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Velório Chileno

Teatro

5 Jul 2013 - 22:00 | 6 Jul 2013 - 22:00

Teatro do Bairro

Entrada 15 €

Encenador: Cristián Plana (Chile)

 

Para quem conhece mal a história do Chile ou para quem acha que os tempos de hoje devem ser tão ligeiros e vividos – tão velozmente quanto a informação que circula este trabalho de análise das narrativas sobre o período da ditadura de Pinochet, feito há anos por muitas companhias de teatro – até parece uma obsessão ’local‘, um problema ’deles‘, que vivem do outro lado da Cordilheira. E, contudo, estes trabalhos ajudam a alguma reconciliação, são instrumentos de análise do passado histórico que, tantas vezes, impediram o branqueamento de crimes e de factos atrozes e são ferramentas de análise do presente. Para que haja alguma paz, é fundamental este trabalho de encenação das questões da História. “Velorio Chileno”, a partir de um texto de Sergio Vodanovic (1926–2001), dirigida por Cristián Plana, é uma peça sobre um episódio banal, de uma noite entre amigos que comemoram o Golpe de Estado de Pinochet, na noite de 11 de setembro de 1973. Assim se pode ver como o ressentimento motivado pela perda de ’posição de classe‘, pelo medo dos outros vizinhos desconhecidos, pela frustração conjugal, pela atração pelo poder e pelo autoritarismo, cria os cúmplices diretos desse mesmo autoritarismo. A sexualidade ou a frustração de não ser capaz de a realizar toma, nesta peça, uma dimensão que muitos historiadores, por pudor ou incapacidade, poucas vezes associaram às manifestações deste tipo de ditaduras. E ela aqui está, de uma forma lucidamente analisada e contextualizada. A violência tem muitas formas e, neste campo, pode ser fascista também. Os atores são maravilhosos.

Velório Chileno

CRISTIÁN PLANA (Chile, 1979)

Ator de formação clássica, estreou-se na encenação com “Werther”, em 2003. Duas temporadas depois, estreou “Mi Madre” e foi escolhido pelo Centro de Investigación Teatral: Teatro La Memoria para encenador da semana de teatro. Em 2008, encenou “Partido”, uma adaptação da peça de Thomas Bernhard, que veio a ser cabeça de cartaz no Festival Santiago a Mil, na categoria de teatro emergente. Seguiu-se a adaptação de uma outra peça de Thomas Bernhard, sob o título “Comida Alemana”, que também foi levada a cena no mesmo festival, mas já em 2010. O estilo das adaptações de Plana granjeou uma forte reputação não só por transferir as histórias originais para um Chile mais ou menos contemporâneo, como também por criar atmosferas opressivas com a colaboração de uma das mais influentes jovens cenógrafas do Chile, Rocío Hernández.