Jornal 10: Um Verão Árabe
Published18 May 2012
Já se encontra disponível para download o número 10 do Jornal do Próximo Futuro. Aqui.
Published18 May 2012
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Published18 May 2012
Três décadas depois da abolição, o governo vai reintroduzir no próximo ano lectivo, o ensino pré-escolar, com o objectivo final de melhorar o ensino no país.
Três décadas depois da abolição, o governo vai reintroduzir no próximo ano lectivo, o ensino pré-escolar, com o objectivo final de melhorar o ensino no país.
Segundo anúncios feitos esta semana pelas autoridades de educação, a medida visa permitir que as crianças se socializem com o sistema, antes de iniciar o ensino primário, contribuindo deste modo, para melhorar a qualidade que segundo opinião geral, está cada vez mais baixa, a todos os níveis.
A Associação Nacional dos Professores saúda a medida, contudo, considera que o Governo deve criar todas as condições prévias, por forma a garantir que os resultados esperados se reflictam na realidade.
Em contacto com a reportagem da Voz da América, a Direcção de Planificação do Ministério da Educação não quis dar detalhes sobre o programa, revelando apenas que o objectivo é superar a fraca qualidade no ensino primário e facilitar o alcance dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio.
Um dos principais desafios que se colocam a este processo, tem a ver com as infra-estruturas existentes e os professores necessários para concretizar a iniciativa.
O Ministério da Educação diz estar a preparar todo o processo que será conhecido, em devido momento. Para os professores, este desafio deve ser muito bem visto, sob risco de sobrecarregar o sistema e piorando ainda mais os resultados actuais.
Published17 May 2012
O escritor mexicano Carlos Fuentes, nascido em 1928 na Cidade do Panamá, morreu hoje, 15 de maio. Recebeu diversos prêmios por sua obra, entre eles o prestigioso Cervantes, em 1987. De seus romances, destacam-se A morte de Artêmio Cruz e A campanha. Leia abaixo um trecho da última entrevista que cedeu, publicada no jornal El país ontem (a íntegra em espanhol pode ser acessada aqui).
P. Do que trata o seu último livro e o que você vai iniciar agora?
R. No que terminei, Federico en su balcón, Nietzsche aparece ressuscitado em uma varanda às cinco da manhã, e eu começo uma conversa com ele. O livro que vou iniciar, El Baile del Centenario, encerra uma trilogia da Idade Romântica, que cobre desde a celebração do centenário da independência, em setembro de 1910, oranizada por Porfirio Díaz, e a celebração do fim do centenário, em 1920, organizada por Álvaro Obregón e José Vasconcelos, de modo que abrange dez anos da vida no México. Já estou com muitos capítulos, anotações e personagens. Há uma mulher que me interessa muito, que não quer contar nada sobre o seu passado e que vai sendo descoberta pouco a pouco, até que chega ao mar e se liberta.
P. Há algo de específico nesse início de século que o atraia?
R. Sou fascinado pelas mudanças que estamos vivendo. Quem diria que as mudanças começariam no norte da África? E daí se estenderia para boa parte da Europa e dos Estados Unidos, onde muitos de meus alunos me dizem: “Sou doutor e não encontro emprego”. Ou… “Meu pai virou classe média e sinto que estou descendo para a classe proletária”. Na América Latina também acontecem mudanças grandes, ainda que lá tenha havido certa estabilidade. Antes, os problemas começavam na América Latina. Agora parece que vão chegar nela. E é um mundo ao qual não conseguimos dar um nome. Se uma pessoa perguntasse a Dante: “Como você se sente vivendo em plena Idade Média?”, ele responderia: “O que é a Idade Média?”. Não podemos dar um nome a essa época, mas sentimos que tudo está mudando. O Renascimento sabia que era o Renascimento, a Idade Média não sabia que era a Idade Média.
P. Como você lida com a internet e as redes sociais?
R. Eu parei no fax; escrevo à mão em uma página em branco com uma caneta, corrijo na página seguinte. A minha esposa que me informa das novidades. Antes, eu dizia: vou pesquisar na Enciclopédia Britânica. Agora, ela fala, não, aperta uma tecla e encontra o que procurava.
Published17 May 2012
Como bailarina, a escritora e crítica Inês Bogéa sempre foi além dos movimentos da dança. Ela criava um mundo imaginário sobre cada peça, envolvida pelas narrativas dos grandes balés. Esse interesse pelas aventuras e particularidades dos personagens a levou a escrever dois livros em que reconta histórias do balé clássico. O mais recente, Outros contos do balé, será lançado amanhã, 12/05, na Livraria da Vila (Fradique Coutinho), em São Paulo. Confira, a seguir, um bate-papo com a autora.
Sua vivência no balé teve início há mais de 30 anos, como bailarina clássica. Como você passou a escrever sobre dança, tendo sido crítica da Folha de S.Paulo por um longo período e autora de livros sobre o tema?
