Logótipo Próximo Futuro

21.º Festival de Medellín homenageou poesia africana

O Festival Internacional de Poesía de Medellín, na Colômbia, já completou o seu 21.º aniversário com a concretização de mais uma edição. Mas esta foi a primeira vez que integrou a Red Nuestra América de Festivales Internacionales de Poesía, adotando uma nova versão que incluiu uma homenagem ao "Espírito da Origem", associado à poesia africana.

De 2 a 9 de Julho de 2011, este reputado Festival voltou a reunir poetas oriundos da América do Sul mas também de outros continentes, para além de directores de Festivais congéneres, entre muitas mais actividades relacionadas com o ensino, escrita e difusão da Poesia. Participaram mais de 90 poetas de 50 nações de todos os continentes, destacando também neste ano a realização da 15.ª Escola de Poesia de Medellín e de um ciclo de cinema africano composto por 7 longas-metragens produzidas no Senegal, Mali, Burkina Faso e República Democrática do Congo. 

Aqui é possível conhecer detalhadamente o programa da 21.ª edição do Festival Internacional de Poesía de Medellín e aqui a sua já longa história, desde a sua origem em 1991.

PAULO REIS, "carpe diem"

Publicado23 Abr 2011

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PAULO REIS (Maragogipe/Bahia, 09.11.1960 - Lisboa, 23.04.2011) [foto: Ding Musa]

O Curador e Crítico de Artes Visuais Paulo Reis residente em Portugal faleceu hoje às 18:30h no Hospital Egas Moniz. Com uma formação em Comunicação Social e História de Arte era professor de teorias de arte e de estética em várias universidades. Nos últimos anos tinha uma actividade intensa de curadoria internacional tendo sido responsável por muitas exposições em diversos países da Europa e América Latina.

Paulo Reis veio a Portugal pela primeira vez em 1998 para participar num Colóquio sobre as Artes na América do Sul. Em 2000 foi curador com Ruth Rosengarten da Exposição “UM OCEANO INTEIRO PARA NADAR” de artistas portugueses e brasileiros realizada na Culturgest. Foi uma exposição histórica pelo ineditismo e pelo impacto que teve a partir de então nas relações culturais e artísticas entre o Brasil e Portugal.

Paulo Reis tornou-se a partir de então um verdadeiro “embaixador cultural” entre os artistas e os curadores destes dois países e a sua afeição por Portugal levou-o a passar longas temporadas neste país, a que se seguiu, a partir de 2005, passar a residir em Lisboa.

Foi o criador do CARPE DIEM - Arte e Pesquisa, instituição vocacionada para a produção e realização de exposições e fórum artístico internacional, instalado no Palácio do Marquês de Pombal na Rua do Século, na capital lisboeta. Foi co-fundador e co-director da revista Dardo, juntamente com David Barro, promovendo uma série de iniciativas relacionadas com a triangulação Brasil-Portugal-Espanha.

Era uma pessoa de uma invulgar generosidade e de uma atenção e cuidado particular para com artistas de cujas causas era um militante inconformado.

ANTÓNIO PINTO RIBEIRO

DISLOCACION: do Chile à Suiça

Publicado17 Mar 2011

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[Nicolas Rupcich (em colaboração com Emilio Marín), Big Pool, 2010 (fotografia)]

Inaugura esta semana, na Suiça, o projecto de investigação que a curadora e artista Ingrid Wildi Merino concebeu e organizou em Santiago do Chile em Setembro de 2010 e que a co-curadora Kathleen Bühler ajudou a levar agora (e até Maio de 2011), para o Juraplatz e para o Kunstmuseum de Berna.

Não se trata apenas de uma mega-exposição que, aliás, no Chile envolveu as principais instituições culturais da capital, desde os museus – Museo Nacional de Bellas Artes, Museo de Arte Contemporáneo, Museo de la Solidaridad Salvador Allende, Museo de la Memoria y los Derechos Humanos –, às incontornáveis galerias Gabriela Mistral e Metropolitana, passando ainda pelo axial Centro de Arte Alameda, pelo alternativo Canal Señal 3 de la Victoria, sem esquecer a charmosa Librería Ulises. É sobretudo uma plataforma de actividades desenvolvida entre dois países e continentes como um “ensaio curatorial”, em torno da “globalização terrestre, suas causas históricas e seus efeitos contemporâneos” (mais sobre o conceito-exposição aqui).

Dislocacion” é de facto uma exposição sobre e em deslocação, mas também um simpósio, um ciclo de conferências e outro de cinema e disponibiliza no seu website multilingue textos fundamentais para compreender a ramificação do próprio projecto  (basta ir aqui).

Links úteis para os artistas e respectivas obras em “Dislocacion” (na sua grande maioria trabalhos inéditos, especificamente produzidos para este projecto): Ursula Biemann, Boisseau & Wetermeyer, Juan Castillo, OOO Estudio, Thomas Hirschhorn, Alfredo Jaar, Voluspa Jarpa, Josep-Maria Martín, Mario Navarro, Bernardo Oyarzún, RELAX (chiarenza & hauser & co), Lotty Rosenfeld, Ingrid Wildi Merino, Camilo Yáñez, Nicolás Rupcich.

Lúcia Marques

Between Theory and Practice: Rethinking Latin American Art in the 21st Century

Publicado28 Fev 2011

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O pão nosso de cada dia (Our daily bread),

Anna Bella Geiger (Brazilian, b. 1933), 1978

Between Theory and Practice: Rethinking Latin American Art in the 21st Century, é o simpósio que se realiza no final da próxima semana, no Getty Research Institute, dedicado à criação artística e reflexão teórica contemporânea na América Latina. Programa aqui.

Brasil, África, Europa: TERCEIRAS METADES pelo mundo fora

É hoje que arranca a mais recente e ambiciosa iniciativa programática do MAM-Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), intitulada TERCEIRA METADE porque “se desenha no espaço geográfico e mental do Atlântico, em especial na triangulação Brasil, África e Europa”, tal como explicam os respectivos curadores Luiz Camillo Osório (director do MAM) e Marta Mestre (recentemente integrada na equipa curatorial do MAM após estágio INOV-Art como curadora assistente naquela instituição).

O programa multidisciplinar decorrerá de 17 de Fevereiro a 17 de Abril de 2011 e articula uma exposição, um seminário internacional, uma mostra de cinema, o lançamento de um livro e um site, dedicados às “mudanças culturais que acontecem no mundo contemporâneo, em especial entre as três margens deste eixo geográfico” (Brasil, África e Europa).

Assim, a abertura da TERCEIRA METADE acontecerá hoje mesmo às 19 horas locais (Rio de Janeiro) com a inauguração de uma mostra de trabalhos especialmente produzidos no âmbito deste projecto, relacionados com a arquitectura do museu e realizados num “diálogo a três” por parte dos artistas Manuel Caeiro (nascido em Évora, Portugal, em 1975 e actualmente a viver entre Lisboa e o Rio de Janeiro), Yonamine (nascido em Luanda, Angola, em 1975, e actualmente a viver em Lisboa e em Luanda) e Tatiana Blass (nascida em São Paulo, Brasil, em 1979, onde continua a viver).

[Manuel Caeiro]

O Seminário é gratuito – apenas implicando pré-inscrição no website do MAM –, com tradução simultânea (pt/ing) e terá lugar na Cinemateca do museu nos dias 29 e 30 de Março. Propõe-se debater “as relações, as formas de representação e a circulação da economia da cultura no eixo geográfico Brasil, África e Europa” e conta com “a presença de curadores, pesquisadores, economistas, artistas, antropólogos, escritores”, dos quais se destacam Célestin Monga (“camaronês economista do Banco Mundial em Washington”), Roberto Conduru (“historiador de arte brasileiro”), Paul Goodwin (“curador da Tate Britain de Londres”), Adélia Borges (“curadora da Bienal Brasileira de Design 2010”) e António Pinto Ribeiro (“ensaísta e programador da Fundação Calouste Gulbenkian”).

Ainda na última semana de Março realizar-se-á uma mostra de cinema com curadoria da pesquisadora e realizadora Michelle Sales, abordando questões como: “De que forma o cinema ‘olha’ para os ‘olhares’ entre Brasil, África e Europa? Qual o estado do cinema atual, neste eixo geográfico?”, seguindo-se a edição de um livro bilingue (pt/ing) “com todas as ações do projecto TERCEIRA METADE”, para além do respectivo website.

“Terceira Metade” é também o título do último livro da trilogia “Os Filhos de Próspero” do inagualável escritor, cineasta, artista plástico e antropólogo, Ruy Duarte de Carvalho (nasceu em 1941 em Portugal, naturalizou-se angolano em 1975 e morreu na Namíbia em 2010): o primeiro que categorizou explicitamente como um romance, procurando “tratar literariamente, em língua portuguesa e através de um certa ficção, questões comuns a todos os tempos e ao mundo inteiro” (segundo palavras do autor aqui). E aqui um diário de viagem particularmente cúmplice, com o intuito de “problematizar o processo de ocidentalização do mundo e os seus efeitos, com enfoque no espaço atlântico”.

Ora termina precisamente hoje, 17 de Fevereiro, a homenagem póstuma que lhe dedicou em Angola a associação cultural Chá de Caxinde. Que vivam (e revivam) as terceiras metades pelo mundo fora.

Lúcia Marques

“Espaços Independentes” no Brasil

Publicado3 Fev 2011

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E no Brasil, com apoio do programa “Conexão Artes Visuais” (uma iniciativa do Ministério da Cultura Brasileiro com o financiamento da Petrobras), saiu um livro dedicado aos “Espaços Independentes” em torno da grande questão: “como manter um espaço de arte independente”, ou seja “que não esteja necessariamente ligado ao poder público ou a instituições privadas”. É possível folheá-lo aqui e, se passar em São Paulo pelas Edições397/Ateliê 397, pode mesmo levar o seu exemplar gratuito. A publicação contempla cinco estudos de caso brasileiros – Ateliê 397 (São Paulo), Arquipélago (Florianópolis), Branco do Olho (Recife), Atelier Subterrânea (Porto Alegre) e Barracão Maravilha (Rio de Janeiro) –,  e inclui um mapa de diversos espaços independentes localizados no país.

LM

Relações entre Cultura Arquitectónica e Publicações Periódicas, a partir de Santiago do CHILE

Publicado26 Jan 2011

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Em Santiago, na Universidade Católica do Chile, decorre até hoje (26 Jan) o Seminário de dois dias dedicado ao tema: “La Cultura Arquitectónica y Publicaciones Períodicas” (A Cultura Arquitectónica e Publicações Periódicas). Conta com a participação de 17 convidados nacionais e internacionais, entre os quais o arquitecto e editor Pablo Brugnoli, que em Junho passado apresentou em Lisboa, no Próximo Futuro, a sua lição sobre a “Ciudade Sur” (Cidade Sul).

