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Outras Literaturas: Banda Desenhada, Policial e Ficção Científica: podcasts

Publicado1 Jun 2015

Etiquetas Outras Literaturas Podcast

O Ciclo "Outras Literaturas: Banda Desenhada, Policial e Ficção Científica" decorreu no Próximo Futuro nos passados 15 e 16 de Maio, juntando autores nacionais e internacionais dos respectivos géneros. Agora é possível revisitar estas conversas, disponíveis em podcast.

BANDA DESENHADA

"Outras Literaturas: Banda Desenhada", com Anton Kannemeyer, Posy Simmonds e Marcelo D'Salete, moderação de Pedro Moura

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87256004

POLICIAL

"Outras Literaturas: Policial", com Cláudia Piñeiro, Florent Couao-Zotti e Raphael Montes, moderação de Gonçalo Villas-Boas

Gonçalo Vilas-Boas + Cláudia Piñeiro

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87349276

Gonçalo Vilas-Boas + Florent Couao-Zotti e Raphael Montes

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87352089

FICÇÃO CIENTÍFICA

"Outras Literaturas: Ficção Científica", com Fábio Fernandes, João Barreiros e Lauren Beukes, moderação de Fátima Vieira

Fátima Vieira + Fábio Fernandes + João Barreiros

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87364377

 

Fátima Vieira + Lauren Beukes I

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87375278

 

Fátima Vieira + Lauren Beukes II

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87379971

 

Fátima Vieira + 3 guest speakers

http://livestream.com/fcglive/20150515ObservatorioOutrasLiteraturas/videos/87381902

 

Tamara Drew, de Posy Simmonds, por Pedro Moura

Posy Simmonds é uma das convidadas do encontro do Próximo Futuro "Outras Literaturas: Banda Desenhada" no próximo dia 15 de Maio, na Fundação Calouste Gulbenkian. Um dos nomes mais aclamados de novelas gráficas, assinou  Gemma Bovery (1999) e Tamara Drewe (2006), esta última distinguida em 2008 com o Essentiel d’Angoulême, o Prix des Critiques e uma nomeação para o Eisner Award. Ambas as novelas gráficas foram adaptadas ao cinema. Pedro Moura, moderador da sessão, escreve sobre a autora e Tamara Drew, no blogue Ler BD:

Este livro, de banda desenhada, para além das naturais cenas, isto é, os eventos representados nas mais normalizadas estratégias da banda desenhada (imagem), apresenta ainda trechos de texto (recitativos) assaz longos, como se tivessem sido retirados de um diário, de um longo pensamento como acontece nos textos literários, ou de um momento de interlocução directa com as personagens do livro, inseridos nas pranchas. Essa é uma das características do trabalho de Simmonds já presente no livro anterior, Gemma Bovery, característica que coloca estes livros num campo entre o da banda desenhada e o da literatura, quer a ilustrada quer atout court. Não acontece o mesmo que em Hugo Cabret de Selznik, onde a estranheza é mais complexa; digamos que há uma maior inércia em incluirTamara Drewe na banda desenhada ainda que existam estas estratégias algo estranhas – mas não inéditas, pois basta pensar na história desta linguagem para nos apercebemos que nem sempre a banda desenhada seguiu a mesma maneira de transmitir a parte textual, com legendas minimizadas e balões, mas empregando grandes blocos de texto “externo” à imagem. 

