Brasil, África, Europa: TERCEIRAS METADES pelo mundo fora
Publicado17 Fev 2011
É hoje que arranca a mais recente e ambiciosa iniciativa programática do MAM-Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), intitulada TERCEIRA METADE porque “se desenha no espaço geográfico e mental do Atlântico, em especial na triangulação Brasil, África e Europa”, tal como explicam os respectivos curadores Luiz Camillo Osório (director do MAM) e Marta Mestre (recentemente integrada na equipa curatorial do MAM após estágio INOV-Art como curadora assistente naquela instituição).
O programa multidisciplinar decorrerá de 17 de Fevereiro a 17 de Abril de 2011 e articula uma exposição, um seminário internacional, uma mostra de cinema, o lançamento de um livro e um site, dedicados às “mudanças culturais que acontecem no mundo contemporâneo, em especial entre as três margens deste eixo geográfico” (Brasil, África e Europa).
Assim, a abertura da TERCEIRA METADE acontecerá hoje mesmo às 19 horas locais (Rio de Janeiro) com a inauguração de uma mostra de trabalhos especialmente produzidos no âmbito deste projecto, relacionados com a arquitectura do museu e realizados num “diálogo a três” por parte dos artistas Manuel Caeiro (nascido em Évora, Portugal, em 1975 e actualmente a viver entre Lisboa e o Rio de Janeiro), Yonamine (nascido em Luanda, Angola, em 1975, e actualmente a viver em Lisboa e em Luanda) e Tatiana Blass (nascida em São Paulo, Brasil, em 1979, onde continua a viver).
[Manuel Caeiro]
O Seminário é gratuito – apenas implicando pré-inscrição no website do MAM –, com tradução simultânea (pt/ing) e terá lugar na Cinemateca do museu nos dias 29 e 30 de Março. Propõe-se debater “as relações, as formas de representação e a circulação da economia da cultura no eixo geográfico Brasil, África e Europa” e conta com “a presença de curadores, pesquisadores, economistas, artistas, antropólogos, escritores”, dos quais se destacam Célestin Monga (“camaronês economista do Banco Mundial em Washington”), Roberto Conduru (“historiador de arte brasileiro”), Paul Goodwin (“curador da Tate Britain de Londres”), Adélia Borges (“curadora da Bienal Brasileira de Design 2010”) e António Pinto Ribeiro (“ensaísta e programador da Fundação Calouste Gulbenkian”).
Ainda na última semana de Março realizar-se-á uma mostra de cinema com curadoria da pesquisadora e realizadora Michelle Sales, abordando questões como: “De que forma o cinema ‘olha’ para os ‘olhares’ entre Brasil, África e Europa? Qual o estado do cinema atual, neste eixo geográfico?”, seguindo-se a edição de um livro bilingue (pt/ing) “com todas as ações do projecto TERCEIRA METADE”, para além do respectivo website.
“Terceira Metade” é também o título do último livro da trilogia “Os Filhos de Próspero” do inagualável escritor, cineasta, artista plástico e antropólogo, Ruy Duarte de Carvalho (nasceu em 1941 em Portugal, naturalizou-se angolano em 1975 e morreu na Namíbia em 2010): o primeiro que categorizou explicitamente como um romance, procurando “tratar literariamente, em língua portuguesa e através de um certa ficção, questões comuns a todos os tempos e ao mundo inteiro” (segundo palavras do autor aqui). E aqui um diário de viagem particularmente cúmplice, com o intuito de “problematizar o processo de ocidentalização do mundo e os seus efeitos, com enfoque no espaço atlântico”.
Ora termina precisamente hoje, 17 de Fevereiro, a homenagem póstuma que lhe dedicou em Angola a associação cultural Chá de Caxinde. Que vivam (e revivam) as terceiras metades pelo mundo fora.
Lúcia Marques