LM

“Melhor Assim”: CARLITO CARVALHOSA traz mais luz para o centro da cidade de São Paulo

Publicado25 Jan 2011

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Comemora-se hoje, dia 25 de Janeiro, o aniversário dos 457 anos da Cidade de São Paulo, no Brasil, e não muito longe daquele que é considerado o “marco zero” da sua fundação (o Pátio do Colégio), o “centro” da cidade, ainda é possível ver a mais recente instalação do artista brasileiro Carlito Carvalhosa, intitulada “Melhor Assim” (2010) e que ocupa todo o espaço cultural SOSO+ (integrado no antigo Hotel Central, projectado por Ramos de Azevedo) situado em plena Avenida São João. “Soso” significa 'fagulha/faísca” em quicongo (uma das línguas nacionais de Angola) e, em São Paulo, com a implementação da galeria Soso em Fevereiro de 2009 – da qual derivou um ano e meio depois o espaço cultural SOSO+ (também propriedade do empresário angolano Mário Almeida), que começou por acolher o projecto “3PONTES” da Trienal de Luanda –, já é sinónimo de espaço dedicado à arte contemporânea e símbolo da revitalização recente do centro paulistano a partir de uma das suas principais artérias. Por isso, “Melhor Assim” é particularmente eficaz enquanto intervenção artística destinada a provocar novas relações entre o espaço arquitectónico e os seus transeuntes, reconfigurando radicalmente, através da luz (que nos permite ver, mas que também nos pode cegar), o próprio espaço SOSO+: nele encontram-se agora colocadas no chão, tecto e paredes, cerca de 330 lâmpadas de 40 watts (mais de 10.000 de potência), criando um ambiente que busca outras formas de percepção sensorial e que, portanto, aprofunda anteriores pesquisas do artista (como a levada a cabo na exposição “Soma dos Dias”, patente ao público na Pinacoteca de São Paulo durante a última Bienal de Artes desta cidade).

Com curadoria de Daniel Rangel (diretor dos Museu do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, que já havia trabalhado com Carlito Carvalhosa na dinamização do Palácio da Aclamação, em Salvador), “Melhor Assim” marca também o arranque do programa “Conexão+”. Trata-se de uma iniciativa programática concebida por Rangel em parceria com Fernando Alvim (artista, autor da Trienal de Luanda e Vice-Presidente da Fundação Sindika Dokolo) e Mário Almeida, que resulta do entendimento do SOSO+ como um lugar “voltado para a experimentação”, onde os “sites-specifics surgem como resultados de um processo criativo contínuo, de pesquisa e montagem”, no sentido de ampliar a proposta inicial deste espaço cultural enquanto “ponto de encontro e diálogo entre o que há de melhor na produção atual de artes visuais do Brasil e de países africanos”. Carlito Carvalhosa soma e segue com a sua luz e em breve será o primeiro artista brasileiro a intervir no átrio do MoMA de Nova Iorque.

Lúcia Marques

FENDAS de Bechara no MAM do Rio de Janeiro

Publicado21 Jan 2011

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São os últimos dias, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, da mais recente exposição “Fendas” do artista brasileiro José Bechara, que em Junho de 2009 participou no Próximo Futuro com a instalação de um dos seus projectos de maior fôlego: “A Casa”.

No MAM, sob curadoria de Luiz Camillo Osorio, Bechara apresenta até este próximo domingo – 23 de Janeiro – uma antologia de trabalhos que atravessa a sua obra pictórica até à ao domínio da escultura, em íntima relação com a arquitectura de cada lugar. Nesse último dia da exposição, “serão promovidos laboratórios experimentais de respostas poéticas com som, corpo, texto e desenho” (pelo Núcleo Experimental de Educação e Arte) a partir de uma conversa com o artista sobre o seu processo de criação. Haverá também a apresentação especial de Vera Terra com uma “Performance para um piano de brinquedo de John Cage”, contando ainda com as participações da actriz Andreza Bittencourt, do músico Leonardo Stefano, dos artistas visuais Anita Sobar e Leonardo Campos e da pesquisadora Madalena Vaz Pinto.

Lúcia Marques

Flashes de Santiago V

Publicado18 Jan 2011

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Os filhos da ditadura

A encenadora e autora argentina Lola Arias apresentou Mi Vida Después. Como subtítulo poderíamos colocar Os filhos da ditadura. Trata-se de uma peça no formato de teatro documental (conhecemos as referências dos The Third Angel), que começa nos anos da ditadura argentina em 1982, e termina num hipotético ano de 2056. O elenco é constituído por actores que foram crianças ou adolescentes neste período e as histórias, com múltiplas saídas e versões, referem-se a este período e são ilustradas por documentos reais ou forjados arquivados ao longo dos anos da ditadura. A peça tem uma energia rara, para o qual conta a presença de actores músicos-cantores rock e a utilização recorrente de bateria e guitarra elécticra. O humor e a ironia são muito inteligentes e, mais uma vez, o teatro inovador consegue combinar uma reflexão sobre a história recente, uma qualidade dramatúrgica, excelência de representação e prazer de performance.

Flashes de Santiago IV

Sabem o que é sair de um espectáculo de teatro com os pelos dos braços eriçados? Ainda se lembravam? Perguntava-se um espectador à saída do último espectáculo de Guillermo Calderón, na verdade do díptico constituído por Discurso e Villa. As duas peças decorrem na Villa Grimaldi, conhecida na Ditadura por Londres 38, uma casa que  está associada ao regime de Pinochet, um sítio que foi um dos lugares mais tenebrosos  de tortura de presos políticos e onde morrerram 93 pessoas entre Setembro de 73 e setembro de 74. A casa - hoje monumento da História do Chile - está no seu interior sinalizada por uma planta indicando os lugares e o tipo de actividades dos torturadores: identificação dos presos, tortura, sala dos guardas, arquivo dos ficheiros, etc.

A primeira peça apresentada – Discurso - é um  discurso ficcionado da despedida da Presidenta Michelle Bachelet quando deixou o Palácio presidencial . E começa: “Hoje não vos vou falar com palavras dóceis e esperadas…” E segue-se um manifesto do exercício do poder do ponto de vista de alguém que se assume como mulher, pediatra, optimista e socialista. Não é um discurso vago, nem tão pouco conceptual. É um discurso sobre as expectativas aquando da sua tomada do poder, das suas e das dos chilenos, e uma avaliação da História recente do Chile, a começar nos anos da ditadura. Nada há de demagógico ou sumptuoso neste discurso, que é representado por três jovens actrizes. E é fascinante como Calderón pega numa matéria tão arriscada, numa personagem que é considerada  como a melhor presidente da História do Chile – que já começa a ganhar contornos míticos - e interroga o que é o poder; no caso concreto de alguém que o exerceu sempre com o objectivo de transformar socialmente o país. Tendo sido uma presidente que sempre apoiou as artes e o teatro em particular (são memoráveis as suas recepções fraternas e simples aos actores, encenadores e programadores de teatro no Palácio de la Moneda) nunca há nada de narcísico neste Discurso. É uma crença associada a um sentido do real que foram duas características do seu governo:”Esperemos que o capitalismo seja apenas uma fase negra da historia e que depois venham coisas melhores” e “Não sou ingénua, sou optimista”. Que fazer? Como fazer? Interroga-se a Presidenta. Num momento da História em que todos reclamamos por líderes políticos de densidade intelectual, coragem e promessa de futuro, ou seja, num momento em que reclamamos por heróis contemporâneos, Calderón atreve-se a tratá-los.

E depois ? Que se poderia esperar? Parece que o Discurso tinha encerrado a questão. E chega a segunda parte que  decorre na mesma sala e com as mesmas actrizes e o tema é aparentemente simples: que fazer àquela casa que tem esse passado tão histórico e é uma memória a preservar da luta clandestina e da tortura? As três actrizes discutem frente a uma mesa sobre a qual está uma maquete da Villa Grimaldi. Trata-se de uma comissão que deve decidir qual a opção a tomar: fazer um museu contemporâneo interactivo e repleto de tecnologia que apresenta a História da casa de uma forma virtual, com detalhes de como eram feitos os interrogatórios –“basta um clic do rato”- ou fazer  uma casa do terror onde seja óbvio o tipo e actividades executadas pelos torcionários e, mais tarde, aparecerá uma outra hipótese: uma casa simples por onde se passasse e se pensasse na alegria que seria viver naquela casa antes e depois do período triste. A partir deste dispositivo realista,  aparentemente simples, até banal num campo mediático, Calderón constrói uma das mais fortes, sólidas, profundas dramaturgias sobre a criação humana das artes, a validade da arte contemporânea, o debate democrático, os conflitos ideológicos, o papel da museografia; e em nenhuma situação há qualquer sinal da introdução ideológica possível do autor. O final absolutamente inesperado é de uma grandeza humana só possível de conceber por aquele que é hoje um dos mais fundamentais dramaturgos e encenadores contemporâneos. Calderón tem tido a coragem e a sabedoria de trabalhar com temas dolorosos, presentes, utilizando reportório clássico (Neva baseado em Tchekov)  ou textos actuais, onde está sempre presente a relação do teatro com a cidade, indo fundo nas suas questões, indo até ao limite do pensável  fazendo dele um dramaturgo de descendência directa dos grandes autores gregos da tragédia clássica.

Flashes de Santiago III

Publicado17 Jan 2011

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A Gastronomia de Santiago está em transformação; já não há só (muitos) restaurantes de carne, mas agora é possível encontrar muitas ementas de culinária peruana! com restaurantes de sucesso que apresentam os pratos típicos como Chevich e Tiritas e, também, restaurantes vegetarianos. Huerto é um desses restaurantes que fica no Bairro da Providência e tem uma ementa vegetariana muito próxima da luxúria.

A carta desta semana:

Mezze de Cleópatra

Namaste de la Cuisine Hindú, Thali

Nuevo México

Chile, fruits de la tierra

Valle de la Luna

Islas Griegas

Sureña Mestiza

Insalata di Riso

Yuppie, Flower Power

e como refresco : Limonada com menta

Flashes de Santiago a Mil (II)

A Companhia dos Actores, companhia brasileira que muitos portugueses conhecem através da apresentação de peças na Culturgest na década de 90, e no CCB há poucos anos, está aqui presente com um conjunto de obras muito representativas do seu reportório. Algumas delas fazem parte de um ciclo de pequenas peças de cerca de 45 a 60 minutos, maioritariamente monólogos e encenadas por encenadores não residentes na Companhia. É o caso da obra Bait man escrita e encenada por Gerald Thomas. É uma obra sobre as ditaduras, sobre o medo e como o ultrapassar. E, curiosamente, é uma obra que explora uma linha completamente diferente da maioria do bom teatro sul-americano que trabalha estes temas. De uma maneira geral, eles são tratados, por exemplo no Chile, de uma forma ressentida, amargurada, de algum modo discorrendo sobre o trauma para, possivelmente, dele se libertarem. Bait man é, ao contrário, uma obra provocadora, iconoclasta, onde a fisicalidade e alguma escatologia associadas ao humor estão sempre presentes. Que se pode dizer quando, alguém ensanguentado que acaba de ser submetido à tortura diz como primeira frase: “o que era bom, mesmo bom agora, era tomar um champanhe”. O actor Marcelo Olinto realiza uma performance de invulgar fisicalidade e ironia. A estratégia da encenação possibilita algum entendimento do que deve ser viver sob a ditadura, qualquer uma.

