o facto de em 2012 se terem aberto à proposta instituições que à partida poderiam ser assumidas como de pouco flexibilidade como são as embaixadas.

O apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian à realização deste evento é também uma nota a reter no apoio à divulgação e à circulação da criação contemporânea moçambicana, no seguimento de outras acções anteriores realizadas com este e com outros projectos.

 

Mais informações:

Ana Lúcia Cruz

+258 82 353 79 21

 

Nota: Os artistas podem ainda ser contactados em Maputo. Uma visita à exposição pode ser agendada com a produtora Ana Lúcia Cruz.

matéria no P3 sobre as "ocupações temporárias" em Maputo!

tiago correia-paulo

[Imagem da instalação de Tiago Correia-Paulo, no projeto "Ocupações Temporárias", em Maputo]

“Estrangeiros”: a reflexão de cinco jovens artistas moçambicanos

Ocupações Temporárias 20.12 apresentam cinco artistas moçambicanos emergentes. Depois de Maputo, segue-se Angola, Cabo Verde e Portugal

A experiência internacional de artistas moçambicanos emergentes é o conceito explorado na iniciativa Ocupações Temporárias 20.12, que arrancou esta semana, em Maputo, e que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Na sua terceira edição, as Ocupações Temporárias apresentam à capital moçambicana cinco artistas moçambicanos relativamente anónimos na cena artística de Moçambique, e, pela primeira vez, um artista internacional, o angolano Paulo Kapela. O Aeroporto Internacional de Maputo, algumas ruas da capital moçambicana e ainda as embaixadas de Portugal, da Noruega e da África do Sul são os espaços onde poderão ser visitadas as instalações artísticas, numa escolha que pretende “provocar” no público uma “experiência internacional”.

“Há uma vaga de quadros formados, a famosa diáspora, que está a regressar a Moçambique. São pessoas que fizeram formação e têm competências, e que retomam o país e a sua construção. Fazia sentido mostrar que também nas artes há uma diáspora”, disse à agência Lusa Elisa Santos, mentora do projecto.

"Estrangeiros"

Eugénia Mussa, João Petit Graça, Rui Tenreiro, Sandra Muendane e Tiago Correia-Paulo são os cinco artistas moçambicanos convidados. O tema “Estrangeiros” foi o ponto de partida para a construção dos seus projectos de ocupações artísticas. “A própria natureza do projecto e o seu lado inédito e, de alguma forma original, suscitou o interesse. Não é apenas uma exposição: é uma exposição num determinado contexto e com determinados objectivos”, avançou António Pinto Ribeiro, curador da Calouste Gulbenkian, explicando o apoio da fundação.

Na apresentação pública da iniciativa, os jovens fotógrafos moçambicanos Filipe Branquinho e Camila de Sousa falaram sobre a sua experiência de participação nas Ocupações Temporárias de 2011, que lhes garantiu uma exposição nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Com o seu trabalho, Filipe Branquinho foi ainda seleccionado para a final do concurso BESPhoto 2013, que, na última edição, teve como vencedor o fotógrafo moçambicano Mauro Pinto.

“Foi, de alguma forma, um encontro entre dois tipos de interesses: do nosso ponto de vista, apresentar obras notáveis e muito boas, do ponto de vista dos fotógrafos, terem a oportunidade de se apresentarem em Lisboa e, posteriormente, em Cabo Verde”, disse António Pinto Ribeiro. “(as ocupações) Têm trazido uma capacidade de ligar os artistas e de os pôr a trabalhar em conjunto, de falarem de linguagens e técnicas que, se calhar, não falariam. Também têm trazido um reconhecimento internacional: temos feito um esforço muito grande para divulgar o que estamos a fazer”, sublinhou Elisa Santos.

As Ocupações Temporárias 20.12 estão em Maputo até ao dia 27 de Dezembro. Seguem depois para Angola, Cabo Verde e, finalmente, Portugal.

Mais notícias, aqui.

estrangeiros no estrangeiro

spla

EVENEMENT | ARTS PLASTIQUES

Du 6 au 27 décembre 2012 se tient la 3è édition des Occupations Temporaires ("Ocupações Temporárias"), festival d'arts visuels dans l'espace urbain de Maputo, Mozambique. Le thème de cette édition est "Etrangers".

