Logótipo Próximo Futuro

"OCP: Espírito Radical" em imagens

Publicado21 Set 2015

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"Espírito Radical", da Orquestra de Câmara Portuguesa, com direcção e percussão de Pedro Carneiro, foi o primeiro concerto da programação de Setembro do Próximo Futuro, dias 4 e 5. Ouviram-se Okho, de Xenakis, e Workers Union, de Andriessen, num espectáculo que juntou músicos e público no palco e onde se leram frases de Frantz Fanon e Amilcar Cabral. 

A última edição do Próximo Futuro, no Diário de Notícias

Publicado8 Set 2015

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Fim do Próximo Futuro: "Queremos sempre algo que não existe"

Gulbenkian. Onze dias a pensar a condição humana através das práticas artísticas fecham a programação de António Pinto Ribeiro

"Aos poetas e aos accionistas também ocorrerá que estão a mexer na substância do mundo e na condição dos homens como ninguém o terá feito antes ou pelo menos da sua exata maneira" As palavras são de Ruy Duarte de Carvalho (1941- 2010), incessante fazedor de uma "teoria pessoal dos horizontes onde cabe tudo" que Manuel Wiborg ilumina em Vou Lá Visitar Pastores, pela segunda vez, agora incluindo textos de "Mensagens de Swakopmund" (missivas publicadas na revista Granta). "Homenageio o Ruy que está no fim da sua vida e pensa em si próprio, finalmente, quando antes pensava no Outro", diz o encenador. Antes de ser uma obra de definição esquiva do pensador, poeta, regente agrícola, cineasta e filósofo nascido em Santarém e feito angolano - como sucede a várias obras dele, há quem aponha na prateleira da antropologia, outros da literatura, outros dos livros a nunca perder de vista- e antes também do programador António Pinto Ribeiro a ter proposto a Manuel Wiborg como matéria-prima de uma peça-conferência a encenar e apresentar na Culturgest em 2004, Vou Lá Visitar Pastores foi um caderno de iniciação, cassetes gravadas, desenhos, longo mapa traçado pelo escritor para um companheiro de viagem, jornalista, que nunca chegou a aparecer para conhecer essa Angola outra, acabando depois por se tornar uma "exploração epistolar de um percurso angolano em território Kuvale" (como consta do título original publicado pela Cotovia em 1999).

Pistas, uma geografia sentimental do espaço e do tempo, um olhar sobre o outro que é uma maneira de nos vermos a nós próprios, Vou Lá Visitar Pastores é uma espécie de obra-mundo perfeitamente adequada ao fecho em aberto de uma história chamada Próximo Futuro que António Pinto Ribeiro programou na Fundação Calouste Gulbenkian desde 2009 e que agora termina - o programador demitiu-se em abril em desacordo com "a orientação programática da fundação" (declarou à Lusa, na altura). É uma cartografia para o amanhã que acaba (não acabando) com um programa fortíssimo que interpela o aqui e agora através das várias práticas artísticas e, ao mesmo tempo, celebra os 40 anos de independência de Angola. Muxima, o filme de Alfredo Jaar cujo título significa coração em kimbundu, arranca a programação de cinema esta tarde na Casa Arquivo - instalada no jardim e construída com as memórias das edições passadas -, amanhã chega Barcearia, diaporamas de João Dongo e António Júlio Duarte sobre as lojas que têm de tudo um pouco no Mindelo, e a fechar o ciclo há de mostrar-se Um olho para Ver, Outro para Sentir, curtas de Madalena Miranda, Miguel Coelho, Rita Forjaz e Susana Marques que regressam a África, cada um à sua maneira. O mesmo olhar fortemente político e humano impregna o concerto de abertura, logo à noite, no Grande Auditório da FCG. Em OCP: Espírito radical!, um espetáculo concebido por Pedro Carneiro e Pinto Ribeiro, a Orquestra de Câmara Portuguesa interpreta Ohko, de Jannis Xenakis (emigrante grego nascido na Roménia que a escreveu em França para instrumentos africanos), e Workers Union, de Louis Andriessen. O espetáculo convida os espectadores a participarem na leitura, ao vivo, de textos de Amílcar Cabral e Frantz Fanon, numa celebração do exemplo que Pedro Carneiro evoca no programa: "A música tem sido para mim uma extraordinária viagem e um exemplo de democracia e ética. No momento da sua prática todos os músicos em palco são iguais, o seu valor individual é apreciado em função das suas qualidades morais: o compromisso, a preparação, a presença de espírito, a integridade, ética e inteligência com que se exprimem."

 O grande teatro do mundo e o outro que somos nós


As dramaturgias que fecham o Próximo Futuro apontam para lá de qualquer fim, para uma geografia que transcende fronteiras. São visões da humanidade a fazer a matéria do teatro que vem do Chile ou da Grécia e que traz para o nosso aqui e agora a Argentina ou Angola. Além de Vou Lá Visitar Pastores (Ruy Duarte de Carvalho por Manuel Wiborg, de 6 a 8 no Anfiteatro ao Ar Livre da FCG), há ElLocoy La Camisa (de 5 a 7 no Teatro Aberto) , peça referência do teatro independente argentino que inclui os espectadores no espaço da representação para falar de loucura e outras normalidades. "Uma família esconde o seu louco de todas as formas possíveis. Esconde-o de fora e de dentro", escreve o encenador Nelson Valente em modo de apresentação deste trabalho da Companía Banfield Teatro Ensamble, que esteve cinco temporadas consecutivas em cena em Buenos Aires, além de rodar comloas - pelos festivais internacionais.

Do Chile chega De papel e Chiflón, El Silencio del Carbón, uma narrativa capaz de falar a diferentes públicos (e por isso programada nas noites de 9 a 11 no Grande Auditório e, para os mais miúdos, nas tardes de 12 e 13 na Casa Arquivo) sem dizer uma palavra. Releitura da história de um jovem mineiro obrigado a trabalhar numa das mais perigosas regiões do mundo (obra do autor chileno Baldomero Iillo), transmutada pela Companhia Silencio Blanco em marionetas de papel, a peça conta o heroísmo diário dos esquecidos do mundo. A"qualidade implacável da vida" e a "crueza do amor" são a matéria feroz de que é feitayl Circularidade do Quadrado, do dramaturgo e ativo pensador grego Dimitris Dimitriadis, levada ao palco por Dimitris Karantzas, revelação da encenação grega com talento abençoado em Avignon.

A peça, encenada "como uma eterna canção de expectativa e desilusão", afirma pela boca de uma das personagens: "Queremos sempre algo que não existe. Deitamos as nossas vidas fora assim, mas não há outra maneira de as tornar nossas." Evidências a confirmar nos derradeiros dias do Próximo Futuro (14 e 15 no Grande Auditório), na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

MARIA JOÃO GUARDÃO, Diário de Notícias, 4 de Setembro de 2015

Teatro na última edição do Próximo Futuro

Publicado7 Set 2015

Etiquetas teatro próximo futuro

A última edição do Próximo Futuro tem uma programação marcada pelo teatro, com peças de Portugal, Argentina, Chile e Grécia. João Carneiro escreveu sobre as escolhas do programador António Pinto Ribeiro.


O silêncio do futuro

O teatro desta edição do Próximo Futuro, com ecos da América do Sul e de África, sugere hoje que pensemos no futuro próximo

TEXTO JOÃO CARNEIRO

O programa de teatro desta edição do Próximo Futuro inclui um espetáculo chamado "Chiflón, El Silencio Del Carbón". É uma adaptação do conto "El Chiflon del Diablo", do autor chileno Baldomero Lillo, e é apresentado pela companhia chilena Silencio Blanco. Tratase, em resumo, da história de uma mina que colapsa e de um mineiro que é despedido, e que vai procurar trabalho em Chiflón del Diablo, local de exploração mineira considerado altamente perigoso. As minas são de carvão. E o que está em causa, além dos sacrifícios de quem tem de trabalhar em terríveis condições para poder subsistir e manter a família, é a espera da mulher do mineiro. Voltará, não voltará? Já a "Odisseia" não é outra coisa, Penélope a esperar por Ulisses, e Ulisses a fazer tudo para regressar a casa e ver a mulher e o filho. Outra ideia me atravessou o espírito ao ler as notas sobre este espetáculo, a espera de uma menina que fica escondida num subterrâneo, no gueto de Varsóvia, enquanto a mãe vai trabalhar nas fábricas nazis.

Regressa, não regressa? O pai já tinha desaparecido, e um dia a mãe não regressa. Felizmente, a rapariga consegue salvar-se, tornou-se médica em França, e além de duas apaixonantes autobiografias investiga e escreve sobre a resistência no gueto de Varsóvia. E é uma pessoa maravilhosa, alegre e sociável. "Silencio Blanco" é uma companhia de marionetas, brancas, de papel, basicamente. É dirigida por Santiago Tobar e não usa palavras. Comunica por outros meios, e comunica de maneira extraordinariamente eficaz, como só a arte consegue fazê-lo. Nesta edição do Próximo Futuro apresenta ainda o espetáculo "De Papel", aconselhado também a quem ainda não se tenha transformado em pedra ou molusco. Há mais teatro, nesta edição. "El Loco y la Camisa", de Nelson Valente, também o encenador, pela companhia Banfield Ensamble, de Buenos Aires; "Vou lá Visitar Pastores", de Manuel Wiborg, a partir do livro com o mesmo nome, de Ruy Duarte de Carvalho, sobre os Kuvale, uma sociedade pastoril do sudoeste de Angola; e há "A Circularidade Do Quadrado", do grego Dimitris Dimitriadis, encenado por Dimitris Karantzas.

Os gregos, por esta via, tentam falar-nos sobre a família, o desejo de felicidade e as relações com outros, mesmo quando são ligeiramente diferentes de nós, assuntos que lhes são familiares, e a nós também deveriam ser. Esta edição do Próximo Futuro é a última deste programa, um modelo e um exemplo em si mesmo, que desde 2009 vem, ao longo de cada ano, refletindo sobre o estado do mundo atual, nas artes em geral, e no pensamento em geral, da filosofia à crítica, na teoria e na prática. Acabando, deixa-nos também à espera, como a mulher do mineiro, do que lá vem. O presente é sombrio, as perspetivas são más. Mas a arte e o pensamento são uma promessa de felicidade, a até a rapariga do gueto de Varsóvia conseguiu sobreviver.

João Carneiro, Expresso

Claudia Piñeiro, convidada de Outras Literaturas, em entrevista

Claudia Piñeiro é uma das convidadas do encontro do Próximo Futuro dedicado à Literatura Policial, que acontece já no próximo dia 16 de Maio. A autora argentina, que assinou“Las viudas de los jueves” e "Una suerte pequeña”, deu recentemente uma entrevista à Revista "N" da Clarín

La muerte la persigue. Aunque no quiera o jure que se le cruza sin premeditación ni alevosía, a Claudia Piñeiro la muerte le tira. Se le impone en sus ficciones, pero también en la vida real, como cuando en octubre del año pasado un delirante agregó en su biografía de Wikipedia una fecha para su epitafio: 26 de noviembre de 2014 a las 16.45, justo cuando ella se estaba recuperando de una trombosis que la tuvo internada durante diez días. En otro octubre, pero de hace exactamente diez años, los tres muertos aparecidos en la pileta de un country en Las viudas de los jueves –con la que en 2005 ganó el Premio Clarín de Novela– la empujaron hasta este presente que hoy la ubica como una de las autoras más leídas y traducidas de la narrativa argentina actual, y una de las latinoamericanas con mayor proyección internacional. Todos sus muertos –los de aquel libro consagratorio y los que vendrían después– se multiplicaron en las versiones cinematográficas de sus novelas, incluido el reciente estreno de Tuya , un thriller doméstico que en orden cronológico marca la aparición de su primer cadáver literario.

O artigo completo em Claudia Piñeiro, la dama del suspenso

"The Mersault Investigation", de Kamel Daoud, convidado do Próximo Futuro no Verão

Kamel Daoud, jornalista e escritor, é o autor do romance The Mersault Investigation, publicado na Argélia em 2013 e em França no ano seguinte. Distinguido com o Prix des Escales Littéraires d’Alger 2014, Prix des Cinq Continents de la Francophonie 2014, Prix François Mauriac 2014 e finalista do Prix Goncourt 2014, o livro esboça-se em forma de resposta a O Estrangeiro de Albert Camus, a partir da personagem do irmão do jovem árabe assassinado pelo anti-herói de Camus.

Kamel Dadoud estará em Lisboa, no Verão, no Próximo Futuro.

My basic idea was to start with Albert Camus’s “The Stranger,” to question the work, but to move on from there—to question my own presence in the world, my present and today’s reality. It was also a matter of analyzing Camus’s work, of “rereading” it, of having it reread by an Algerian and by contemporary readers. Camus still provokes polemics in Algeria. I wanted to pay tribute to his work and his thinking, but also to provide another version of the story. “The Stranger” is Camus’s character, but also a symbol of the philosophical and human condition. It was valid in 1942, the year the novel was published, and it’s still valid today. I wanted to take another look at that strangeness. I’m not responding to Camus—I’m finding my own path through Camus.

A entrevista completa, na New Yorker

Futuro Imediatamente a seguir

Futuro Imediatamente a Seguir

 

Uma imagem do filme Elelwani, em que a prometida inicia, a coberto de um manto que a envolve integralmente, o percurso que a leva a tomar o seu destino ao lado do rei Venda (com quem deve casar-se para retribuir o investimento que os chefes tribais tinham aceite fazer na sua educação no estrangeiro) remete-nos para a família europeia. Aquele cortejo hierarquicamente estratificado no percurso até ao palácio, pés nus sobre a erva a percorrer uma diagonal cujo sentido fica algures justificado pelos protocolos reais e pelas vozes que reproduzem músicas de significado indecifrável, fazia lembrar os grandes planos mergulhados sobre a tradição quase exageradamente encenada a que o realizador japonês Akira Kurosawa nos habituou no final da sua carreira. Era quando os seus filmes se sucediam uns aos outros com uma espécie de pressa indiferente aos circuitos de distribuição internacionais, com o fito implícito de deixar ao universo o legado de um mundo em extinção.

Nada que fosse indiferente, noutra latitude, ao propósito do polaco Tadeusz Kantor, quando trazia a Lisboa, e não por acaso aos Encontros Acarte da Fundação Gulbenkian (1989), o Teatro Tricot de Cracóvia, uma família desgarrada que tinha sido desfeita pela II Guerra Mundial e com cuja estreia em Lisboa, Kantor se despediu de uma carreira longa (Je ne reviandrais jamais), morrendo poucos meses depois. Parece que nada tem a ver com este retomar da tradição Venda do norte da África do Sul, província do Limpopo, retratada pelo realizador Ntshaveni wa Luruli na Cinemateca do Próximo Futuro, mas tem. Elelwani é um filme que encerra uma espécie de catálogo das categorias inaceitáveis para o mundo ocidental, que aceitou recentemente renunciar aos dilemas da sua cultura – porque se permite ignorá-los e não os reconhecer enquanto tal - e se posiciona numa variada mas persistente sobranceria que dispensa a espessura do mundo. O realizador Ntshaveni wa Luruli, em Elelwani, faz o contrário: mostra que, mesmo na atualidade, a altivez que os universos culturais reservam sentir uns perante os outros guarda ainda a capacidade de perpetuar a intolerância individual perante o outro, mesmo quando o procuram o outro. Permite, portanto, a reserva. Porém, no filme isto tem o propósito programático de indicar, através do personagem principal, que seguir o caminho que se tem de seguir, por mais absurdo que possa parecer, é ainda uma possibilidade  valente, a única que permite encontrar o caminho da libertação do fardo das imposições da cultura. Uma boa aposta, ainda que difícil de seguir. 

A verdade é que estamos a falar da África do Sul de um universal Nelson Mandela presentemente entre a vida e a morte. A África do Sul do Presidente Jacob Zuma a tentar capitalizar este final de ciclo de ouro na sua preparação para um segundo mandato presidencial à frente do ANC (eleições em 2014). A África do Sul de um intocável Black Economic Empowerment, que está a provar ser mais eficaz a espalhar a incerteza pelos diferentes grupos étnicos que compõem a saudosa Nação Arco-Íris que Mandela quis legar, do que a efetivamente criar e distribuir riqueza entre os negros. O desemprego cresceu dos anos 90 para cá, o crescimento económico abrandou, ironicamente, porque a África do Sul é a mais bem sucedida economia do continente com melhores e mais variadas parcerias económicas. Esta é a realidade retratada à lupa das especificidades dos filmes The African Cypher, Otelo Burning, Gangster FilmRewind e  Material, os registos que foram brilhantemente reunidos pelka comissária Joan Legalamitlwa para o Próximo Futuro 2013. Na minha opinião, constituiram o coração multicultural e multilingue deste programa que se anunciou versar sobre o Sul de África. Sul de África com notas estendidas a Moçambique, prresença de Angola, do Botwsana, do Zimbabwe e do Uganda, uma extensão ao Chile e a compreensão geograficamente incoerente da Áfica ocidental através dos indiscutíveis Encontros de Fotografia de Bamako (9ª edição, Mali).

Olhando para uma programação cultural como a do Próximo Futuro 2013 – estruturada entre as linguagens do cinema, das artes visuais e das artes performativas -, pergunto-me (como imagino que o programador se tenha questionado) quem estará realmente a olhar para o mapa de África para pensar nos 15 membros da SADEC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) e o que eles poderão trazer-nos de novo na sua riquíssima e irresistível diversidade?

Enquanto público europeu, habituados à variedade, estamos programados para um quantum de diferença e toleramos uma determinada dose de estranheza, mesmo quando adoramos evocar a vantagem que nos concedeu a nossa experiência dos séculos passados. Não quer dizer que África seja uma mancha indiferenciada em que tudo seja 100% diferente da Europa ou 100% igual a si próprio. Mas a verdade é que, mesmo quando não resistimos à dança, continuamos a ter dificuldade em admitir por que é que a África profunda da banda tanzaniana Jagwa Music (Dar es Salam) é bastante menos friendly do que a banda ganesa Konkoma, que integra músicos britânicos e grande dose de inspiração jazzística...

Falamos de quê quando falamos do Sul de África? Falamos de culturas desconhecidas e longínquas da imaginação ocidental ou substancialmente distorcidas pelas experências individuais dos europeus que viveram em África. Reconnheça-se que o Próximo Futuro fez um notável esforço de aproximação, em particular por meio da Festa da Literatura e do Pensamento que incluiu quatro conversas sobre o Estado das Artes, Literatura, Pensamento e Política, e Poesia. Qual é o efeito destas conversas relativamente circunscritas (como o é, no limite, toda a programação)? Desejavelmente, demonstrar que toda a atualidade pensa e que a globalização tem uma vantagem inegável: quando tentamos fugir à atualidade ou negar a realidade, nota-se! Os outros veem e não fica bem a ninguém continuar a sustentar teimosamente a prevalência de um tipo de pensamento sobre outro.

Pessoalmente, acho que o maior legado desta edição 2013 do Próximo Futuro foi deixar-nos (ao público) perante a perplexidade do que não conseguimos apreender desta vez, um anúncio generoso de que, talvez, consigamos ultrapassar a distância da próxima vez. Este deveria ter sido a proposta de todas as programações das últimas décadas, mesmo quando imaginámos generosamente que tinhamos, lisboetas, alguma coisa a ver com o pós-guerra da Polónia, o pós-apartheid da África do Sul ou o pós-colonialismo dos outros países europeus. Será que todos os espetáculos, debates, filmes e exposições foram definitivamente esclarecedores? Desejamos que não. Uma programação consciente não propõe respostas,  apresenta pistas, para tentar manter os espetadores mais atentos nesta inquietação que promove a descoberta. As respostas definitivas são mais capazes de provocar sono... 

Cristina Peres

Lisboa, Julho 2013

"Nous continuons à cultiver la mélancolie"

©Tatiana Macedo

A entrevista de António Pinto Ribeiro, curador do Próximo Futuro ao jornal Le Monde, na semana em que Portugal ocupou Paris com a sua mais recente criação artística.

Antonio Pinto Ribeiro est le commissaire général de "Proximo Futuro", vaste programme artistique lancé en 2009 par la Fondation Calouste Gulbenkian, et que l'on peut traduire par "le prochain futur", ou "le futur proche".

