Logótipo Próximo Futuro

Teatro na última edição do Próximo Futuro

Publicado7 Set 2015

Etiquetas teatro próximo futuro

A última edição do Próximo Futuro tem uma programação marcada pelo teatro, com peças de Portugal, Argentina, Chile e Grécia. João Carneiro escreveu sobre as escolhas do programador António Pinto Ribeiro.


O silêncio do futuro

O teatro desta edição do Próximo Futuro, com ecos da América do Sul e de África, sugere hoje que pensemos no futuro próximo

TEXTO JOÃO CARNEIRO

O programa de teatro desta edição do Próximo Futuro inclui um espetáculo chamado "Chiflón, El Silencio Del Carbón". É uma adaptação do conto "El Chiflon del Diablo", do autor chileno Baldomero Lillo, e é apresentado pela companhia chilena Silencio Blanco. Tratase, em resumo, da história de uma mina que colapsa e de um mineiro que é despedido, e que vai procurar trabalho em Chiflón del Diablo, local de exploração mineira considerado altamente perigoso. As minas são de carvão. E o que está em causa, além dos sacrifícios de quem tem de trabalhar em terríveis condições para poder subsistir e manter a família, é a espera da mulher do mineiro. Voltará, não voltará? Já a "Odisseia" não é outra coisa, Penélope a esperar por Ulisses, e Ulisses a fazer tudo para regressar a casa e ver a mulher e o filho. Outra ideia me atravessou o espírito ao ler as notas sobre este espetáculo, a espera de uma menina que fica escondida num subterrâneo, no gueto de Varsóvia, enquanto a mãe vai trabalhar nas fábricas nazis.

Regressa, não regressa? O pai já tinha desaparecido, e um dia a mãe não regressa. Felizmente, a rapariga consegue salvar-se, tornou-se médica em França, e além de duas apaixonantes autobiografias investiga e escreve sobre a resistência no gueto de Varsóvia. E é uma pessoa maravilhosa, alegre e sociável. "Silencio Blanco" é uma companhia de marionetas, brancas, de papel, basicamente. É dirigida por Santiago Tobar e não usa palavras. Comunica por outros meios, e comunica de maneira extraordinariamente eficaz, como só a arte consegue fazê-lo. Nesta edição do Próximo Futuro apresenta ainda o espetáculo "De Papel", aconselhado também a quem ainda não se tenha transformado em pedra ou molusco. Há mais teatro, nesta edição. "El Loco y la Camisa", de Nelson Valente, também o encenador, pela companhia Banfield Ensamble, de Buenos Aires; "Vou lá Visitar Pastores", de Manuel Wiborg, a partir do livro com o mesmo nome, de Ruy Duarte de Carvalho, sobre os Kuvale, uma sociedade pastoril do sudoeste de Angola; e há "A Circularidade Do Quadrado", do grego Dimitris Dimitriadis, encenado por Dimitris Karantzas.

Os gregos, por esta via, tentam falar-nos sobre a família, o desejo de felicidade e as relações com outros, mesmo quando são ligeiramente diferentes de nós, assuntos que lhes são familiares, e a nós também deveriam ser. Esta edição do Próximo Futuro é a última deste programa, um modelo e um exemplo em si mesmo, que desde 2009 vem, ao longo de cada ano, refletindo sobre o estado do mundo atual, nas artes em geral, e no pensamento em geral, da filosofia à crítica, na teoria e na prática. Acabando, deixa-nos também à espera, como a mulher do mineiro, do que lá vem. O presente é sombrio, as perspetivas são más. Mas a arte e o pensamento são uma promessa de felicidade, a até a rapariga do gueto de Varsóvia conseguiu sobreviver.

João Carneiro, Expresso

"El teatro vulnerable", de Griselda Gambaro

Publicado19 Jan 2015

Etiquetas teatro argentina américa latina

Griselda Gambaro (1928), escritora e dramaturga argentina, que esteve na lista negra da ditadura e teve Ganarse la muerte foi poibido, acaba de pubicar o livro El teatro vulnerable (Alfaguara), que reúne ensaios, conferências e artigos de jornal desde 1972. A revista Clarín entrevista a autora.

–En varios escritos y conferencias de distintas épocas habla de las insuficiencias del teatro: su escaso interés, sus contradicciones, su tibieza. ¿Cree que son intrínsecas al teatro actual?
–No, no llegan a ser intrínsecas al teatro, yo pienso que es una condición de la sociedad que rodea al teatro.

–¿La sociedad argentina?
–No, no creo que en Nueva York o París sea diferente. Las circunstancias que rodean al teatro son siempre las mismas: la atención a un público que es esquivo, la producción de espectáculos que se engloban bajo el nombre de teatro y no lo son, personas que suben al escenario sin estar preparadas, con un discurso inconsistente, experiencias narcisistas...

–¿Qué espera del teatro?
–Yo cuando voy al teatro pido que se me presente una forma eficaz, que tenga un sentido. Y decir una forma significa hablar de un contenido.

–¿El teatro debe ser transformador?
–A mí me ha transformado el teatro, me ha cambiado mucho en mi manera de ver el mundo.

–En una conferencia señala que su principal aporte al teatro argentino fue emerger como una “ruptura saludable”. ¿Quiere decir que ha transformado?
–Muchas mujeres me han dicho que sentían que yo “las hablaba”. En mis primeras piezas los personajes eran hombres, pero las mujeres vivían en un mundo de hombres que era de crueldad, fingimiento y violencia. Después me di cuenta de la situación de las mujeres. Entonces, a partir de ahí, sin proponérmelo, mi mirada cambió. Y en mis obras posteriores, casi todas mis protagonistas son femeninas. Son mujeres que están colocadas de otra manera en la vida. Las suyas no son grandes propuestas heroicas, majestuosas, solemnes, sino pequeñas actitudes.

A entrevista completa, na Revista Clarín

Um velório particular

Publicado20 Jun 2013

Etiquetas Velório chileno teatro Cristián Plana

"Velório Chileno" é uma peça sobre um episódio banal, de uma noite entre amigos que comemoram o Golpe de Estado de Pinochet, na noite de 11 de setembro de 1973. Para ser vista dias 5 e 6 de Julho, às 22:00 no Teatro do Bairro.

“Me gusta porque es una historia cruda, que raya en lo patético, pero contada con un humor negro finísimo”, dice Cristián Plana, el director de Velorio chileno.