 

É tão bom ver bons actores representarem bom teatro. Vale as horas de espera, os dias cheios de espectáculos medianos ou sofríveis, o cansaço, a decepção, o calor das salas ou o seu desconforto. É uma expressão perfeita que o mundo, às vezes, consente. No Teatro Cariola, um teatro muito antigo de um bairro popular de Santiago - quase em ruínas, mas onde ainda eram visíveis sinais do glamour e da riqueza do tempo em que foi construído, no princípio do século XX, com os seus mil lugares e um palco gigantesco -, foi apresentada Chaika, que é a tradução fonética da palavra Gaivota em russo. O texto base era de Tchekov, claro. Apropriado como acontece muitas vezes, mas apropriado com uma dramaturgia correcta, actualizando, sem efeitos, o texto no contexto de uma cidade libertada. Com um texto assim poder-se-ia ficar pela sua leitura, o que já seria bastante, mas não. Vieram os actores deste Colectivo de Montevideu e representaram, com todo o corpo, com uma dicção perfeita, modulações adequadas, suportadas por técnicas de representação eficazmente incorporadas, por timbres de vozes convincentes. Eram excelentes, os actores. É tão bom ver um espectáculo assim.

Flashes de Santiago a Mil

Publicado12 Jan 2011

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Santiago a Mil, o Festival de Teatro de Santiago do Chile, iniciou a sua edição deste ano com um programa que combina produções europeias de invulgar qualidade com produções latino-americanas, representando a maioria dos países deste continente. Um dos mais importantes e profissionais festivais de teatro do mundo a assumir-se como plataforma mundial do teatro contemporâneo. De tal forma que foi ontem anunciada a criação de um Mercado para as Artes Performativas que ira acontecer na próxima edição de 2012.

Peças de teatro

Las Analfabetas, texto de Pablo Paredes para duas maravilhosas actrizes: Valentina Muhr e Paly García Diseño. Texto sofisticado, dramaturgia clara e eficaz com detalhes preciosos de linguagem e de trama. As relações de poder entre quem ensina - a professora - e quem aprende, neste caso, uma analfabeta de cinquenta anos; as relações amorosas que acontecem no processo de aprendizagem do acto de ler. Tudo a propósito de alguém que quer aprender a ler só para poder ler uma carta que o pai falecido lhe deixou escrita. Para quem tem acompanhado o teatro chileno, nomeadamente através de Neva e Hechos Consumados, este é mais uma prova da grande tradição do teatro chileno, agora com dramaturgias actuais e actores extraordinários.

Amledi, el tonto, escrita e dirigida por Raúl Ruiz, é o seu último trabalho, e a sua estreia na encenação e direcção teatral. Não é parecido com nada; é um objecto de uma estranheza radical: mistura de fábula de animais combinada com história das religiões, história da convivência entre Mapuchos e Vikings (há provas arqueológicas da presença de Vikings no território que hoje é o Chile). Um espectáculo sincrético, anacrónico, que surpreende em cada momento que passa: imprevisível durante as três horas de duração num cenário que evoca o grande teatro de texto do princípio do século passado ou as grandes narrativas hollywodescas sobre Roma, Grecia, Cleópatra... um texto de uma sabedoria antiga. Fenomenal, como diriam os Chilenos!

Parte do Rio tenta tocar sua rotina no domingo decisivo

Publicado29 Nov 2010

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Miriam Leitão, na edição online do Jornal Globo de 28 de Novembro

Na orla da Zona Sul  tudo parece quase normal. É o que verifiquei na minha caminhada por Leblon, Ipanema, Copacabana num domingo que começou com sol, às vezes nubla, depois o sol volta. O assunto das atenções é um só: o Alemão.

Ontem fui dormir quando já era hoje. A uma da manhã. Os meninos do @vozdacomunidade avisavam no tuiter que se ouvia no Alemão " muitoooo tiro". Acordei às seis. No Globo Online e no Voz a informação era que a invasão não tinha começado. Demorei um pouco a sair de casa, mas às sete e meia já estava na praia, naquele comecinho do Leblon onde está a estátua do Zózimo. Saudade do Zózimo. "Nada mais será surpresa para esta coluna", pensei, lembrando dele.

Mas havia uma surpresa. Pensei que a praia estaria vazia e estava na maior agitação com um grupo de corredores preparados, de camiseta igual e aquela estrutura dos eventos esportivos. Agrupavam-se, aqueciam-se, animavam-se sob o comando do som. Resolvi ouvir minha música, escolhi internacional.

O dia está lindo, aberto, mar azul. Passei por uma criança branca com sua babá negra. Depois por uma criança e mãe negras. Perto da água vi pouca gente ainda, brancos e negros se misturando. Mas há muito perdi a ingenuidade e sei das partições dessa suposta democracia das praias.

Na orla caminho passando pelos corredores a minutos da largada. Sempre quis correr. Não sei. Ando rápido, apenas. Cruzo com uma moça simpática que me diz coisas de aquecer o coração sobre o meu trabalho, ando mais rápida, animada. O lixeiro me dá um sorriso de alegrar ainda mais a vida. Retribuo.

A largada começa. Eu ando rápida na parte da calçada onde ficam os andadores, crianças com suas babás, velhinhos com suas artrites, turistas e apenas caminhadores como eu. Os corredores ficam na pista que nos dias normais é dos carros. As bicicletas dividem a pista delas com os skates. Tudo normal demais para um dia tão anormal. "Nos vamos estar sempre juntos" canta a música no meu ouvido.

Tem um pouco menos de gente do que o normal, mas os corredores tratam de suprir a falta dos faltantes. E são tantos, aglomerados ali no caminho do Arpoador que desisto de ir até o fim. Viro, atravesso, passo perto do Fasano, e entro pela rua lateral no caminho de Copacabana. Na esquina entre Joaquim Nabuco e Nossa Senhora de Copacabana uma aglomeração olha fixo para dentro de uma farmácia. É a TV ligada na Globonews contando que tudo pode começar a qualquer momento. Vou para a Avenida Artlântica retomar a caminhada. Esbarro sem querer num velhinho atravessando a rua, peço desculpas. E retorno recebo um carinho no braço e um sorriso encantadores Na orla mais corredores. Eles nunca se cansam?  Resolvo ficar do lado de cá a avenida, na calçada dos prédios.

-Bom Dia! Diz enfático um porteiro do prédio

Velhos sentam nos bancos, bebês e babás passam. Jovens desfilam sua beleza a caminho do mar. Eu apresso o passo para compensar o cuidado nas travessias das ruas, Na Figueiredo de Magalhães, quase perto do Posto 3, decido entrar em Copabana atrás de um taxi. Outro grupo em frente a um bar, um já com cerveja pouco antes das nove. Todos olhos vidrados para dentro do bar: na TV a manchete: Começou a invasão do Alemão.

Peguei o terceiro taxi que passou. Sorte. Ele estava com a TV ligada na Globo, Márcio Gomes dando as últimas notícias e o motorista completa.

-Lá tá muito cheio de gente, mas as ruas estão mais vazias do que o normal.

- Mas voce tem ido "lá"?

-Estou lá o tempo todo. Estou com um grupo de jornalistas de Porto Alegre, da Zero Hora. Ontem fiquei lá o dia inteiro. O que a imprensa chama de tiroteio, eu chamo de tiro a esmo. Quando o helicóptero passa eles atiram. A comunidade está muito tensa. Com medo né? Natural. Eu deixei os jornalistas lá cedinho. Agora vim aqui para comprar um remédio para minha esposa e voltar para lá. Só te peguei porque a farmácia abre `as dez. A gente tem esperança, mas é difícil. Muito cheio de ruela lá, os bandidos é que conhecem o terreno.

Pergunto que se ele já viveu algum episódio de violência. Levou tiros há quatro anos. Estava conversando com policiais e bandidos passaram atirando. Ele recebeu um na tíbia, outro no abdomen. Mas se salvou.

-Não fiquei com sequelas, mas as cicatrizes são feias. Chato, por que eu não tinha marca nenhuma.

 O telefone dele toca. Mais um do grupo do Zero Hora que não tinha ido e quer ir para o Alemão, ele conta.

Ruas mais vazias na subida da Gávea. Chego em casa, abro o computador no Globo e a notícia é que a Polícia tomou o Alemão.

Na sexta feira passei pelo maior sufoco no aeroporto de Belo Horizonte tentando voltar para o Rio. Voo cancelado, depois tempo fechado e por cinco horas lutei para chegar. Quando desembarquei tuitei:

_Cheguei ao Rio, ufa!

Foi um tal de gente curtir com a minha cara: "Devia dizer, saí do Rio, ufa!" ou "Saia enquanto é tempo". Um pergunta por que moro aqui.

Os tuites me surpreenderam. Ora, por que moro aqui? Bom, não me passa pela cabeça sair.

Fico por tudo isso que contei acima. Porque escolhi. Porque tudo aqui é intenso e familiar, bonito e aflitivo, complexo e promissor. 

Nina Simone no meu ouvido canta: "Oh senhor, não me deixe ser mal compreendida" (oh Lord, don't let me be misunderstood". É isso. A mensagem não tem como ser confundida: fico por amor, e amor não se discute, nem se explica.

Desta vez pode ser diferente: a cidade está ligada ao Alemão

Publicado29 Nov 2010

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Miriam Leitão, na edição online do Jornal Globo, de 27 de Novembro

Quem mora no Rio já viu várias vezes as autoridades dizendo que acabariam com o tráfico, ou o Exército sendo chamado e ocupando espaços, ou passeatas pedindo paz. Desta vez há várias coisas diferentes no ar. Vamos fazer um balanço aqui, até para fortalecer nossa esperança nesse momento difícil. Estamos mais conectados nesta cidade. Em todos os sentidos. A imprensa nunca chegou tão perto mostrando uma operação. Normalmente tudo se passava longe das câmeras e olhos dos repórteres. No fim a Polícia dava a versão dela que prevalecia. Depois um ou outro jornalista conseguia ouvir os moradores e as versões frequentemente eram diferentes. Desta vez a imprensa está lá. Pode ver, contar, e mostrar que é o nosso papel. O que possibilita isso em parte é o que veio acontecendo nos últimos anos no jornalismo e nas políticas públicas.

As UPPs quando libertam uma área da cidade abre alas para a imprensa. Até alguns anos atrás o jornalismo do Rio parecia cobrir bolhas, partes da cidade, em outras nem se entrava. Para entrar era preciso negociar com o tráfico. E isso era inaceitável. Outra forma era entrar com ONGs que trabalham nas favelas. Já fui a vários lugares com o Afroreggae e o Centro de Democratização da Informática. Hoje os jornalistas entram e saem de várias favelas ocupadas pelas UPPs. Isso ajuda a cobrir não apenas os momentos de tensão, mas o dia a dia, o cotidiano, a vida como ela é. E aí as favelas aparecem de forma diferente dos estigmas e estereótipos. A internet amplia enormemente a capacidade de comunicação e de ligação entre moradores de uma mesma cidade, dos bairros de classe média ou dos ricos, aos bairros chamados comunidades, onde ficam pobres .