Essayiste, cofondateur en 1992 de Culturgest, principal centre culturel de Lisbonne financé par la banque Caixa Geral de depositos, il réfléchit à une esthétique portugaise dans la sérénité de cette fondation atypique, musée d'art contemporain cerné de jardins, centre d'art, fondé au début des années 1950 par un magnat du pétrole et devenu un rouage essentiel de la culture portugaise avec 90 millions d'euros de budget annuel en 2013.

On a souvent comparé la Fondation Gulbenkian à un ministère de la culture "bis"...

La Fondation a été un des principaux soutiens à la culture pendant le salazarisme, puis pendant les premières années de la démocratie, jusqu'aux années 1980. A cette époque, l'Etat portugais s'est mis à investir dans le cinéma, le théâtre, les arts contemporains.

Mais avec la crise actuelle et l'absence totale de vision culturelle du gouvernement [dirigé depuis 2011 par Pedro Passos Coelho (PPD/PSD), centre droit], les artistes se tournent à nouveau vers la Fondation Gulbenkian. Je n'ai pas le souvenir d'autant d'indigence politique depuis la dictature.

C'est une lente négligence. Par exemple, le Centre culturel de Belém (CCB), inauguré en 1992, a très bien fonctionné jusqu'en 2007. Mais aujourd'hui les salles de concert sont vides, le Musée d'art moderne Berardo, abrité par le CCB, est semi-privé. Il a beaucoup contribué à la valorisation de la collection de son propriétaire.

Comment le Portugal se situe-t-il aujourd'hui, culturellement ?

Le Portugal est un pays étrange, inégal, contradictoire. Nous avons une élite très instruite, très créative, des cinéastes, des architectes, des intellectuels d'une grande qualité. Mais la classe moyenne n'est pas au fait de la création. On lui a proposé un modèle de nouveau riche.

Nous avons vécu cinquante ans de salazarisme en étant à côté du monde. Nous n'avions accès à rien de contemporain, nous avons raté toutes les révolutions esthétiques. Puis l'Europe a apporté quantité d'argent, qui a servi à construire des bâtiments, des infrastructures, pas une nouvelle identité.

Comment définiriez-vous l'identité artistique portugaise ?

Par élimination. Ni espagnole, ni française, ni, ni... Je dirais que nous continuons à cultiver la mélancolie, la nostalgie, et que nous sommes imprégnés d'un certain expressionnisme du Sud. Bizarrement, la création portugaise a délaissé le baroque, elle est très incarnée, claire, nettoyée. Et bien sûr tournée vers l'Afrique et le Brésil, principalement pour les arts plastiques.

Et par rapport à l'Europe ?

Les Chantiers d'Europe, qui mettent cette année le Portugal à l'honneur, auraient pu être l'occasion d'un débat en profondeur, dont nous ne pouvons pas faire l'économie. La diffusion artistique est orientée vers l'Europe. Tous les créateurs se tournent vers elle, Paris étant une porte essentielle. Mais ils découvrent que ce n'est pas si simple, que cela ne fonctionne pas naturellement. D'où cette sensation d'être toujours à la périphérie. C'est un signe, auquel il convient de réfléchir.

La culture africaine est très présente à Lisbonne...

Bien sûr, et les temps changent. Il y avait avant la crise quarante mille Angolais vivant officiellement au Portugal ; aujourd'hui, près de cent mille Portugais sont partis vivre en Angola, à cause de l'effondrement économique ici et de la croissance là-bas. Cette inversion est fascinante.

Programa de arromba

Publicado12 Mai 2013

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Catarina Pinto - Jardim Gulbenkian

 

A festa que se iniciará a 21 de Junho está já a ser preparada. Haverá uma cabana no jardim para acolher as visitas e conversas e muitos espectáculos, cinema e exposições para ver. 

"Através de um olhar severamente selecionado entre os exemplos mais paradigmáticos da criação e do pensamento contemporâneos desta parte do continente africano, Lisboa poderá confrontar-se finalmente com uma programação que permite formar  um ponto de vista sólido sobre a vivência atual em países recentes que, pelas mais diversas razões - também porque até recentemente tiveram connosco uma relação historicamente umbilical -, acompanham amiúde o conjunto de informações de primeira página do nosso quotidiano.

A experiência decorrerá nas áreas das exposições de arte e das performances, teatro, cinema, música e dança. E uma série de conferências cobre a criação literária e o pensamento marcam alguns dos momentos mais altos dessa viagem ao conhecimento do que se faz e como se pensa nestas sociedades que nos são quase impenetráveis através da forma como os media constroem o seu discurso a propósito de África e das suas comunidades."

Pode ler mais aqui

Eis o Verão do Próximo Futuro

Publicado10 Mai 2013

Etiquetas próximo futuro Verão jornal PF programação

   

"Lamento dizer-vos mas somos todos africanos" é a afirmação de Desmond Tutu que António Pinto Ribeiro escolhe para apresentar a programação de Verão do Programa Próximo Futuro.

Cinema, exposições, música, dança, teatro, lieratura, poesia, política e pensamento produzidos, pensados, inspirados no sul da África e nas multirelações que ali e por ali se estabelecem. Tudo e todos convocados para o Verão que ocupará os jardins, as sala de exposição o anfiteatro da Fundação Gulbenkian, mas também o Teatro do Bairro e o S. Luíz Teatro Municipal

O nº 13 do Jornal do Próximo Futuro já está disponível no site e contém toda a programação.

3x4

Publicado28 Jun 2012

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Camila de Sousa nasceu em Moçambique em 1985. A formação académica na área da Antropologia Visual é origem e suporte dos projectos artísticos que vem realizando. A sua pesquisa em torno da temática da representação do corpo feminino encarcerado levou-a a uma imersão nas cadeias femininas de Maputo (Moçambique), num trabalho de campo que durou mais de um ano. “3x4” é o resultado dessa pesquisa, dessa entrada da artista na cadeia Civil de Maputo e no Centro de Reclusão de Ndlhavela, e do acompanhamento das histórias de várias mulheres, desde a prisão preventiva à condenação e ao cumprimento da respectiva pena. Ao longo destes meses a artista conviveu com mulheres de nacionalidades diferentes, de idades e classes sociais diversas, com acusações e penas variadas, mas cujas histórias e experiências estão interconectadas por episódios de violência física e social, de separação, de expiação e de reconciliação. 

3x4 é a medida da cela que nunca é individual. No Centro de Reclusão estas mulheres cumprem já a sua pena, estão sentenciadas e condenadas. É aqui que refazem a sua história, e a reescrita começa por redefinir o local e o motivo da estadia naquele espaço. Dão-lhe estatuto de hospital psiquiátrico e assumem o período de reclusão como um tempo de cura, de recuperação de um desvio. 

3x4 é aqui uma serie de seis retratos de mulheres em pose de diva, nos seus divãs, que se espalham em liberdade pelos Jardins da Fundação, durante todo o Verão. São imagens que tentam criar um campo político de negociação e de recuperação do corpo feminino fracturado, que apesar de marcado pela violência patriarcal, não deixa, contudo, de ser um corpo feminino, senhor da sua sensualidade e do seu próprio movimento.

Elisa Santos

3x4, até 30 Set 2012 

Ciclo de Cinema Árabe - A vida em imagens, 28 Junho

Publicado28 Jun 2012

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Que Mundo Maravilhoso

Faouzi Bensaidi
Marrocos
Ficção, 2006, 99’
Línguas originais: francês/árabe 
(legendado em português) 
 

Casablanca é uma cidade de contrastes, ao mesmo tempo moderna e antiga. Kamel é um assassino profissional que recebe os seus contratos através da Internet.
Depois de alguns sucessos, contacta com regularidade Suad, uma prostituta ocasional, para fazer amor com ela. Muitas das vezes é Kenza quem responde. Ela é polícia de trânsito, responsável pelo policiamento da maior rotunda da cidade. Em pouco tempo, ele apaixona-se por esta voz e prepara-se para encontrá-la. Hicham, outro assassino profissional que sonha ir para a Europa, infiltra-se nos contratos de Kamel por acaso.

No Final do Dia

Sherif El-Bendary
Egito
ficção/curta-metragem, 2006, 9’
língua original: árabe
(legendado em português)

O Soliman está mais alto? Questionou o pai de Soliman quando o seu filho de 32 anos o visitou.
Baseado no conto do escritor egípcio Ibrahimaslan.

Dia e Noite
 
Islam El-Azzazi
Egito
ficção, curta-metragem, 2011, 30’
língua original: árabe
(legendado em português)

Raouf passa os dias a tentar obter lucro e a fazer jogos de poder com os outros, especialmente com Nadia, sua noiva. Memórias e contemplação da vida espalham-se também pelo decorrer do dia… É um dia vulgar na vida de Raouf.

 

Ciclo de Cinema Árabe - Noite Marroquina, 27 Junho

Publicado27 Jun 2012

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A Falésia
 

Para Hakim e para Said, seu irmão mais novo, o dia passa-se a ganhar dinheiro com pequenas tarefas. Primeiro, no cemitério onde pintam com cal as sepulturas e, depois, junto de um comerciante de bebidas alcoólicas que é cego. À beira da falésia, umas quantas garrafas vazias podem ser a sorte das criança.

Faouzi Bensaidi
Marrocos 
Ficção, 1998
18', sem diálogos

Labutadoras

Tânger - Hoje, quatro mulheres de vinte anos de idade trabalham para passar o dia e vivem durante a noite. Elas trabalham duramente, divididas em duas categorias: têxteis e camarões. A obsessão delas é estarem constantemente em movimento. «Aqui estamos», dizem. De manhã à noite, o ritmo é frenético enquanto percorrem a cidade. Tempo, espaço e dormir são uma raridade. Mulheres para toda a obra que ainda trabalham para os seus homens e para as suas casas vazias. Esta é a louca corrida de Badia, Imane, Asma e Nawal.

Leïla Kilani
Morrocos
Ficção, 2011
106’, língua original: francês/árabe
(legendado em português) 




 O Muro

Uma história curta e infindável de um muro que se ergue contra os homens.

Faouzi Bensaidi
Marrocos
Ficção, 2000, 10’
Língua original: francês
(legendado em português) 

Labutadoras

Publicado26 Jun 2012

Etiquetas ciclo de cinema árabe próximo futuro


Portrait Leila Kilani "Sur la Planche" (On the Edge) Quinzaine des Realisateurs Directors fortnight Cannes 2011 

Dans la « Collection La SRF pour la QUINZAINE DES REALISATEURS », Vero CRATZBORN, membre de la Société des Réalisateurs de Films, présente un portrait de Leïla Kilani, réalisatrice du film « Sur la Planche» et de son équipe, lors de la présentation du film à Cannes en 2011.

As part of the series "The SRF for the Directors' Fortnight", Vero Cratzborn, director and member of the SRF, introduces her film about Leïla Kilani's "Sur la Planche (on the edge)" and her crew, shot during the film presentation at Cannes 2011.

Réalisation - Direction by Vero Cratzborn

Image - Cinematography by Alexandre Jamin & Bertrand Declinand (Cannes) - by Matthieu Bastid (Paris)

Son - Sound by Etienne Ement (Cannes) - by Colette Constantini (Paris)

Montage - Editing by Marie Lépine Pothon

Etalonnage - Color timing by Matthieu Bastid

 

Labutadoras

Tânger - Hoje, quatro mulheres de vinte anos de idade trabalham para passar o dia e vivem durante a noite. Elas trabalham duramente, divididas em duas categorias: têxteis e camarões. 
A obsessão delas é estarem constantemente em movimento. «Aqui estamos», dizem. De manhã à noite, o ritmo é frenético enquanto percorrem a cidade. Tempo, espaço e dormir são uma raridade. Mulheres para toda a obra que ainda trabalham para os seus homens e para as suas casas vazias. Esta é a louca corrida de Badia, Imane, Asma e Nawal. 

Leïla Kilani
Morrocos
Ficção, 2011
106’, língua original: francês/árabe
(legendado em português)

27 Jun 2012 - 22:00
Anfiteatro ao Ar Livre
Entrada 3 € | Comprar bilhetes

 

Chelpa Ferro + Pedro Tudela - making of

Publicado26 Jun 2012

Etiquetas chelpa ferro pedro tudela próximo futuro

Chelpa Ferro + Pedro Tudela

Em 2010, a Fundação Calouste Gulbenkian apresentou a exposição experimental de cerâmica de Barrão. Desta vez, Barrão surge com o seu projeto musical Chelpa Ferro.

Os Chelpa Ferro, também com Luiz Zerbini e Sérgio Mekler, têm-se firmado no cenário da música contemporânea brasileira com um trabalho que combina experiências com instrumentos musicais tradicionais aliados a recursos eletrónicos, esculturas e instalações tecnológicas, durante as apresentações ao vivo e as exposições. Apresentando-se ao vivo em parceria inédita com o artista português Pedro Tudela, os Chelpa Ferro farão uma performance espontânea, a partir da troca entre os artistas, uma elaborada textura sonora composta por ruídos, guitarras, baterias eletrónicas, samplers, baixo e efeitos digitais envolvendo o público em um ambiente de experimentação auditiva e potencialização sensorial. O improviso é a sua forma de construção, o som é a sua matéria-prima.

CHELPA FERRO (Brasil,1995) é um grupo multimédia composto pelos artistas plásticos Luiz Zerbini, Barrão e Sérgio Mekler, constituído em 1995. Em 2007, realizaram a exposição “ON-OFF Poltergeist”, na Meskalito Gallery (Londres). Em 2008, tocaram no Festival NetMage, em Bolonha (Itália). Em 2009, ocuparam o Octogono da Pinacoteca (São Paulo) com a instalação “Totoro”. Participaram na Bienal do Mercosul e lançaram um documentário dirigido por Carlos Nader sobre a trajetória do grupo. No ano de 2010, apresentaram “Jungle Jam”, em Londres, na Galeria Sprovieri, e concorreram ao Nam June Paik Award. Em 2011, apresentaram a instalação “Spaceman/Caveman”, na Galeria Vermelho (São Paulo) e realizaram um concerto e uma exposição no Aldrich Museum (EUA).

PEDRO TUDELA (Portugal, 1962) é artista plástico. Desde 1982, tem participado em vários festivais de performance. Autor e apresentador dos programas na rádio XFM “Escolhe um dedo” e “Atmosfera reduzida”, entre 1995 e 1996. Em 1992, por ocasião da exposição "mute...life", fundou o coletivo multimédia Mute Life dept.[MLd]. Enveredou na produção sonora, em 1992, participando em concertos, performances, edições discográficas em Portugal e no estrangeiro. Cofundador e um dos elementos do projeto de música experimental eletrónica @c. Membro fundador da Media Label Crónica. Trabalha como cenógrafo, desde 2000. Participou em inúmeras exposições coletivas, nacionais e internacionais, desde o início da década de 80.

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

Publicado24 Jun 2012

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Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

5.ª sessão: Pensadores do Norte de África

24 de Junho 2012, 22h00 - Anfiteatro ao Ar Livre

KARIM BEN SMAIL (Tunísia, 1961) é um conceituado editor tunisino. Editor politicamente ativo dirige a Cérès Editions, uma das mais respeitadas e antigas editoras independentes do Norte de África, que publica ensaio, ficção, não-ficção e livros de arte.

FETHI BENSLAMA
(Tunísia, 1951) estudou psicopatologia na Universidade Paris 7. Em 1988, publicou o seu primeiro ensaio “La nuit brisée” (Ramsay), um livro que aborda a questão da linguagem sob o ponto de vista psicanalítico, de acordo com o fundador do Islão. Alguns meses depois, o caso Rushdie eclodiu, pelo que que Fethi pôde agarrar-se à sua defesa. O seu compromisso político para a defesa da democracia, para o secularismo e para os direitos das mulheres no mundo árabe e muçulmano leva-o, em 2004, à criação do “Manifeste des libertés” com outros intelectuais. Mas é com o seu ensaio “La psychanalyse à l’épreuve à l’islam’’  (Flammarion, 2002), que Fethi se tornará conhecido. Atualmente, dirige na UFR - Estudos Clínicos de Psicanálise da Universidade Paris 7, onde também leciona. Lidera ainda uma equipa de pesquisa sobre “Política da Saúde e das Minorias”, no Centro de Pesquisa de Psicanálise e Medicina, uma área na qual tem publicado vários estudos. É autor de inúmeros ensaios, sendo o mais recente sobre as revoluções árabes “Soudain la révolution !”, CERES / Denoël, Tunes-Paris, 2011.

WASSYLA TAMZALI
(Argélia, 1941) é advogada em Argel e, desde 1979, funcionária na UNESCO, em Paris, onde dirige o programa sobre os direitos das mulheres. É membro fundador da Igualdade Coletiva Magrebina, criada em Rabat, em 1992, e, em 1993, fundadora e vice-presidente do Fórum Internacional para as Mulheres do Mediterrâneo. Em 1994, foi responsável pelo "Relatório Internacional sobre a violação utilizada como arma de guerra, tendo em vista a violação sistemática das mulheres muçulmanas na Bósnia e Herzegovina". Em 1999, em Dhaka, Bangladesh, recebeu em reconhecimento do seu trabalho pelas associações feministas abolicionistas, o "Lifetime Achievement Award".

SAMY GHORBAL
(Tunísia, 1974) é um jornalista franco-tunisino. Entre 2000 e 2009, trabalhou para a revista semanal pan-africana Jeune Afrique e tem vindo a fazer jornalismo freelance desde então. Foi um dos primeiros jornalistas a abordar o assunto sobre o retorno do véu islâmico na Tunísia e a desenhar o perfil de Ben Ali, ex-genro de Sakhr El Materi, em 2009. Envolveu-se na política durante a Revolução da Tunísia e atuou como assessor político e autor dos discursos do líder PDP Ahmed Néjib Chebbi. Entre 2009 e 2011, escreveu "Orphelins de Bourguiba & Héritiers du Prophète" (Edições Cères, janeiro de 2012), um ensaio político sobre o primeiro artigo da Constituição de 1959 da Tunísia, que é o pilar do secularismo na Tunísia e a espinha dorsal da identidade política moderna do país.

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

Publicado24 Jun 2012

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Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África


4.ª sessão: O protagonismo das mulheres nos países do norte de África

/ 24 de Junho 2012, 19h00 - Tenda

MICHKET KRIFA (moderadora)
(franco-tunisina, 1960) é autora, diretora artística e comissária de artes visuais para África e Médio Oriente. Dirigiu várias exposições e publicações temáticas sobre o Irão (nomeadamente “Regards persans“ - Electra, 2001 -, “Iran regards Croisés“ - Photo Spana - e “Haft“ - Landowski de Boulogne Billancourt -, ambos em 2003; sobre a Tunísia (“Saison tunisienne“ - 1995, “Femmes d’images espace privés“ - Palácio Kheirredine,  2007 -, “Dégagements“ - Instituto do Mundo Árabe,  2012 - ; sobre a Argélia (“Algérie, les faits et les effets“ – 2004; sobre a Palestina (“Le Printemps palestinien“ – 1997 ; realização de 80 eventos culturais relativos à Palestina em França, “La vie tout simplement“, exposição de Rula Halawani e Tayssir Batnijipatente na Ponte das Artes, em 2007). Também foi diretora artística dos VIII e XIX Encontros de Bamako, a Bienal africana da fotografia e comissariou a exposição intitulada “Dégagements, Tunisie un an après“, no Instituto do Mundo Árabe (Paris,  2012). Colaborou ainda com os Encontros de Arles, o Institut Français, o Institut du Monde Árabe, a Câmara de Paris, a Comissão Europeia, o espaço Louis Vuitton, o World Press Photo, a Documenta XI, a Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).