Pode saber-se mais sobre esta peça aqui, aqui e aqui

"Santiago a Mil" já começou!

festival santiago a mil

O Festival "Santiago a Mil" começou no passado dia 3 a sua 20.ª edição, que se prolongará até 20 de Janeiro de 2013, apresentando 71 obras, entre propostas nacionais e internacionais, para além da realização de oficinas, mesas redondas e encontros com artistas.

Celebrando 20 anos de existência, este Festival dedica-se este ano ao tema genérico "En la medida de lo imposible" (na medida do impossível), elucidando bem a continuidade e ambição de um dos mais importantes eventos no domínio das artes performativas a partir da América Latina.

Lembram-se de "Gladys", que foi apontado pelos críticos do jornal Público como o melhor espetáculo de teatro em Portugal no ano 2012? Veio da 19.ª edição de "Santiago a Mil".

Mais sobre o Festival, aqui.

Mais sobre "Gladys", apresentado no Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian no âmbito do Programa Próximo Futuro, aqui.

TEATRO do Próximo Futuro no 1º lugar dos melhores de 2012!

ipsilon

A peça de teatro chilena "Gladys", apresentada no âmbito do Programa PRÓXIMO FUTURO no anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, em pleno verão de 2012, foi a escolha n.º 1 do total de "10 melhores espetáculos de 2012" pelos críticos do jornal Público!

É o terceiro ano que espetáculos apresentados pelo Programa Gulbenkian Próximo Futuro têm o primeiro lugar nas escolhas dos críticos.

Esta peça foi também apresentada no Teatro Municipal de Faro, numa colaboração inédita entre o Programa Próximo Futuro e este Teatro.

gladys na gulbenkian

"Gladys" - da atriz, dramaturga e realizadora chilena Elisa Zulueta -, foi apresentado no Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian no verão de 2012, contando com a interpretação de Catalina Saavedra, Sergio Hernández, Cocca Guazzini, Álvaro Viguera, Ignacia Baeza e Antonia Santa María (foto: Tatiana Macedo).

Baitman - trailer

Publicado3 Jul 2012

Etiquetas teatro próximo futuro 2012

Após ser torturado num ambiente árido e inóspito, Bait Man (Marcelo Olinto) inicia uma narrativa e assim dá forma aos seus pensamentos.
Num estado de alerta constante, pressionado não se sabe por quê ou por quem, Bait Man constrói uma subtil e profunda análise do homem contemporâneo, com seus medos, desejos e ambições. Um jogo perigoso faz-se presente, criando um atrito entre a realidade e o imaginário.O mundo em colapso ideológico, à beira do abismo, é o material que Bait Man utiliza para jogar com humor e tensão, provocando uma reflexão para onde a humanidade caminha. Um quebra-cabeça misterioso é apresentado com vigor, envolvendo todos numa teia discreta de informações. O espetador é convidado a participar neste jogo enigma, onde cada ação envolve todos os sentidos. Gerald Thomas (Rio de Janeiro), encenador e dramaturgo, conhecido pelos seus trabalhos estéticos arrojados e pelas suas colaborações com Samuel Beckett ou Heiner Müller, explora em “Bait Man” a sua linguagem cénica e coloca todos os envolvidos no centro da relação entre opressor e oprimido, criando uma obra onde o ator é o principal elemento de articulação deste jogo-enigma. O encontro de duas gerações de criadores, Gerald Thomas e Marcelo Olinto, que desenvolvem trabalhos autorais dentro de suas próprias companhias, é um convite ao desafio, sem rede de proteção. Gerald Thomas escreveu e dirigiu “Bait Man” criando uma obra particular, onde o ator é o principal elemento de articulação deste jogo.

CIA.DOS ATORES (Brasil, 1988) é formada por Bel Garcia, César Augusto, Drica Moraes, Enrique Diaz, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle e Susana Ribeiro. O grupo apresentou-se sempre com sucesso junto do público e da crítica e, durante os seus vinte e quatro anos de existência, recebeu todos os prémios de teatro no Brasil como Molière, Sharp, Mambembe Rio de Janeiro e São Paulo, Shell Rio de Janeiro e São Paulo, APCA, APTR, Qualidade Brasil e o Gran Prix de la Critique 2005/2006 como melhor espetáculo estrangeiro do ano por “Ensaio.HAMLET”.



Baitman

Cia. dos Atores
Brasil
4 Jul 2012 - 19:00 | 5 Jul 2012 - 19:00 | 6 Jul 2012 - 19:00
Teatro do Bairro
Entrada 15 € 

"Why Shakespeare is … Brazilian"

Publicado24 Abr 2012

Etiquetas brasil teatro

In the first of a new series celebrating the World Shakespeare festival in collaboration with the RSC, director Renato Rocha explains why there's no one like the Bard when it comes to analysing Brazilian politics.

In Brazil we grew up hearing wise phrases: "Love is blind", and "There are more things in heaven and earth ..." A little older, in school, one of the first names we heard was Shakespeare – the English bard, one of the great geniuses of world literature, maybe the greatest. Suddenly we realised that many of the wise phrases we know were in fact Shakespeare's.

I started working in theatre at the age of 13 with a group of young artists who wanted to change the world. We used to do theatre in open spaces. There were 30 artists, including actors, musicians, and dancers; sometimes horses too … We performed classics including A Midsummer Night's Dream and Romeo & Juliet. Nick Bottom was my first Shakespeare character. I became obsessed with the idea of performing this great writer and his enchanting stories.

Continuar a ler no The Guardian.

“Contes africains d’après Shakespeare”, le théâtre comme introspection

Publicado5 Abr 2012

Etiquetas África teatro

Cut up de textes classiques et contemporains, la dernière création de Krzysztof Warlikowski réunit l’Afrique et Shakespeare pour dénoncer une humanité où les femmes font toujours figure de victimes expiatoires.

Salon d’apparat ouvert à tous les vents dans le palais abandonné d’un despote déchu, parquet de bal où une révolution peut se jouer à pile ou face lors d’une soirée de gala, le plateau sur lequel s’inscrit le théâtre du metteur en scène polonais Krzysztof Warlikowski rend compte des soubresauts de l’histoire en écho des bouleversements du monde contemporain. D’un lounge bar aux allures de club anglais à une chambre d’hôpital, d’un étal de boucher à une salle de billard et un gymnase, cet espace caméléon donne le change en toutes circonstances sans jamais se revendiquer du réalisme.