Se Gemma Bovery estabelecia laços estreitos e a vários níveis com Madame Bovary, de Flaubert, Tamara Drewe acaba por se revelar como tendo afinidade com outros universos ficcionais, mas Far from the Madding Crowd, de Thomas Hardy, é, poder-se-á dizer, a fonte explícita deste livro: é a primeira informação textual que se lê no interior do texto, tratando-se do título do anúncio do retiro de escritores, no campo, em torno do qual toda a acção se desenha; a trama desse romance é em tudo idêntica, ainda que nos seus mais gerais contornos, com a desta banda desenhada – a chegada de uma mulher jovem, cosmopolita e sedutora, estranha àquela vila, seduzindo o jovem rural que é menos polido nos negócios do amor; seduzindo outros homens e instigando contínuas atribulações entre rivais; a “pintura”, como se costuma dizer, da vida rural mas revelando o seu aspecto mais prosaico e até violento em vez de o empregar enquanto paisagem bucólica; a típica tensão entre as pulsões do amor e da morte... É como se Posy Simmonds escolhesse – e não o escondesse, mais, o revelasse mesmo, tornando-se parte do jogo intertextual explícito – uma obra de literatura conhecida, a reduzisse à sua estrutura actancial (à la Greimas) e depois a preenchesse com novos elementos, mais próximos da experiência contemporânea, quer em termos civilizacionais quer em termos sociais, para nos ofertar uma nova versão dessa antiga história. Desse modo, revela aquela ideia feita de que um clássico é sempre legível de novo de um novo modo, e de que existem estruturas ou ideias que podem ser repetidas porque farão parte intrínseca da experiência humana. Por outro lado, as semelhanças entre Bovery e Drewe são em termos de estilo, o que não poderá constituir matéria nem de surpresa nem de desagrado.

O texto completo, aqui

Claudia Piñeiro, convidada de Outras Literaturas, em entrevista

Claudia Piñeiro é uma das convidadas do encontro do Próximo Futuro dedicado à Literatura Policial, que acontece já no próximo dia 16 de Maio. A autora argentina, que assinou“Las viudas de los jueves” e "Una suerte pequeña”, deu recentemente uma entrevista à Revista "N" da Clarín

La muerte la persigue. Aunque no quiera o jure que se le cruza sin premeditación ni alevosía, a Claudia Piñeiro la muerte le tira. Se le impone en sus ficciones, pero también en la vida real, como cuando en octubre del año pasado un delirante agregó en su biografía de Wikipedia una fecha para su epitafio: 26 de noviembre de 2014 a las 16.45, justo cuando ella se estaba recuperando de una trombosis que la tuvo internada durante diez días. En otro octubre, pero de hace exactamente diez años, los tres muertos aparecidos en la pileta de un country en Las viudas de los jueves –con la que en 2005 ganó el Premio Clarín de Novela– la empujaron hasta este presente que hoy la ubica como una de las autoras más leídas y traducidas de la narrativa argentina actual, y una de las latinoamericanas con mayor proyección internacional. Todos sus muertos –los de aquel libro consagratorio y los que vendrían después– se multiplicaron en las versiones cinematográficas de sus novelas, incluido el reciente estreno de Tuya , un thriller doméstico que en orden cronológico marca la aparición de su primer cadáver literario.

O artigo completo em Claudia Piñeiro, la dama del suspenso

Uma vida em desenhos: Posy Simmonds, no The Guardian

Publicado20 Abr 2015

Etiquetas Posy Simmonds Outras Literaturas banda desenhada

Posy Simmonds (n. 1945, Reino Unido) é uma autora que tem trabalhado desde o final dos anos 1970 em várias tiras de Banda Desenhada publicadas em jornais. Dessa forma, inscreve-se numa longa tradição, da Banda Desenhada e da Literatura, associada aos processos de serialização do século XIX e a uma dimensão de sátira social e política. Simmonds tem uma mão-cheia de livros infantis no seu currículo, mas a atenção crítica para com a sua obra centra-se sobretudo nas vinhetas e novelas que cria em torno de uma certa classe social endinheirada e letrada do Reino Unido contemporâneo. No seio de The Guardian, ela criou duas narrativas de fôlego, em torno de mulheres cosmopolitas, educadas, melancólicas, sensuais mas mal-amadas, e que tentam reencontrar-se, como se costuma dizer, ao mudarem-se para o campo,  onde, no entanto, encontram outros obstáculos: Gemma Bovery (2005), uma reapropriação livre da mais famosa personagem de Flaubert, e Tamara Drewe (2008), baseado num dos romances de Thomas Hardy, (e que seria adaptado ao cinema). Trabalhos mais curtos seriam coligidos em Literary Life (2003).