NAWEL SKANDRANI
(Tunísia, 1958) começou a carreira profissional como bailarina em Itália, em França e nos EUA, tendo regressado ao seu país onde fundou e dirigiu o Ballet Nacional da Tunísia. Desde 1997, tem feito a sua  carreira como coreógrafa e professora independente, assinando uma dezena de criações tais como “A la recherche du centre perdu”, “Les gosses du quartier”, “Corps complices”, “Les croisades vues par les Arabes”, “Les étoiles filantes meurent en silence”, “La feuille de l’Olivier”, “Alice si meraviglia” e “ARTcè/seuLement”, entre outras. A sua colaboração com o teatro, que começou em 1986 com Mohamed Driss e Ismail Pasha, com a peça “Vive Shakespeare, le compagnon des cœurs”, tem vindo a desenvolver-se, desde 1997, assim como com Fadhel Jaïbi e Baccar Jalila, com as peças “Soirée particulière”, “Grand ménage”, “Junun/Démences” e “Khamsoun/Corps otages”. Nawel Skandrani é membro fundador do conselho tunisino do Instituto Internacional do Teatro, membro do conselho de administração do Fundo de Teatro para Jovens Árabes e do Fundo Roberto Cimetta.


OLIVIA MARSAUD
(França, 1976) é jornalista e repórter. Tem trabalhado em África e na Diáspora, desde 2000, assim como para os órgãos de comunicação social Jeune Afrique, RFI, Africultures e Afrik.com. Em 2005 trabalhou para o El Watan, em Argel, e foi editora adjunta da revista mensal África, de 2007 a 2009. Desde 2010 é a editora da Revista trimestral AFRICA24. Apaixonada por fotografia, foi assistente dos diretores de arte Michket Krifa e Laura Serani, durante a Bienal de Bamako de 2009, e realizou as avaliações de portfólio da Bienal Bamako de 2011. É também membro ativo da Fetart, desde 2008, e encontra-se no quadro da organização do Circulação (s), festival Europeu de fotografia jovem (Paris), desde 2011. 

NAHED NASRALLAH
(Egito, 1953) é uma famosa designer de moda para cinema e teatro, que trabalhou em parceria com os célebres realizadores de cinema Youssef Chahine e Nasrallah Yousry, entre outros. Da sua filmografia mais conhecida, destaca-se “The Yacoubian Building” (2006), “Destiny” (1997), “The Other” (1999) e o “The Emigrant” (1994). Nahed Nasrallah encontra-se também muito ligada às questões sociais, desde a revolução ocorrida no Egito.

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

Publicado23 Jun 2012

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Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

2.ª sessão: O Estado das Artes 

23 de Junho 2012, 19h00 - Tenda 

BOUCHRA KHALILI
(Marrocos, 1975) estudou Cinema, na Sorbonne Nouvelle, e Artes Visuais, na École Nationale Supérieure d'Arts, Paris-Cergy. O trabalho de Khalili em vídeo, instalações mistas de média e impressões combinam uma abordagem conceptual com uma prática documental para explorar questões de nomadismo, existências clandestinas e a ’experiência emigrante‘, com uma especificidade para o destino dos migrantes, na medida em que, concretamente, resumem assuntos que são fundamentalmente regidos pela itinerância. No seu trabalho, ela conjuga linguagem, subjetividade, o mínimo de palavras, territórios e rotas de passagem, investigando a inter-relação entre as migrações contemporâneas e a história colonial e a geografia física e imaginária. O trabalho de Khalili tem sido  amplamente divulgado em todo o mundo, incluindo recentemente no MoMA, como parte da exibição do filme "Mapping Subjectivity" (2011), na 10ª Bienal Sharjah (2011), na Marian Goodman Gallery (Paris, 2011), na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2011) e em La Triennale (Palais de Tokyo, Paris, 2012), entre outros.

AHMED EL ATTAR
(Egito, 1969) é diretor de teatro independente, tradutor e dramaturgo. É fundador e diretor artístico do Orient Productions e do Temple Independent Theatre Company, fundador e diretor-geral do estúdio da Fundação Emad Eddin e diretor artístico do Downtown Contemporary Arts Festival (D-CAF), um festival anual multidisciplinar de arte contemporânea, que ocorre todas as primaveras no centro de Cairo. As suas produções incluem “On the Importance of being an Arab” (2009) e "F**k Darwin or how I have learned to love socialism" (2007). A sua obra teatral tem sido apresentada em grandes teatros e festivais pela Europa e pelo Médio Oriente. El Attar é um Clore Fellow do Clore Leadership Programme (2008-2009), tendo-lhe sido atribuído o prémio de melhor argumento de teatro (2010) da Fundação Sawiris para o Desenvolvimento Social pela peça ”Life is beautiful or waiting for my uncle from America”. Foi escolhido, pela edição em árabe da revista Newsweek (26/4/05), como uma das 42 personalidades que mais influenciaram a mudança no mundo árabe.

MOHAMED SIAM
(Egito, 1981) é documentarista independente e realizador de filmes de ficção. Como primeiro assistente de realização, trabalhou em projetos de longas-metragens como o documentário “A Cidade dos Mortos”, coprodução luso-espanhola financiada pelo Canal Plus que estreou no IDFA 2009 (Festival Internacional de Filmes Documentários de Amesterdão) e recebeu a distinção de Melhor Filme, na Documenta de Madrid, em 2010. Recentemente foi primeiro assistente de realização no filme “Nos últimos dias da cidade”, do realizador egípcio Tamer Said, financiado pelo Global Film Initiative e pelo Cinereach, entre outros fundos. É ainda o fundador e diretor artístico do Centro Cinematográfico Artkhana, em Alexandria, um espaço artístico que providencia apoio técnico e formativo para realizadores. 

ONS  ABID 
(Tunisia em 1979) é fotógrafa freelancer e trabalha para as revistas Jeune Afrique (sediada em Paris), Afrique Magazine e, mais recentemente, Paris Match. Licenciou-se em Design Gráfico no Instituto Superior de Belas Artes de Tunes (ISBAT), em 2004. Em 2005 trabalhou simultaneamente como fotógrafa e como diretora artística numa agência publicitária. Em 2009 completou o mestrado em Ciência e Artes no mesmo Instituto (ISBAT), onde ficou a lecionar em 2010. Vive entre Tunes e Paris, dedicando-se a múltiplos projetos na área da fotografia documental e do video.

SOFIANE OUISSI
(Tunísia, 1972) é coreógrafo e agente cultural. Escolheu as suas performances como planos de ação para a reforçar e ampliar as vozes de luta na Tunísia. Através do Coletivo Cidade Sonho, escolhe uma forma festiva e alegre de criar espaços livres de expressão e, principalmente, de encontrar prazer na troca e na luta pela partilha de ideias numa construção conjunta: o Brainstorming. Para além disso, através de ZAT e Laaroussa, fábrica artística no espaço popular de uma revista especializada na voz da população marginalizada, consegue que a comunidade cultural da Tunísia participe no seu desejo de luta, a fim de compartilhar e expressar a cultura. 

Tahar Ben Jelloun - "Um livro sobre o amor pode ser político"

Publicado23 Jun 2012

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Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África
3.ª sessão: A Primavera Árabe explicada por Tahar Ben Jelloun 
23 de Junho 2012, 22h00 - Anfiteatro ao Ar Livre
(tradução simultânea FR-PT e vice-versa)  

TAHAR BEN JELLOUN (Marrocos, 1944) mudou-se para Paris em 1971 onde estudou filosofia e se tornou jornalista e escritor. Depois de vários romances, contos e poesia, recebeu o Prix Goncourt em 1987, por “La Nuit Sacrée”. Comprometido intelectual e culturalmente, nunca desistiu de lutar contra o racismo e a ignorância. A sua obra, tanto literária como intelectual, permitiu a aproximação das duas margens do Mediterrâneo transmitindo, ao ocidente, a cultura do mundo árabe.



É ao mesmo tempo marroquino e francês. Escreve em língua francesa e olha hoje para as transformações sociais e culturais nos países na Primavera Árabe. E espera da nova França uma postura diferente em relação às ditaduras. 

Com os seus dois passaportes e a crença no papel de escritor "que critica, denuncia, intervém", Tahar Ben Jelloun estará hoje (22h) na Fundação Calouste Gulbenkian para dar uma conferência onde se propõe "explicar a Primavera Árabe". Convidado para participar no programa Próximo Futuro, que este ano se centra no Norte de África em revolução, Ben Jelloun veio também para apresentar o livro O Primeiro Amor É Sempre o Último, de 1995 (lançado agora pela Quidnovi). 

Fala dos islamistas que "se aproveitaram das revoltas", das mulheres do seu país de nascimento, Marrocos, que aproveitam novas leis para "recuperarem as suas liberdades" e das suas expectativas face à "nova França", país que fez seu.

Vive em França há 40 anos. Há dez, sentiu o impacto dos atentados. O ano passado, o das revoltas árabes. O lado de cá e o lado de lá conhecem-se hoje melhor ou pior?

Penso que esta noção Oriente-Ocidente é muito fluida. Se pensarmos na Europa, em França, estamos no Ocidente, mas há muita gente do Magrebe. O que se passou nos últimos dez anos e que é muito inquietante é a forma como o islão foi percepcionado pelos europeus. O exagero, o medo. Isso ajudou a extrema-direita a ter bons resultados. Esta islamofobia baseia-se numa pequena minoria de franceses ou imigrantes, são muito poucos, que manipulam o islão. A reacção foi desproporcionada. A extrema-direita e a direita jogaram com os medos, partindo de pequenos factos. O resultado disso é que o islão não tem uma boa reputação. E isso aconteceu mesmo em países como a Noruega e a Suécia, que, verdadeiramente, não têm um problema de racismo.

As revoltas criaram uma nova imagem, igualmente distorcida?

As revoltas árabes criaram uma imagem boa. As pessoas disseram: "Eles são formidáveis, lutam pela democracia, pela liberdade". Mas, claro, depois os islamistas aproveitaram-se destas revoltas e isso voltou a mudar a percepção, a confundir quem está de fora.

Não era esperado que os movimentos islamistas, perseguidos pelas ditaduras derrubadas, ganhassem um espaço político desproporcionado? Pelo menos numa primeira fase?

O islamismo é uma deriva do islão normal. É um desvio que se tornou num extremismo e que ameaça os muçulmanos. Há várias formas de praticar o islão. Em Marrocos, por exemplo, há um islão calmo, que não é ameaçador. No Egipto e na Tunísia, os salafistas atacam casais de namorados, cafés que servem álcool. Esta é uma ameaça, antes de mais, para os muçulmanos. 

Os europeus são capazes de ver isso?

É preciso fazer muito esforço. Nós tentamos explicar, mas é muito difícil. Eu tento e escrevo sobre a Primavera Árabe. Ainda há dias publiquei um texto no jornal Le Monde, mas os que lêem são uma minoria, são os intelectuais.

É verdade que os islamistas se apropriaram das revoltas, mas nas ruas da Tunísia ou do Egipto continuam também os democratas e as mulheres.

Há uma resistência da sociedade laica. Na Tunísia, [Habib] Bourguiba [presidente derrubado em 1987 por Ben Ali] deu às mulheres o estatuto mais liberal de todo o mundo árabe. Agora, elas não querem perder esse estatuto. E os islamistas não querem que elas o mantenham. O problema crucial do islamismo é a sexualidade. O medo visceral do homem islamista é que alguém veja a sua mulher ou toque nela. Estão, decidem escondê-la. E há mulheres que aceitam isso, o que é completamente incompreensível.

Nas manifestações estão mulheres laicas e religiosas.

Sim. Ao mesmo tempo, a mulher actual, moderna, quer participar na vida e tem consciência política. Em Marrocos, há mulheres que usam véu e que trabalham como as outras. É uma questão de grau, às vezes trata-se de uma reacção contra o Ocidente, que vê a mulher como um objecto, passando essa ideia através do cinema e da televisão. Há mulheres que, mesmo não sendo fanáticas, reagem a isso. Não têm vontade de se mostrar assim. Há uma parte de moralidade no islamismo.

As leis contra o uso de alguns tipos de véu, em França, por exemplo, não correm o risco de serem contraproducentes?

Em França há de tudo, mulheres que usam véu integral são umas centenas, há muitas que não se cobrem ou que usam um véu a cobrir o cabelo. E nota-se esse ponto de vista moralizador. Chegámos a um momento em que é preciso escolher. Não é possível querer estar num Estado laico e ao mesmo tempo exibir sinais religiosos. O voto contra a burqa [que cobre todo o corpo, o cabelo e o rosto] é normal numa sociedade laica. Se alguém quer trabalhar na administração pública, é normal que não possa cobrir o rosto.

Mas e quando há leis dessas, como na Bélgica ou Espanha, aprovadas por municípios onde quase não há muçulmanas? Às vezes para proibir o lenço nas escolas públicas, por exemplo, nalguns casos em países onde se exibem símbolos católicos.

Quem usa burqa na Europa é uma pequena minoria. Se nascemos numa sociedade que se bateu pela laicidade... Penso que o debate do véu levantou a questão da laicidade de uma forma global em países como Espanha, Itália, Holanda. 

Em Marrocos há uma série de aberturas em curso. O valor da mulher tem-se aproximado do valor do homem?

Começou a mudar bem antes da Primavera Árabe. O estatuto não é o ideal e não é tudo, mas a transformação que tem acontecido corresponde a uma modernização da sociedade. Para além disso, a mulher sempre trabalhou mais do que o homem em Marrocos. Hoje, os direitos chegam ao campo político. O Estado diz: "Vamos dar este direito às mulheres." O divórcio, por exemplo, leis que protegem as mães. Mas a sociedade não muda por decreto.

Marrocos, onde há muitos anos há liberdade de manifestação, não viveu uma revolução, mas viu nascer um movimento de protesto novo. Foi importante para acelerar as mudanças?

O Movimento 20 de Fevereiro foi muito importante. As pessoas manifestam-se muito em Marrocos, isso é normal e continua. Houve uma grande manifestação há um mês em Casablanca. Marrocos está a jogar a carta da democracia. Ainda não é uma democracia, mas tem uma oposição que se exprime, que critica o Governo. Está tudo em movimento. Mas não está tudo bem.

O ano passado foi um momento de viragem? Alguns membros do grupo Diplomados Desempregados dizem que o 20 de Fevereiro já mudou a linguagem, o modo como se olha para a monarquia.

Certamente. Não estamos a dormir. Não aceitamos tudo. O movimento de diplomados licenciados tem muitos anos. E o 20 de Fevereiro é muito importante para dar conta da disfuncionalidade da administração do país, de uma economia que aplica um capitalismo selvagem, de um país que deixa muito a desejar no plano dos direitos sociais.

É marroquino e é francês. É escritor e tem intervenção política. O estar a meio caminho permite fazer pontes, ajuda a compreender e a dar a compreender?

Eu tenho dois passaportes, um marroquino e um francês. Enquanto escritor, sou sensível à minha experiência política e reconheço os meus valores no meu trabalho. Nem todos os escritores são assim, mas eu sou crítico e vigilante, é o papel do escritor. O escritor é quem critica, quem denuncia, quem explica, quem intervém. Eu tenho uma história, comecei a escrever nos anos 1960. O que me fez escrever foi a injustiça, a violência da repressão. Escolhi o meu universo literário, o cidadão já existia.

Nos seus livros há incompreensões e impossibilidades de partilha entre homens e mulheres. No livro que vem apresentar há amores, sexo, contradições, bons religiosos que não o são.

O Primeiro Amor... é um livro que lemos com prazer, conta histórias estranhas e simpáticas. Mas também lá está uma visão do papel do homem e da mulher nos países do Mediterrâneo. A minha visão. Eu imagino situações, invento histórias, mas estas traduzem as minhas visões do mundo. E é por isso que até um livro sobre o amor pode ser político. 

Ainda vai escrever histórias de amor muito diferentes destas e poderá imaginá-las a acontecerem em Marrocos?

As coisas evoluem normalmente. Agora, em Marrocos, há muito mais divórcios do que antes porque as novas leis o permitem. Foram um modo de as mulheres recuperarem a sua liberdade. O escritor que eu sou olha esta transformação em curso, para um país onde hoje se fala de pedofilia, de incesto, de maus tratos. Todas estas realidades já existiam, mas hoje sabemos que elas existem. A sociedade civil marroquina também é extraordinária, há movimentos que nasceram nos últimos anos para apoiar as mulheres sozinhas, há uma associação de luta contra a sida, que explica o que é preciso explicar abertamente. Isso seria impossível na Argélia ou na Arábia Saudita. Vejo elementos positivos, mas continuo sempre crítico.

Vem "explicar a Primavera Árabe" à Gulbenkian. É possível olhar para a frente neste momento tão fluido?

Vou tentar falar do futuro destas Primaveras árabes. De momento, foram feitas prisioneiras pelo islamismo ou, no caso da Síria, por um regime louco. Mas há hipóteses que se podem desenhar.

Uma conferência pode influenciar a forma como as pessoas olham o mundo? Sente essa responsabilidade?

O escritor tem de aceitar que fala, fala e não acontece nada. A literatura tem limites, não podemos mudar nada com os livros ou com uma conferência. Faço o que faço sem muitas ilusões. Claro, às vezes há alguém na assistência que no fim vem ter connosco e nos diz: "Ah, é isso mesmo!" Não sou um profeta. Mas tenho paciência e faço sempre um esforço, coloco-me no lugar de uma criança a quem é preciso explicar. E aplico este princípio com muita modéstia.

França (e o resto da Europa, assim como os EUA) teve muitas dificuldades na gestão das revoltas, primeiro na Tunísia, depois no Egipto, na Líbia. Esperava uma abordagem diferente?

França e outros países europeus foram culpados de terem apoiado estas ditaduras em nome dos seus interesses económicos enquanto tantos democratas destes países, escritores, jornalistas, denunciavam os seus horrores. Mas da nova França espero uma postura diferente. Apesar da crise, da História que nos ultrapassa a todos, de um Governo socialista, podemos reclamar que seja muito mais compreensivo com o mundo, com estes povos que lutam e que sofrem. Antes, no tempo de [Jacques] Chirac e de [Nicolas] Sarkozy, tínhamos ministros que faziam férias pagas pelos marroquinos, pelos tunisinos. Quando o silêncio foi comprado, não podemos esperar muito. 

Acredita de facto numa atitude diferente agora?

[François] Hollande é fiável. Tem de lidar com todo o peso da crise económica, que nos ultrapassa a todos no mundo. Mas, no mínimo, no plano da política internacional, podemos esperar maior seriedade deste Governo. Podemos exigir que seja realmente diferente em relação a um Governo de Sarkozy ou de Chirac. Isso é certo.



Por Sofia Lorena in Público.

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

Publicado22 Jun 2012

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Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África



Hoje às 19h na Tenda no Jardim Gulbenkian.
Entrada livre.



Quando o Programa Gulbenkian Próximo Futuro se iniciou em 2009, programa este muito focado na dimensão cultural e artística dos atuais protagonistas africanos e latino-americanos e das Caraíbas, em relação com as cidades e os criadores europeus, não se imaginava que, apenas três anos depois, movimentos revolucionários nos países do Norte de África e do Médio Oriente acontecessem. E, contudo, este sobressalto de rebeldia, de aspiração pela liberdade e pela democracia, não só abalou esses países com consequências imediatas em termos de alterações de regime, como abalou todo o mundo e chamou a atenção para os povos, os criadores, os agentes políticos desta região sobre a qual havia tanta ignorância a somar a tantos clichés maioritariamente negativos. Apenas um ano se passou, muitas convulsões aconteceram e muitas outras irão acontecer independentemente de um maior pessimismo, até ceticismo, ou de um otimismo e até de uma crença excessiva em alguns casos. Nós, que vivemos este tempo, somos testemunhas privilegiadas e devemos estar atentos ao que se passa ouvindo, lendo, estudando, conversando com os interlocutores fundamentais deste processo que são os egípcios, os tunisinos, os sírios, os marroquinos, os argelinos, etc. No caso concreto do Programa Próximo Futuro são interlocutores fundamentais os criadores desta região, vivendo nela ou fazendo parte da diáspora. Assim, dentro da programação da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África, vamos conversar e ouvir criadores, curadores, artistas sobre o estado das artes nestes países, para melhor os conhecermos e para melhor nos entendermos.