Continuar a ler na Les Inrockuptibles.

"Em seu 21º ano, Festival de Curitiba resgata nomes das últimas edições"

Publicado29 Mar 2012

Etiquetas brasil curitiba teatro

O Festival de Curitiba abre nesta terça-feira, 27, sua 21.ª edição. Mais importante evento do gênero no País, a mostra chega à maturidade sem desviar-se do caminho que a caracterizou ao longo das últimas décadas. E parece zelar, sobretudo, por certa constância nos nomes convocados a compor sua grade.

Como ocorre tradicionalmente, a curadoria abriu amplo espaço para produções de apelo popular do eixo Rio e São Paulo. Algum respiro foi alcançado com brechas para bons exemplares do teatro de vanguarda e pesquisa. Mas chama atenção a frequência com a qual alguns diretores e companhias frequentam o festival. Presentes na edição deste ano, eles são velhos conhecidos do público paranaense.

Continuar a ler no Estado de São Paulo.

Festival de Teatro de Curitiba.

"As vossas relações sociais (também) acontecem na base de desigualdades!"

Publicado22 Mar 2012

Etiquetas artes performativas brasil moçambique teatro

No dia em que quatro mulheres negras brasileiras – lindas, talentosas, inteligentes e corajosas – decidiram lutar pela sua identidade cultural (a de ser negro), uma nova esperança em relação ao respeito pelos valores da igualdade, fraternidade e solidariedade entre os Homens foi relançada na sociedade. No entanto, enquanto as desigualdades que caracterizam as nossas sociedades não reduzirem, é urgente lançar no solo a semente da igualdade sem ansiar os frutos. O Homem perverteu o mundo...

Ao desencadear um enorme movimento cultural votado à consciencialização social do negro em relação às suas origens, a sua cultura e tradição, no Brasil, Adriana Paixão, Priscila Preta, Débora Marçal e Flávia Rosa ? as quatro mulheres que há cerca de cinco anos fundaram a Capulanas ? Companhia de Arte Negra – não devem passar despercebidas em nenhum lugar.

As causas que norteiam as suas acções e discursos políticos, no contexto sociocultural, são nobres. Elas sublimam o ser negro. E não o fazem por mero acaso, senão leiamos:“A nossa sociedade foi construída sob os alicerces da escravidão. Tomando como base esse princípio, toda a nossa construção social foi sendo erguida em cima de um pensamento racista”, conta Priscila Preta quando interrogada sobre as razões que fazem com que a comunidade negra, no Brasil, sempre aparece como sendo aquela que luta constantemente pelos seus direitos.

Conitnuar a ler em A Verdade Online.

Capulanas - Companhia de Arte Negra

"Taking South Sudan to the Globe: Shakespeare from the newest nation"

Publicado21 Mar 2012

Etiquetas sudão teatro

Cymbeline to be performed in Juba Arabic as part of Globe to Globe strand of World Shakespeare festival.

Their country is less than nine months old and still coping with the aftermath of decades of war, widespread poverty and an education system badly in need of repair, with around 80% of the population illiterate. But a theatre company from South Sudan wants to show a different side of the country when it participates in the World Shakespeare festival at the Globe theatre in London.

Led by the directors Joseph Abuk Dori and Derik Uya Alfred Ngbangu, the South Sudan Theatre Company will perform Cymbeline, whose themes of conflict, resolution and co-existence with a previously hostile power chime with the country's recent history. The two men visited the Globe this week in preparation for their production, which will be staged at the theatre in May.

Continuar a ler no The Guardian.

"Une Antigone palestinienne"

Publicado14 Mar 2012

Etiquetas adel hakim teatro

C’est un événement. Les acteurs du Théâtre National Palestinien sont en France, en tournée jusqu’à fin mai avec une Antigone éblouissante, mise en scène par Adel Hakim, co-directeur du Théâtre des Quartiers d’Ivry où la pièce est donnée jusqu’au 31 mars.

Créée à Jérusalem-Est en mai 2011, elle sort des frontières de la ville occupée, transportant avec elle le poids et la géographie du conflit israélo-palestinien — et l’on est frappé par la résonance de la tragédie palestinienne contemporaine avec le texte de Sophocle, qui date de près de deux mille cinq cents ans. Pas d’identification avec des situations historiques, des lieux ou des personnages, mais une mise en abîme autour de la notion d’injustice et une méditation philosophique sur la rébellion et le sens du sacré.

Continuar a ler no Le Monde Diplomatique.

Théâtre des Quartiers d’Ivry, 5 a 31 de Março 2012.

Raúl Ruiz (1941-2011)

Publicado22 Ago 2011

Etiquetas chile cinema raul ruiz teatro

A nossa homenagem a Raúl Ruiz (em primeiro plano na foto) falecido no passado dia 19 de Agosto. A reposição de um post do blog PF a propósito da sua última e única encenação de teatro.

Amledi, el tonto, escrita e dirigida por Raúl Ruiz, é o seu último trabalho, e a sua estreia na encenação e direcção teatral. Não é parecido com nada; é um objecto de uma estranheza radical: mistura de fábula de animais combinada com história das religiões, história da convivência entre Mapuchos e Vikings (há provas arqueológicas da presença de Vikings no território que hoje é o Chile). Um espectáculo sincrético, anacrónico, que surpreende em cada momento que passa: imprevisível durante as três horas de duração num cenário que evoca o grande teatro de texto do princípio do século passado ou as grandes narrativas hollywodescas sobre Roma, Grecia, Cleópatra... um texto de uma sabedoria antiga. Fenomenal, como diriam os Chilenos!

o reverso do mundo agora, com Mónica Calle

Publicado28 Jul 2011

Etiquetas a missão heiner müller mónica calle teatro

Mário Fernandes, Mónica Calle e René Vidal (fotografia: Bruno Simão)

O reverso do mundo dos media e das actualidades, o reverso das novelas, das notícias, da gestão cultural, da mediação cultural, dos ministérios, dos cursos de escrita criativa, das vernissages, da troika, dos teatros nacionais, dos patrocínios, dos actores de novela, dos  festivais multimédia, dos simpósios sobre racismo, alimentação natural, das fotos espectaculares, dos talkshows, dos anúncios dos economistas, o reverso do mundo agora. É sobre ele que Mónica Calle, uma das grandes encenadoras europeias de hoje, trabalha há anos: permanentemente, obsessiva e inteligentemente, decidida, crua, uns dias sem esperança, outros cheios dela. É assim há vinte anos. Agora pode ser visto na casa conveniente “A Missão”, esse texto sobre a revolução, o seu falhanço, a ressaca, a necessidade (a ordem dos factores aqui é arbitrária) de H. Müller. Céptica ou magoada ou cheia de amor a encenadora faz essa coisa brilhante que é pegar no reportório e aniquilá-lo para não o deixar morrer e “A Missão” é de uma actualidade que parece ter sido escrita hoje ou em 1979. Vemo-nos ao espelho, hoje! Com actores sólidos e com corpos que dançam fulgurantes a revolução.