Há iniciativas incríveis como a do jovem René que fez um jornalzinho no Alemão desde os 11 anos. Hoje ele tem 17 anos e o jornal tem 5.000 exemplares, tem anúncios do comércio local, ele é conhecido. O Voz da Comunidade é um sucesso impresso, na internet e agora no tuiter. O perfil @vozdacomunidade tinha ontem de manhã 180 seguidores, agora em que escrevo tem quase 2.000. Isso em um dia. O engraçado é que René @Rene_Silva_RJ que agora está com 3.000 seguidores diz no seu perfil que quer ser jornalista. Você já é menino, você já é. Continue mandando seus tuites, notas, fazendo seu jornal, e cresça. Sua torcida é grande, você construiu sua própria audiência.

Desta vez há mais apoio dos moradores à ação das forças de segurança. Tomara que dure e que a Polícia faça por merecer essa confiança. Há riscos, todos sabemos. Riscos de ser só mais um espetáculo, de que a parte podre da Polícia acabe tomando o terreno para si, outra chaga das várias que temos aqui no Rio. Riscos imensos de que um inocente seja atingido nessa guerra, por isso não basta superioridade numérica, equipamentos, união de forças, o estado precisa ter sempre estratégia e bom senso. Hoje há quem possa mediar. O Junior do AfroReggae não começou nisso ontem. Ele faz há anos negociação em áreas de conflitos. É experiente e respeitado. Foi chamado lá por traficantes, por moradores. Há mediadores treinados da própria Polícia. O que vai acontecer nas próximas horas no Alemão ninguém sabe. O local é imenso. Várias comunidades que foram crescendo e um dia se misturaram. Tempos atrás fui lá com os meninos do AfroReggae para fazer uma gravação. A ideia era o Junior ir para a redação do Globo e eu para o Alemão. Fizemos isso. Foi um dia em que aprendi muito andando, conversando, gravando em cima de uma laje onde se descortinava aquele mar de favelas. Vi jovens com fuzis, tão jovens, tão jovens! Subimos pelas ruelas, passei por local de vendas de drogas. E vi os trabalhadores indo para as obras do PAC. O poder público estava lá nas obras do PAC, mas não estava inteiro. Tanto que as obras de melhoria conviviam com o que não deveriam conviver. Hoje a Polícia e as Forças Armadas estão lá, nas bordas do imenso Complexo do Alemão. O que acontecerá esta noite? É um momento decisivo. Hoje a cidade está mais unida do que jamais esteve, pela internet, pelos avanços da política de segurança, pelos mesmos sonhos. Hoje todos os olhos - e nossos corações - estão no Alemão. O momento é dificil e riscos existem, mas nunca tivemos tanta esperança de que o país avance na direção que se quer: a de não haver territórios onde o poder público não possa entrar.

Eucanãa Ferraz

Publicado3 Nov 2010

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água-forte

À beira de você, toda a paisagem

se resume a isto: nenhuma urgência

que seu rosto brilhe, mas ele arde

como se quisesse compensar em luz

o seu silêncio. Gastaria a vida assim,

à orla do céu que reflecte

na água quieta que rola no intervalo

entre nós. Demoro-me aqui,

à roda desse engano,

dessa infinitamente triste alegria.

E quanto mais me sinto afogar,

mais permaneço,

se o amador a nadar para fora

prefere morrer na coisa amada.

In, Cinemateca, Cia das Letras

Chile 2010

Publicado15 Out 2010

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Interessante texto sobre o Chile de 2010, o país que no ano do seu bicentenário esteve no centro das atenções do mundo com um terramoto, um novo presidente e que viu salvos 33 mineiros numa inédita operação de salvamento. Aqui, na n+1

Ecuador es un país maravilloso en la mitad del mundo

Publicado4 Out 2010

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Ecuador es un país maravilloso en la mitad del mundo.  Su capital es Quito,  está a 2850 msnm, y  tiene uno de los cascos coloniales más bellos y mejor preservados de toda América.  El país, con sólo 270.000 km2 tiene una población que no supera los 14 millones de habitantes. En su territorio se encuentra la biodiversidad más densa del mundo.  Ecuador es el miembro más pequeño de la OPEP con una reserva petrolera de 1470 millones de barriles de petróleo, sin contar los 130 millones de reservas probables (aún no certificadas) en sus territorios amazónicos.   En esta región está el parque nacional Yasuní donde el gobierno  acertadamente se compromete a mantener indefinidamente bajo tierra las reservas petroleras del campo ITT, a cambio de una contribución internacional equivalente, al menos, a la mitad de las utilidades que recibiría en caso de explotar el petróleo. Las Islas Galápagos pertenecen al Ecuador.   

Al ser un país privilegiado en cuento a su geografía y recursos naturales  también ha sabido sortear, relativamente,  las dificultades de las realidades políticas y sociales de sus dos vecinos fronterizos, Colombia y Perú.

La  crisis de los años noventa cambió todo . Ecuador se dolarizó hace ya 10 años.  Esta medida controvertida si bien produjo una enorme estabilidad para las inversiones también produjo  inicialmente la pérdida del poder adquisitivo de muchas personas y acentuó el desempleo que  resultó en el inicio de una migración de su población con menos recursos  hacia Europa (España) y Estados Unidos (migración  cuyo índice hoy en día es uno de los mayores en AL). Hay ciudades enteras semi abandonadas  y comunidades enteras  donde los jóvenes están siendo criados por sus abuelos.  Hoy en día el Ecuador depende económicamente de las remesas que envían los migrantes al país  y estas son uno de los principales ingresos de divisas después del petróleo. Paradójicamente, hay estudios que afirman que la dolarización es sostenida por estas remesas.

.

A esto se suma el hecho  que el Ecuador durante toda su vida independiente ha sido un país con una enorme inestabilidad política.  Como ejemplo, solo en los últimos 13 años hubo 7 presidentes.

Lo sucedido el día jueves de la semana pasada  con el presidente Correa (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/09/governo-manda-forcas-armadas-assumirem-seguranca-no-equador.html) sobrepasa toda lógica y sólo demuestra el enorme deterioro que han sufrido las instituciones en el país. 

No fue un golpe de  estado pues no había una fuerza política ni  fuerzas armadas involucradas, ni  persona o personas a quienes favorecería el golpe. Fue una típica insubordinación, desordenada, ingenua, y absolutamente irresponsable  iniciada por policías que veían afectada su subsistencia. Hacía un tiempo que existía un cierto malestar en elementos de la policía nacional y a esto hay que añadir una inconformidad con la prepotencia y autoritarismo de Correa  así como por la sumisión  de  la Asamblea a lo que diga el ejecutivo.

Desconocer esta hecho es provocador y políticamente poco inteligente y temerario, a no ser que se tenga en mente otros planes, como generar las condiciones para gobernar prescindiendo de los "otros poderes del Estado", restringiendo la libertad de expresión, apelando a la actual constitución creada para perpetuarse en el poder y convocando a  elecciones adelantadas, tal como se especula que sería la verdadera intensión de Correa en Ecuador.   Esta forma particular de gobernar no hace sino alejar cualquier oportunidad de mejorar las condiciones del país.

Cómo reacciona la sociedad a todo esto?   Hay muchas respuestas.  Desde la cultura ya hace algún tiempo han aparecido muchos colectivos de arte que  trabajan  para  dar una opinión sobre la situación política del país. Bajo el nombre de Ecuador en Emergencia se agrupan colectivos como  WASH, lavandería de arte contemporáneo, el Centro Experimental Oído Salvaje, Sujeto a Cambio y ARTLAB_Creación Contemporánea además de Tranvía Cero, Experimentos Culturales, Pelota Cuadrada, Artes No Decorativas, El Bloque y AequatorLab de Quito; La Limpia y Full Dollar de Guayaquil y Ñukanchik People de Cuenca.

Avelina Crespo

http://ecuadorenemergencia.blogspot.com/

Otros links: http://museoenunacaja.blogspot.com

                        www.artepatiosquito.com

                         http://www.arteactual.ec

Cartas a um jovem economista

Publicado27 Set 2010

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É preciso ter uma cultura imensa e generalista, conhecer o enorme prazer que é comunicar e ser entendido e, sobretudo, ter o talento de ser pedagogo assim, naturalmente, aparentemente sem esforço, para poder ter escrito "Cartas a um jovem economista". Este livro, que acaba de ser editado no Brasil, da autoria de Gustavo H.B. Franco faz parte de uma colecção da editora Campus chamada "Cartas a um jovem..." e é claramente inspirada em obras em que autores mais "velhos" escrevem sobre a sua profissão ou ocupação a interlocutores mais jovens da mesma profissão. Das mais conhecidas e mais importantes para a História da Poesia são "As cartas a um jovem poeta de Rainer Maria Rilke"; mas há também as cartas de James Joyce, de Mario Vargas Llosa, etc..

As cartas a um jovem economista - dez no total -  de Gustavo Franco são uma combinação rara de lições sobre História da Economia, a função do economista na sociedade contemporânea, a cultura da economia e o testemunho emocionado, resultado da experiência que foi ter sido um protagonista da grande revolução financeira brasileira que foi a invenção do Plano Real. Neste aspecto quase se poderia dizer que o autor consegue expôr um pathos da economia.

A  primeira das cartas - Nosso assunto, o almoço - dá o tom a todo o livro e é desde o início cativante pelo estilo e pela clareza da exposição. Começando por se dirigir ao interlocutor - será sempre um jovem recém licenciado em economia - por Prezado, termo que aparecendo como fórmula antiga, quase fora de moda, revela desde logo um respeito, um tratamento que se quer de igual para igual e respeituosa. Depois, todo o resto da carta decorre num espírito de descoberta socrática, evocando a história, citando autores das mais diversas disciplinas e introduzindo sempre um humor elegante e cheio de oportunidade. Como  a propósito da necessidade de o economista ser fluente em inglês: "Devemos transformar o inglês no latim do mundo inteiro. Renda-se logo ao mundo globalizado e resolva de vez esse assunto - e, quanto mais cedo, melhor. É como colocar aparelho nos dentes, será um tormento se você deixar para consertar depois de velho" (p.27).

As cartas decorrem de uma forte experiência autobiográfica, intensa e repleta de múltiplas actividades e cargos. Mas algo ressalta ao longo de todo o livro: uma enorme paixão pelo acto de ensinar. Do início ao fim do livro o historiador, o economista, o consultor, o ex-director do Banco Central do Brasil é antes de tudo o mais, o professor universitário, uma vocação e um talento. Provas? Muitas. Mas esta basta: " O fato é que o economista possui em seu DNA uma interessante mistura de intelectual engajado, formador de opinião, reformador, evangelizador e pregador -que pode ser do gênero estridente, militante ou manso, pouco importa - que encontra uma síntese na sublime figura do professor. E é nesta figura que vejo o uso mais nobre do economista, a função que revela a melhor face desse profissional" (p. 22). 