António Pinto Ribeiro 
Programador Geral do Programa Gulbenkian Próximo Futuro

 

1.ª sessão: Os bloggers da Primavera Árabe

22 de Junho 2012, 19h00 - Tenda

Maria João Tomás (moderadora)
(Portugal, 1967) é investigadora no Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais para as áreas do Médio Oriente e do Norte de África, da “Primavera Árabe” e do Mundo Islâmico e é colunista do Diário de Notícias, analisando as mesmas temáticas. Fez o doutoramento em História do Médio Oriente, na Universidade de Basileia e na F.C.S.H. da Universidade Nova de Lisboa, e o mestrado em História do Médio Oriente Antigo, na Universidade da Califórnia, Los Angeles, e na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Estudou árabe no ILNOVA e fez uma formação aprofundada sobre o Islão com o Sheik da comunidade muçulmana portuguesa. 
Recebeu várias bolsas, tem artigos publicados em revistas da especialidade, além de participar com comunicações em inúmeros colóquios e congressos internacionais. 

Mona Prince 
(Egito, 1970) é professora associada de Literatura Inglesa na Universidade do Canal de Suez. É também escritora de ficção, tradutora, poetisa e ativista. O seu último romance, "So you may see", foi traduzido para inglês e publicado pela AUC (American University in Cairo), em 2011. Participou em diversos programas e fóruns internacionais nos EUA, França, Noruega, Portugal, Marrocos e Síria. Recebeu alguns prémios literários de diferentes associações locais e internacionais. Encontra-se a escrever um livro sobre a revolução egípcia, baseada na sua própria experiência em Tahrir Square. 

Danya Bashir 
(Líbia, 1989) é autora e ativista social. Venceu duas vezes o Concurso de Empreendedorismo Jovem dos Emirados Árabes Unidos. Durante a revolução libanesa, organizou remessas de ajuda humanitária, para tratamentos médicos e necessidades básicas na Líbia. Recentemente participou na conferência “Yahoo Change Your World”, no Cairo, no painel para as mulheres revolucionárias onde discutiu o papel da comunicação social, de modo a garantir os direitos das mulheres na nova Líbia. Também foi destaque em ”20 Empowering Women to be followed on Twitter”, pela Comunidade de Mulheres Empreendedoras, e nomeada pela CNN como Agente para a Mudança. 

 Yassine Ayari 
(Tunísia, 1982) é engenheira de network e segurança informática e, também, uma ativista que tem lutado pela liberdade de expressão e de internet na Tunísia. Em 2009, candidatou-se para as legislativas, como candidata independente contra o RCD (Reunião Constitucional Democrática). Em 2010, organizou - Nhar Ala Ammar, uma manifestação contra a censura na internet. Em 2011, candidatou-se para as eleições da assembleia constituinte numa lista independente. Simultaneamente, organizou o movimento "Kelmethom" exigindo que o governo desse os devidos direitos aos mártires e aos feridos da Revolução. É ainda membro fundador do Centro da Tunísia para a Justiça Tradicional. 

Aboubakr Jamai 
(Marrocos, 1968) é o co-editor do site de notícias marroquino Iakome.com e membro não-residente no Ash Center para a Governação e Inovação Democrática da Universidade de Harvard. Começou sua carreira na área financeira, como cofundador do primeiro banco de investimento independente de Marrocos, em 1993. Entre 1997 e 2007, foi redator e editor do principal semanário marroquino Le Journal Hebdomadaire. Em 2008, foi professor convidado na Universidade de San Diego, onde lecionou cursos sobre o Islão Político e a Política no Médio Oriente. Os seus artigos têm sido publicados em diversos órgãos de comunicação social (The New York Times, Time Magazine, El País, Le Monde, Le Monde Diplomatique). Recebeu o Prémio Internacional da Liberdade de Imprensa do Comité para a Proteção dos Jornalistas, em 2003. Foi selecionado pelo Fórum Económico Mundial como um Jovem Líder Global para 2005. 

“Breath”, Daniela Thomas - making of

Publicado21 Jun 2012

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(fotos Osvaldo Perrenoud)

Breath é da autoria do escritor irlandês Samuel Beckett. É provavelmente a mais curta peça de teatro jamais escrita. A data é controversa. Biógrafos diferem nas suas histórias sobre a origem do texto, mas a maioria das citações refere como sendo de 1969. Teria sido escrita para um espetáculo de peças curtas que resultou num grande sucesso do teatro comercial, o erótico “Oh, Calcutta”. Algo completamente em desacordo com tudo o que se conhece sobre Beckett. Ainda para mais porque, na adaptação feita pelo director de “Oh, Calcutta”, os actores apareceram nús em cena. Conta-se que Beckett exibiu uma rara demonstração pública de ira contra o diretor do espetáculo. O facto é que “Breath” é um puríssimo Beckett: sintético, enigmático, sardónico, com direções de uma precisão científica. “Breath” deve ser vivenciado como espetáculo de teatro. Os códigos teatrais - palco e plateia, cortina e terceiro sinal - são imprescindíveis para a fruição da peça. A graça em assistir a “Breath” é perceber toda a dimensão da sua novidade, da sua radicalidade. Daniela Thomas (cenógrafa, realizadora, dramaturga e guionista) diz-nos «Procurei seguir as direções do autor à risca. Espero que o público não se esqueça de aplaudir no fim do espetáculo». 

DANIELA THOMAS (Brasil, 1959) é cenógrafa, realizadora de cinema, encenadora de teatro, guionista e dramaturga. Realizou o seu primeiro cenário para a estreia de “All Strange Away”, de Samuel Beckett, apresentado no La MaMa Experimental Theatre, em Nova Iorque, em 1984. Tem-se dedicado também à criação de guiões e à realização de filmes como “Terra Estrangeira”, “Linha de Passe” e “Insolação”, longas-metragens selecionadas para a competição oficial dos Festivais de Cannes e Veneza (“Linha de Passe” ganhou a Palma de Ouro de melhor atriz, em 2007) e ao design de exposições. Os seus trabalhos já estiveram expostos nas Bienais de São Paulo, de 1987 e 1989, na Bienal do Mercosul, em 2009, e na Bienal de Lyon de 2011, estes últimos com a montagem da micropeça “Breath”, de Samuel Beckett.

“Passadiço”, Marcelo Jácome

Publicado21 Jun 2012

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in O Globo, Rio de Janeiro.

O Passadiço, criado este ano para o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, tem como proposta artística a sobreposição de planos independentes que, quando percebidos a uma certa distância, provocam o olhar e a perceção do espetador.

MARCELO JÁCOME (Brasil, 1980) vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde é arquiteto e urbanista. Em 2009, ingressou na EAV-Escola de Artes Visuais, do Parque Lage, onde é orientado por Iole de Freitas. Desenvolvendo a sua linguagem através da colagem e instalações, nas quais o papel é a principal matéria de trabalho, recorre às relações da reta e da curva, bidimensional e tridimensional, lugar e vazio, dentro e fora, tensão e flexão, dissolução da forma e autonomia da cor. Ao longo de sua trajetória, tem participado em projetos independentes, exposições coletivas e uma individual, no Brasil.

Tahar Ben Jelloun

Publicado21 Jun 2012

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A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Tahar Ben Jelloun, de Marrocos.
 

TAHAR BEN JELLOUN (Marrocos, 1944) mudou-se para Paris em 1971 onde estudou filosofia e se tornou jornalista e escritor. Depois de vários romances, contos e poesia, recebeu o Prix Goncourt em 1987, por “La Nuit Sacrée”. Comprometido intelectual e culturalmente, nunca desistiu de lutar contra o racismo e a ignorância. A sua obra, tanto literária como intelectual, permitiu a aproximação das duas margens do Mediterrâneo transmitindo, ao ocidente, a cultura do mundo árabe.


Voice of the Maghreb

Brought up in Morocco, Tahar Ben Jelloun's imprisonment and exile shaped his poetry and fiction. Resident in Paris since 1971, he portrays the experience of the north African dispossessed.

While he was interned in Morocco under the iron fist of King Hassan II, Tahar Ben Jelloun found an escape in James Joyce. Books were not allowed but he asked his brother for the thickest paperback he could find, and the smuggled gift was a French translation of Ulysses. In captivity, he was fascinated "by this writer's liberty".

The young Moroccan composed his first poems, in French, during those 18 months in army camp, after his arrest in 1966 for taking part in student demonstrations in Casablanca. The experience was pivotal.

"At 21, I discovered repression and injustice - that the army would shoot students with real bullets," he says. He sought exile in Paris in 1971, and, now aged 61, is one of France's most fêted writers, and its most prominent author from the Maghreb. As well as poetry, fiction, plays and essays, he writes for France's Le Monde, Italy's La Repubblica and Spain's El País.

Much of his fiction is set in Morocco, though his main inspiration, Tangier - "where it's possible to see the Atlantic and the Mediterranean at the same time" - is "more a memory than a city". His novel The Sand Child (1985) probed the constraints on women in traditional Muslim society through the ambiguous tale of Ahmed/Zahra, a lamented eighth daughter passed off as a boy by her parents, who trades integrity and sanity for male privilege.

With its sequel, The Sacred Night (1987), he became the first north African to win the Prix Goncourt. Through the characters of women, migrants, prostitutes, the illiterate, the imprisoned, madmen and seers, he charts extreme states of powerlessness and invisibility, entrapment and rebellion, or, as he writes in his fictional meditation on ageing, Silent Day in Tangier (1990), of solitude "so absolute the self dissolves".

The Lebanese novelist Hanan al- Shaykh sees his "narrative acrobatics" as extending an Arabic tradition. The Sand Child borrows techniques from the oral storytellers of Marrakech's main square, the Jemaa El Fna. Describing his prose as "lyrical and delicate, forceful and questioning - a hypnotic mix of fable and modernity", she says, "it's never bitter polemic, but you can feel your hand forming a fist".

His youthful incarceration fed This Blinding Absence of Light (2001), a tour de force whose translation by Linda Coverdale (New Press/Penguin) won the 2004 Impac award and was shortlisted for this year's Independent foreign fiction prize. Based on the true story of a former inmate of Tazmamart, one of Hassan II's notorious desert prison camps, the novel reveals the fate of an officer accused of collusion in a failed coup and interred for 20 years in an underground cell, 3m by 1.7m, and only 1.7m high.

When, under international pressure, the political detainees were released in 1991, the few cadaverous survivors had lost inches off their height. "It's a book without concessions," says Ben Jelloun, who drew on a single three-hour interview with a survivor, Aziz Binebine. "I wrote it feverishly, bewitched by it, surprising myself with an inner strength."

The novel transforms unspeakable inhumanity into an existential tale of willed survival. Yet it took an unexpected toll on its author, who found himself accused by his collaborator of having stolen his story. For Ben Jelloun, it was a shock, since he maintains that he was approached to write the book by Binebine's brother, and signed a financial agreement to share the proceeds with Binebine, who approved a draft, and to whom the book was dedicated.

He feels let down by what he sees as the French media's readiness to believe the victim's word over the evidence. At book signings Moroccan protesters distributed leaflets urging people not to buy it.He has no regrets about the book, though, which he considers one of his best. He also found support from Hassan's successor, King Mohamed VI, whom he sees as a reformer, especially on women's rights.

The bruising controversy was the germ of The Last Friend (2004), a novel set in Tangier, in which the author alludes to his own spell in detention for the first time in fiction. A translation has just been published by the New Press, and Ben Jelloun will be in London to take part in the French Institute's Mosaïques festival, next Friday, and English PEN's international writers' day, Migrations of the Mind, at the Institute of Contemporary Arts on Saturday.

Ambiguous betrayal lies at the heart of The Last Friend. "Real friendship, like real poetry, is extremely rare - and precious as a pearl," Ben Jelloun says. Unspoken jealousy dogs a 30-year friendship, as Mamed, learning he has terminal cancer, breaks from Ali. The author works, listening to Mozart, in a light-filled attic a stone's throw from the former Left Bank haunts of Sartre and Camus.

He lives in Charenton, a suburb in eastern Paris, with his wife, Ayesha, the daughter of Moroccan Berbers, and their four children, aged from 19 to nine. Their 14- year-old son, who has Down's syndrome, is a "champion swimmer, who does theatre and music".

Ben Jelloun was born in Fez in 1944. The year before Moroccan independence from France in 1956, his family moved to Tangier, where he went to the French lycée. "My mother was illiterate. My father knew how to read but was a shopkeeper. We had a very modest life, with no music or books, except for the Koran."

In the French library of Tangier, he read copiously and discovered French poetry, but also the tension between cultural affinity and political oppression. When the Algerian war of independence broke out in 1954 there were many Algerians in Morocco, and older children went to join the FLN [National Liberation Front]. At the same time, he says, "pupils at the lycée were allied to the war for France. It was terrible".

As the Existentialists quarrelled over French policy in Algeria he admired Camus' writing but not his political views, "whereas I liked Sartre's views but not his writing". Tangier was an international city and Ben Jelloun met foreign writers passing through, including Samuel Beckett, Roland Barthes and the American Paul Bowles and his wife Jane.

"I didn't like Bowles, the man or the writer. He loved young Moroccan boys and preferred them illiterate. He'd write books in their words; it was an ambiguous relationship." He preferred the Beat poet Allen Ginsberg. "I asked him, 'why Tangier in the '50s?' He answered, 'boys and hashish - and neither is expensive'. But at least he was frank." Later, in Paris, Ben Jelloun became friends with Jean Genet, who taught him "about everything - writing, politics", and whom he depicted in a short story, "Genet and Mohamed, or the Prophet Who Woke Up the Angel".

Among his inspirations are Cervantes, who was influenced by Andalucian Arab culture; Matisse; and Fernando Pessoa ("I read a poem every night, as others read a prayer"). His own fiction was fed by scenes of injustice he witnessed in his youth. "The power of the word in Morocco belonged to men and to the authorities," he says. "No one asked the point of view of poor people, or women."

He studied philosophy at Rabat university, and, after his release from military camp in Ahermemon in 1968, taught for three years at schools in Tetuan and Casablanca, before the government decreed that philosophy be taught only in classical Arabic. That same year, 1971, the literary journal Souffles, for which he wrote, was banned, and he left for France.

In Paris he did a doctorate in social psychiatry, researching sexual impotence among north African migrants at a hospital. "I wasn't a doctor but a confidant," he says. "The wounds of migration hit me in the face: men who were psychologically destroyed. I'd thought sexuality was instinctive or natural, but it's profoundly linked to inner security and cultural context."

His insights fed the novel Solitaire (1976). He found himself cast by default as an interpreter between Europe and its migrants. He wrote of their cold welcome in the ironically titled French Hospitality (1984), and in Racism Explained to My Daughter (1998), cited a long "tradition of rejecting the foreign that reached a low point in the Dreyfus affair . . . Racism has not increased, but freed itself from shame".

He partly blames French assimilationism and unfinished colonial business from the Algerian war. He often talks to children in schools, and says the riots in French suburbs last November were "by kids born in France of foreign parents, saying we want to be considered 100 per cent French", yet ministers and media alike still brand them as immigrants.

His own career has been brushed by the tendency to exclude. While he sees himself as a "Moroccan writer of French expression", and says a writer's identity is defined by "language not nationality", as a French national he objects to being described as a francophone, rather than a French, writer.

In his post-9/11 book, Islam Explained (2002), he wrote that Islam is often "grasped only as a caricature", and he says, "the mistake we make is to attribute to religions the errors and fanaticism of human beings". Personally "incapable of mysticism" - though he respects the Sufi mystics - he is a secular Muslim, who believes "religion has to stay in the heart, not in politics. It is private".

In his latest novel, Partir, just out in French, Azel, a heterosexual Moroccan, has an affair with a gay Spanish man to gain a visa, but underestimates the toll on his sexuality and sense of self. "The question is, what are you ready to do to overcome poverty?" says Ben Jelloun.

"Emigration is no longer a solution; it's a defeat. People are risking death, drowning every day, but they're knocking on doors that are not open. My hope is that countries like Morocco will have investment to create work, so people don't have to leave."

Able to spend more time in Morocco now, he visits a seaside home in Tangier every two months. "In the 70s I was in exile; every time I went back I wondered if they'd take my passport away," he says. "But now, like those writers I admire - Joyce, Beckett, Genet - I feel only a metaphysical exile."


Tahar Ben Jelloun's inspirations: Don Quixote de la Mancha by Miguel de Cervantes Voyage to Tokyo by Yasujiro Uzo Piano Concerto no 16 in D, KV451 by Wolfgang Amadeus Mozart The Dance by Henri Matisse Poems by Fernando Pessoa .


in The Guardian.

Tenda da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África, Marisa Vinha - making of

Publicado20 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Tenda da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África, Marisa Vinha.

(fotos Filipe Branquinho)

MARISA VINHA (Portugal, 1973) é designer e interessa-se por Curadoria e por Arte no Espaço Público. Enquanto assistente do arquiteto Alessandro Mendini, desenhou e produziu diversas exposições itinerantes, fez projetos para empresas como Alessi, Bisazza, Cartier, Swarovski e Swatch. Participou na exposição coletiva “Toldos no jardim”, integrada no Programa Distância e Proximidade da Fundação Calouste Gulbenkian, realizou a Instalação “Framed Landescapes” para Domaine de Boisbuchet ― Vitra Design Museum, e as instalações cenográficas do programa ”Palavras daqui, dali e dacolá“ na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2010. Atualmente, os seus projetos dividem-se entre Lisboa e São Paulo.

“Passadiço”, Marcelo Jácome - making of

Publicado20 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

(fotos Filipe Branquinho)

O Passadiço, criado este ano para o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, tem como proposta artística a sobreposição de planos independentes que, quando percebidos a uma certa distância, provocam o olhar e a perceção do espetador.

MARCELO JÁCOME (Brasil, 1980) vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde é arquiteto e urbanista. Em 2009, ingressou na EAV-Escola de Artes Visuais, do Parque Lage, onde é orientado por Iole de Freitas. Desenvolvendo a sua linguagem através da colagem e instalações, nas quais o papel é a principal matéria de trabalho, recorre às relações da reta e da curva, bidimensional e tridimensional, lugar e vazio, dentro e fora, tensão e flexão, dissolução da forma e autonomia da cor. Ao longo de sua trajetória, tem participado em projetos independentes, exposições coletivas e uma individual, no Brasil.

“Rulote”, Nuno Viegas - making of

Publicado20 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

(fotos Filipe Branquinho)

Rulote, Nuno Viegas, 22 Jun 2012 – 30 Set 2012

(fotos de Filipe Branquinho)

A rulote interessou-me sobretudo como objeto nómada. Neste sentido, a acumulação de malas numa pequena embarcação é uma alusão aos movimentos migratórios, que tantas vezes, de forma precária e clandestina, cruzam as fronteiras reduzindo a dimensão humana a um mero valor objetual ou a um valor de carga.


Nuno Viegas

NUNO VIEGAS (Portugal, 1977) participou, em 2000, na Exposição Comemorativa do 10º Aniversário da Galeria Arte Periférica, Lisboa, e realizou a exposição de finalistas do prémio CELPA - Vieira da Silva, Fundação Arpad-Szénes/Vieira da Silva, Lisboa. Destacam-se exposições individuais na galeria Arte Periférica: “A de Animal” e “Parafernália” (2011), “Temor e tremor” (2009), “A nuvem nódoa” (2008), “O precipitado” (2006), “Lava” (2003) e “Captura” (2002). Participou nas exposições coletivas Stand Arte Periférica, em Madrid – ARCO’03, ARCO’04 e ARCO’05, no Centro de Congressos de Lisboa e na Feira Internacional de Lisboa - Arte Lisboa, entre 2001 e 2010. Em 2005, elaborou a ilustração da revista Colóquio Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.