António Pinto Ribeiro

Um espectáculo de Mónica Calle a partir de “A Missão” de Heiner Müller

Com Mário Fernandes, Mónica Calle e René Vidal

De 21 a 31 de Julho de 2011

(todos os dias, em sessões duplas: 1ª sessão: 20h / 2ª sessão: 22h)

último dia de espectáculos Próximo Futuro/VERÃO 2011!

Hoje é o último dia da programação de espectáculos do PRÓXIMO FUTURO neste Verão de 2011: há um concerto único em Portugal dos Tshetsha Boys, Nozinja e DJ Spoko ("SHANGAAN ELECTRO") e a última oportunidade para assistir à avassaladora peça chilena "Villa+Discurso", de Guillermo Calderón, com as extraordinárias actrizes Carla Romero, Francisca Lewin e Macarena Zamudio (Compañia Playa).

Entretanto, continuam as intervenções dos artistas no Jardim da Gulbenkian e a exposição "Fronteiras"(8.os Encontros Fotográficos de Bamako) no edifício-sede da Fundação. Encontra o calendário completo das actividades PRÓXIMO FUTURO aqui, com novidades, demais informações e contactos.

HOJE, 3 de Julho (sábado)

19h00 Anfiteatro ao Ar Livre MÚSICA / Cada bilhete: 10 Eur

SHANGAAN ELECTRO (África do Sul), com NozinjaTshetsha Boys e DJ Spoko

“Shangaan Electro: New Wave Dance Music from South Africa” (Honest Jon's) foi um dos discos mais importantes de 2010, compilando alguns dos maiores êxitos shangaan. O shangaan provém da cidade de Malamulele, na província de Limpopo (região mais setentrional da África do Sul, na fronteira com o Botswana, o Zimbabwe e Moçambique) e caracteriza-se pela velocidade dos beats, conduzindo a uma dança que tem tanto de eléctrica como de divertida. O shangaan posiciona-se na intersecção da tradição e de uma África da tecnologia digital caseira, que pode ser encontrada na produção cinematográfica de Nollywood, na Luanda do kuduro ou na África das transferências de dinheiro via telemóvel. 

22h00 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 15 Eur

Villa+Discurso (Chile), de Guillermo Calderón, com Compañia Playa

O tema da primeira parte – “Villa” – é aparentemente simples: que fazer àquela casa que tem esse passado tão histórico e é uma memória a preservar da luta clandestina e da tortura? Três actrizes discutem frente a uma mesa sobre a qual está uma maqueta da Villa Grimaldi. A partir deste dispositivo realista, aparentemente simples, até banal num campo mediático, Calderón constrói uma das mais fortes, sólidas, profundas dramaturgias sobre a criação humana das artes, a validade da arte contemporânea, o debate democrático, os conflitos ideológicos, o papel da museografia. E em nenhuma situação há qualquer sinal da introdução ideológica possível do autor.

 

E chega a segunda parte – “Discurso” –, que decorre na mesma sala e com as mesmas actrizes. É uma  ficção da despedida da Presidente Michelle Bachelet quando deixou o Palácio presidencial. Começa «Hoje não vos vou falar com palavras dóceis e esperadas…». E segue-se um manifesto do exercício do poder do ponto de vista de alguém que se assume como mulher, pediatra, optimista e socialista. E é fascinante como Calderón pega numa matéria tão arriscada, numa personagem que é considerada como a melhor presidente da história do Chile e interroga o que é o poder.

"Villa+Discurso", de Guillermo Calderón: estreia HOJE!

As actrizes de 'Villa+Discurso': Carla Romero, Francisca Lewin e Macarena Zamudio

ESTREIA ABSOLUTA em Portugal, hoje mesmo (às 19h00) na Gulbenkian, da mais recente peça da Companhia Playa (Chile), composta por duas partes e com encenação e dramaturgia de Guillermo Calderón (autor da inesquecível "Neva", que no ano passado esteve no Próximo Futuro): "VILLA + DISCURSO". E já pode adquirir os seus bilhetes via on-line, antes que esgotem!

O tema da primeira parte – “Villa” – é aparentemente simples: que fazer àquela casa que tem esse passado tão histórico e é uma memória a preservar da luta clandestina e da tortura? Três actrizes discutem frente a uma mesa sobre a qual está uma maqueta da Villa Grimaldi. A partir deste dispositivo realista, aparentemente simples, até banal num campo mediático, Calderón constrói uma das mais fortes, sólidas, profundas dramaturgias sobre a criação humana das artes, a validade da arte contemporânea, o debate democrático, os conflitos ideológicos, o papel da museografia. E em nenhuma situação há qualquer sinal da introdução ideológica possível do autor.

 

E chega a segunda parte – “Discurso” –, que decorre na mesma sala e com as mesmas actrizes. É uma  ficção da despedida da Presidente Michelle Bachelet quando deixou o Palácio presidencial. Começa «Hoje não vos vou falar com palavras dóceis e esperadas…». E segue-se um manifesto do exercício do poder do ponto de vista de alguém que se assume como mulher, pediatra, optimista e socialista. E é fascinante como Calderón pega numa matéria tão arriscada, numa personagem que é considerada como a melhor presidente da história do Chile e interroga o que é o poder.

A programação do PRÓXIMO FUTURO continua ainda hoje, mas às 22h00, com a exibição do filme "Africa United" (Reino Unido/Ruanda/África do Sul), da realizadora sul-africana Debs Gardner-Paterson, no écrãn gigante do Anfiteatro ao Ar Livre. Os bilhetes, a 3 Eur cada, também podem ser adquiridos via on-line.