FESTIVAL | MAPUTO | MOZAMBIQUE | 06-12-2012 > 27-12-2012

Cinq artistes mozambicains et un angolais participent à la 3è édition des Occupations Temporaires des rues de Maputo, du 6 au 27 décembre, dans un circuit qui passe par le restaurant Cristal, l'ambassade du Portugal, l'ambassade de la Norvège, l'ambassade d'Afrique du Sud et l'aéroport de Maputo.

"Etrangers" est la devise qui sert de point de départ à l'intervention de ces six artistes, de différentes disciplines. Les occupants sont basés dans des territoires liés à la thématique et nous propose des approches différentes de ce que peut signifier ou faire résonner le mot "étranger".

Eugénia Mussa, João Petit Graça, Rui Tenreiro, Sandra Muendane et Tiago Correia-Paulo sont les cinq mozambicains présentés cette année. Ils utilisent comme support la peinture, la vidéo, le son et les installations pour aborder un concept qui leur est familier, puisqu'une partie de leur parcours universitaire ou professionnel est passé par l'étranger. Pour cette exposition réalisée chez eux, en territoire "familier", les artistes approfondissent le regard sur les dimensions de ce qui peut se vivre comme "autre", comme "étrangers", au-delà de la dimension géographique ou frontalière que le thème comprend.

Paulo Kapela, artiste angolais, évoque les thèmes de la culture bantoue, au-delà des frontières politiques. Dans un discours transnational en faveur de la paix et de l'union des peuples, il crée et recrée des manifestes qui allient religion, mysticisme et tradition avec des icônes, réalités et matériaux contemporains. Maître Kapela est le premier invité non mozambicain à intégrer le projet Occupations Temporaires et des reproductions de ses oeuvres plus récentes pourront être vues dans les rues de la ville.

La Fondation Calouste Gulbenkian soutient cette édition des Occupations Temporaires.

PF e PGAD apresentam... "ESTRANGEIROS" (6-27 Dez, em Maputo)!

estrangeiros

Uma parceria entre o Programa Gulbenkian Próximo Futuro (PGPF) e o Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento (PGAD), com curadoria de Elisa Santos

“Estrangeiros” é a palavra mote que serve de ponto de partida para a intervenção artística de 5 artistas moçambicanos e 1 angolano, de diferentes áreas de criação. Os ocupantes estão baseados em territórios que facilmente se identificam com a temática proposta, e trazem-nos abordagens muito distintas, tanto ao nível da linguagem quanto ao nível do discurso daquilo que podem ser as leituras e os significados da palavra estrangeiro.

Eugénia Mussa, João Petit Graça, Rui Tenreiro, Sandra Muendane e Tiago Correia-Paulo, são os cinco moçambicanos que se apresentam este ano, utilizando como suporte a pintura, o vídeo, o som e a instalação de objectos, para abordarem um conceito que lhes é familiar, dado o seu percurso académico e profissional que passou pela saída do país. 

Nesta exposição feita “em casa”, feita em território “familiar”, os artistas aprofundam o olhar sobre as dimensões do que pode ser viver-se como “outro”, como “estranho”, para lá da dimensão geográfica ou fronteiriça que o tema encerra. 

Paulo Kapela, artista angolano que aborda as temáticas da cultura bantu muito para além das fronteiras políticas trará um discurso transnacional,  incitando a paz e a união dos povos,pela  criação e recriação manifestos que aliam religiosidade, misticismo e a tradição com ícones, realidades e materiais contemporâneos.

Mais sobre as "Ocupações temporárias", aqui.

Dockanema regressa em Setembro a Maputo

Entre os dias 14 e 23 de Setembro, Maputo recebe novamente o mais conceituado evento do seu género realizado em Moçambique. Com um cartaz composto por cerca de 80 títulos, entre curtas e longas-metragens, o Festival do Filme Documentário (Dockanema) foca, nesta sua 7.ª edição ininterrupta, atenções nas temáticas sociais que vêm pautando a actualidade nacional e internacional, nos últimos anos.

Liderada por Pedro Pimenta, fundador do festival, a organização sugere três ciclos de documentários – nos quais serão destacados filmes de um realizador internacional  e dois temas específicos –  e três secções, denominadas por ´Sal da Terra` – de autores moçambicanos ou temáticas relacionadas com Moçambique -, ´Janela Aberta` – falados e/ou com legendas em Português -  e ´Original Docs` – com legendas em Inglês.