Passe Próximo Futuro - até Quinta-Feira

Publicado20 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Passe Próximo Futuro

Preçário / Prices

Compra de entradas 

Purchase of tickets

Concerto Inaugural/ Opening Concert   Emel Mathlouthi - €12**                                                                                     

Sessões de Cinema / Film sessions - €3***

Teatro/Theatre Praga - €5*

Teatro/Theatre “Gladys” - €15*

Concerto/Concert Med Fusion Orchester -  €12**

Teatro/ Theatre “El año en que nací” - €15*

Concerto/Concert  Kimi Djabaté - €12**

Teatro/Theatre “Bait Man” - €15*

Concerto/Concert Chelpa Ferro + Pedro Tudela - €12**

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África / Festival Of Literature And Thought Of North Africa – Entrada livre / Free Admission

Peça/Instalação / Play/Installation  (Daniela Thomas) – Entrada livre / Free admission

Tenda – Entrada livre / Free admission

Concerto/Concert “Inuksuit” – Entrada livre / Free admission

* Espetáculos de teatro para maiores de 12 anos

** Espetáculos de música para maiores de 4 anos

*** Sessões de cinema para maiores de 12 anos

Entrada gratuita para jovens até aos 10 anos no Teatro Praga

Entrada livre – não é necessário levantamento de bilhetes

*Theatre performances open to people aged 12

**Music performances open to people aged over 4 

***Film sessions open to people aged over 12

Theater Praga: Free admission for young people aged under 10

Free admission – no need to lift tickets

Passes / Subscriptions

Haverá à venda na Fundação um Passe “Próximo Futuro” que contemplará todos os espetáculos do Programa “Próximo Futuro” que decorrerão entre 22 de junho a 8 de julho 2012, com um preço fixo de: €46.80 (desconto de 60%). A data de início de compra da assinatura é dia 12 de maio até à data limite de dia 21 de junho. / There will be on sale at the Foundation a Subscription “Próximo Futuro” that will include all shows of the Program "Next Future" to be held from June 22 to July 8, 2012, with a fixed price of: €46.80. The first day for the subscription purchase is May 12 and the deadline for the subscription purchase is June 21.

Passes sujeitos à disponibilidade existente / subscriptions subject to availability.

Bilhetes avulsos / Single tickets

Os bilhetes podem ser comprados em qualquer bilheteira da Fundação ou através do site da Fundação a partir de dia 12 de maio, exceto para a venda de passes, que deverá ser feita apenas nas bilheteiras da Fundação (compras online não obrigam a levantamento de bilhetes, apenas será necessário imprimir o bilhete em formato PDF e apresentá-lo à entrada do espetáculo). / Tickets can be purchased at any of the Foundation’s ticket offices or through the Foundation’s website, starting from may 12,except for  the sale of subscriptions which should be done only at the Foundation’s ticket offices (online shopping does not require lifting tickets, you only need to print the ticket in PDF format and submit it at the entrance of the show).

Na hora que precede o início de cada espetáculo só serão vendidos bilhetes para o próprio dia./ In the hour preceding the beginning of each show, tickets will be sold only for that day.

A venda de bilhetes para o Teatro do Bairro poderá ser sempre realizada através da Fundação e/ou, do Teatro do Bairro, neste caso uma hora antes do início do espetáculo. / Ticket sales for the Teatro do Bairro can always be held at the Foundation and / or, at the Teatro do Bairro, in this case, one hour prior to the show.

Descontos / Discounts

Desconto de 30% / Discount of 30% - Maiores de 65 anos / over 65 years old

Desconto de 50% / Discount of 50% - Jovens até aos 25 anos / people aged under 25 years old

Descontos não acumuláveis / Discounts not cumulative

Sessões de Cinema / Film sessions – Preço único/ Single price

 

www.bilheteira.gulbenkian.pt

Informações / Information

[email protected]

Tel. (+351) 217 823 529

www.proximofuturo.gulbenkian.pt 

Programa sujeito a alterações

This programme may be changed without prior notice

Notas/Notes: Entrada para todos os espetáculos deve fazer-se pela porta da Rua Dr. Nicolau de Bettencourt, exceto para os espetáculos realizados no Grande Auditório - FCG, que se deverá fazer ou pela entrada do edifício central ou pela porta do “Jardim das Rosas”. / Entry to all shows should be made through the door next to Street Dr. Nicolau de Bettencourt, except for performances held in the Grande Auditório - FCG, which should be done either through the main building entrance or through the door next to the "Jardim das Rosas / Roses Garden".

BILHETEIRA / INFORMAÇÕES

TICKET OFFICE / INFORMATION

Bilheteira / Ticket Office 

Fundação Calouste Gulbenkian 

Avenida de Berna 45 A - 1067-001 Lisboa 

2ª a 6ª: 10:00 – 19:00

Tel. (+351) 21 782 3700

Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Rua Dr. Nicolau de Bettencourt - 1050-078 Lisboa 

3ª a domingo / Sunday: 10:00 – 18:00

Tel. (+351) 21 782 3474/83

e uma hora antes do início dos espetáculos.

and one hour before the start of evening performances.

Sofiane Ouissi

Publicado20 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Sofiane Ouissi, da Tunísia.

SOFIANE OUISSI (Tunísia, 1972) é coreógrafo e agente cultural. Escolheu as suas performances como planos de ação para a reforçar e ampliar as vozes de luta na Tunísia. Através do Coletivo Cidade Sonho, escolhe uma forma festiva e alegre de criar espaços livres de expressão e, principalmente, de encontrar prazer na troca e na luta pela partilha de ideias numa construção conjunta: o Brainstorming. Para além disso, através de ZAT e Laaroussa, fábrica artística no espaço popular de uma revista especializada na voz da população marginalizada, consegue que a comunidade cultural da Tunísia participe no seu desejo de luta, a fim de compartilhar e expressar a cultura. 

Brother and sister, Sofiane and Selma Ouissi are two main figures of the current Arab dance scene. They have been performing and creating choreographies together since the beginning of their careers. Their last piece, Here(s), is a dance performance using Skype as creative tool, with Yacine Sebti assisting in the software and interactive installation.

After we saw Here(s) on 13 January 2012 at the Berlin Haus der Kulturen der Welt in the framework of the Meeting Points 6 Festival, we conducted the following interview with them:

Binder & Haupt: When we entered the auditorium in Berlin where the stage for your performance was set up, we could see a divided video projection, showing respectively a clock ticking in Tunis and Paris. Already while waiting for the performance to start, feelings and thoughts about issues like "absence", "separation", as well as the questioning about "present instant and place" (here & now) were unavoidable. And knowing that you always work closely together, we felt immediately that it was not a staging of a fictive situation but a "reality", which you have experienced or are still experiencing directly. What is this reality of your lives, and how did you come about to transcend it in this way?

Selma & Sofiane Ouissi: For us, art must nourish itself from life and more precisely from our life, our conditions, our time, and our personal situation. It’s about making art not locked up in a studio (and in any case, we don’t really have the luxury of this kind of enclosure) but in the context of our everyday lives. Financial conditions, visas, traveling all come into play. Also, it’s the idea to begin from the intimacy of plurality.

There’s also, indeed, the concept of the here-and-now. This concept emanates from the work, which then places itself, not outside of time, but rather in the eternity of the present. This work demonstrates the search of a way to make art and to continue to work artistically within the constraints imposed by our respective lives: distance. (Sofiane in Tunisia and Selma in Paris; Sofiane not able to travel easily and Selma stuck in Paris because of her pregnancy, not to mention a complete lack of financial means). We could not, however, stop working together. It was therefore necessary to invent and produce differently, starting from the current context of our realities. We had to invent a different way to perform the artistic act, to dance. We didn’t want to lose our energy in a rejection of the present — the here-and-now. At the same time, it’s a paradox because this concept we’re struggling against, this here-and-now, is also marking our separation in this very moment. The idea (from Nietzsche) is to try and replay the present moment, to rework it, to use it in order to adopt it, accept it, and through these tactics, to find a realization. It’s an experience of time and space; an intimate consciousness of what we can do with space-time, from these circumstances of this precise moment in our lives. The present can write itself as an appearance. And anyway, in our country, if we don’t have this self-determination, governed by I don’t know what kind of power, the drive to continue, we would easily finish by working in an entirely different domain, so much are the difficulties of being an artist. The creative possibilities are the constants.

Furthermore, there are circumstances of a territory, the constant need to be two in order to accomplish the creative act. We don’t know how to do it otherwise. In fact, in the artistic act, we are one person. It’s a way to function, to write of which we are conscious and that we naturally assume.

To come back to the here-and-now, the idea is to aestheticize this condition of working, which is imposed upon us and to share it because it seems unique yet also common to our time. We all communicate through the Internet. All of our work consists of finding a way in which to make choreographed events. Take as evidence this intermediary surface, this between-us. It’s also an unpredictable place from which many things can emerge independent of our own desires. We particularly like this idea that this space that is on view escapes us, it envelopes itself in small allusions, clues, objects from our lives (put on in our apartments without any scenography or premeditation) which calls up different images, different stories according to the one who is looking, who contributes their own suggestions. Maybe we can find the celebration of life here, in this modesty of little things without any kind of goal but rather in action of achievement. This gave us the idea to reunite a number of different people in the same place in order share the manifestation of a kind of intimate time and immerse oneself in this experience.

Binder & Haupt: How did you develop the choreography for this piece, and when did you decide to include further visual/technological solutions by working together with Yacine Sebti?

Selma & Sofiane Ouissi: We began working with the presence of a body in space, made the body play with this space in order to see what happened in the moment. That’s where we’ll talk of a performance of the here-and-now in an environment wherein the use of certain quotidian objects is re-interpreted (or not). We have therefore proceeded from improvisations, or observations of our movements in our respective apartments. We explored different proposals of each other’s gaze and the gaze of the screen. We forced ourselves to work within these limits and also through the unpremeditated constraints of our improvisations; we wrote this visually artistic and gesticulating language for one another. This involved a live execution which developed from the limits of our environment and from instantaneously trying to capture the other’s movement as it happened, to recover the initial gesture from which point an entire series of movements flowed and a thickened space or a transformed space was then created, or at least the suggestion of this. There is also an inevitable expenditure of energy that flows from these experimentations within this environment inhabited by our daily gestures and from this separation, narrowing the abyss of our separation. It was also about the capturing and the writing of a dramatization of the quotidian body in its intimate environment; in this immediate space and with the medium the most immediate possible — the body. We performed this while trying to aesthetically infer the least amount possible from this spontaneous poetry of present-ness. We were looking for the minutia in the instant or the simplicity in presence that then changes radically with the start of this imaginary screening.

In order to create a scenography of this space, this domestic environment, we worked with Yacine Sebti who often redesigned, deconstructed this domestic space by amplifying certain details, by working through the concept of our separation in space and time, by offering a sophisticated deconstruction. I would say that Yacine, through video images, choreographed our movements inside of our apartments and our relationship with each other.

Binder & Haupt: The delayed sound in the life transmission underscores (for the viewer) the sense of "effort" of building this technological bridge, but at the same time it has a kind of existential resonance. How do you both relate to sound and rhythm during the performance?

Selma & Sofiane Ouissi: The sound delay, at first, created problems, above all for Yacine, which seemed necessary to account for and accept in this new form of communication. We had tried, in fact, to understand it, to capture this delay in order to write our choreographed events. At the same time, this delay offered an almost amplification of our reality with all the energy that one can employ to make oneself understood and to understand another, these inevitable delays that penetrate the imagination of the other, and help us to come to perceive in real time how to compose and decompose the reality of our communication and how it could have carried out the imaginary mutation of our relationship by trying to make artistic traces out of this relationship. Finally, the delay allow us to forget preoccupying ourselves with creating a linear reading, well constructed from the work and to come closer to a kind of real discontinuity in our form of communication. This also permits an active perception of the spectator with the incessant play of recognition, of sorting, of re-appropriation, of recycling. 

Binder & Haupt: When each of you looks close into the camera, we as audience get the impression that you are directly looking at us, but when Selma picks her eyebrows using the screen as mirror, we are like voyeurs. How do you "feel" or "think" the audience during the performance?

Selma & Sofiane Ouissi: Indeed, we are playing on different meanings of the gaze: the gaze of the other, the recipient of the gaze, etc. With this particular piece, we are inviting the spectator to take on the attitude of the intimate witness of our everyday lives, our routines, our apartments. This engenders a different relationship with the spectators through which the spectator becomes sometimes witness, sometimes confidant, and to whom we voluntarily give the possibility of being a voyeur. During a typical day, our gaze experiments with the status of these different gazes and also intimate relationship with one another. And again, with the Internet, we find it normal to attend to and to circulate scenes of our intimacy.

And then, there’s also what we believe to see, what we think we master and which finally gets diverted in order to make us think that we are masters of our lives.

Binder & Haupt: In 2007 you created the multidisciplinary festival Dream City in the public space of Tunis, with participation of many visual artists, and which will take place again in September this year. How similar or different is the role of a choreographer from that of a curator?

Selma & Sofiane Ouissi: Dream City before becoming a biennial of contemporary art in a public space is the crystallization of our desire for choreography. We wanted, already in 2006, to find a way to choreograph a citizen’s march in the city of Tunis: a choreographed, collective, and festive experience that speaks to the presence and the consciousness of a population. Then, meeting Frie Leysen and Tarek Abou El Fetouh, helped us to grow this choreographed march: it would be sown with the seeds of artistic works that produced a kind of unpredictability that accompanies a collective march. We passionately created Dream City as a finished event but we organized what we call dream-upheavals which are strategies of accompaniment by selected artists in the search of different interventions: of the humanities, of art, of public space — in such interventions we meet the artist, in their doubts, in their solitude, in their intuitions, in the moment of their creation. All this in the spirit of that which changes, diverts, slows for a moment, takes off again, we see movement again, multiple perspectives of individuals and emotional beings. We love bringing all of this together. I don’t know if we were curators. We are what we try to engage — an action of becoming that reinvents itself, the rest doesn’t really matter. The final product is not important.

Binder & Haupt: Are there any aspects or preliminary information about what we can expect this year at Dream City that you could already comment on?

Selma & Sofiane Ouissi: We can say that the perceptions of those artists whose societies experienced a "liberating" revolution are unexpected. These artists’ forms of searching and of accompaniment during the past nine months are finally producing a concern for what is currently happening, developing in our society.



in Universe in Universe.

“Passadiço”, Marcelo Jácome - making of

Publicado19 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

O Passadiço, criado este ano para o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, tem como proposta artística a sobreposição de planos independentes que, quando percebidos a uma certa distância, provocam o olhar e a perceção do espetador.

MARCELO JÁCOME (Brasil, 1980) vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde é arquiteto e urbanista. Em 2009, ingressou na EAV-Escola de Artes Visuais, do Parque Lage, onde é orientado por Iole de Freitas. Desenvolvendo a sua linguagem através da colagem e instalações, nas quais o papel é a principal matéria de trabalho, recorre às relações da reta e da curva, bidimensional e tridimensional, lugar e vazio, dentro e fora, tensão e flexão, dissolução da forma e autonomia da cor. Ao longo de sua trajetória, tem participado em projetos independentes, exposições coletivas e uma individual, no Brasil.

Mohamed Siam

Publicado19 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Mohamed Siam, do Egipto.

MOHAMED SIAM (Egito, 1981) é documentarista independente e realizador de filmes de ficção. Como primeiro assistente de realização, trabalhou em projetos de longas-metragens como o documentário “A Cidade dos Mortos”, coprodução luso-espanhola financiada pelo Canal Plus que estreou no IDFA 2009 (Festival Internacional de Filmes Documentários de Amesterdão) e recebeu a distinção de Melhor Filme, na Documenta de Madrid, em 2010. Recentemente foi primeiro assistente de realização no filme “Nos últimos dias da cidade”, do realizador egípcio Tamer Said, financiado pelo Global Film Initiative e pelo Cinereach, entre outros fundos. É ainda o fundador e diretor artístico do Centro Cinematográfico Artkhana, em Alexandria, um espaço artístico que providencia apoio técnico e formativo para realizadores. 

Egyptian Cinema Before and After the Revolution: A Conversation with Mohamed Siam

Alteração à Programação da 2ª Sessão da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África

Publicado19 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Por motivos de força maior Nermine Hammam não poderá estar presente na 2ª Sessão da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África. Em eu lugar estará presente a fotógrafa tunisina Ons Abid.  

Ons  Abid, nascida na Tunisia em 1979, é fotógrafa freelancer e trabalha para as revistas Jeune Afrique (sediada em Paris), Afrique Magazine e, mais recentemente, Paris Match. Licenciou-se em Design Gráfico no Instituto Superior de Belas Artes de Tunes (ISBAT), em 2004. Em 2005 trabalhou simultaneamente como fotógrafa e como diretora artística numa agência publicitária. Em 2009 completou o mestrado em Ciência e Artes no mesmo Instituto (ISBAT), onde ficou a lecionar em 2010. Vive entre Tunes e Paris, dedicando-se a múltiplos projetos na área da fotografia documental e do video.

“Passadiço”, Marcelo Jácome - making of

Publicado18 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Passadiço, Marcelo Jácome - making of 


(fotos de Jorge Martins Lopes) 

O Passadiço, criado este ano para o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, tem como proposta artística a sobreposição de planos independentes que, quando percebidos a uma certa distância, provocam o olhar e a perceção do espetador.

MARCELO JÁCOME (Brasil, 1980) vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde é arquiteto e urbanista. Em 2009, ingressou na EAV-Escola de Artes Visuais, do Parque Lage, onde é orientado por Iole de Freitas. Desenvolvendo a sua linguagem através da colagem e instalações, nas quais o papel é a principal matéria de trabalho, recorre às relações da reta e da curva, bidimensional e tridimensional, lugar e vazio, dentro e fora, tensão e flexão, dissolução da forma e autonomia da cor. Ao longo de sua trajetória, tem participado em projetos independentes, exposições coletivas e uma individual, no Brasil.

Ahmed El Attar

Publicado18 Jun 2012

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A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Ahmed El Attar, do Egipto.

AHMED EL ATTAR (Egito, 1969) é diretor de teatro independente, tradutor e dramaturgo. É fundador e diretor artístico do Orient Productions e do Temple Independent Theatre Company, fundador e diretor-geral do estúdio da Fundação Emad Eddin e diretor artístico do Downtown Contemporary Arts Festival (D-CAF), um festival anual multidisciplinar de arte contemporânea, que ocorre todas as primaveras no centro de Cairo. As suas produções incluem “On the Importance of being an Arab” (2009) e "F**k Darwin or how I have learned to love socialism" (2007). A sua obra teatral tem sido apresentada em grandes teatros e festivais pela Europa e pelo Médio Oriente. El Attar é um Clore Fellow do Clore Leadership Programme (2008-2009), tendo-lhe sido atribuído o prémio de melhor argumento de teatro (2010) da Fundação Sawiris para o Desenvolvimento Social pela peça ”Life is beautiful or waiting for my uncle from America”. Foi escolhido, pela edição em árabe da revista Newsweek (26/4/05), como uma das 42 personalidades que mais influenciaram a mudança no mundo árabe.

"This is my advice"

Ahmed El Attar is an independent theater director, translator and Playwright who lives in Paris and works in the Middle East. Founder and artistic director of the Temple Independent Theater Company in Egypt. Has a BA in theater from the American University in Cairo and an MA in Arts and Cultural Management from Paris III Sorbonne Nouvelle. "Mother I want to be a Millionaire" is his tenth production. His previous two performances are "Life is Beautiful or Waiting for My Uncle From America" and "On the Road to Nowhere, A Cairene Journey for Tourists and Lovers", which he also wrote and produced, have been performed in Egypt, Jordan, Lebanon, Portugal, Germany and Sweden. El Attar is also a cultural operator, conceiving, organising and producing workshops tutored by European artists and targeting young independent artists in the Middle East working in various artistic disciplines, such as theater, lighting, comic strip art and electronic music. He is a member of the advisory board of Arteast in New York and President of the Femec, Forum Euro-Mediteraneen des Cultures in Paris.

El Attar will open the first independent rehearsal space for the performing and visual arts in Cairo in December 2004, a project he has been working on for the last few years.

A dark bar that looks like a big cellar. Small candle, glowing on every table, the only sources of illumination. At the back end, almost in the black, one hardly distinguishes the bar. In front of the bar, in second plan, three tables. The first is occupied by two men, the second by a woman and two men and the third is empty. 

In foreground, a table with a man sitting in profile. Late thirties, quiet, brown, of European type, dressed in jeans and summer shirt, rather relaxed. Emerges from the dark, a man, beginning of the thirties mat skin, blue linen jacket, Calvin Klein jeans and a white T-shirt. Two beers in the hand, he sits down and gives a beer to the man sitting in profile while telling to him: 

- I can’t believe that she left for the East? 

- What can it do to you that she leaves for the East, for the West, or for Jupiter? Are you going to stop mingling on her business? 

(Silence, each takes a mouthful of beer) 

- Are you still waiting for her to fall in love with you? 

(He doesn't answer and continuous to drink) 

- When are you going to understand that here it is not as in your city? 