A extraordinária história de três miúdos (aos quais se juntam outros dois) que viajam 5 mil quilómetros para assistir ao Campeonato do Mundo de Futebol na África do Sul. Jogando com a ingenuidade como capacidade de sedução, com respostas rápidas e tendo como principal utensílio de viagem o calendário de  jogos da Taça do Mundo, os nossos ’pequenitos‘ protagonistas vão atravessar as infinitas terras africanas em busca de um sonho improvável. À medida que vão andando, constituem uma tribo – um grupo de indigentes – de personalidade brilhante e destruidora, que os ajuda a negociar um caminho através de uma série de situações gloriosas, perigosas, hilariantes e até mesmo bizarras. Através destes miúdos, vamos encontrar uma África desconhecida, experienciando a dura realidade de um passeio épico através de sete países, assim como a alegria, o riso e a esperança – o ubuntu – que surge da realização em comum desta incrível jornada.

HOJE, 1 de Julho (sexta-feira) 

19h00 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 15 Eur

Villa+Discurso (Chile, 2011, aprox. 110'), de Guillermo Calderón 

22h00 Anfiteatro ao Ar Livre CINEMA (última sessão da CINEMATECA PRÓXIMO FUTURO/Verão 2011) / Cada Bilhete: 3 Eur

Africa United (Reino Unido/Ruanda/África do Sul, 2010, 84'), de Debs Gardner-Paterson 

AMANHÃ, 2 de Julho (sábado)

21h30 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 15 Eur

Villa+Discurso (Chile, 2011, aprox. 110'), de Guillermo Calderón 

A Bolívia num elevador: CINEMATECA Próximo Futuro, hoje!

Hoje, às 22h, passa na Cinemateca PRÓXIMO FUTURO o filme boliviano, feito em Santa Cruz, "El Ascensor", realizado e produzido por Tomás Bascopé e Jorge Sierra. "El Ascensor" passa-se sobretudo entre as paredes de um elevador.

Entrevistado enquanto produtor executivo, Sierra chega mesmo a fazer uma analogia entre a sobrevivência nesse espaço exíguo e no mundo de hoje: "Somos pessoas diferentes, encerradas num mesmo espaço que não se pode dividir. E se não chegarmos a um diálogo, terminaremos com um desastre". E explica: "A história [desenvolvida com Tomás Bascopé] submerge a Bolívia no elevador. Cada personagem identifica a grande parte da população. 'O Elevador' é o que a Bolívia é agora, um espaço de convivência. Nada sai dali e se não chegam a um acordo pode acontecer um desastre".

Sinopse de "El Ascensor" (2009)

Na véspera de Carnaval, à saída de um supermercado, um jovem empresário é raptado por dois assaltantes e conduzido ao prédio onde fica a sua empresa, para que aí possam assaltar o seu cofre. Ao subirem de elevador, este bloqueia. Não há ninguém que os possa socorrer porque todos os funcionários já abandonaram o edifício. Os assaltantes e a vítima vão ficar presos no elevador durante os três dias que dura o Carnaval, tentando aprender a viver juntos numa situação ora explosiva, ora dramática

Amanhã (dia 1 de Julho), às 19h00, estreia em Portugal a mais recente peça da Companhia Playa (Chile), composta por duas partes e com encenação e dramaturgia de Guillermo Calderón (autor da inesquecível "Neva", que no ano passado esteve no Próximo Futuro): "VILLA + DISCURSO". E já pode adquirir os seus bilhetes via on-line, antes que esgotem!

O tema da primeira parte – “Villa” – é aparentemente simples: que fazer àquela casa que tem esse passado tão histórico e é uma memória a preservar da luta clandestina e da tortura? Três actrizes discutem frente a uma mesa sobre a qual está uma maqueta da Villa Grimaldi. A partir deste dispositivo realista, aparentemente simples, até banal num campo mediático, Calderón constrói uma das mais fortes, sólidas, profundas dramaturgias sobre a criação humana das artes, a validade da arte contemporânea, o debate democrático, os conflitos ideológicos, o papel da museografia. E em nenhuma situação há qualquer sinal da introdução ideológica possível do autor.

 

E chega a segunda parte – “Discurso” –, que decorre na mesma sala e com as mesmas actrizes. É uma  ficção da despedida da Presidente Michelle Bachelet quando deixou o Palácio presidencial. Começa «Hoje não vos vou falar com palavras dóceis e esperadas…». E segue-se um manifesto do exercício do poder do ponto de vista de alguém que se assume como mulher, pediatra, optimista e socialista. E é fascinante como Calderón pega numa matéria tão arriscada, numa personagem que é considerada como a melhor presidente da história do Chile e interroga o que é o poder.

HOJE, 30 de Junho (quinta-feira) 

22h00 Anfiteatro ao Ar Livre CINEMA / Cada Bilhete: 3 Eur 

El Ascensor, de Tomás Bascopé e Jorge Sierra (Bolívia, 2009)

AMANHÃ, 1 de Julho (sexta-feira)

19h00 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 15 Eur

Villa+Discurso, de Guillermo Calderón (Chile, 2011)

22h00 Anfiteatro ao Ar Livre CINEMA Cada Bilhete: 3 Eur

Africa United, de Debs Gardner-Paterson (Reino Unido/Ruanda/África do Sul, 2010)

grandes LIÇÕES e penúltima apresentação de "Woyzeck"!

(Na foto: Eucanaã Ferraz)

Hoje é dia de grandes LIÇÕES do Próximo Futuro, reunindo investigadores, poetas e professores de diversas geografias (Brasil, Camarões, EUA e Portugal), em torno de reflexões sobre “Democracia e a Ética do Mutualismo” (a partir da “experiência Sul-africana”), “Qual o futuro próximo da Poesia?”, “As grandes incertezas da historiografia africanista” e “Produção, utilização e partilha do conhecimento na economia global”, todas com entrada livre!

E à noite sobe ao palco "Woyzeck on the Highveld", para a segunda de apenas três apresentações em Lisboa. Dado o limite os lugares na sala aconselhamos vivamente que adquiram os vossos bilhetes on-line o quanto antes. As apresentações de hoje e amanhã (a última) estão quase esgotadas.