Como já vem sendo habitual, o Dockanema propõe ainda a todos os curiosos da arte do cinena [sic] documental os chamados ´Programas Paralelos`, que se irão desenrolar em três diferentes instituições de ensino: Universidade Politécnica, Universidade Pedagógica e Escola Portuguesa de Maputo.

Os palcos de exibição das fitas escolhidos para esta edição são o Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), o Teatro Avenida, o Centro Cultural Brasil-Moçambique e a Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS).

Para ler o anúncio completo basta clicar aqui.

Kok Nam (1939-2012)

Publicado13 Ago 2012

Etiquetas kok nam fotografia jornalismo moçambique maputo

Kok Nam (foto: aps)

 

"É uma rua ali ao lado da 24 de julho... não, não é na Patrice Lumumba, é na outra, naquela discreta, tem aquela casa, aquela casa que tem um cão, aquela onde trabalha a Sara, onde o chão da cozinha tem tons de verde como a parede, tás a ver?! Essa, tás a ver?! Sabes, o Kok já não mora ali"

 

Um pouco mais sobre Kok Nam pode saber-se aqui.

5ª Bienal MUVART

Começa hoje a 5ª Bienal de Arte Contemporânea do Muvart em Maputo, que se estenderá por 7 espaços com igual número de inaugurações. Até 31 de Agosto ESTAR é o tema da exposição com 19 artistas nacionais e 18 participações estrangeiras.

Com a curadoria de Jorge Dias, Isa Bandeira, Luc Andrié e Vanessa Dias, a Bienal integrará ainda worshops e palestras a decorrer em diferentes espaço da capital moçambicana

I Encontro do Livro de Cartão

Publicado13 Abr 2012

Etiquetas livros maputo moçambique

Maputo será, a partir da noite de sexta-feira, 13 de Abril, a capital africana de literatura. É que a Cidade das Acácias acolhe o I Encontro Africano do Livro de Cartão, cuja cerimónia inaugural acontecerá no Centro Cultural Português – Instituto Camões, tendo o seu fim marcado para o dia 23. Descubra o milagre do papelão na promoção da literatura...

No Primeiro Encontro Africano do Livro de Cartão ? que decorre de hoje a 23 de Abril em curso ? tudo é novo e/ou está inovado. A maior parte dos escritores é jovem. As propostas de aventuras literárias para leitura também são recentes, do mesmo modo que foi inovada a fisionomia dos manuais que se apresenta de forma criativa e atraente.

No entanto, no meio da tanta inovação encontra-se algo mais interessante ainda: um preço simbólico na compra das obras. Afinal, o maior objectivo desta feira livresca é promover o conhecimento, levando os livros aos sectores sociais mais desfavorecidos, muitos dos quais não são abrangidos pelas publicações das editoras convencionais.

Está-se diante de uma nova postura de produção e publicação de obras literárias. Trata-se das editoras de livros de cartão. A iniciativa nasceu na Argentina, no ano 2003 e, desde então, não pára de evoluir.

Continuar a ler em A Verdade Online.

Exposições de livros de cartão, oficinas infantis, oficinas literárias, oficinas semiprofissionais, vídeo-conferências, lançamento de novos livros, programas paralelos de eventos culturais são algumas das atividades que preenchem o 1º Encontro do Livro de Cartão que acontece, em Maputo, entre os dias 13 e 23 de abril de 2012, integrado nas atividades da IIIª Feira do Livro de Maputo.

A inauguração deste Encontro e da exposição de livros de cartão – uma iniciativa da Editora Kutsemba Cartão, do Projeto Ler é Nice e da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UEM, com o apoio da Embaixada de Espanha e do Instituto Camões – realiza-se no dia 13 de abril, na sede do Instituto Camões/Centro Cultural Português de Maputo.

Continuar a ler no sítio do Instituto Camões.

The Art of Listening

Publicado4 Jan 2012

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Maputo, Mozambique

I CAME to Africa with one purpose: I wanted to see the world outside the perspective of European egocentricity. I could have chosen Asia or South America. I ended up in Africa because the plane ticket there was cheapest.

