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Santiago do Chile


Quando se dobra a rua Namur é uma manada de elefantes que encontramos pela frente. Santiago do Chile é uma cidade improvável. Nas noites quentes de Janeiro as buganvílias coloridas emaranham-se pelas fachadas em mármore das Vilas com portões de aço bordados há cem anos. A cidade tem pátios, jardins, cantos com cafés onde famílias inteiras comem "empanadas", e os adultos bebem vinho chileno e as crianças sumos de anona e de morango ou saboreiam sorvetes de muitos sabores. No Emporio La Rosa e em letras cor de rosa está escrito nas lousas penduradas nas paredes: le ofrece, e depois a verde, frescas ensaladas, deliciosos sandwichs, jugos naturales, bebidas, - café.
Qué lindo!
Em Santiago, as estações do ano ainda são quatro e a cidade muda em cada uma delas. No Inverno, quando a Cordilheira desaparece no meio das nuvens baixas, a cidade fica fria e sem imaginação. No Verão é libertária, pública, quente e nas suas memórias atropelam-se revoluções, projectos, fantasias, cartazes de rua, teatros… Santiago é uma cobra serpenteando ao longo de 32 Km, esgueirando-se entre a Cordilheira e o mar; é uma espinha bordada de abacates e de milhares de brinquedos estendidos nos passeios pelos vendedores ambulantes.

Os Santiguinos gostam muito de teatro e as salas enchem-se. Santiago é uma cidade de actores, alguns muito jovens com as mãos muito coladas ao lado do corpo, e outros mais velhos, eternos, que representam desde antes da Ditadura, durante a Ditadura e continuam a fazê-lo na Democracia. Representam e agradecem com a gratidão de sempre, gostam das palmas de sempre e agradecem sempre com uma flexão com as mãos juntas e serenas e saem depois pela direita alta, numa sala de teatro inventada em plena Assembleia Nacional.
O cinema dos Santiguinos tem muito mar - o mar do Norte e o mar do Sul - vento, famílias reunidas em casas nas dunas ou jovens de camisolas de lã olhando para lá do mar.
Os Santiaguinos são patriotas e acreditam no futuro e gostam com orgulho da sua cidade, gostam muito dela no Inverno e em todas as estações.

No bairro Providencia há muitos Bancos e centros comerciais dos anos 70 em forma de caracol. No Bellverde há ateliers de artistas e as casas são de cores garridas. No bairro das Bellas Artes pode ler-se Álvaro de Campos nos tampos das mesas.
Em Santiago, os homens andam muito velozes nas ruas ou perfilam-se em seus fatos escuros nas estações de metro. Acautelam-se com as mulheres com seus peitos altos destemidos.
Santiago é uma cidade melancólica sim, com os seus antiquários, alfarrabistas, toalhas de linho engomadas a rigor, arquitectos-urbanistas utópicos e novelistas secretos.
Santiago é a capital e maior cidade do Chile, tem 641.4 km² e uma população de 5 428 590 pessoas
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