HOJE, 17 de Junho (sexta-feira)

09h30 - 17h30 Auditório 2 LIÇÕES / Entrada Livre (Tradução simultânea disponível; sinopses e bios aqui)

09h30

ACHILLE MBEMBE (África do Sul)

DEMOCRACIA E A ÉTICA DO MUTUALISMO. APONTAMENTOS SOBRE A EXPERIÊNCIA SUL-AFRICANA

11h00

EUCANAÃ FERRAZ (Brasil)

DA POESIA – O FUTURO EM QUESTÃO

14h30

MARGARIDA CHAGAS LOPES (Portugal)

PRODUÇÃO, UTILIZAÇÃO E PARTILHA DO CONHECIMENTO NA ECONOMIA GLOBAL

16h00

RALPH AUSTEN (EUA)

AS GRANDES INCERTEZAS DA HISTORIOGRAFIA AFRICANISTA: EXISTE UM TEMPO ‘AFRICANO’ E PODE O SEU PASSADO ANUNCIAR O SEU FUTURO?

21h30 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 20 Eur 

"Woyzeck on the Highveld" (África do Sul)

HANDSPRING PUPPET COMPANY, com encenação e videos de WILLIAM KENTRIDGE 

AMANHÃ, 18 de Junho (sábado)

19h00 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 20 Eur 

"Woyzeck on the Highveld" (África do Sul)

HANDSPRING PUPPET COMPANY, com encenação e videos de WILLIAM KENTRIDGE 

(última apresentação) 

21h30 Anfiteatro ao Ar Livre MÚSICA / Cada bilhete: 18 Eur

Orquestra Gulbenkian, Drumming Grupo de Percussão e Matchume Zango (Timbila de Moçambique)

Programa - Maestro Pedro Neves

Steve Reich, Drumming: Part I

Marlos Nobre, Concerto N.º 2/a para 3 Percussões e Orquestra, Opus 109a (2011) [versão encomendada pelo grupo Drumming, a quem Marlos Nobre dedica a partitura]

(Sem Autor) Timbila, Música Africana para Percussão

Iannis Xenakis, Pithoprakta

Gyorgy Ligeti, Romanian Concerto

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Hoje é o primeiro de mais 18 dias inesquecíveis na Gulbenkian

Projecto Chapéus-de-Sol no Jardim da Gulbenkian (foto: Jorge Martins Lopes) 

Começa hoje um novo ciclo de actividades do Programa Gulbenkian PRÓXIMO FUTURO e cá estamos nós para vos lembrarmos de tudo o que não podem perder nos próximos 18 dias!

De 16 de Junho a 3 de Julho há exposições, conferências, espectáculos de teatro e dança, concertos e cinema ao ar livre, tudo na Gulbenkian em Lisboa, reunindo obras de criativos de diversas geografias. Teremos o maior prazer em contar convosco neste ponto de encontro da Europa, África, América Latina e Caraíbas!

HOJE, 16 de Junho (quinta-feira)

17h00 Jardim Gulbenkian INAUGURAÇÃO ARTE PÚBLICA / Entrada Livre

NANDIPHA MNTAMBO (África do Sul)

KBOCO (Brasil)

RAQS MEDIA (Índia)

CHAPEÚS-DE-SOL

BÁRBARA ASSIS PACHECO (Portugal)

RACHEL KORMAN (Brasil)

ISAÍAS CORREA (Chile)

DÉLIO JASSE (Angola)

21h30 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 20 Eur 

"Woyzeck on the Highveld" (África do Sul)

HANDSPRING PUPPET COMPANY, com encenação e videos de WILLIAM KENTRIDGE

AMANHÃ, 17 de Junho (sexta-feira)

09h30 Auditório 2 LIÇÕES / Entrada Livre (Tradução simultânea disponível)

ACHILLE MBEMBE (Camarões), "Democracia e a Ética do Mutualismo. Apontamentos sobre a Experiência Sul-Africana"

EUCANAÃ FERRAZ (Brasil), "Da Poesia - O Futuro em Questão"

MARGARIDA CHAGAS LOPES (Portugal), "Produção, Utilização e Partilha do Conhecimento na Economia Global"

RALPH AUSTEN (EUA), "As Grandes Incertezas da Historiografia Africanista: Existe um Tempo 'Africano' e Pode o Seu Passado Anunciar o Seu Futuro?"

21h30 Sala Polivalente do CAM TEATRO / Cada bilhete: 20 Eur 

"Woyzeck on the Highveld" (África do Sul)

HANDSPRING PUPPET COMPANY, com encenação e videos de WILLIAM KENTRIDGE 

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Vêm aí os melhores do mundo: AMANHÃ na Gulbenkian!

Breve vislumbre de "Woyzeck on the Highveld", com William Kentridge

A Handspring Puppet Company acabou de vencer o Tony Awards pela melhor peça com "War Horse"!

Na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, esta famosa companhia de teatro de marionetas apresentará já amanhã, dia 16 de Junho, às 21h30, a imperdível adaptação da obra de Georg Buchner encenada pelo artista e realizador sul-africano William Kentridge: "Woyzeck on the Highveld".

"Woyzeck no Highveld" é uma adaptação da famosa peça do escritor alemão Georg Büchner sobre ciúme, assassinato e a luta de um indivíduo contra uma sociedade insensível que acabou pordestrui-lo. O Woyzeck de Buchner era um soldado alemão de 1800. Nesta versão, Woyzeck é um trabalhador migrante na Joanesburgo de 1956: uma paisagem da industrialização estéril. A produção – a primeira colaboração entre a Handspring e o reconhecido artista e realizador William Kentridge – reúne marionetas manipuladas à vara e filme animado para ilustrar graficamente a mente torturada de Woyzeck quando ele tenta compreender as suas circunstâncias externas.

Dirigida por Kentridge, a peça estreou no Standard Bank National Arts Festival em Grahamstown (em 1992), seguindo para uma temporada no Teatro do Mercado, em Joanesburgo, no mesmo ano. Posteriormente, viajou para a Alemanha, Espanha, Bélgica, Escócia, Inglaterra, Hong Kong, Austrália, Nova Zelândia, França e Estados Unidos da América – onde, em 1994, no Joseph Papp Public Theater, assinalou a abertura do Segundo Festival de Nova Iorque de Teatro de Marionetas da Henson Foundation.

Um convite do Festival de Marionetas do Mundo levou a Handspring e Kentridge a repô-la em 2008 em Perth e Brisbane (Austrália), e a prolongar a sua apresentação no Teatro do Mercado de Joanesburgo, e em Baxter (Cidade do Cabo). A itinerância do espectáculo continuou em Stavanger, na Noruega (Novembro de 2008) para, depois da tourné pelos EUA no Outono de 2009, regressar à Europa.