I came and I stayed. For nearly 25 years I’ve lived off and on in Mozambique. Time has passed, and I’m no longer young; in fact, I’m approaching old age. But my motive for living this straddled existence, with one foot in African sand and the other in European snow, in the melancholy region of Norrland in Sweden where I grew up, has to do with wanting to see clearly, to understand.

The simplest way to explain what I’ve learned from my life in Africa is through a parable about why human beings have two ears but only one tongue. Why is this? Probably so that we have to listen twice as much as we speak.

Aqui, para continuar a ler o artigo de Henning Mankell.

4.ª edição do Kinani até 6 de Novembro

Publicado4 Nov 2011

Etiquetas dança festival kinani maputo moçambique

(Rosa Mário e Edna Jaime, em "Not Enough")

Decorre até ao próximo dia 6 de Novembro, em Moçambique (Maputo), a 4.ª edição do KINANI. Trata-se de "um festival bianual de carácter internacional concebido com o intuito de promover a Dança Contemporânea e profissionalizar jovens bailarinos e coreógrafos através de vários programas de formação e apresentação de espectáculos. (...) O Festival acontece em diferentes salas de espectáculo da cidade de Maputo, espalhando-se ainda pelas ruas da cidade e alargando-se aos Bairros Periféricos e às Províncias."

Para saber mais sobre o KINANI'2011, basta clicar aqui.

Maputo ocupada até domingo

© Camila de Sousa

Está a decorrer nestes dias em Maputo a segunda edição das Ocupações Temporárias que tem por "chave" a precariedade. Inaugurou, ou melhor: o conjunto das cinco intervenções passou a ocupar vários lugares da cidade no dia 11 de Setembro, data do 10º aniversário sobre os atentados às Torres do World Trade Center de Nova Iorque.

A produtora das Ocupações, Elisa Santos, definiu-as como intervenções que assinalam o ”dia que marca o fim do mito da inviolável segurança, o fim da tranquilidade colectiva”.

Numa cidade e num país em mutações rápidas e com uma opinião pública muito pouco sustentada e pouco interventiva, que lugar ocupam os artistas neste processo de constituição de uma cidade aberta ao mundo? E que artistas são estes?

Os artistas que intervêm correspondem à mais recente geração de criadores já muito distantes da geração de Malangatana e Shikane, como de Naguib e mesmo do Muvart (este último, o movimento surgido no princípio da década deste século). Estes novos artistas são os artistas "conectados" pelas redes sociais, visitantes de sites, links, em estado constante de recepção via sms ou facebook e são artistas com preocupações sociais tomadas de um modo muito próprio. Nenhuma vertente sociológica é neles predominante mas rebelam-se contra os casos de corrupção pública, de desigualdade social, de falta de espaço no espaço público. Cada vez que intervêm escolhem o meio mais adequado e à parte disto são músicos, fotógrafos, desenhadores, pintores.

© Filipe Branquinho

O resultado das instalações – cuja descrição exaustiva pode ser vista em http://ocupacoestemporarias.blogspot.com/ – é uma constelação de rebeldia artística. Bem distante em termos de produção, de impacto mediático e de notoriedade, é como se de algum modo assistíssemos a um remake no Maputo da exposição "Quando as atitudes tomam formas", de 1969, com curadoria de Harald Szeemann.

No conjunto as Ocupações são de uma fragilidade de produção enorme dada a escassez dos meios, mas esta fragilidade dá-lhes uma inovação no processo de criação artística na actualidade moçambicana muito importante e a diversidade das propostas é uma das grandes mais-valias do processo, tanto mais que a qualidade plástica e interventiva das mesmas é determinante. Sejam as fotos e o vídeo assombrosos de Camila de Sousa, os retratos da exaltação da dignidade dos retratados de Filipe Branquinho, o Facebook em materiais pobres com intervenções públicas da autoria de Azagaia, o muro a graffiti de mitologias urbanas de ShotB Hontm, os desenhos das situações utópicas de Jorge Fernandes.

APR

   Cartaz das "Ocupações Temporárias" 

Mais "Ocupações Temporárias" em Maputo!