O ex-presidente do Banco Central do Brasil (1993-1999) relata ao longo de várias cartas o que foi o processo da criação do Plano Real de que foi um dos autores. São textos preciosos para entender a História do Brasil Contemporâneo, não só da sua economia e finanças, mas das mudanças estruturais da sociedade, da relação da política e dos políticos com a economia e os economistas, da relação do Brasil com o Mundo, dos economistas no poder com a universidade e a teoria. São capítulos escritos com o discernimento da razão e a paixão de ter participado em tão grande e histórica aventura. Finalmente e neste registo de estímulo à intervenção do economista no mundo, o livro acaba com um email enviado a um ex-orientado de tese entretanto falecido quando se iniciava no estudo em Políticas Sociais. É um autêntico manifesto do melhor que a Economia pode dar ao mundo.

apr

Nuno Ramos

Publicado27 Set 2010

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Nuno Ramos é um artista plástico de uma qualidade ímpar. Tem neste momento várias exposições, das quais uma no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e outra na Bienal de S. Paulo. Mas ele é também um excelente escritor conhecido para um público mais vasto - incluindo os leitores portugueses - através da obra "Ó", publicada em Portugal pela Cotovia. Encontrámos um dos seus primeiros livros datado de 2001. Chama-se O Pão do Corvo.

E diz:

Contra a Luz

Aqui a terra aguenta nosso peso e nos dá caranguejos. Queremos voltar para a terra, para dentro da terra, mas acima de nós o céu permanece, escapando à ponta das árvores secas. Aqui só o vento é que fica, balançando a bolha ignóbil de luz, de que temos nojo. Aqui temos nojo da luz.

APR

29ª Bienal de S. Paulo

Publicado24 Set 2010

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Jacobo Borges - Imagen de Caracas

Depois da última Bienal que ficará conhecida como a Bienal do "vazio", polémica, mas muito frustante para a maioria dos participantes, eram muitas as expectativas desta Bienal. Tanto mais que depois da reflexão supostamente provocada pela 28ª, esta deveria anunciar algo de novo no universo das artes visuais, no sistema, no mercado, na produção. E os responsáveis conseguiram. A Bienal é da responsabilidade dos curadores Moacir dos Anjos (foi  membro do conselho científico do Estado do Mundo em 2006/07) e Agnaldo Farias, e tem como autora da concepção do espaço (brilhante!) a arquitecta Marta Bogéa. O tema da Bienal são dois versos retirados do poema Invenção do Orfeu de Jorge de Lima: "há sempre um copo de mar para um homem navegar".

Gil Vicente - Autoretrato III – matando Elizabeth II

O pressuposto fundamental desta bienal é o de que é impossível separar a arte da política. E isto é notório não só na escolha das peças, mas no carácter de intervenção político da própria Bienal para o qual contribui um programa de debate intenso ao longo dos meses em que a mesma estará aberta (25 de Setembro a 12 de Dezembro). Algo que desde o início confirma o carácter político da Bienal é a ponte estabelecida entre as obras de intervenção da década de sessenta e de setenta e a actualidade. De facto, nada acontece sem História.

apr

Hino Nacional Brasileiro (cont.)

Publicado24 Set 2010

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O Hino Nacional Brasileiro tem letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música originariamente composta para banda de Francisco Manuel da Silva. Antes de ser escolhido como Hino Nacional era cantado pelo povo em ritmo de marcha triunfal. E há uma versão tupi cantada por várias tribos índias:

1ª Parte


Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.
Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.
Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !
Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!

2ª Parte

Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !
Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.
Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.
Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!


O Hino Nacional Brasileiro

Publicado24 Set 2010

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Vale a pena ouvir com muita atenção o Hino Nacional do Brasil. Sim, o Hino Nacional. Geralmente os hinos nacionais, que são símbolos das nações, são na maioria dos casos, guerreiros, apelando à luta, à guerra; versajam sobre sangue, balas, canhões, às vezes até vingança. Em muitos dos casos porque são sequenciais às independências conquistadas pelos países. No caso dos hinos criados entre meados do século XVIII e princípios do século XX eles têm uma tonalidade romântica e guerreira própria do nacionalismo da época. Agora ouça-se e leia-se o hino do Brasil e veja-se da delicadeza dos versos, do carácter panteísta, de uma apologia ecológica avant la lettre, da exaltação das qualidades e das virtudes humanas e da alegria a transbordar das estrofes....

Parte I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança a terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Parte II
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida",
“Nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça à clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

O Hino Nacional Brasileiro tem letra de Joaquim Osório Duque Estrada (1870 - 1927) e música de Francisco Manuel da Silva (1795 - 1865).

Ouça o Hino Nacional Brasileiro.

Rio de Janeiro

Publicado11 Ago 2010

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Fios nervos riscos faíscas.

As côres nascem e morrem

com um impudor violento.

Onde meu vermelho? Virou cinza.

Passou a bôa! Peço a palavra!

Meus amigo todos estão satisfeitos

com a vida dos outros.

Fútil as sorveterias...

Nas praias nú nú nú nú nú.

Tú tú tú tú  tú no meu coracao.

do livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade

"Alguma poesia"

João do Rio

 

João do Rio é pseudónimo de João Paulo Alberto Coelho Barreto (1881-1921) escritor carioca que cultivou a crónica jornalística do Brasil Republicano e, muito em especial, da então capital Rio de Janeiro. Em a Alma Encantadora das Ruas reunião de textos publicados na imprensa carioca entre 1904 e 1907 ele percorre as ruas do rio para reter a "cosmópolis num caleidoscópio". Esta selecção tem agora uma segunda edição muito cuidada e com um prefácio erudito como é - felizmente - comum nos textos do apresentador e organizador Raúl Antelo.

Três aspectos são notórios nestas crónicas: um grande amor à cidade que faz destas crónicas cartas de apreço à cidade e aos cidadãos de todas as classes sociais, um olhar atento aos detalhes , aos pormenores das ruas e das pessoas e que o autor diz traduzir a condição 'janeleira' do Rio - "O carioca vive à janela" -, e, finalmente o carácter de flânneur na mesma postura de Baudelaire o artista na cidade.

O conjunto dos textos começa pela afirmação "Eu amo a rua." E, depois seguem-se vinte e oito crónicas que tanto podem constituir uma visita panorâmica à cidade e à sua época como são de uma actualidade imprevista. O texto sobre tatuagens, a origem destas, as técnicas, a dimensão simbólica e as implicações do uso das mesmas na vida passional de quem as usa é um manual de utilização do tatoo nos dias de hoje.

João do Rio, A Alma encantadora das ruas, Organização de Raúl Antelo, Companhia de Bolso, São Paulo 2008

Ó de Nuno Ramos

Publicado31 Mar 2010

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"Ó" de Nuno  Ramos é um livro que se poderia integrar num género raro da Literatura, chamemos-lhe de Literatura Física cujo iniciador no século XX terá sido Paul Valéry com Mr Teste.

Quase sempre começo pelo rosto. Há uma cavidade em sua bochecha onde minha mão encaixa perfeitamente, um côncavo e convexo milimétrico, suave, que pressupõe o acordo prévio (mas este não me interessa) entre sua cabeça e meu ombro. Sou capaz de trocar um dedo por este gesto, e me lanço a ele imediatamente, tentando encurtar o 'bom dia', ou 'você pagou a conta da luz?, ou 'vamos sair hoje à noite?' com que ela me recebe. p.48

É uma obra que absorveu Parménides, Novalis e Herberto Hélder e os remixou:

que é que fica  quando não sei dizer se o dia justo coube inteiro no meu gesto, quando a solidão compartilhada - a borra de um café - é quase suficiente e posso respirar os postes em sua luz clara, aquelas janelas assombradas, a rua soturna entrando pela minha blusa (incêndio vermelho) p.95

É um livro-transe:

Não há corpo que me prenda. Não há pena que me cubra. Não me machucam as mãos não saber nada delas. Não me machucam as mãos ter um estoque de palmas - e de pés e de pâncreas. Não posso transplantar meus órgãos, embora tenha tantos sobrando. faria dinheiro com isso. tenho sete retinas no bolso, duas plantas em cada pé. Lanço do viaduto o infinito intestino. Atiro no chapéu do mendigo o anel de um cu antigo e deixo afundar no asfalto uma de minhas testas. p.175

Há que lê-lo.

apr

II Conferência Nacional de Cultura. Brasília


Decorre nestes dias em Brasília a II Conferência Nacional de Cultura. Esta organização faz parte de um processo iniciado pelo presidente Lula de Silva daquilo que se pode designar por participação dos cidadãos. Com tudo o que de ambíguo e de perverso este tipo de iniciativas pode ter, elas têm o condão de mostrar a participação de muitos brasileiros que, porventura, não teriam outra oportunidade para o fazer. Durante mais de um ano 200.000 brasileiros em centenas de munícipios participaram em reuniões com o propósito de agendarem os temas desta Conferência a par de fazerem propostas de legislação sobre os assuntos mais variados: do orçamento de cada Estado para a Cultura à eleição de delegados índios no orgão representativo, quer desta Conferência , quer do Conselho Nacional de Cultura.
Agora são cerca de 2.800 delgados eleitos durante os processo de preparação da Conferência que aqui estão presentes para discutir uma agenda intensa de propostas e de problemas do sector. Há ainda observadores, especialistas de temas especificos, autarcas, professores, investigadores, provenientes de todo o Brasil: das grandes cidades às vilas mais recônditas que tenham mais de 15.000 habitantes. Uma destas delegadas tinha feito 12 horas de auttocarro para apanhar o avião em S. Luís do Maranhão para chegar dois dias depois a Brasília.
É muito impressionante a mobilização de todas estas pessoas embora, claro, nem tudo seja pacífico e politicamente desinteressado. A este propósito, na abertura feita pelo presidente Lula e pelo actual ministro da Cultura, Juca Ferreira, foram dados números que esclarecem a realidade brasileira e ao mesmo tempo as respostas do governo a alguns destes problemas. No Brasil, só 5% da população entrou pelo menos uma vez num museu, 13% da população vai ao cinema apenas uma vez por mês, existem pouco mais de 700 livrarias em todo o pais, etc...Contudo há outros números e decisões que são particularmente positivos. O orçamento para a Cultura do Governo Federal é de 1% e a proposta do próximo orçamento é que ele passe a ser de 1, 5%, uma das cinco áreas que os rendimentos astronómicos das explorações dos novos furos de petróleo vai contemplar é a Cultura, e o "vale cultura", dispositivo de financimento de famílias mais carenciadas para consumirem cultura, beneficia 14 milhões de brasileiros. E depois há outros instrumentos de apoio à criação cultural, a maioria destes destinadas a pequenas comunidades e a minorias étnicas ou de género.
Claro que o facto da campanha para as eleições já ter começado informalmente não será alheio a alguns anúncios, muitos deles de contornos algo populistas, como a exaltação da "cultura popular" contra os intelectuais solitários. Ainda assim, a avaliação dos participantes nesta conferência sobre a política cultural dos governos do presidente Lula era globalmente positiva.
Ver mais, aqui
APR

Buenos Aires

Publicado8 Mar 2010

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Carta confidencial sobre Buenos Aires
o bien
Del tiempo y la distancia
No sabe Don Pedro de Mendoza ese 3 de febrero de 1536 que está navegando aguas del Rìo de la Plata, el gran estuario.
Busca un reparo para fondear, y amarra. Con la cruz y la espada, y en nombre del Rey, bautiza ese lugar Puerto de la Trinidad de Santa Marìa de los Buenos Aires.
No quedan trazas de la tal fundación, pero el curso del Riachuelo, insinua allí un círculo, una vuelta sobre si mismo. Los pobladores que vinieron y se asentaron después vista la tal desembocadura la llamaron boca del Riachuelo o simplemente Boca, y construyeron casas de lata pintadas de vivísimos colores. Vivieron esos habitantes de los trabajos de puerto: carga y descarga de los barcos cargueros.
Quinquela Martin vivió ese tiempo y esa febril actividad y lo testimonió en grandes cuadros con magníficos y trágicos colores.
El Museo que lleva su nombre, allí mismo frente a esa Vuelta del Río, antigua edificación portual, reune casi toda su producción plástica.