Woyzeck on the Highveld” sobe ao palco da sala polivalente do CAM da Gulbenkian nos dias 16 e 17 de Junho (esta quinta e sexta-feira, respectivamente), às 21h30, e 18 de Junho (sábado), às 19h.

Dado o limite de lugares da sala aconselhamos a aquisição dos bilhetes via on-line, aqui.

Mais links para conhecer “Woyzeck on the Highveld”:

Handspring Puppet Company 

William Kentridge’s biography and film

“Woyzeck on the Highveld”: video, audio, press, links and more 

VILLA+DISCURSO, por Guillermo Calderón: de 'Santiago a Mil' ao 'Próximo Futuro' (dias 1, 2 e 3 de Julho!)

Publicado3 Jun 2011

Etiquetas chile guillermo calderón teatro villa+discurso

Carla Romero, Francisca Lewin e Macarena Zamudio: as actrizes de "Villa+Discurso"

Gostamos tanto destas duas novas peças de Guillermo Calderón que, depois de termos apresentado "Neva", no ano passado, decidimos apresentar de novo as últimas obras deste extraordinário encenador e dramaturgo chileno, com umas actrizes também elas extraordinárias. As duas peças decorrem na Villa Grimaldi, uma casa que está tenebrosamente associada ao regime de Pinochet.  

O tema da primeira parte – “Villa” – é aparentemente simples: que fazer àquela casa que tem esse passado tão histórico e é uma memória a preservar da luta clandestina e da tortura? Três actrizes discutem frente a uma mesa sobre a qual está uma maqueta da Villa Grimaldi. A partir deste dispositivo realista, aparentemente simples, até banal num campo mediático, Calderón constrói uma das mais fortes, sólidas, profundas dramaturgias sobre a criação humana das artes, a validade da arte contemporânea, o debate democrático, os conflitos ideológicos, o papel da museografia. E em nenhuma situação há qualquer sinal da introdução ideológica possível do autor.

E chega a segunda parte – “Discurso –, que decorre na mesma sala e com as mesmas actrizes. É uma  ficção da despedida da Presidente Michelle Bachelet quando deixou o Palácio presidencial. Começa «Hoje não vos vou falar com palavras dóceis e esperadas…». E segue-se um manifesto do exercício do poder do ponto de vista de alguém que se assume como mulher, pediatra, optimista e socialista. E é fascinante como Calderón pega numa matéria tão arriscada, numa personagem que é considerada como a melhor presidente da história do Chile e interroga o que é o poder.

Para saber mais sobre este espectáculo pode começar pelo site do Festival Internacional de Teatro "Santiago a Mil" e seguir até ao (actual) Parque por la Paz Villa Grimaldi.

Villa +Discurso”, do dramaturgo e encenador chileno Guillermo Calderón, sobe ao palco da Gulbenkian nos próximos dias 1 de Julho (sexta, às 19h), 2 de Julho (sábado, às 21h30) e 3 de Julho (domingo, às 22h). Os bilhetes já podem ser adquiridos on-line por aqui.

Mais JUNHO: Handspring Puppet Company, com William Kentridge

  

Ainda no dia 16 de Junho (quinta-feira), às 21h30, começa a programação de espectáculos do PRÓXIMO FUTURO, com uma adaptação da peça “Woyzeck” (de Georg Buchner) pela famosa companhia de teatro de marionetas Handspring Puppet Company: direcção de Adrian Kohler e Basil Jones, em colaboração com o artista e encenador sul-africano William Kentridge.

“Woyzeck on the Highveld” volta a subir ao palco da sala polivalente do CAM da Gulbenkian nos dias 17 de Junho (sexta-feira), às 21h30, e 18 de Junho (sábado), às 19h.

Mais links para conhecer “Woyzeck on the Highveld”:

Handspring Puppet Company 

William Kentridge’s biography and film

“Woyzeck on the Highveld”: video, audio, press, links and more 

Flashes de Santiago V

Publicado18 Jan 2011

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Os filhos da ditadura

A encenadora e autora argentina Lola Arias apresentou Mi Vida Después. Como subtítulo poderíamos colocar Os filhos da ditadura. Trata-se de uma peça no formato de teatro documental (conhecemos as referências dos The Third Angel), que começa nos anos da ditadura argentina em 1982, e termina num hipotético ano de 2056. O elenco é constituído por actores que foram crianças ou adolescentes neste período e as histórias, com múltiplas saídas e versões, referem-se a este período e são ilustradas por documentos reais ou forjados arquivados ao longo dos anos da ditadura. A peça tem uma energia rara, para o qual conta a presença de actores músicos-cantores rock e a utilização recorrente de bateria e guitarra elécticra. O humor e a ironia são muito inteligentes e, mais uma vez, o teatro inovador consegue combinar uma reflexão sobre a história recente, uma qualidade dramatúrgica, excelência de representação e prazer de performance.

Hechos Consumados, este fim-de-semana

Publicado25 Jun 2010

Etiquetas chile teatro





25 e 26 de Junho (sexta e sábado), 21:30           

Grande Auditório da Fundação Gulbenkian

HECHOS CONSUMADOS (Chile)

Companhia Teatro La Memoria

Encenação: Alfredo Castro

Autor: Juan Radrigán

Com: Amparo Noguera, José Soza, Rodrigo Pérez y Felipe Ponce.

Façamos o seguinte exercício especulativo: se Beckett fosse chileno como teria escrito? Como teria encenado? É um mero exercício sem resposta digna de qualquer crédito científico. E, contudo, ao vermos “Hechos Consumados” e a sua encenação e cenografia, é de Beckett que muito nos lembramos.

apr

"Utilizo o teatro como canal privado de participação"

Publicado19 Jun 2010

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NEVA, confirma Guillermo Calderón [o encenador], é um texto muito chileno, muito da prodigiosa idade dos porquês que o Chile ainda não deixou para trás, sobre o fracasso das melhores utopias políticas (um texto passado em 1905 que sabe exactamente o que vai acontecer depois de 1917), mas também é um texto muito universal sobre o sentido de fazer (e de ver) teatro enquanto lá fora, na vida verdadeira, se mata e se morre: "Começámos a ensaiar esta peça em 2006, no ano mais difícil da Guerra do Iraque, e tivemos de lidar com esse problema: para quem e para quê fazer teatro quando há tanta violência na rua? O que é que se pode fazer quando lá fora há uma matança política?" Ele [Guillermo Calderón] tem uma maneira de lidar com o problema: "O teatro é a minha maneira de fazer política, uma maneira de ter voz e de ser ouvido. Utilizo o teatro como canal privado de participação." - Entrevista de Guillermo Calderón ao Ípsilon, 18/06/10, p.43
NEVA, da Compañia Teatro en el Blanco, é apresentada este sábado e domingo, às 21h30, no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian. Preço: 10 euros.