Pedro Moura, Moderador de "Outras Literaturas: Banda Desenhada"

Em 2010, a propósito da estreia do filme que adapta Tamara Drew em Cannes, o jornal The Guardian fala com a autora:

A couple of months ago Posy Simmonds found herself ensconced in a French hotel suite for 48 hours being interviewed, almost continuously, by TV and radio stations. She was talking about the film version of her graphic novel Tamara Drewe, which was then about to premiere at Cannes and is now about to open in London. Her French is very good, but she still brushed up on her vocabulary to anticipate a few likely questions. "I thought they'd ask what was my favourite scene and so I prepared two answers: the attempt to get the goats to mate – 'couplement des chèvres' – which in fact didn't make the final cut, and the 'lulling the spouse' scene – 'endormir l'épouse' – which did."

"Lulling the spouse" was a tactic devised by the detective novelist and inveterate philanderer Nicholas Hardiman, who, along with his long suffering wife Beth, runs the rural writers' colony at the heart of Tamara Drewe. "Behind it is the idea that to avoid suspicion, you must first arouse it," Simmonds laughs. "So you tell the spouse, rather unconvincingly, that, unexpectedly, you're going to be very late this evening and you'll be at mutual friend X's house. And then you actually are at X's house when the anxious spouse rings up, which rather puts them off checking up on you again for a while."

O texto completo em A life in drawing: Posy Simmonds

Marcelo D'Salete em entrevista

Publicado17 Abr 2015

Etiquetas Outras Literaturas banda desenhada Marcelo D'Salete


Marcelo D'Salete (n. 1979, Brasil) pertence àquela geração cuja primeira escola foram os fanzines e a small press, não apenas no seu país mas internacionalmente. Cultor de relatos curtos, em torno de personagens perdidas na malha urbana e as mais das vezes longe dos palcos da auto-expressão, o autor lançaria dois livros que reuniam algumas dessas histórias e que o colocariam no mapa da atenção mediática: Noite Luz (2008) e Encruzilhada (2011). Versando sobre um conjunto de jovens negros de ambos os sexos nas ruas menos centrais da cidade de São Paulo, essas vidas desconexas acabam por ter um ponto de fuga comum, que faz surgir uma espécie de retrato social contemporâneo de um Brasil urbano que nada tem a ver com a sua imagem ‘Globoalizada’. Nesse sentido, D'Salete cumpre na perfeição o principal papel dessa cultura, a saber, a criação de espaços alternativos, onde o próprio indivíduo cria os instrumentos necessários à sua identidade. O seu último livro, Cumbe (2014, com edição portuguesa prometida), sobre os quilombos, dá continuidade à sua estratégia, mas desta vez unindo-a a uma visão histórica, recuperando experiências esquecidas da cultura negra brasileira.

Escreve Pedro Moura no jornal do Próximo Futuro sobre Marcelo D'Salete. "Outras Literaturas: Banda Desenhada", acontece no Próximo Futuro no dia 15 de Maio e conta com Moura como moderador e D'Salete como convidado.  Em entrevista ao site O Grito, o autor brasileiro sobre a sua obra, a partir do livro Cumbe.

Como surgiu a ideia de fazer Cumbe? 
O livro Cumbe surgiu de pesquisas sobre o Brasil colonial e sobre a escravidão. Percebi que existem poucas HQs sobre esse período a partir da perspectiva dos grupos negros que estavam aqui. Depois de uma intensa leitura sobre escravidão e sobre cultura banto, surgiu a ideia das quatro histórias que compõem o álbum. Os povos bantos que vieram da região do Congo e Angola foram os mais presentes naquele momento, por isso busquei mostrar algo dessa cultura nas narrativas.

Seu trabalho sempre foi marcado por uma preocupação social e também sobre a trajetória dos afro-descendentes no Brasil? Esta sempre foi sua inquietação? Como é tratar desse assunto como arte?
Minhas histórias desenvolveram um contorno próprio e preocupações sociais e etnicorraciais tornaram-se um elemento importante em cada uma delas. De certo modo, é um tema que considero ausente dos trabalhos que lia anos atrás. Essas preocupações vieram a partir de músicas de rap, filmes do cinema novo, da boca do lixo paulista, do realismo italiano e de alguns quadrinhos europeus, brasileiros e americanos. Tratar de histórias negras nesses quadrinhos, de racismo e outros fatores, foi uma forma de mergulhar em um universo de possibilidades novas, mas também difícil e espinhoso. Para isso, tentei desviar dos estereótipos de representação do negro na mídia e explorar outras possibilidades.

A entrevista completa, aqui