La cancha de fútbol queda un poco más allá...
Pero me he apartado mucho de la historia. He saltado los siglos. Es que la Historia es la sedimentacion de los siglos. Y lo que hoy vemos no son los fundadores, ni Mendoza ni Juan de Garay ni los inmigrantes genoveses que dieron nombre a este aglomerado de pobres casas: Bocca del Riachuelo, asi escrito a la italiana. Queda Caminito, la esquina tanguera y algunos bares-almacenes con letreros prolijamente fileteados que dan sabor antiguo y falsamente folclórico. Pero es turístico y vale. Como es también turístico elegante y chic Puerto Madero. Lejano está el tiempo cuando en esos edificios - también funciona allí la Universidad Católica – funcionaban las oficinas portuarias, los depósitos y el Hotel de Inmigrantes porque los inmigrantes fueron – y se diría que aún lo son- también alguna vez carne de canon para ser almacenada y descargada como las bolsas tristes que cargan al hombro hombres más encorvados y tristes aún como los de los cuadros del tano Quinquela Martín.
Lo que fuere. La Historia pasó porque pasó el tiempo, y también pasó mi tiempo. Pero vale leer La Historia en los poetas:
Borges me susurró que:
Se me hace cuento que empezó Buenos Aaires.
La juzgo tan eterna como el aire y el agua.
Y Manuel Mujica Lainez:
Ciudad plural. Ciudad que no es jamás la misma
y cuya variedad, a quien sabe, abisma.
Post Scriptum
Cuando bajo al pasaje subterráneo que me llevará, cruzando las vias férreas, al otro lado de la estación el que se abre sobre la ciudad, apenas ahí al pie de la escalera, los veo.
Son los músicos callejeros venidos del este. Rumenos o acaso húngaros. Un violín y un bandoneón ...A mi paso arrancan con un tango de la vieja guardia... Como si me reconocieran, como si supieran... que la historia y el tiempo están apelotonados y son uno, todo y siempre, alfa y omega, contenidos en el Aleph, el diamante que Borges encontró en el sótano de Buenos Aires.
Yo vuelvo a mis veinte años camino de la universidad mientras ando este túnel debajo de la estación.
El violín y las fisarmónicas gitanas desgarran: Caminito que el tiempo ha borrado...
ebrero de 2010
Aurelia Rosa Iurilli
Escritora

Lima

Publicado3 Mar 2010

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Lima tiene aprox. 8,5 millones de habitantes. Es la quinta ciudad más poblada de América Latina y una de las 30 áreas metropolitanas más grandes del mundo. Se puede decir que Lima es el Perú.
Lima huele a húmedo y está a nivel del mar.

Lima es una ciudad con un altísimo índice de migración del campo a la ciudad. La gran mayoría de su población es migrante . En Lima además viven gran parte de los descendientes de chinos, japoneses e italianos que llegaron al Perú el siglo pasado. Hay varias Limas. La Lima de los barrios periféricos sigue siendo una Lima pobre, donde el ingenio de la pobreza ha hecho mucho más que el estado en mejorar el nivel de vida de las personas. En el centro histórico podemos ver lo que fue la Lima virreynal y republicana. También está la Lima próspera con grandes barrios residenciales, arquitectura de primer nivel y modernos centros empresariales.
Lima es una ciudad donde se respira creatividad. En todos los barrios de la ciudad se puede comer delicioso. El limeño ha heredado una gran cultura culinaria. Desde siempre el limeño ha comido rico. En los últimos años la falta de recursos por la prolongada crisis económica hizo que el limeño invente platos maravillosos.
Hoy la gastronomía une a todos los limeños y al Perú. Todo limeño tiene un repertorio maravilloso de platos favoritos entre los que se encuentran el ají de gallina, la parihuela, el cebiche, el saltado, el caucau , el tacutacu, el tiradito, los anticuchos, la causa limeña ,la chita frita y entre los dulces suspiro de limeña, picarones, tarta de lúcuma, crocante de chirimoya, tarta de aguaymanto. Todos platos de influencia andina, amazónica, japonesa, china o italiana.
Entra a cualquier restaurante limeño y encontrarás cartas donde se anuncian con creatividad entre otros langostinos y calamares salteados en vino blanco que se relajan sobre risotto de quinua o golosos filetes de chita a la parrilla sobre una cama de seductoras papas. En cuanto a las papas, estas son parte importantísima de la cultura gastronómica.
En el Perú existen más de tres mil variedades de papas nativas identificadas hasta el momento. Todas ellas han pasado por un proceso de trabajo genético en el Centro Internacional de la Papa (CIP), institución que preserva este tesoro andino que ha asegurado la alimentación de la sierra por siglos. El Cip está en Lima. Es por esto que en los últimos años vemos la aparición en los mercados de Lima de una gran variedad de papas nativas En Lima puedes comprar papa canchán, rosada, huamantanga, perricholi, peruanita, amarilla , negra y muchas otras variedades que llegan a Lima de todas las regiones del Perú al igual que sus habitantes.
Avelina Crespo
Fotógrafa
Avelina Crespo dedica-se à fotografia de pessoas e trabalha como fotógrafa freelancer desde 1986. Participou em inúmeros cursos e oficinas de fotografía em São Paulo e Brasília entre 1986 e 1990. Durante os quatro anos seguintes foi professora de fotografia da Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade de Lima. Viveu em Santiago do Chile entre 1994 e 2000, participando em diversas oficinas de fotografía. Colaborou com o Centro de la Fotografia em Lima (2000-2002) e foi docente de fotografia na Faculdade de Comunicações da Universidade Católica do Perú entre 2001 e 2002. Viveu em Quito entre 2002 e 2007, onde se dedicou à fotografia freelance e à docência na Universidade San Francisco de Quito. Actualmente, vive em Lima.

Os Estados das artes visuais fora dos centros (parte II)

(...) No âmbito deste trabalho inventariam-se oito casos de estudo de situações emergentes e tradicionalmente tidas como periféricas: Brasil, Chile, China e Hong Kong, Grécia, Turquia, África do Sul e Moçambique, sendo que não há um modelo que lhes seja comum e muito menos um estado das artes semelhante. (...).
A ler, na ArteCapital.
Para ler a primeira parte deste trabalho, seguir a ligação, neste blog, do lado direito.

Os estados das artes visuais fora dos centros (parte 1)

O convite da Artecapital era obviamente muito estimulante, mas absolutamente irrealizável, dado o tempo e os recursos humanos que seriam necessários para realizar uma investigação apropriada e exaustiva sobre o tema proposto. Ficam aqui apenas algumas premissas de um possível trabalho para uma equipa de investigadores, e algumas notas relativas a um conjunto específico de países, de algum modo representativo da situação da produção e difusão das artes visuais contemporâneas fora dos circuitos e dos países até há pouco tempo tidos como primeiros e históricos produtores. 
Há que, desde logo, partir da diferenciação das condições de produção, da expectativa de valorização nos mercados e dos valores financeiros que separam as artes visuais das artes performativas, ocupando estas últimas, em termos de transacção comercial, uma importância bastante residual, mesmo considerando a Ópera e as suas mega-produções. Relativamente às artes visuais, há ainda que diferenciar a criação não contemporânea cujos objectos constituem maioritariamente um valor simbólico − nada desprezível, bem pelo contrário −, sendo as suas transacções mais raras e sempre espectaculares pelos montantes obtidos. Existe ainda uma terceira diferença, que diz essencialmente respeito aos valores quantitativos e qualitativos das peças, caso se esteja a falar do circuito de Nova Iorque, Los Angeles, Londres, Munique, Paris e Zurique/Basel, ou dos circuitos mais emergentes como o de São Paulo, Xangai, Dubai, México. Estes últimos, embora sendo já mercados em forte ascensão, são difusos nas formas de implantação, acantamento de clientes − pequenos e grandes coleccionadores − nas trajectórias das obras e na sua valorização. Também os motivos de exposição, como os de aquisição de obras, são sociologicamente ainda pouco estudados. Finalmente, aspectos relevantes como a existência ou não de mercados locais cruzando-se com o circuito internacional, o estímulo por parte das organizações governamentais, onde se incluem os museus, os mecanismos de apoio à produção e à difusão dos criadores, as formas de acolhimento de artistas estrangeiros e, finalmente, os mecanismos de criação e de visibilidade, como bolsas de artes e residências artísticas, fazem a diferença entre aquelas cidades ou países que na actualidade mais expectativas podem gerar.
No âmbito deste trabalho inventariam-se oito casos de estudo de situações emergentes e tradicionalmente tidas como periféricas: Brasil, Chile, China e Hong Kong, Grécia, Turquia, África do Sul e Moçambique, sendo que não há um modelo que lhes seja comum e muito menos um estado das artes semelhante. 
Para continuar a ler, aqui 
António Pinto Ribeiro, in Arte Capital