© Maimuna Adam

OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.11 inaugurará no dia em que se celebram 10 anos sobre o ataque às torres de Nova Iorque, o dia que marca a queda do mito da segurança inviolável, o fim da tranquilidade colectiva. Novos interesses parecem estabelecer-se e com isso novas ordens que alteram estruturas fundamentais como o trabalho, o parentesco, as relações sociais e até as identidades. Estes são os tempos da PRECARIEDADE, do transitório, do temporário, do inseguro.

O que acontecerá ao que sempre nos foi confortável e apaziguador, ao que sempre tivemos como definitivo, permanente, seguro? Voltará? Queremos que volte? Saberemos, poderemos, conciliar frenesim com eternidade? Resultado com paciência? Sucesso com memória? As OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.11 são elas próprias, por definição, precárias, tendo em conta os locais e condições em que se apresentam, mas na versão deste ano sê-lo-ão ainda mais, já que se apresentam assumidamente como uma proposta de reflexão pública sobre o tema que terá um espaço de particular relevo nos encontros com artistas e as conferências a realizar em parceria com a Academia.

Para saber mais é só seguir por aqui...

DOCKANEMA em vésperas da sua 6.ª edição

Publicado17 Ago 2011

Etiquetas cinema dockanema documentário maputo moçambique

Um dos mais importantes festivais internacionais de documentários está de volta para a sua 6.ª edição. Este ano o DOCKANEMA - Festival do Filme Documentário, tem lugar na capital moçambicana de 9 a 18 de Setembro e o seu principal eixo temático é o Desporto, dado que Maputo recebe os jogos africanos durante o mesmo período.

Mais sobre o DOCKANEMA aqui.

Agora em LISBOA, com MAURO PINTO

Imagem da primeira exposição individual de MAURO PINTO em Portugal e que inaugura no próximo dia 14 de Maio, às 18h00, na galeria Influx Contemporary Art

Eis texto pelo curador e artista moçambicano Jorge Dias:

’MAPUTO – LUANDA - LUBUMBASHI’

Em 2005, quando Mauro Pinto apresentou em Maputo o projecto “Portos de Convergência”, o público do Centro Cultural Franco-Moçambicano (e, mais tarde, do Museu Nacional de Arte) teve a oportunidade de testemunhar as extraordinárias imagens dos portos comerciais de Maputo e Luanda. Era a apresentação de um... trabalho que se iniciava ali mas que mostrava já ser muito ambicioso. Mais do que expôr fragmentos de lugares, tratava-se de tornar estes lugares em pontos de partida.

‘MAPUTO - LUANDA – LUBUMBASHI’ sem se inserir directamente neste projecto, decorre dele e reúne três séries que resultam da negociação entre o fotógrafo e a privacidade dos sujeitos, dos espaços e dos elementos fotografados. A exposição traz-nos imagens de lugares que foram outrora palco de migrações massivas e brutais relacionadas com o comércio de escravos Africanos, imagens de lugares maltratados e desgastados pelo tempo mas também outras imagens melancólicas, quase intimistas, de interiores de habitações e espaços comerciais.

Uma das fotografias a cores mostra-nos o interior de uma barbearia. Vários elementos articulam esta imagem: o jogo dos espelhos, os cartazes de alguns ídolos da música e do futebol, a iluminação e, por fim, as pessoas, que posam, num cenário que já estava montado.

Já as séries ‘Maputo’ e ‘Luanda’, revelam um outro lado do trabalho do fotógrafo. Recorrendo à fotografia analógica a preto e branco, abandonada por muitos fotógrafos em Maputo, e claramente influenciado por Ricardo Rangel, Mauro Pinto adopta um discurso mais conscientemente crítico. A fotografia das “Divas Africanas” ou a dos bairros pobres reflectem realidades sociais distintas, mas é notória a opção por fotografar os mais frágeis assumindo-se aqui claramente o artista como um porta-voz.

Mauro Pinto traz tudo isto para o seu trabalho, sem compromissos e sem intenção de reconstrução histórica. Imagens por vezes provocantes e sempre artisticamente inspiradoras e uma enorme capacidade de realçar o contraste, de capturar o real, a essência, o espaço, fazem da sua fotografia um caso ímpar em Moçambique.

Jorge Dias

Artista Plástico, Curador

Moçambique

Mais links para conhecer a obra de MAURO PINTO, um dos mais talentosos fotógrafos moçambicanos da actualidade, aqui, aqui, aqui e aqui (para começar...)!

Lúcia Marques