No matter the size of your city or the prestigious names that it carries, Paris of the Orient, the Princess of the Mediterranean, no matter the number of stories engraved on the walls of its passages thousand years old. It will never look like our cities. Your cities, your villages, where people know themselves, speak, or meet by chance in streets, where hundred thousand people spend their days under a stuffy heat, have nothing to do with our cities. Those strong emotions of joy or pain, expressed without forethought nor conscience of your background, at no matter what hour of the day or the night, don't have their places here. 

When are going to learn, that contrarily to past times, it is not the colour of your skin, nor the colour of your hair that entails prejudice anymore. Today, your very existence entails prejudice. 

Stop speaking of Europe and the direction that she chose to take. Please, forget your theories about the origin of the western contemporary culture and the cultural ties woven through centuries between the North and the South of the Mediterranean. No one will believe you. How do you want anyone to accept as true that your unbelieving ancestors, son of Mohamed the Bedouin of the desert, rediscovered and translated the Greek inheritance, the very origin of the pride of Europe, yet forbidden of access during centuries within the continent that carries the name of the charming young woman that Zeus seduced in white Taurus of golden horns. 

That the work of your ancestors in the different domains of knowledge was the fountain upon which their European colleagues draw to build the basis of present knowledge, not only regrouping the knowledge of the Greek but also the one of the Indians and Chinese yet far from us. And that all it has been naturally transmitted in this Mediterranean basin who looks like the tub where your son plays every evening at bath time with these toys in plastic manufactured in China. 

No one will believe you. 

It is sufficient to look at you, anxious and uncertain, aggressive and embittered, proud and dangerous, to understand that it is not true. It is sufficient to go in your city, a living definition of chaos and misery, to understand that it is not true. It is sufficient to read the economic and social statistics and the analyses of the political regimes in place since the eternity, and that change only by Divine or American intervention, to understand that the stories that you tell are only recorded in your head. And your head is heavy of carrying thousands of stories, thousands of apologies, thousands of explanations... of carrying your existence. 

So, that’s it, Europe made her choice and her choice has not included you. And in spite of your instinctive intelligence, your cultural inheritance and your intellectual miscegenation, you didn't see it coming. Did you believe that one fine day you where going to be precious to the eyes of beautiful Europe? She who took advantage of you, made you drag yourself behind her, mistreated you so often. A girl who only thinks about her pleasure. Did you really think she was going to love you one day? 

You have never been part of her choice and you will never be. For her you are only an instrument to achieve her dreams and her desires, that are sometimes very expensive. And if one evening she feels lonely, without any available lover, she might call you. And you will feel, for some seconds, as if it were you she had chosen. But some minutes later, the emptiness to the other tip of thread will recall you that you were mistaken once again. She will leave and she will let you all alone with your stories, waiting for her next phone call, that might never arrive… 

This is my advice, stop loving her. She is not for you this Europe.



in Euromed Café.

Bouchra Khalili

Publicado16 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Bouchra Khalili, de Marrocos.

BOUCHRA KHALILI (Marrocos, 1975) estudou Cinema, na Sorbonne Nouvelle, e Artes Visuais, na École Nationale Supérieure d'Arts, Paris-Cergy. O trabalho de Khalili em vídeo, instalações mistas de média e impressões combinam uma abordagem conceptual com uma prática documental para explorar questões de nomadismo, existências clandestinas e a ’experiência emigrante‘, com uma especificidade para o destino dos migrantes, na medida em que, concretamente, resumem assuntos que são fundamentalmente regidos pela itinerância. No seu trabalho, ela conjuga linguagem, subjetividade, o mínimo de palavras, territórios e rotas de passagem, investigando a inter-relação entre as migrações contemporâneas e a história colonial e a geografia física e imaginária. O trabalho de Khalili tem sido  amplamente divulgado em todo o mundo, incluindo recentemente no MoMA, como parte da exibição do filme "Mapping Subjectivity" (2011), na 10ª Bienal Sharjah (2011), na Marian Goodman Gallery (Paris, 2011), na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2011) e em La Triennale (Palais de Tokyo, Paris, 2012), entre outros.

Bouchra Khalili has devoted herself to video work, both in single channel and installation form, since 2002. The artist uses this medium for its impurity, which allows her to place her work at the very limits of cinema and the fine arts, documentary and experimental work, blurring the lines between these two practices. Her videos explore the Mediterranean area seen as a territory dedicated to a wandering, nomadic existence. She documents the places she passes through, their images and the images they generate. Khalili produces representations of these spaces’ mental dimension by placing them in an unusual perceptive experience, thus testifying to the contemporary reality of emigration and its stories.

For the Storytellers exhibit at the galerieofmarseille, Bouchra Khalili will present works produced in 2007 and 2008 between Paris, New York, Marseille and Istanbul. By combining physical and imaginary geography, Khalili aims to draw an alternative map of contemporary migratory trajectories. Purposefully mixing up topographic identifiers that might reveal the location of the areas she explores, Khalili’s undertakes an intensive practice of rearrangements, as much geographic as artistic and conceptual.

With Mapping Journey (videos and photographs, 2008), Khalili compares the lived experience of emigration with the flatness of geographic maps. Entrer dans l’Histoire (“Enter into History”, silkscreen on adhesive, 2008), which recalls the Arab calligram tradition, reveals an alternative map of Africa: one that describes the misunderstandings that weigh upon a continent that “has not fully entered history”.

Circle Line (video installation) suggests a possible nomenclature for immigration to the United States. On two screens, sentences excerpted from a questionnaire for green card applicants and fragments from a conversation with an illegal immigrant answer one another, while the soundtrack of a naturalization ceremony is played back on a third screen. Simultaneously, images of the city unfold one after another in hypnotic traveling shots. 

This complex relationship between documentary and ghostly images, in different languages, of “in” and “off” sounds, of real or potential stories, is typical of Bouchra Khalili’s videos, most notably in the triptych Des Histoires Vraies – Straight Stories (video, 2006 (first part) and 2008 (second and third parts)). While the first part takes place between the south of Spain and the North of Morocco, the second part presented in the exhibition explores Istanbul, and more specifically, the Bosphore area. Like the Straight of Gibraltar, the Straight of Bosphore is simultaneously a physical border that separates two continents (Europe and Asia) and an imaginary one. But since the 1990’s, this intermediary zone has mostly become a labyrinth where migrants in transit wait before going further west. For most, the place that was intended as a temporary stop becomes permanent. Through the constant movement of spatial, visual and auditory disconnections, Straight Stories- Part 2 (3 single-channel videos, 2008) unveils a mental expedition that takes us to meet the people that haunt these places, and who confide their hopes to go or stay, to return home or continue their travels.


in Galerie of Marseille

Artist Bouchra Khalili talks about the relevance of mapping and mapmaking to her work as part of the artists in conversation series during Iniva's Whose Map is it? exhibition.

Tenda da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África - making of

Publicado15 Jun 2012

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Tenda da Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África.

Marisa Vinha

MARISA VINHA (Portugal, 1973) é designer e interessa-se por Curadoria e por Arte no Espaço Público. Enquanto assistente do arquiteto Alessandro Mendini, desenhou e produziu diversas exposições itinerantes, fez projetos para empresas como Alessi, Bisazza, Cartier, Swarovski e Swatch. Participou na exposição coletiva “Toldos no jardim”, integrada no Programa Distância e Proximidade da Fundação Calouste Gulbenkian, realizou a Instalação “Framed Landescapes” para Domaine de Boisbuchet ― Vitra Design Museum, e as instalações cenográficas do programa ”Palavras daqui, dali e dacolá“ na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2010. Atualmente, os seus projetos dividem-se entre Lisboa e São Paulo.

Aboubakr Jamaï

Publicado15 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Aboubakr Jamaï, de Marrocos.

ABOUBAKR JAMAÏ (Marrocos, 1968) é o co-editor do site de notícias marroquino Iakome.com e membro não-residente no Ash Center para a Governação e Inovação Democrática da Universidade de Harvard. Começou sua carreira na área financeira, como cofundador do primeiro banco de investimento independente de Marrocos, em 1993. Entre 1997 e 2007, foi redator e editor do principal semanário marroquino Le Journal Hebdomadaire. Em 2008, foi professor convidado na Universidade de San Diego, onde lecionou cursos sobre o Islão Político e a Política no Médio Oriente. Os seus artigos têm sido publicados em diversos órgãos de comunicação social (The New York Times, Time Magazine, El País, Le Monde, Le Monde Diplomatique). Recebeu o Prémio Internacional da Liberdade de Imprensa do Comité para a Proteção dos Jornalistas, em 2003. Foi selecionado pelo Fórum Económico Mundial como um Jovem Líder Global para 2005.

Co-Founder of Curiouser and blogger

Aboubakr Jamaï is the founder and editor of the Moroccan weekly magazine Le Journal Hebdomadaire. Jamaï began his career in finance, co-founding Morocco's first independent investment bank in 1993. After two years advising international emerging market funds with holdings in North Africa, the company, Upline Securities, became the first Moroccan-based bank ever selected to manage a privatization project in Morocco. In 1996, M. Jamaï joined the Executive Secretariat of the Middle East and North Africa Economic Summit as a financial and economic adviser. This organization was set up by the sponsors of the Middle East peace process to foster economic cooperation in the region.

He co-founded Le Journal and Assahifa in 1997 and 1998. Since 2008, he is visiting Scholar at the University of San Diego where he teaches courses on Political Islam and Politics in The Middle East. His articles were published in The New York Times, Time Magazine, El Pais, Le Monde, Le Monde Diplomatique.

Aboubakr Jamaï won the Committee To Protect Journalists’ International Press Freedom Award in 2003. In January 2008, he won the first Newhouse School of communication at Syracuse University’s “Tully Center Free Speech Award”. In December 2010, he won the Gebran Tueni Award, the annual prize of the World Association of Newspapers and News Publishers (WAN-IFRA).

Jamaï has been selected by the World Economic Forum as a Young Global Leader for 2005. He was a Yale World Fellow in 2004 at Yale University. He was a Nieman Fellow in 2007 at the Nieman Foundation for Journalism and a Mason Fellow in 2008 at Harvard University. M. Jamaï holds a Master of Business Administration from Oxford University’s Saïd Business School and a Master of Public Administration from Harvard Kennedy School.


in TEDxCarthage.

Pós-Graduação em Islão Contemporâneo, culturas e Sociedades

Publicado15 Jun 2012

Etiquetas pós-graduação próximo futuro

Estão abertas as candidaturas para a Pós-Graduação em Islão Contemporâneo, Culturas e Sociedades, FCSH-UNL/CRIA, este ano com um corpo de docentes e conferencistas internacionais alargado e em articulação com o programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian. Podem encontrar o folheto relativo ao curso aqui, ou em anexo.

A pós-graduação envolve o Departamento Antropologia da FCSH-UNL, o Centro em Rede de Investigação em Antropologia (Linha Cultura: Práticas, Políticas e Exibições/ NECI-Núcleo de Estudos em Contextos Islâmicos) e o Instituto de Línguas da Universidade Nova de Lisboa (ILNOVA). Conta com diversos conferencistas nacionais e estrangeiros, em articulação com o programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian e com o ciclo de cinema produzido em contextos árabes e muçulmanos –  ﻋﻳﻥ /Olhar – organizado pelo NECI/CRIA.

Público Alvo

Investigadores em ciências sociais e humanas e estudos comparativistas, membros de organizações governamentais em contextos maioritaria ou minoritariamente islâmicos, organizações governamentais e outros agentes nas áreas das relações interculturais nacionais e internacionais, agentes na área da saúde, membros do corpo diplomático, agentes do património e de gestão e animação cultural, professores, jornalistas.

Duração: 2 semestres

Horário Pós-laboral

Propinas: 1000 euros

Vagas: 25

Contactos

[email protected]

Número de créditos: 60 créditos

Local de funcionamento:

FCSH-UNL Av. Berna 26-C / 1069-061 Lisboa 

Fundação Calouste Gulbenkian

Candidaturas:

28 Maio a 20 Julho e 10 a 18 Setembro (vagas sobrantes)

Mais informações em:

http://www.fcsh.unl.pt/futuro-aluno/pos-graduacoes

Marcelo Jácome, 'O Passadiço', making of

Publicado14 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Marcelo Jácome, O Passadiço, making of.

[fotos Filipe Branquinho]

MARCELO JÁCOME (Brasil, 1980) vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde é arquiteto e urbanista. Em 2009, ingressou na EAV-Escola de Artes Visuais, do Parque Lage, onde é orientado por Iole de Freitas. Desenvolvendo a sua linguagem através da colagem e instalações, nas quais o papel é a principal matéria de trabalho, recorre às relações da reta e da curva, bidimensional e tridimensional, lugar e vazio, dentro e fora, tensão e flexão, dissolução da forma e autonomia da cor. Ao longo de sua trajetória, tem participado em projetos independentes, exposições coletivas e uma individual, no Brasil.

22 Jun 2012 – 30 Set 2012, Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, Entrada livre

Marcelo Jácome, Portfolio 

Sítio de Marcelo Jácome.

Yassine Ayari - mel7it

Publicado14 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Yassine Ayari, da Tunísia.

YASSINE AYARI (Tunísia, 1982) é engenheiro de network e segurança informática e, também, uma ativista que tem lutado pela liberdade de expressão e de internet na Tunísia. Em 2009, candidatou-se para as legislativas, como candidata independente contra o RCD (Reunião Constitucional Democrática). Em 2010, organizou - Nhar Ala Ammar, uma manifestação contra a censura na internet. Em 2011, candidatou-se para as eleições da assembleia constituinte numa lista independente. Simultaneamente, organizou o movimento "Kelmethom" exigindo que o governo desse os devidos direitos aos mártires e aos feridos da Revolução. É ainda membro fundador do Centro da Tunísia para a Justiça Tradicional.

Yassine Ayari: «L'armée n'a jamais reçu l'ordre de tirer»

Selon le blogueur et cyberactiviste Yassine Ayari, l'armée n'a jamais tenu tête à l'ex-président Ben Ali et le général Rachid Ammar n'est pas un «héros».

Ce n’est pas la première fois que l’on entend parler du blogueur et cyberactiviste tunisien Yassine Ayari. Il fait partie des internautes engagés, ces «e-militants» qui ont fait plier le régime de Ben Ali en Tunisie, en janvier dernier.

Mais s'il refait parler de lui aujourd'hui, c'est à cause d'une vidéo postée sur Facebook le dimanche 17 juillet 2011. Relayée par le site de la radio Mosaïque FM mardi 19, la séquence secoue franchement le petit pays jusqu’aux plus hauts responsables, puisqu’il remet en cause le rôle de l’armée dans la victoire du peuple tunisien sur le régime autoritaire.

Celui qui se présentait comme un «ingénieur informaticien et cyberactiviste» devant les membres de l’ONU, au côté de l'ex-secrétaire d'Etat à la Jeunesse et aux Sports, Slim Amamou et du blogueur ByLasko, n’en est pas à son premier fait d’arme sur la Toile:

«J'étais même la source officielle de plusieurs agence de presse qui n'avaient personne en Tunisie», indique-t-il sur son blog.

Dans la vidéo qui a fait polémique, Ayari revient sur la réaction de l’armée face aux ordres que lui aurait donnés l’ex-président Zine el-Abidine Ben Ali de tirer sur les manifestants. Car d’après le blogueur, ces ordres n'auraient jamais existé, et, par conséquent le refus de l’armée d'ouvrir le feu sur la foule non plus. Il expose en détail sa démarche et fait la chronologie de sa version des faits sur son dernier post, intitulé:

«L’homme qui a dit non, et qui continuera à le dire: MOI»

Selon les faits connus et relayés par les observateurs du monde entier, le chef d’état-major des armées Rachid Ammar —promu après la révolution chef d’état-major interarmées— aurait refusé l'injonction hiérarchique en répondant fermement «non» aux ordres du président Ben Ali, qui lui aurait demandé de réprimer les manifestations et de tirer sur la foule si besoin.

Selon la version officielle, le refus catégorique et courageux du général Ammar lui avait valu d’être porté en héros par les Tunisiens, puisqu’il s’était opposé au dictateur et avait placé de fait l’armée du côté de la population.

La version des faits d'un fils de colonel

Yassine Ayari démonte aujourd'hui toute la construction de cet épisode de la révolte tunisienne en révélant qu'il a créé l'histoire de toutes pièces —histoire que les médias du monde entier se sont à l'époque empressés de relayer sans plus de vérifications, tant le courage du général des armées entretenait la dimension mythique de la révolution.

Il faut en préambule rappeler que le blogueur Yassine Ayari est le fils du colonel Tahar Ayari, tombé au combat le mercredi 18 mai dernier à 200 kilomètres de la ville de Rouhia, à l’ouest de Tunis, lors d’affrontements avec des mercenaires qui seraient rattachés à la branche d’al-Qaida au Maghreb islamique (Aqmi).

Le jeune homme, qui déclare avoir «passé 25 ans de (sa) vie dans des casernes ou des cités militaires», avait en janvier 2011 bel et bien accès à des informations militaires à usage strictement interne. Il affirme donc aujourd'hui: que «l'armée n'a jamais reçu d'ordre de tirer ou d'intervenir».

Mais le 7 janvier 2011, une semaine avant la chute de Ben Ali (surnommé «ZABA»), c'est Yassine Ayari qui aurait envoyé l'histoire cousue de fil blanc au site tunisien Nawaat, en précisant au site l’origine de ses sources. Voici, toujours selon lui, le message qu’il aurait adressé à la rédaction du site:

«Ce n'était pas un mensonge, c'était une ruse»

Yassine Ayari revient dans son blog sur ce qu'il qualifie de «ruse» et sur ses intentions, et semble avoir été dépassé par les événements:

Lorsqu’il a pris la décision de raconter cette histoire inventée, le blogueur n'imaginait pas consacrer le général, cette désormais «figure publique»:

«Rachid Ammar est un général, il n'a jamais dit non ou oui, il a juste exécuté les ordres. Dire qu'il n'a pas dit non, lui enlève l'héroïsme qu'il n'a jamais prétendu avoir, mais ne fait pas de lui non plus un minable». 

Selon Ayari, Ben Ali n’entretenait pas de rapport avec l’armée, et ne se serait jamais adressé à elle pour le défendre contre son peuple:

Une question de timing

Reste que l’on s’interroge sur cette soudaine réapparition du cyberactiviste sur la scène publique. On aurait tendance à dire que, peut-être, le moment est mal choisi. En dehors du procès en cours de l’ex-président tunisien et de son clan, des enjeux économiques à la veille du ramadan ou de la crise politique, la Tunisie fait face à plusieurs conflits internes qui relancent les débats autour du processus de démocratisation:

Pourquoi dire ça maintenant [...] quand j'ai fait ce que j'ai fait, quand j'ai pris le risque, [...] je n'attendais rien en retour, absolument rien, et je voyais ça comme un devoir, [...] et je ne voulais pas l'amplifier pour avoir un poste (qu'on m'a proposé à deux reprises, gouvernement de Mohamed Ghannouchi), ni pour toute autre chose.»

Même si l’éclairage de Yassine Ayari renseigne sur une période restée floue dans l'esprit des Tunisiens, le blogueur laisse malgré tout planer les doutes quant à ces soudaines révélations, qui résonnent comme un besoin de reconnaissance et même, pour certains Tunisiens, comme un opportunisme déplacé.

«Pour résumer, je suis fier de ce que j'ai fait, si c'était à refaire, je le referais 1000 fois», conclut Ayari.

Mehdi Farhat

in Slate Afrique



mel7it ,  Blog de Yassine Ayari.

Yassine Ayari no Facebook.

Gladys - trailer

Publicado12 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Gladys é a segunda peça encenada pela atriz, dramaturga e realizadora chilena Elisa Zulueta e foi estreada em julho de 2011, no Teatro del Puente, em Santiago do Chile. 