Conferência Internacional de Cidades Inovadoras 2010

Publicado15 Fev 2010

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Promovida pelo Sistema Fiep, a CICI2010 trará mais de 80 especialistas nacionais e internacionais para debater soluções que promovam a sustentabilidade e a prosperidade econômica e social nas cidades
Entre os dias 10 e 13 de março, Curitiba receberá mais de 80 especialistas de todo o mundo que irão debater caminhos para a construção de realidades urbanas mais inovadoras, prósperas e humanizadas. Uma iniciativa do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), a Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI2010) trará experiências de sucesso em planejamento urbano, sustentabilidade, mobilidade, gestão e políticas públicas, entre outras, que transformaram cidades em ambientes propícios ao desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Entre os nomes de peso que participarão da conferência estão Steve Johnson (EUA), autor de seis best-sellers que influenciaram desde ações de planejamento urbano até a luta contra o terrorismo; Pierre Lévy (Canadá), filósofo que estuda o conceito de inteligência colet iva; Marc Giget (França), diretor-fundador do Instituto Europeu de Estratégias Criativas e Inovação; Jaime Lerner (Brasil), arquiteto e urbanista, ex-prefeito de Curitiba; Jeff Olson (EUA), arquiteto e urbanista envolvido em projetos que contemplam espaços verdes e meios de transporte alternativos; Marc Weiss (EUA), presidente do Global Urban Development e líder do projeto Climate Prosperity; Clay Shirk (EUA), professor de Efeitos Econômicos e Sociais das Tecnologias da Internet e de New Media na New York University; e o arquiteto Mitsuru Senda (Japão). A lista completa e o currículo dos palestrantes estão no site www.cici2010.org.br.
Representantes de mais de 50 cidades, de todos os continentes, já confirmaram presença na CICI2010. O evento acontecerá dentro da área de mais de 80 mil metros quadrados do Cietep, sede da Fiep no Jardim Botânico que tem localização estratégica, com acesso fácil e rápido ao Aeroporto Internacional Afonso Pena e a apenas 5 quilômetros do centro de Curitiba. São esperados cerca de 1.500 inscritos, que participarão de uma série de atividades durante os quatro dias da conferência.
“A inovação é o único caminho para construirmos uma sociedade sustentá vel. E para que as empresas brasileiras e todo o País inovem é preciso, antes de tudo, que nossas cidades sejam inovadoras”, afirma o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. “A CICI2010 será uma grande oportunidade para que possamos pôr nossas cidades definitivamente na rota da inovação”, acrescenta.
Copromovida pelas prefeituras de Curitiba, Lyon (França), Bengaluru (Índia) e Austin (Estados Unidos) e com apoio institucional das Nações Unidas, a conferência é dirigida a empresários, gestores públicos, pesquisadores, estudantes e interessados em inovação. O evento está dividido em quatro grandes temas: “O reflorescimento das cidades”, com experiências de inovações sociais e tecnológicas para a construção de um novo ambiente urbano; “A reinvenção do governo a partir das cidades”, que trará inovações em gestão e experiências de inovações políticas e da cidade como sistema vivo; “A governança do desenvolvimento nas cidades”, uma mostra de experiências de inovações para o desenvolvimento local e apresentação de experiências de inovações para a sustentabilidade; e “Cidade-rede e redes de cidades”, que servirá para a formação do núcleo da Rede de Cidades Inovadoras.
Paralelamente à CICI2010 serão realizados outros eventos integrados, c omo a Conferência Internacional sobre Redes Sociais, o 1º Encontro Internacional de Cidades de Médio Porte e o 2º Encontro de Governos Locais da Índia, Brasil e África do Sul. E será lançado o projeto “Curitiba, Cidade Inovadora 2030”, que visa transformar a cidade e sua região metropolitana em um espaço propício à inovação, à educação e ao surgimento de uma indústria mais sustentável.
As inscrições para a Conferência Internacional de Cidades Inovadoras podem ser feitas pelo site www.cici2010.org.br. Até 21 de fevereiro, o pacote completo para acompanhar o evento, com acesso liberado a toda a programação da conferência, tem preço promocional de R$ 440,00. Estudantes têm 50% de desconto. Também é possível adquirir pacotes menores, para acompanhar uma ou mais conferências da noite, onde estarão alguns dos principais palestrantes da CICI2010. O pagamento pode ser feito por cartão de crédito ou depósito bancário.
Saiba mais: http://www.cici2010.org.br/

La Paz o Nuestra Señora de La Paz

Publicado3 Fev 2010

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En el aeropuerto internacional de El Alto los aviones no aterrizan, parquean“. Lo escuché una vez de alguien, cuando se refería a los más de 3.600 msnm sobre los que se yergue la ciudad de La Paz, en Bolivia.
A esa altura, con la disminución de la presión atmosférica, se tiene menos oxígeno para respirar y, por lo tanto, el cuerpo reacciona –siempre de manera particular– a través de dolores de cabeza, de estómago o vértigo, por ejemplo. El mate (infusión) de hojas de coca combate el mal de altura, pero la belleza de las montañas vuelve a quitar el aliento.

Baja del avión, pon los pies en el altiplano y mira: la sede de gobierno boliviana tiene como vigías inmortales los nevados de la Cordillera Real, Illimani, Illampu y Wayna Potosí, todos envueltos en auras de sosiego. Ahora voltea y observa cómo La Paz se pone a tus pies. El inmenso cuenco que la alberga se abre y te invita a ir hacia ella.
Un límpido cielo de azul intenso acompaña tu descenso. Quizá es el mismo que acompañó la instauración del primer gobierno libre de Hispanoamérica en 1809 con Pedro Domingo Murillo y otros luchadores, tal vez sea el que vio la sangre derramada en la Guerra Federal de 1898 que definió La Paz como sede política del país, o simplemente es aquel cómplice de la infinidad de leyendas que hacen de esta ciudad tan enigmática.
El río Choqueyapu cruza la ciudad, óyelo. En tu camino hacia la hoyada, mira cómo las casas parecen colgar de las laderas de los cerros, como si insistiesen en no quedar fuera de la fotografía que tomas: techos de calamina, paredes de ladrillos y muros de colores.
Un trecho más y ya entras por sus venas. Delante se alza la Basílica de San Francisco con su estilo barroco mestizo –expresión más acabada del mestizaje cultural en los Andes– construida entre los siglos XVI y XVIII. El Atrio de San Francisco y la Plaza de los Héroes, que se encuentra al lado, fue y es escenario de masivas concentraciones sociales y discursos políticos. Sin embargo, el principal movimiento político tiene lugar en la plaza de armas: periodistas con micrófonos y cámaras en mano van y vienen por las aceras y edificios de la administración legislativa y ejecutiva del país. En los alrededores del Palacio Quemado, (denominación del Palacio de Gobierno debido a un incendio ocurrido durante una sublevación en 1875), se encuentran los edificios más antiguos de la ciudad, la Alcaldía, el Banco Central y muchos museos que, desde su asiento sobre calles angostas empedradas de historia, dan fe del pasado.
Ahora atraviesa la Avenida 16 de Julio en dirección sud, siguiendo sus jardines y observando cómo se desarrolla la vida comercial y financiera paceña. Bancos, negocios, cafés, restaurantes, todos anunciándose con colores y mensajes llamativos. No te extrañe si las bocinas de los autos, los puestitos de venta en medio de las aceras, los gritos de los ayudantes de los minibuses que anuncian las rutas de sus líneas, el paso apurado de los transeúntes o la parsimonia de quienes leen los periódicos que cuelgan en los puestos estimulan todos tus sentidos y hacen tu paso más lento.
Pero la magia se extiende un poco más. Con un poco de tiempo, puedes viajar al Titicaca, el lago navegable más alto del mundo, y también visitar sus islas. A más de 3.800 msnm, el azul lago sagrado –cuya superficie se calcula en 56.270 km– sólo puede compararse con el cielo. El aura de este lago sin fondo se reviste del enigma que le dan las leyendas sobre ciudades de oro y plata, bellos cantos de sirenas y deidades tutelares.
El Lago Titicaca es parte de la Cuenca Endorreica, un sistema hídrico cerrado del que participan Bolivia, Perú y Chile. Bolivia ya no tiene mar, pero su irrenunciable derecho a una costa soberana desde 1904 hace a su marina navegar sobre el inmenso lago de agua limpia y dulce.
Aquí en lo alto, donde los condores aletean, intenta ponerte de puntas y estira las manos. Tal vez alcances un poquito de cielo.
26 de enero de 2010
Patricia Cuarita
Diplomata boliviana
[email protected]

Bogotá

Goiabada sobre queijo coalhado, mangas gigantes e sumarentas, panquecas cocadas ou com compotas variadas, milho cozido, café, doce de leite, bananas cortadas às rodelas e batatas fritas também cortadas às rodelas, sumo de maracujá, imagens religiosas de santos de muitos tamanhos, vestidos de rosa, de azul ultramarino ou azul bebé, virgens de braços fortes para poderem pegar meninos Jesus cheiinhos. É tudo isto o que nos oferecem as ruas de Bogotá: doces, gulosas, miraculadas.
Na parte mais antiga da cidade, na Candelaria, um bairro da época colonial, as casas são coloridas, muitas ainda em madeira. É neste bairro que se situa a maioria dos equipamentos culturais: a Biblioteca pública Luís Ángel Arango, o centro cultural do Banco de la República, o Museu Colonial, a Igreja Matriz, assim como algumas dezenas das universidades que existem só em Bogotá. É neste pedaço da cidade que mais se sentem os efeitos da colonização, neste caso espanhola. Eles são visíveis um pouco por todo o lado, como por exemplo na geometria da sua malha urbanística e no traçado arquitectónico dos edifícios civis e religiosos, sobretudo nestes últimos, que ostentam as formas estéticas que marcaram o Barroco opulento saído da Contra Reforma. Em Bogotá, como em outras cidades latino-americanas, a "história de arte" começa com o Barroco, com o seu aparato grandioso e programa de afirmação da doutrina católica apostólica romana. E não podemos deixar de nos intrigar sobre o modo como se terão sentido os colombianos sob a conquista ao serem invadidos por esta arte de excesso, por esta figuração de exaltação do sofrimento - Cristo crucificado, santos martirizados…. Como terá sido perplexo para eles receberem estas imagens, vindas de um lugar de que só sabiam o nome. E continua a ser intrigante saber como gerações sucessivas de colombianos lidam com o passado colonial, como vivem nestas casas de modelo importado, como convivem com esta memória. Ao contrário de outras cidades mais afro-latinas, em Bogotá a arte nativa de origem índia teve sempre uma criação paralela à arte erudita vinda da Europa. Poucas combinações houve entre as duas, o que provocou uma separação radical entre a arte popular de matriz índia e a arte erudita de tradição europeia que foi, e continua a ser - na sua expressão contemporânea -, uma arte sem expressão antropofágica. Embora alguns artistas notáveis como Luís Fernandes Roldán (n.1955), Doris Salcedo (n.1958), José Alejandro Restrepo (n.1959) e Carmen Elvira Brigard utilizem com frequência nos seus trabalhos linguagens comuns às duas.
Numa das maiores livrarias da América Latina leio O Problema da Habitação, de Ruy Belo, e espanta-me a imensidão, a qualidade e a organização dos livros expostos nesta livraria do Centro Cultural Gabriel García Marques. Mas, são caros os livros aqui, porque uma grande maioria é importada de Espanha e da Argentina. Vizinha da livraria, está a colecção de arte do Museu do Banco de Colômbia, onde “dormem” para sempre em seus retratos, de memória pintados por Victorino García Romero (1791-1870), as Monjas Muertas do Convento de la Concepción. Quase todas representou-as o pintor com caras de mortas antigas, muito mirradas, excepto a irmã Juana de San Francisco que, talvez por ser mais gordinha, exibe um rosto mais sereno, e a irmã Catalina Teresa de Santo Domingo, falecida em 1786 e pintada com a cabeça emoldurada por um lindo ramo de flores azuladas, assente sobre duas tábuas como se fosse japonesa.
Milhares de pequenos táxis amarelos atravessam continuamente Bogotá, seguindo-se uns aos outros em filas intermináveis como numa pista de feira de carrinhos de choque. Para lá do bairro histórico da Candelaria fica a parte mais recente da cidade, que cresceu para norte e para sul e que tem actualmente 1.587 Km2 de área e 8 milhões de habitantes - dos quais 1.6 milhões vive na pobreza - e 832 mil carros, ocupando o transporte privado 95% da rede viária. Aqui a cidade é semelhante a tantas outras metrópoles sul-americanas, desigual socialmente, caótica e harmoniosa, segura e violentamente perigosa. As zonas seguras, com suas ruas iguais a todas as ruas das grandes metrópoles, marcadas pelo furor do consumo, com os arranha-céus em vidro, as seguradoras multinacionais, a banca, as lojas trendy da moda das cadeias internacionais ou sucedâneas destas, os restaurantes sushi com decorações em aço, madeira e vidro, toalhetes em papel reciclado ou em materiais clean e vigilantes à entrada. Estas zonas seguras da cidade distinguem-se também pela segurança obsessiva: seguranças privados, câmaras de vídeo, controle discreto da polícia. São zonas onde se chega em carros de vidros fumados, trancados, que depois alguém estaciona. O que aqui pode surpreender o visitante é algum vendedor de artesanato andino, ou essas mulheres que vendem chamadas ao minuto, com telemóveis amarrados à cintura por longas cadeias, que os alugam por minutos a alguns transeuntes que tenham ficado sem bateria ou sem dinheiro. Circundando isto, como uma moldura de um barroco pobre e de papel, há uma pobreza geracional, há paramilitares, um regime duro e uma violência sempre latente.
Apesar de ser noite de Verão na cidade, que fica a 2.940 metros de altitude, faz muito frio à noite. Leio: "El día que Florentino Ariza vio a Fermina Daza en el atrio de la catedral, encinta de seis meses y con pleno domínio de su nueva condición de mujer de mundo, tomó la determinación feroz de ganar nombre y fortuna para merecerla." de El amor en los tiempos de cólera, de Gabriel García Marquez.
apr

