Filinto Elísio: "Torpor da nova poética cabo-verdiana"
Publicado24 Jun 2015
O encontro sobre Literatura Mundo, no Observatório do Próximo Futuro, amanhã, está inserido na quinta edição da escola de verão do Institute of World Literature, com sede na Universidade de Harvard, que decorre na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa entre 22 de Junho e 16 de Julho. Filinto Elísio será o orador principal da sessão na Fundação Calouste Gulbenkian, com a conferência “World Literature and métissage”, aque se segue um painel de debate sobre o tema “The Global Novel and the Novel in a Global World”, com vários investigadores internacionais.
Filinto Elísio nasceu em Cabo Verde, em 1961. Poeta e novelista, publicou Do lado de cá da rosa (poesia), O inferno do riso (poesia), Prato do dia (crónicas), Das frutas serenadas (poesia), Das Hespérides (fotografia, poesia, narrativa), Cabo Verde: 30 anos de cultura (ensaio), Li cores & ad vinhos (poesia), Outros sais da beira-mar (novela) and Me_xendo no Baú. Vasculhando o U (poesia). É co-fundador e membro da Academia de Escritores Cabo-verdianos. Mantém uma coluna de opinião em “Diário de Notícias da Madeira” (Portugal), “A Nação” (Cabo Verde) e “Ponto Final” (Macau), sendo ainda editor em Rosa de Porcelana. Trabalhou como conselheiro do Primeiro Ministro de Cabo Verde e é vice-presidente da Multilingual Schools Foundation, especialista internacional na Multilingual School da Guiné Equatorial e presidente da Assembleia Geral Pró-Praia (ONG).
No site Buala, o autor publicou o texto "Torpor da nova poética cabo-verdiana", na sequência de um encontro no Museu de São Roque, em 2011:
Participar da reflexão e do diálogo em torno da produção cultural africana na contemporaneidade, em particular nos países de língua oficial portuguesa, constitui uma forma de darmos o nosso modesto contributo para o problematizar à luz das outras culturas do Mundo, nomeadamente, quando por indicação do presente enfoque, das Culturas de matriz Ocidental.
Cientes de que os encontros não são inocentes, nem derivam de insólitos, mas sim resultantes de opções e de escolhas, pelo que afirmam produções de pensares e de saberes em prol de causas e de objectivos pré definidos. Por conseguinte, o apelo do Museu de São Roque para que reflictamos e debatamos Africanidades, suas correlações e articulações - abrindo espaço para que, no vaticínio de Amílcar Cabral, o possamos fazer com as nossas próprias cabeças -, é importante, relevante e consequente. Este apelo vem resignificar, de forma muito particular e assertiva, a razão efectiva (e não inocente, repita-se) de estarmos aqui e agora neste encontro.
Perante temática tão vasta quão caudalosa, guardarei as minhas margens pela literatura cabo-verdiana, onde me encontro, com ressalva de escritor, puro esteta se preferirem, e não como estudioso, campo de labor de personalidades como Simone Caputo Gomes, Alberto Carvalho, Elsa Rodrigues, José Luís Pires Laranjeira, Fátima Fernandes, Benjamin Abdala Jr., João Lopes Filho, Manuel Brito-Semedo, Ricardo Riso e José Luís Hopffer Almada, entre vários outros pesquisadores, estudiosos e ensaístas que tanto admiro. A mesma admiração que em mim percorrem os textos críticos sobre as letras cabo-verdianas de Jaime de Figueiredo, Amílcar Cabral, Manuel Duarte, Onésimo Silveira e Manuel Ferreira, sobre outros prismas e por outas temporalidades.
Não sendo apologista de classificar a Literatura Cabo-verdiana pelo viés cronológico, nem acreditando haver suficiente virtude que a literatura em Cabo Verde esteja estratificada em três grandes períodos – pré-Claridoso, Claridoso e Pós Claridoso -, quero crer que há outras e múltiplas formas de olhar esta produção literária que, há mais de dois séculos, tem vindo a marcar o seu espaço no contexto da lusofonia e que, desde a Independência Nacional, há pouco mais de trinta e seis anos, se densifica por produções mais modernistas e mais «aggiornadas» com as letras de recorte universalista.
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