Durante uma festa da família de Ander, no dia 6 de janeiro, que aguardava a chegada dos Reis Magos, Ian, seu filho mais velho, tem uma surpresa que irá transformar a paz desta festa de Natal. Há vinte anos que a irmã mais nova, Gladys, sofre de uma síndrome chamada de Asperger, tendo sido enviada para a América sem nenhuma razão específica ou bilhete de regresso, apesar das suas necesidades especiais, obrigando-a a desembaraçar-se sozinha. Estabelece-se em San Diego, dedicando-se à venda de t-shirts à porta do zoológico da cidade. Depois de algumas cartas enviadas, Gladys é localizada e levada de volta ao Chile para desenterrar segredos escondidos, após o exílio da sua família. Na Noite de Reis, Gladys involuntariamente vem a confrontar a sua história com a da família que tinha escolhido esquecer. Uma família aparentemente tranquila, sem problemas, mas sustentada por uma mentira de há vinte anos atrás que só agora se vem a descobrir. As verdadeiras razões para a partida de Gladys, esse segredo tão bem guardado e o olhar cego para a sua deficiência são algumas das questões que esta família terá de enfrentar. Durante a noite irá confrontar-se com aqueles que acreditam que se deve viver mantendo tudo em silêncio e com aqueles que precisam de saber quem são realmente. Duas maneiras de viver a vida: aqueles que precisam de enfrentar e viver e aqueles para os quais a ordem familiar consiste em evitar tudo o que causa sofrimento. «Gladys pretende voltar ao mais alto realismo, sem sensacionalismos cénicos, mas com as palavras e as ferramentas do ator, de volta para a verdade da vida real, dando ao público uma obra em que este se reveja, com a qual se emociona e possa refletir», disse Elisa Zulueta.

30 Jun 2012 - 22:00 | 1 Jul 2012 - 22:00

Anfiteatro ao Ar Livre

Entrada 15 €  

Danya Bashir

Publicado12 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

A Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África inicia-se a 22 de Junho com um debate em que participarão vários autores de blogs do Norte de África e Médio Oriente. Na impossibilidade de apresentar todos os autores e blogs fundamentais que  são activistas fundamentais na cena política destas regiões vamos apresentar alguns.

Hoje, Danya Bashir Hobba, da Líbia.

DANYA BASHIR HOBBA (Líbia, 1989) é autora e ativista social. Venceu duas vezes o Concurso de Empreendedorismo Jovem dos Emirados Árabes Unidos. Durante a revolução libanesa, organizou remessas de ajuda humanitária, para tratamentos médicos e necessidades básicas na Líbia. Recentemente participou na conferência “Yahoo Change Your World”, no Cairo, no painel para as mulheres revolucionárias onde discutiu o papel da comunicação social, de modo a garantir os direitos das mulheres na nova Líbia. Também foi destaque em ”20 Empowering Women to be followed on Twitter”, pela Comunidade de Mulheres Empreendedoras, e nomeada pela CNN como Agente para a Mudança.

Danya Bashir is only 20 years old, but she’s already a business owner. She is a two-time winner (the first and only female) of the United Arab Emirates Young Entrepreneurship competition, helping her launch her company “Relora,” which focuses on stress management.

But the biography on her Twitter account reveals her most lofty goal yet: “The next president of Libya.” Just last year, this seemed impossible in a country where Moammar Gadhafi’s notorious “Green Book” of political philosophy decreed that a woman’s place was in the home.

Born in Arizona and educated in the UAE, Bashir spent summers in Libya, but had limited contact with most people, even her relatives.

“My father was a political exile on the blacklist, so I wasn’t able to fully connect to the country,” she says, deeming her father her hero. “The biggest crime Gadhafi committed was corrupting people’s minds.”

During the revolution, Bashir organized shipment for medical treatment and basic needs in Libya. She says 57 percent of the population in Libya is made up of women, and they mostly played a role behind the scenes — running weapons, smuggling medicine and gathering intelligence. With the fall of Gadhafi, they are reveling in a new freedom to mobilize, but the male-dominated, tribally based society still has a long way to go. Though the country has witnessed a blossoming of dozens of nongovernmental organizations led by women, the 51-member Transitional National Council has just one female member.

“They need guidance on all fronts, we are starting from zero,” Danya says, “but the good thing about this is, people here in Libya are motivated and thirsty to learn about their rights, what it means to really be free, and how they can voice their opinions — we just need the place and people to help guide and teach us. We’ll get there.”

in CNN.

Danya Bashir Hobba no Twitter.

making of - Rulote

Publicado12 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Rulote, Nuno Viegas, 22 Jun 2012 – 30 Set 2012

(fotos de Filipe Branquinho)

A rulote interessou-me sobretudo como objeto nómada. Neste sentido, a acumulação de malas numa pequena embarcação é uma alusão aos movimentos migratórios, que tantas vezes, de forma precária e clandestina, cruzam as fronteiras reduzindo a dimensão humana a um mero valor objetual ou a um valor de carga.


Nuno Viegas

NUNO VIEGAS (Portugal, 1977) participou, em 2000, na Exposição Comemorativa do 10º Aniversário da Galeria Arte Periférica, Lisboa, e realizou a exposição de finalistas do prémio CELPA - Vieira da Silva, Fundação Arpad-Szénes/Vieira da Silva, Lisboa. Destacam-se exposições individuais na galeria Arte Periférica: “A de Animal” e “Parafernália” (2011), “Temor e tremor” (2009), “A nuvem nódoa” (2008), “O precipitado” (2006), “Lava” (2003) e “Captura” (2002). Participou nas exposições coletivas Stand Arte Periférica, em Madrid – ARCO’03, ARCO’04 e ARCO’05, no Centro de Congressos de Lisboa e na Feira Internacional de Lisboa - Arte Lisboa, entre 2001 e 2010. Em 2005, elaborou a ilustração da revista Colóquio Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.

making of - Tenda Próximo Futuro

Publicado12 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Tenda Próximo Futuro no Jardim Gulbenkian, Marisa Vinha.

MARISA VINHA (Portugal, 1973) é designer e interessa-se por Curadoria e por Arte no Espaço Público. Enquanto assistente do arquiteto Alessandro Mendini, desenhou e produziu diversas exposições itinerantes, fez projetos para empresas como Alessi, Bisazza, Cartier, Swarovski e Swatch. Participou na exposição coletiva “Toldos no jardim”, integrada no Programa Distância e Proximidade da Fundação Calouste Gulbenkian, realizou a Instalação “Framed Landescapes” para Domaine de Boisbuchet ― Vitra Design Museum, e as instalações cenográficas do programa ”Palavras daqui, dali e dacolá“ na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2010. Atualmente, os seus projetos dividem-se entre Lisboa e São Paulo.

Passe Próximo Futuro

Publicado11 Jun 2012

Etiquetas próximo futuro

Passe Próximo Futuro

Preçário / Prices

Compra de entradas 

Purchase of tickets

Concerto Inaugural/ Opening Concert   Emel Mathlouthi - €12**                                                                                     

Sessões de Cinema / Film sessions - €3***

Teatro/Theatre Praga - €5*

Teatro/Theatre “Gladys” - €15*

Concerto/Concert Med Fusion Orchester -  €12**

Teatro/ Theatre “El año en que nací” - €15*

Concerto/Concert  Kimi Djabaté - €12**

Teatro/Theatre “Bait Man” - €15*

Concerto/Concert Chelpa Ferro + Pedro Tudela - €12**

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África / Festival Of Literature And Thought Of North Africa – Entrada livre / Free Admission

Peça/Instalação / Play/Installation  (Daniela Thomas) – Entrada livre / Free admission

Tenda – Entrada livre / Free admission

Concerto/Concert “Inuksuit” – Entrada livre / Free admission

* Espetáculos de teatro para maiores de 12 anos

** Espetáculos de música para maiores de 4 anos

*** Sessões de cinema para maiores de 12 anos

Entrada gratuita para jovens até aos 10 anos no Teatro Praga

Entrada livre – não é necessário levantamento de bilhetes

*Theatre performances open to people aged 12

**Music performances open to people aged over 4 

***Film sessions open to people aged over 12

Theater Praga: Free admission for young people aged under 10

Free admission – no need to lift tickets

Passes / Subscriptions

Haverá à venda na Fundação um Passe “Próximo Futuro” que contemplará todos os espetáculos do Programa “Próximo Futuro” que decorrerão entre 22 de junho a 8 de julho 2012, com um preço fixo de: €46.80 (desconto de 60%). A data de início de compra da assinatura é dia 12 de maio até à data limite de dia 21 de junho. / There will be on sale at the Foundation a Subscription “Próximo Futuro” that will include all shows of the Program "Next Future" to be held from June 22 to July 8, 2012, with a fixed price of: €46.80. The first day for the subscription purchase is May 12 and the deadline for the subscription purchase is June 21.

Passes sujeitos à disponibilidade existente / subscriptions subject to availability.

Bilhetes avulsos / Single tickets

Os bilhetes podem ser comprados em qualquer bilheteira da Fundação ou através do site da Fundação a partir de dia 12 de maio, exceto para a venda de passes, que deverá ser feita apenas nas bilheteiras da Fundação (compras online não obrigam a levantamento de bilhetes, apenas será necessário imprimir o bilhete em formato PDF e apresentá-lo à entrada do espetáculo). / Tickets can be purchased at any of the Foundation’s ticket offices or through the Foundation’s website, starting from may 12,except for  the sale of subscriptions which should be done only at the Foundation’s ticket offices (online shopping does not require lifting tickets, you only need to print the ticket in PDF format and submit it at the entrance of the show).

Na hora que precede o início de cada espetáculo só serão vendidos bilhetes para o próprio dia./ In the hour preceding the beginning of each show, tickets will be sold only for that day.

A venda de bilhetes para o Teatro do Bairro poderá ser sempre realizada através da Fundação e/ou, do Teatro do Bairro, neste caso uma hora antes do início do espetáculo. / Ticket sales for the Teatro do Bairro can always be held at the Foundation and / or, at the Teatro do Bairro, in this case, one hour prior to the show.

Descontos / Discounts

Desconto de 30% / Discount of 30% - Maiores de 65 anos / over 65 years old

Desconto de 50% / Discount of 50% - Jovens até aos 25 anos / people aged under 25 years old

Descontos não acumuláveis / Discounts not cumulative

Sessões de Cinema / Film sessions – Preço único/ Single price

 

www.bilheteira.gulbenkian.pt

Informações / Information

[email protected]

Tel. (+351) 217 823 529

www.proximofuturo.gulbenkian.pt 

Programa sujeito a alterações

This programme may be changed without prior notice

Notas/Notes: Entrada para todos os espetáculos deve fazer-se pela porta da Rua Dr. Nicolau de Bettencourt, exceto para os espetáculos realizados no Grande Auditório - FCG, que se deverá fazer ou pela entrada do edifício central ou pela porta do “Jardim das Rosas”. / Entry to all shows should be made through the door next to Street Dr. Nicolau de Bettencourt, except for performances held in the Grande Auditório - FCG, which should be done either through the main building entrance or through the door next to the "Jardim das Rosas / Roses Garden".

BILHETEIRA / INFORMAÇÕES

TICKET OFFICE / INFORMATION

Bilheteira / Ticket Office 

Fundação Calouste Gulbenkian 

Avenida de Berna 45 A - 1067-001 Lisboa 

2ª a 6ª: 10:00 – 19:00

Tel. (+351) 21 782 3700

Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Rua Dr. Nicolau de Bettencourt - 1050-078 Lisboa 

3ª a domingo / Sunday: 10:00 – 18:00

Tel. (+351) 21 782 3474/83

e uma hora antes do início dos espetáculos.

and one hour before the start of evening performances.

Passe Próximo Futuro

Publicado6 Jun 2012

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Passe Próximo Futuro

Preçário / Prices

Compra de entradas 

Purchase of tickets

Concerto Inaugural/ Opening Concert   Emel Mathlouthi - €12**                                                                                     

Sessões de Cinema / Film sessions - €3***

Teatro/Theatre Praga - €5*

Teatro/Theatre “Gladys” - €15*

Concerto/Concert Med Fusion Orchester -  €12**

Teatro/ Theatre “El año en que nací” - €15*

Concerto/Concert  Kimi Djabaté - €12**

Teatro/Theatre “Bait Man” - €15*

Concerto/Concert Chelpa Ferro + Pedro Tudela - €12**

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África / Festival Of Literature And Thought Of North Africa – Entrada livre / Free Admission

Peça/Instalação / Play/Installation  (Daniela Thomas) – Entrada livre / Free admission

Tenda – Entrada livre / Free admission

Concerto/Concert “Inuksuit” – Entrada livre / Free admission

* Espetáculos de teatro para maiores de 12 anos

** Espetáculos de música para maiores de 4 anos

*** Sessões de cinema para maiores de 12 anos

Entrada gratuita para jovens até aos 10 anos no Teatro Praga

Entrada livre – não é necessário levantamento de bilhetes

*Theatre performances open to people aged 12

**Music performances open to people aged over 4 

***Film sessions open to people aged over 12

Theater Praga: Free admission for young people aged under 10

Free admission – no need to lift tickets

Passes / Subscriptions

Haverá à venda na Fundação um Passe “Próximo Futuro” que contemplará todos os espetáculos do Programa “Próximo Futuro” que decorrerão entre 22 de junho a 8 de julho 2012, com um preço fixo de: €46.80 (desconto de 60%). A data de início de compra da assinatura é dia 12 de maio até à data limite de dia 21 de junho. / There will be on sale at the Foundation a Subscription “Próximo Futuro” that will include all shows of the Program "Next Future" to be held from June 22 to July 8, 2012, with a fixed price of: €46.80. The first day for the subscription purchase is May 12 and the deadline for the subscription purchase is June 21.

Passes sujeitos à disponibilidade existente / subscriptions subject to availability.

Bilhetes avulsos / Single tickets

Os bilhetes podem ser comprados em qualquer bilheteira da Fundação ou através do site da Fundação a partir de dia 12 de maio, exceto para a venda de passes, que deverá ser feita apenas nas bilheteiras da Fundação (compras online não obrigam a levantamento de bilhetes, apenas será necessário imprimir o bilhete em formato PDF e apresentá-lo à entrada do espetáculo). / Tickets can be purchased at any of the Foundation’s ticket offices or through the Foundation’s website, starting from may 12,except for  the sale of subscriptions which should be done only at the Foundation’s ticket offices (online shopping does not require lifting tickets, you only need to print the ticket in PDF format and submit it at the entrance of the show).

Na hora que precede o início de cada espetáculo só serão vendidos bilhetes para o próprio dia./ In the hour preceding the beginning of each show, tickets will be sold only for that day.

A venda de bilhetes para o Teatro do Bairro poderá ser sempre realizada através da Fundação e/ou, do Teatro do Bairro, neste caso uma hora antes do início do espetáculo. / Ticket sales for the Teatro do Bairro can always be held at the Foundation and / or, at the Teatro do Bairro, in this case, one hour prior to the show.

Descontos / Discounts

Desconto de 30% / Discount of 30% - Maiores de 65 anos / over 65 years old

Desconto de 50% / Discount of 50% - Jovens até aos 25 anos / people aged under 25 years old

Descontos não acumuláveis / Discounts not cumulative

Sessões de Cinema / Film sessions – Preço único/ Single price

 

www.bilheteira.gulbenkian.pt

Informações / Information

[email protected]

Tel. (+351) 217 823 529

www.proximofuturo.gulbenkian.pt 

Programa sujeito a alterações

This programme may be changed without prior notice

Notas/Notes: Entrada para todos os espetáculos deve fazer-se pela porta da Rua Dr. Nicolau de Bettencourt, exceto para os espetáculos realizados no Grande Auditório - FCG, que se deverá fazer ou pela entrada do edifício central ou pela porta do “Jardim das Rosas”. / Entry to all shows should be made through the door next to Street Dr. Nicolau de Bettencourt, except for performances held in the Grande Auditório - FCG, which should be done either through the main building entrance or through the door next to the "Jardim das Rosas / Roses Garden".

BILHETEIRA / INFORMAÇÕES

TICKET OFFICE / INFORMATION

Bilheteira / Ticket Office 

Fundação Calouste Gulbenkian 

Avenida de Berna 45 A - 1067-001 Lisboa 

2ª a 6ª: 10:00 – 19:00

Tel. (+351) 21 782 3700

Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Rua Dr. Nicolau de Bettencourt - 1050-078 Lisboa 

3ª a domingo / Sunday: 10:00 – 18:00

Tel. (+351) 21 782 3474/83

e uma hora antes do início dos espetáculos.

and one hour before the start of evening performances.

Passe Próximo Futuro

Publicado1 Jun 2012

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Passe Próximo Futuro

Preçário / Prices

Compra de entradas 

Purchase of tickets

Concerto Inaugural/ Opening Concert   Emel Mathlouthi - €12**                                                                                     

Sessões de Cinema / Film sessions - €3***

Teatro/Theatre Praga - €5*

Teatro/Theatre “Gladys” - €15*

Concerto/Concert Med Fusion Orchester -  €12**

Teatro/ Theatre “El año en que nací” - €15*

Concerto/Concert  Kimi Djabaté - €12**

Teatro/Theatre “Bait Man” - €15*

Concerto/Concert Chelpa Ferro + Pedro Tudela - €12**

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África / Festival Of Literature And Thought Of North Africa – Entrada livre / Free Admission

Peça/Instalação / Play/Installation  (Daniela Thomas) – Entrada livre / Free admission

Tenda – Entrada livre / Free admission

Concerto/Concert “Inuksuit” – Entrada livre / Free admission

* Espetáculos de teatro para maiores de 12 anos

** Espetáculos de música para maiores de 4 anos

*** Sessões de cinema para maiores de 12 anos

Entrada gratuita para jovens até aos 10 anos no Teatro Praga

Entrada livre – não é necessário levantamento de bilhetes

*Theatre performances open to people aged 12

**Music performances open to people aged over 4 

***Film sessions open to people aged over 12

Theater Praga: Free admission for young people aged under 10

Free admission – no need to lift tickets

Passes / Subscriptions

Haverá à venda na Fundação um Passe “Próximo Futuro” que contemplará todos os espetáculos do Programa “Próximo Futuro” que decorrerão entre 22 de junho a 8 de julho 2012, com um preço fixo de: €46.80 (desconto de 60%). A data de início de compra da assinatura é dia 12 de maio até à data limite de dia 21 de junho. / There will be on sale at the Foundation a Subscription “Próximo Futuro” that will include all shows of the Program "Next Future" to be held from June 22 to July 8, 2012, with a fixed price of: €46.80. The first day for the subscription purchase is May 12 and the deadline for the subscription purchase is June 21.

Passes sujeitos à disponibilidade existente / subscriptions subject to availability.

Bilhetes avulsos / Single tickets

Os bilhetes podem ser comprados em qualquer bilheteira da Fundação ou através do site da Fundação a partir de dia 12 de maio, exceto para a venda de passes, que deverá ser feita apenas nas bilheteiras da Fundação (compras online não obrigam a levantamento de bilhetes, apenas será necessário imprimir o bilhete em formato PDF e apresentá-lo à entrada do espetáculo). / Tickets can be purchased at any of the Foundation’s ticket offices or through the Foundation’s website, starting from may 12,except for  the sale of subscriptions which should be done only at the Foundation’s ticket offices (online shopping does not require lifting tickets, you only need to print the ticket in PDF format and submit it at the entrance of the show).

Na hora que precede o início de cada espetáculo só serão vendidos bilhetes para o próprio dia./ In the hour preceding the beginning of each show, tickets will be sold only for that day.

A venda de bilhetes para o Teatro do Bairro poderá ser sempre realizada através da Fundação e/ou, do Teatro do Bairro, neste caso uma hora antes do início do espetáculo. / Ticket sales for the Teatro do Bairro can always be held at the Foundation and / or, at the Teatro do Bairro, in this case, one hour prior to the show.

Descontos / Discounts

Desconto de 30% / Discount of 30% - Maiores de 65 anos / over 65 years old

Desconto de 50% / Discount of 50% - Jovens até aos 25 anos / people aged under 25 years old

Descontos não acumuláveis / Discounts not cumulative

Sessões de Cinema / Film sessions – Preço único/ Single price

 

www.bilheteira.gulbenkian.pt

Informações / Information

[email protected]

Tel. (+351) 217 823 529

www.proximofuturo.gulbenkian.pt 

Programa sujeito a alterações

This programme may be changed without prior notice

Notas/Notes: Entrada para todos os espetáculos deve fazer-se pela porta da Rua Dr. Nicolau de Bettencourt, exceto para os espetáculos realizados no Grande Auditório - FCG, que se deverá fazer ou pela entrada do edifício central ou pela porta do “Jardim das Rosas”. / Entry to all shows should be made through the door next to Street Dr. Nicolau de Bettencourt, except for performances held in the Grande Auditório - FCG, which should be done either through the main building entrance or through the door next to the "Jardim das Rosas / Roses Garden".