Neva, este fim-de-semana

Publicado19 Jun 2010

Etiquetas chile teatro

NEVA (Chile)

Companhia Teatro en el Blanco

Encenador: Guillermo Calderón

Com: Paula Zúñiga, Trinidad González e Jorge Eduardo Becker

Colaboração: Festival Santiago a Mil

Duração: 80’

19 e 20 Junho, Sábado e Domingo, às 21h30

Palco do Grande Auditório

Preço: 10 euros

Baseada em acontecimentos e personagens reais, Neva, de 2008, é uma reflexão crítica e sarcástica sobre o teatro, a representação e as suas limitações, cuja encenação questiona os limites do realismo teatral e o compromisso do artista com os conflitos sociais da sua época.

Esta peça foi a primeira produção da Companhia Teatro en el Blanco e do seu director, o dramaturgo e encenador chileno Guillermo Calderón. Tal como em peças posteriores de Calderón, o texto emprega o distanciamento brechtiano para interpelar os espectadores contemporâneos e estabelece uma equivalência tácita entre o rio Neva de São Petersburgo – manchado de sangue com os corpos dos operários assassinados, em 1905 – e o rio Mapocho de Santiago – onde foram lançadas muitas vítimas da violência política chilena, em 1973. É criada uma atmosfera de espessura dramática em que as personagens protagonizam um duelo verbal, enquanto no exterior se desencadeia uma convulsão social. A encenação apoia-se no desempenho enérgico do elenco e concentra a tensão num pequeno cenário de 4 metros quadrados.

Neva teve grande impacto no Chile, vencendo três prémios Altazor («Melhor Dramaturgia», «Melhor Encenação» e «Melhor Actriz») e o Prémio Círculo de Críticos de Arte. Circulou também por cerca de 20 países, entre os quais a Argentina, Peru, Espanha (Festival de Cádis e Almagro), Brasil, Itália (Milão, Roma, Nápoles, Modena) e Coreia do Sul, alcançando o reconhecimento mundial pela forma como revitaliza o chamado ‘teatro político’.

Notas sobre o teatro no Chile e na Argentina

Publicado22 Jan 2010

Etiquetas américa do sul argentina chile teatro

Durante os anos em que Michelle Bachelet presidiu ao governo do Chile (2006-2009), as áreas social e cultural do país tiveram apoios e políticas de reconhecimento e de desenvolvimento inéditas, mesmo pensando a uma escala mundial. No que diz respeito à cultura, o sector foi profundamente estudado e estruturado, hierarquizando-se prioridades e colocando-se em cargos de responsabilidade e de decisão uma nova geração de quadros - nascida no início dos anos 1970 -, o que produziu uma renovação saudável do sector, de que hoje se sentem as boas consequências.Uma das área a merecer uma especial atenção foi a do teatro, a que não terá sido alheio o facto de ser esta uma arte tradicionalmente de grande qualidade e tradição no Chile, e de a ministra da cultura ser uma actriz. No processo de estruturação do sector teatral muitas foram as salas recuperadas e equipadas, consolidando-se a sua programação. São centenas as que existem pelo país, das quais, algumas dezenas em Santiago, com públicos muito participantes e activos e muito diferenciados na sua “filiação” tribal.
O teatro chileno é, a par, do teatro argentino, um dos melhores do espectro latino-americano, tendo inclusivamente criado uma técnica vocal que lhe é particular. O teatro chileno é maioritariamente um teatro de palavra e de texto, assenta na performance dos actores e na qualidade da encenação, com pouco investimento em maneirismos cenográficos. A importância e a prevalência do texto é de tal ordem, que nos concursos anuais de dramaturgia chegam a concorrer 250 textos (2009), 60% dos quais originários de fora da capital É um teatro que vive ainda muito da revisitação à história política recente do Chile. Mas as suas abordagens podem ser de uma sofisticação ímpar. Um dos melhores exemplos é a obra "Neva", encenada por Guillermo Calderón, que é provavelmente a melhor peça estreada na América do Sul no ano passado. Num "ringue" de 4 m2, três actores representam o dia seguinte à morte de Tchekov, com incursões às obras do dramaturgo russo. É um teatro feito apenas sobre a qualidade da interpretação de excelentes actores e com uma dramaturgia e encenação de uma inteligência rara. Actualmente, os dois festivais de teatro de referência são o Festival Internacional de Teatro Santiago a Mil (FITAM), sediado em Santiago (www.santiagoamil.cl) e o mais recente Festival Cielos del Infinito (www.festivalcielosdelinfinito.cl) que acontece desde 2008 na cidade mais ao sul do continente sul-americano, Punta Arenas, já na região do Chile Antárctico.
Na Argentina, ao contrário das recentes políticas culturais no Chile, as artes de uma forma geral e o teatro, em particular, não têm tido qualquer apoio por parte do governo. Mesmo assim, o teatro é uma actividade pulsional deste país, em particular em Buenos Aires onde, apesar da crise, em alguns fins-de-semana chegam a estrear-se 30 peças. Os locais são maioritariamente lugares alternativos, como apartamentos e associações, já que a maioria dos teatros da cidade foram privatizados e apresentam sucedâneos da Broadway ou do teatro espanhol comercial. A propósito da situação do teatro na Argentina contou o actor e encenador Marcelo Mininno uma história da sua infância. Vivendo com a sua avó numa região rural, assistiu um dia a uma enorme trovoada. Ao espreitar pela janela, viu a avó deitar sal no chão, em movimentos de cruz, de cada vez que trovejava. Passado algum tempo a avó entrou em casa e dirigindo-se ao neto com um ar peremptório, disse-lhe: a trovoada vai acabar. O comentário do actor foi: “como vêem há muito bom teatro na Argentina”.
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