Santiago do Chile

Publicado28 Jan 2010

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Quando se dobra a rua Namur é uma manada de elefantes que encontramos pela frente. Santiago do Chile é uma cidade improvável. Nas noites quentes de Janeiro as buganvílias coloridas emaranham-se pelas fachadas em mármore das Vilas com portões de aço bordados há cem anos. A cidade tem pátios, jardins, cantos com cafés onde famílias inteiras comem "empanadas", e os adultos bebem vinho chileno e as crianças sumos de anona e de morango ou saboreiam sorvetes de muitos sabores. No Emporio La Rosa e em letras cor de rosa está escrito nas lousas penduradas nas paredes: le ofrece, e depois a verde, frescas ensaladas, deliciosos sandwichs, jugos naturales, bebidas, - café.
Qué lindo!
Em Santiago, as estações do ano ainda são quatro e a cidade muda em cada uma delas. No Inverno, quando a Cordilheira desaparece no meio das nuvens baixas, a cidade fica fria e sem imaginação. No Verão é libertária, pública, quente e nas suas memórias atropelam-se revoluções, projectos, fantasias, cartazes de rua, teatros… Santiago é uma cobra serpenteando ao longo de 32 Km, esgueirando-se entre a Cordilheira e o mar; é uma espinha bordada de abacates e de milhares de brinquedos estendidos nos passeios pelos vendedores ambulantes.

Os Santiguinos gostam muito de teatro e as salas enchem-se. Santiago é uma cidade de actores, alguns muito jovens com as mãos muito coladas ao lado do corpo, e outros mais velhos, eternos, que representam desde antes da Ditadura, durante a Ditadura e continuam a fazê-lo na Democracia. Representam e agradecem com a gratidão de sempre, gostam das palmas de sempre e agradecem sempre com uma flexão com as mãos juntas e serenas e saem depois pela direita alta, numa sala de teatro inventada em plena Assembleia Nacional.
O cinema dos Santiguinos tem muito mar - o mar do Norte e o mar do Sul - vento, famílias reunidas em casas nas dunas ou jovens de camisolas de lã olhando para lá do mar.
Os Santiaguinos são patriotas e acreditam no futuro e gostam com orgulho da sua cidade, gostam muito dela no Inverno e em todas as estações.

No bairro Providencia há muitos Bancos e centros comerciais dos anos 70 em forma de caracol. No Bellverde há ateliers de artistas e as casas são de cores garridas. No bairro das Bellas Artes pode ler-se Álvaro de Campos nos tampos das mesas.
Em Santiago, os homens andam muito velozes nas ruas ou perfilam-se em seus fatos escuros nas estações de metro. Acautelam-se com as mulheres com seus peitos altos destemidos.
Santiago é uma cidade melancólica sim, com os seus antiquários, alfarrabistas, toalhas de linho engomadas a rigor, arquitectos-urbanistas utópicos e novelistas secretos.
Santiago é a capital e maior cidade do Chile, tem 641.4 km² e uma população de 5 428 590 pessoas
apr

Notas sobre o teatro no Chile e na Argentina

Publicado22 Jan 2010

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Durante os anos em que Michelle Bachelet presidiu ao governo do Chile (2006-2009), as áreas social e cultural do país tiveram apoios e políticas de reconhecimento e de desenvolvimento inéditas, mesmo pensando a uma escala mundial. No que diz respeito à cultura, o sector foi profundamente estudado e estruturado, hierarquizando-se prioridades e colocando-se em cargos de responsabilidade e de decisão uma nova geração de quadros - nascida no início dos anos 1970 -, o que produziu uma renovação saudável do sector, de que hoje se sentem as boas consequências.Uma das área a merecer uma especial atenção foi a do teatro, a que não terá sido alheio o facto de ser esta uma arte tradicionalmente de grande qualidade e tradição no Chile, e de a ministra da cultura ser uma actriz. No processo de estruturação do sector teatral muitas foram as salas recuperadas e equipadas, consolidando-se a sua programação. São centenas as que existem pelo país, das quais, algumas dezenas em Santiago, com públicos muito participantes e activos e muito diferenciados na sua “filiação” tribal.
O teatro chileno é, a par, do teatro argentino, um dos melhores do espectro latino-americano, tendo inclusivamente criado uma técnica vocal que lhe é particular. O teatro chileno é maioritariamente um teatro de palavra e de texto, assenta na performance dos actores e na qualidade da encenação, com pouco investimento em maneirismos cenográficos. A importância e a prevalência do texto é de tal ordem, que nos concursos anuais de dramaturgia chegam a concorrer 250 textos (2009), 60% dos quais originários de fora da capital É um teatro que vive ainda muito da revisitação à história política recente do Chile. Mas as suas abordagens podem ser de uma sofisticação ímpar. Um dos melhores exemplos é a obra "Neva", encenada por Guillermo Calderón, que é provavelmente a melhor peça estreada na América do Sul no ano passado. Num "ringue" de 4 m2, três actores representam o dia seguinte à morte de Tchekov, com incursões às obras do dramaturgo russo. É um teatro feito apenas sobre a qualidade da interpretação de excelentes actores e com uma dramaturgia e encenação de uma inteligência rara. Actualmente, os dois festivais de teatro de referência são o Festival Internacional de Teatro Santiago a Mil (FITAM), sediado em Santiago (www.santiagoamil.cl) e o mais recente Festival Cielos del Infinito (www.festivalcielosdelinfinito.cl) que acontece desde 2008 na cidade mais ao sul do continente sul-americano, Punta Arenas, já na região do Chile Antárctico.
Na Argentina, ao contrário das recentes políticas culturais no Chile, as artes de uma forma geral e o teatro, em particular, não têm tido qualquer apoio por parte do governo. Mesmo assim, o teatro é uma actividade pulsional deste país, em particular em Buenos Aires onde, apesar da crise, em alguns fins-de-semana chegam a estrear-se 30 peças. Os locais são maioritariamente lugares alternativos, como apartamentos e associações, já que a maioria dos teatros da cidade foram privatizados e apresentam sucedâneos da Broadway ou do teatro espanhol comercial. A propósito da situação do teatro na Argentina contou o actor e encenador Marcelo Mininno uma história da sua infância. Vivendo com a sua avó numa região rural, assistiu um dia a uma enorme trovoada. Ao espreitar pela janela, viu a avó deitar sal no chão, em movimentos de cruz, de cada vez que trovejava. Passado algum tempo a avó entrou em casa e dirigindo-se ao neto com um ar peremptório, disse-lhe: a trovoada vai acabar. O comentário do actor foi: “como vêem há muito bom teatro na Argentina”.
apr

Piratas

Publicado21 Jan 2010

Etiquetas américa do sul literatura peru



Pirataria literária no Peru, aqui
As a cultural artifact, the book has undeniable power, and the idea of a poor, developing country with a robust informal publishing industry is, on some level, romantic: the pirate as cultural entrepreneur, a Robin Hood figure, stealing from elitist multinational publishers and taking books to the people. The myth is seductive, and repeated often. In a country where a new book can cost 20% of the average workers’ weekly wage, it’s worth asking who could afford to read if it weren’t for pirates?
in Guardian

Montevideu

Publicado29 Dez 2009

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Escrever 15/20 linhas sobre Montevideu. Montevideu é rambla. Sem dúvida que este passeio marítimo de 22km é aquilo que mais me atrai nesta cidade. Correr ou caminhar ao amanhecer pela rambla de Pocitos, semelhante a uma baía de um Rio de Janeiro, ou de uma Luanda, é, seguramente, dos melhores momentos do dia, aproveitando a luz e o cheiro do Rio de La Plata. Para recuperar forças – e porque não é dia de trabalho – um bom pequeno-almoço nas Medialunas Calentitas, impossíveis de se lhes resistir. Entre Pocitos e a Ciudad Vieja, uma saltada à Feira de Tristán Narvaja, caminhar por entre o verde dos legumes e o colorido das frutas, cães, aves e peixes de aquário, tudo isto é possível de se encontrar na feira mais gostosa e sui generis de Montevideu, e livros, muitos livros, velhos, amarelecidos e edições difíceis de encontrar. Hora de almoço – sempre tardio -, uma ida ao El Abrazo, uma livraria, loja de artesanato e de roupa, e uma sala de exposições, para além do divertido e colorido restaurante. É de perder – sem perder tempo – umas boas horas neste lugar tão acolhedor, entre livros, anéis, chás e boas conversas. Final de tarde, e como “Montevideu é rambla”, desfrutar do indescritível pôr-do-sol da praia Gonzalo Ramires. E, para terminar, nada melhor que ir, com amigos, a La Pulpería, em Punta Carretas, e picar uma tira de assado, um olho de bife, acompanhados pela maravilhosamente bem temperada salada de alface, tomate e cebola. ¿Y qué le parece?
Raquel Carinhas
Leitora de português