BILHETEIRA / INFORMAÇÕES

TICKET OFFICE / INFORMATION

Bilheteira / Ticket Office 

Fundação Calouste Gulbenkian 

Avenida de Berna 45 A - 1067-001 Lisboa 

2ª a 6ª: 10:00 – 19:00

Tel. (+351) 21 782 3700

Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Rua Dr. Nicolau de Bettencourt - 1050-078 Lisboa 

3ª a domingo / Sunday: 10:00 – 18:00

Tel. (+351) 21 782 3474/83

e uma hora antes do início dos espetáculos.

and one hour before the start of evening performances.

Passe Próximo Futuro

Publicado28 Mai 2012

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Compra de entradas 

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Concerto Inaugural/ Opening Concert   Emel Mathlouthi - €12**                                                                                     

Sessões de Cinema / Film sessions - €3***

Teatro/Theatre Praga - €5*

Teatro/Theatre “Gladys” - €15*

Concerto/Concert Med Fusion Orchester -  €12**

Teatro/ Theatre “El año en que nací” - €15*

Concerto/Concert  Kimi Djabaté - €12**

Teatro/Theatre “Bait Man” - €15*

Concerto/Concert Chelpa Ferro + Pedro Tudela - €12**

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África / Festival Of Literature And Thought Of North Africa – Entrada livre / Free Admission

Peça/Instalação / Play/Installation  (Daniela Thomas) – Entrada livre / Free admission

Tenda – Entrada livre / Free admission

Concerto/Concert “Inuksuit” – Entrada livre / Free admission

* Espetáculos de teatro para maiores de 12 anos

** Espetáculos de música para maiores de 4 anos

*** Sessões de cinema para maiores de 12 anos

Entrada gratuita para jovens até aos 10 anos no Teatro Praga

Entrada livre – não é necessário levantamento de bilhetes

*Theatre performances open to people aged 12

**Music performances open to people aged over 4 

***Film sessions open to people aged over 12

Theater Praga: Free admission for young people aged under 10

Free admission – no need to lift tickets

Passes / Subscriptions

Haverá à venda na Fundação um Passe “Próximo Futuro” que contemplará todos os espetáculos do Programa “Próximo Futuro” que decorrerão entre 22 de junho a 8 de julho 2012, com um preço fixo de: €46.80 (desconto de 60%). A data de início de compra da assinatura é dia 12 de maio até à data limite de dia 21 de junho. / There will be on sale at the Foundation a Subscription “Próximo Futuro” that will include all shows of the Program "Next Future" to be held from June 22 to July 8, 2012, with a fixed price of: €46.80. The first day for the subscription purchase is May 12 and the deadline for the subscription purchase is June 21.

Passes sujeitos à disponibilidade existente / subscriptions subject to availability.

Bilhetes avulsos / Single tickets

Os bilhetes podem ser comprados em qualquer bilheteira da Fundação ou através do site da Fundação a partir de dia 12 de maio, exceto para a venda de passes, que deverá ser feita apenas nas bilheteiras da Fundação (compras online não obrigam a levantamento de bilhetes, apenas será necessário imprimir o bilhete em formato PDF e apresentá-lo à entrada do espetáculo). / Tickets can be purchased at any of the Foundation’s ticket offices or through the Foundation’s website, starting from may 12,except for  the sale of subscriptions which should be done only at the Foundation’s ticket offices (online shopping does not require lifting tickets, you only need to print the ticket in PDF format and submit it at the entrance of the show).

Na hora que precede o início de cada espetáculo só serão vendidos bilhetes para o próprio dia./ In the hour preceding the beginning of each show, tickets will be sold only for that day.

A venda de bilhetes para o Teatro do Bairro poderá ser sempre realizada através da Fundação e/ou, do Teatro do Bairro, neste caso uma hora antes do início do espetáculo. / Ticket sales for the Teatro do Bairro can always be held at the Foundation and / or, at the Teatro do Bairro, in this case, one hour prior to the show.

Descontos / Discounts

Desconto de 30% / Discount of 30% - Maiores de 65 anos / over 65 years old

Desconto de 50% / Discount of 50% - Jovens até aos 25 anos / people aged under 25 years old

Descontos não acumuláveis / Discounts not cumulative

Sessões de Cinema / Film sessions – Preço único/ Single price

 

www.bilheteira.gulbenkian.pt

Informações / Information

[email protected]

Tel. (+351) 217 823 529

www.proximofuturo.gulbenkian.pt 

Programa sujeito a alterações

This programme may be changed without prior notice

Notas/Notes: Entrada para todos os espetáculos deve fazer-se pela porta da Rua Dr. Nicolau de Bettencourt, exceto para os espetáculos realizados no Grande Auditório - FCG, que se deverá fazer ou pela entrada do edifício central ou pela porta do “Jardim das Rosas”. / Entry to all shows should be made through the door next to Street Dr. Nicolau de Bettencourt, except for performances held in the Grande Auditório - FCG, which should be done either through the main building entrance or through the door next to the "Jardim das Rosas / Roses Garden".

BILHETEIRA / INFORMAÇÕES

TICKET OFFICE / INFORMATION

Bilheteira / Ticket Office 

Fundação Calouste Gulbenkian 

Avenida de Berna 45 A - 1067-001 Lisboa 

2ª a 6ª: 10:00 – 19:00

Tel. (+351) 21 782 3700

Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Rua Dr. Nicolau de Bettencourt - 1050-078 Lisboa 

3ª a domingo / Sunday: 10:00 – 18:00

Tel. (+351) 21 782 3474/83

e uma hora antes do início dos espetáculos.

and one hour before the start of evening performances.

Passe Próximo Futuro

Publicado22 Mai 2012

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Concerto Inaugural/ Opening Concert   Emel Mathlouthi - €12**                                                                                     

Sessões de Cinema / Film sessions - €3***

Teatro/Theatre Praga - €5*

Teatro/Theatre “Gladys” - €15*

Concerto/Concert Med Fusion Orchester -  €12**

Teatro/ Theatre “El año en que nací” - €15*

Concerto/Concert  Kimi Djabaté - €12**

Teatro/Theatre “Bait Man” - €15*

Concerto/Concert Chelpa Ferro + Pedro Tudela - €12**

Festa da Literatura e do Pensamento do Norte de África / Festival Of Literature And Thought Of North Africa – Entrada livre / Free Admission

Peça/Instalação / Play/Installation  (Daniela Thomas) – Entrada livre / Free admission

Tenda – Entrada livre / Free admission

Concerto/Concert “Inuksuit” – Entrada livre / Free admission

* Espetáculos de teatro para maiores de 12 anos

** Espetáculos de música para maiores de 4 anos

*** Sessões de cinema para maiores de 12 anos

Entrada gratuita para jovens até aos 10 anos no Teatro Praga

Entrada livre – não é necessário levantamento de bilhetes

*Theatre performances open to people aged 12

**Music performances open to people aged over 4 

***Film sessions open to people aged over 12

Theater Praga: Free admission for young people aged under 10

Free admission – no need to lift tickets

Passes / Subscriptions

Haverá à venda na Fundação um Passe “Próximo Futuro” que contemplará todos os espetáculos do Programa “Próximo Futuro” que decorrerão entre 22 de junho a 8 de julho 2012, com um preço fixo de: €46.80 (desconto de 60%). A data de início de compra da assinatura é dia 12 de maio até à data limite de dia 21 de junho. / There will be on sale at the Foundation a Subscription “Próximo Futuro” that will include all shows of the Program "Next Future" to be held from June 22 to July 8, 2012, with a fixed price of: €46.80. The first day for the subscription purchase is May 12 and the deadline for the subscription purchase is June 21.

Passes sujeitos à disponibilidade existente / subscriptions subject to availability.

Bilhetes avulsos / Single tickets

Os bilhetes podem ser comprados em qualquer bilheteira da Fundação ou através do site da Fundação a partir de dia 12 de maio, exceto para a venda de passes, que deverá ser feita apenas nas bilheteiras da Fundação (compras online não obrigam a levantamento de bilhetes, apenas será necessário imprimir o bilhete em formato PDF e apresentá-lo à entrada do espetáculo). / Tickets can be purchased at any of the Foundation’s ticket offices or through the Foundation’s website, starting from may 12,except for  the sale of subscriptions which should be done only at the Foundation’s ticket offices (online shopping does not require lifting tickets, you only need to print the ticket in PDF format and submit it at the entrance of the show).

Na hora que precede o início de cada espetáculo só serão vendidos bilhetes para o próprio dia./ In the hour preceding the beginning of each show, tickets will be sold only for that day.

A venda de bilhetes para o Teatro do Bairro poderá ser sempre realizada através da Fundação e/ou, do Teatro do Bairro, neste caso uma hora antes do início do espetáculo. / Ticket sales for the Teatro do Bairro can always be held at the Foundation and / or, at the Teatro do Bairro, in this case, one hour prior to the show.

Descontos / Discounts

Desconto de 30% / Discount of 30% - Maiores de 65 anos / over 65 years old

Desconto de 50% / Discount of 50% - Jovens até aos 25 anos / people aged under 25 years old

Descontos não acumuláveis / Discounts not cumulative

Sessões de Cinema / Film sessions – Preço único/ Single price

 

www.bilheteira.gulbenkian.pt

Informações / Information

[email protected]

Tel. (+351) 217 823 529

www.proximofuturo.gulbenkian.pt 

Programa sujeito a alterações

This programme may be changed without prior notice

Notas/Notes: Entrada para todos os espetáculos deve fazer-se pela porta da Rua Dr. Nicolau de Bettencourt, exceto para os espetáculos realizados no Grande Auditório - FCG, que se deverá fazer ou pela entrada do edifício central ou pela porta do “Jardim das Rosas”. / Entry to all shows should be made through the door next to Street Dr. Nicolau de Bettencourt, except for performances held in the Grande Auditório - FCG, which should be done either through the main building entrance or through the door next to the "Jardim das Rosas / Roses Garden".

BILHETEIRA / INFORMAÇÕES

TICKET OFFICE / INFORMATION

Bilheteira / Ticket Office 

Fundação Calouste Gulbenkian 

Avenida de Berna 45 A - 1067-001 Lisboa 

2ª a 6ª: 10:00 – 19:00

Tel. (+351) 21 782 3700

Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão

Rua Dr. Nicolau de Bettencourt - 1050-078 Lisboa 

3ª a domingo / Sunday: 10:00 – 18:00

Tel. (+351) 21 782 3474/83

e uma hora antes do início dos espetáculos.

and one hour before the start of evening performances.

"cultura contemporânea africana" em debate: 29 de Setembro

No próximo dia 29 de Setembro (5.ª f), às 18h30, haverá um "apontamento musical" com Celina Pereira, seguido de mesa-redonda sobre "Cultura Contemporânea Africana", contando com as seguintes participações: Celina Pereira (cantora caboverdiana); Filinto Elísio (escritor, poeta caboverdiano); Lúcia Marques (assistente do Programa Gulbenkian Próximo Futuro); Marta Lança (co-fundadora e editora do Buala); Joana Peres (directora artística e coreográfica da Allantantou Dance Company, Portugal); José António Fernandes Dias (responsável pelo AFRICA.CONT).

 

"Esta mesa redonda/tertúlia tem como objectivo promover a reflexão e o diálogo em torno da produção cultural africana na contemporaneidade, em particular nos países de língua oficial portuguesa, bem como debater as múltiplas formas de relacionamento entre cultura africana e cultura ocidental.

(...)

O Museu de São Roque da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa celebra a cultura africana, dedicando-lhe um evento de quatro dias ao longo dos quais a música, a dança, a poesia e o teatro animarão o claustro e as salas do museu. Este evento inclui, ainda, um ciclo de cinema documental, uma mesa redonda dedicada à temática da cultura contemporânea africana e degustação de comida africana. Os mais pequenos não foram esquecidos. Para eles, decorrerão oficinas de danças africanas e de construção de brinquedos com desperdícios. (...)"

Mais informações, no website do próprio Museu de São Roque.

"Arriscar aquilo que abre caminhos": conversa com o programador-geral do PRÓXIMO FUTURO

Breve vislumbre do artigo "Arriscar aquilo que abre caminhos, conversa com António Pinto Ribeiro", por Marta Lança no BUALA.

ML: Como passa da dança para as questões interculturais e pós-coloniais?

APR: A relação não é directa nem casual. Acontece que, depois da minha formação em Filosofia e em especial Estética, fui convidado para criar um campo de estudos teóricos na recentíssima Escola Superior de Dança. Aceitei e pensei “vamos lá estudar”. E foram anos de leituras compulsivas sobre tudo o que havia sobre dança, corpo, coreografia. Poderia ter sido cinema, literatura, artes visuais, teatro que foram sempre áreas do meu interesse. A dança funcionou durante anos como a ponta de um iceberg. Depois, uma enorme curiosidade que me é própria, levou-me a ver espectáculos, filmes, concertos que não eram necessariamente da tradição ocidental e branca, o fascínio pelo continente africano e pelas questões de cultura e de ideologia a elas associadas conduziram-me ao multiculturalismo; inicialmente, diga-se, de uma forma muito inocente.

ML: É o seu método de trabalho, uma curiosidade de abertura ao mundo?

APR: Mais do que método, é uma forma de estar que tem consequências muito produtivas. Mas também estou em crer que, a determinada altura, uma certa fisicalidade e corporalidade presentes nestas experiências evocaram a minha infância e adolescência em África, o que me motivaria a revisitar alguns países africanos.

(...)

ML: E parece-me que incluir reflexão e não apenas divulgação é uma linha muito sua… Sempre se interessou por cruzar o mundo teórico com propostas artísticas?

APR: Acho essencial, em todas as instituições, que a linha de programação seja comunicada. No meu entender a programação cultural decorre de um contrato entre os públicos e os artistas ou os autores. O programador é um mediador mas, nesse contrato que faz, deve anunciar aos parceiros a sua missão, as suas opções e a razão das mesmas. A programação cultural baseia-se numa linha de argumentação cujo destinatário é um auditório tendencialmente universal. Por outro lado, os públicos devem ter acesso a chaves de aproximação ao que lhes é apresentado, o seu modo original de produção, se já foi apresentado noutro contexto, etc. Torna tudo muito mais claro e resgata a legitimidade que não se tem se não for devidamente informado. Isso pode ser feito de forma interessante e criativa. A programação cultural é uma actividade fascinante que tem tanto de risco como de fruição e de partilha raras. Mas exige uma atenção permanente e um cuidado com os públicos, artistas, formadores de massa crítica e uma vigilância permanente sobre o poder que se adquire nesta actividade. É fulcral uma auto-crítica permanente que não permita que se substitua ao artista nem ao público, sem contudo ceder a gostos massificadores ou à pressão daqueles que acham que representam os artistas.

(...)

ML: O que é para si a verdadeira interculturalidade? 

APR: No mais vasto conceito, a interculturalidade pode constituir uma estratégia de negociação cultural que conduz à construção de um projecto político de transformação das sociedades multiculturais. E alguns equívocos ou afirmações demagógicas são desde já de evitar. O primeiro de todos é o de que a cultura e pela cultura se resolvem os conflitos e os antagonismos. Nada de mais errado. A cultura pode constituir uma plataforma de aproximação, um modo negocial, mas nunca resolverá os grandes antagonismos, as grandes diferenças de interesses. Em caso algum, devemos pois deslocar para a cultura os problemas específicos das esferas da política, da economia e da religião. O segundo equívoco é pensar que a cultura é um bem e que, per si, contagia de bondade toda a acção humana. No que uma estratégia intercultural pode ser útil é no esclarecimento, tornando claros os conflitos e as suas razões, mas nem sempre eliminando-os. Aliás, a interculturalidade não pressupõe um reino definitivo da paz, inclui sim a possibilidade de tensão desejavelmente produtiva. Um último equívoco que se coloca é o que tende a divorciar os fundamentos culturais dos religiosos ou, pelo contrário, reduzir ao religioso. Desde T.S. Elliot pelo menos, que devemos saber que as culturas estão impregnadas de religião, o que se reflecte na produção cultural. E é assim que podemos falar de uma cultura cristã, presente mesmo em autores laicos, ou de artistas hindus e que, portanto, a interculturalidade transporta sempre traços de interreligiosidade.

Um quarto é aquele que concebe o interculturalismo como um diálogo entre blocos culturais homogéneos, em que todos os membros de uma cultura se identificam de uma forma absoluta. Na verdade, não existem blocos culturais homogéneos, e na mesma região cultural há ricos e pobres, mulheres e homens. E as pessoas identificam-se e agrupam-se também por clubes, orientações sexuais, associações profissionais, o que permite, por um lado, estabelecer pontes de comunicação entre regiões culturais diferentes e, por outro, encontrar fissuras entre membros das mesmas regiões.

A interculturalidade não é, pois, uma ideologia. Como estratégia, é uma forma inovadora de conviver e co-habitar nas sociedades contemporâneas, com a diversidade de grupos culturais e étnicos. De algum modo, é o estado mais evoluído da democracia mas, tal como esta, exige uma construção permanente e diária. É importante reconhecer igualmente que a interculturalidade faz-se a partir de vários pontos de partida, e não pode resultar de uma legislação ou normatização regrada apenas pela comunidade que acolhe. Supõe, por isso, uma negociação cultural cujo limite é a rejeição de todo e qualquer sofrimento infringido a alguém, a exclusão social, religiosa ou sexual.

Finalmente, tanto ou mais importante do que o já existente património cultural das diásporas, é admitir e até estimular a combinação cultural e o sincretismo que constituem o melhor índice de interculturalidade contemporânea. Só uma prática cultural e um programa político que combata o ressentimento face ao passado e privilegie o futuro tem a ver com a interculturalidade e a sua prática.

(...)

ML: Os Centros Culturais, provenientes do período cultural, enquanto mecanismos de controlo, de representações nacionalistas e promoção da língua, em alguns casos conseguiram transformar-se em plataformas interessantes de produção articuladas com artistas locais, mas é muito raro, porquê?

APR: O que acontece na maior parte das situações em África é que os grandes centros culturais das cidades são a única coisa que existe, então a responsabilidade é grande. Depende muito do director do centro: quando as pessoas são activas, interessadas, inteligentes, cultas as coisas correm bem. São as únicas plataformas possíveis de entendimento entre os artistas e intelectuais que lá se encontram e o lugar para apresentar produção local. Acho fulcral que os Centros Culturais Portugueses, por exemplo, possam apresentar programações de França ou Itália como o reverso também deve ser válido pois, afinal, são o lugar de apresentação das produções africanas. Não é o que acontece, normalmente sã o coisas bacocas, nacionalistas e anacrónicas. Nos casos dos Centros Portugueses as pessoas estão lá há 15 anos sem relação com a cultura contemporânea portuguesa a representar uma portugalidade que só existe na cabeça deles, e sempre se sentiram estranhos no país onde estão. Com excepções, é certo.

ML: Isto parte de um problema maior de não haver articulação, nem estratégia, nem investimento. Como experiências interessantes, refere o caso da política cultural brasileira. O que temos a aprender com o Brasil nesse capítulo?

APR: Imenso, a capacidade que eles tiveram de criar organizações intermédias entre as grandes instituições e o nada. Os Pontos de Cultura foram das coisas mais interessantes pois correspondem à escala do lugar onde foram instalados, às necessidades com um elevado grau de exigência.

(...)

ML: Voltando à sua programação, continua a equilibrar a produção europeia com estes estímulos de fora, que nos fazem repensar o nosso próprio esgotamento criativo.

APR: Acho que é muito estimulante. Houve uma fase em que a programação era para dar visibilidade a produções não europeias que mereciam ser vistas. Essa fase foi bem cumprida. Mas queria que concebêssemos como um lugar em que se criasse coisas novas a partir do que já foi a sua História, já não se trata de montra e mostra, implica ter um público e comunidade de artistas que olhe para isto de uma maneira diferente. Estou muito grato com o facto de o jardim Gulbenkian se ter tornado lugar de deleite de chineses, ucranianos, e que pessoas muito jovens tenham perdido o medo de frequentar lugares de cultura. 

(...)

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