Minha história no balé começou de ponta cabeça, na ginástica olímpica, fazendo estrelas e outros tantos movimentos desse esporte, que tem muito de dança. Depois, passei para a capoeira e, numa das curvas da vida, triste por ter levado uma benção no peito numa das rodas, assisti, na TV, ao Lago dos Cisnes, no colo do meu pai. A sensação de ver as meninas flutuarem nas pontas e as imagens de múltiplas dançarinas de tutu me marcaram. Entrei para fazer balé clássico na academia da D. Lenira, em Vitória. Me formei na metodologia da Royal Academy of Dancing, em Londres. Em 1998, entrei para o Grupo Corpo, e nele fiquei por 12 anos. Viajamos o mundo dançando. Nesse tempo, tínhamos um grupo de estudos de dança. Um texto meu foi enviado para o editor da Ilustrada (Folha de S.Paulo), na época Sérgio Dávila, que me convidou para escrever no jornal. Quando chegou o meu tempo de parar de dançar, pesquisei a história do Grupo Corpo e organizei o livro Oito ou nove ensaios sobre o Grupo Corpo. Esse foi meu ritual de passagem para o outro lado da cena.
Como se dá esse processo de transformar em narrativa escrita histórias dançadas? Como bailarina, você procurava saber as histórias por trás dos movimentos?
Reconto as histórias a partir do movimento da dança; lembro no corpo as sensações e emoções dos personagens que dancei e vivo as histórias dos outros personagens para completar a narrativa. Ao dançar alguns dos grandes balés, procurava saber a história para conhecer mais e criar um mundo imaginário sobre cada dança.
Outros contos do balé é seu terceiro livro infantojuvenil [os dois primeiros são O livro da dança (Companhia das Letrinhas, 2002) e Contos do balé (Cosac Naify, 2007)]. Por que a escolha desse público leitor para suas narrativas sobre dança?
Meus livros são para crianças de todas as idades. São minhas lembranças do prazer de dançar e da alegria de me mover que me levam a criá-los. Escrevo para continuar dançando com leitores de diferentes idades.
Assim como em Contos do balé, em Outros contos do Balé você reconta cinco histórias de coreografias de dança clássica Como você chegou a essa seleção?
Assim como no primeiro livro, a ideia é contar balés de diferentes gêneros, tempos, acentos e cores da dança clássica. Em Outros Contos do Balé você pode ler A Sílfide, marco da dança romântica; O corsário, onde a tônica está na descoberta de terra distantes e exóticas; La Bayadère, inspirada na dança indiana; O Quebra-Nozes, um marco da dança clássica; e O Pássaro de Fogo, um balé clássico moderno. O novo livro dialoga com o primeiro e traz novas perspectivas, nas próprias histórias e nas notas informativas.
Você já dançou algumas das coreografias que compõem o livro? É possível eleger uma favorita?
Dancei A Sílfide, O Pássaro de Fogo e O Quebra-Nozes, em diferentes papeis de solista e de corpo de baile. De cada um, tenho uma história diferente para contar. O bom é estar em cena, dançando.
Neste livro, você apresenta aos leitores os profissionais que normalmente ficam nos bastidores de um espetáculo, mas que são igualmente importantes para sua realização. O que caracteriza, para você, uma montagem impecável?
Para que um espetáculo aconteça, todos têm que dançar juntos. Desde o tempo de abertura da cortina ao início do movimento do bailarino, em diálogo com a música, o figurino, a luz, a cenografia, até os detalhes técnicos – por exemplo, o fechamento da caixa preta, o tempo entre uma obra e outra, movimentos de cena –, tudo tem impacto na percepção do espectador. Uma montagem impecável deve apresentar qualidade em todos esses elementos.
Published16 May 2012
O Ministério da Cultura mexicano confirmou o óbito. E segundo a AFP, o presidente Felipe Calderón deixou uma mensagem na sua conta no Twitter: “Lamento profundamente o falecimento do nosso querido e admirado Carlos Fuentes, escritor e mexicano universal. Descanse em paz”.
O Prémio Cervantes (1987) e Prémio Príncipe das Astúrias (1994) morreu de problemas cardíacos, aos 83 anos. Tinha começado a escrever aos 29 anos e o seu último romance editado, “Adão no Éden”, foi publicado recentemente pela Porto Editora.
É autor de “O velho Gringo”; “Cristóvão Nonato”, “Constancia e outras Novelas para Virgens”, “Aura”, “A Laranjeira”, “Diana ou a Caçadora Solitária”, “A Campanha”, “Aquilo em que Acredito” (todos editados em Portugal pela Dom Quixote).
A Porto Editora, depois de ter lançado o seu último romance publicado, tem prontos a publicar dois volumes que reúnem os contos do autor: “Contos Naturais” e “Contos Sobrenaturais”. O editor Manuel Alberto Valente disse ao PÚBLICO que já estão traduzidos, estavam agendados para 2013 mas agora poderá vir a ser antecipada a sua publicação.
“Carlos Fuentes foi o mais ‘infeliz’ dos três grandes nomes do 'boom' da literatura latino-americana: Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e ele”, diz Manuel Alberto Valente. "Só que os outros dois ganharam o Prémio Nobel. Do Fuentes falava-se sempre que podia ser um candidato ao Nobel mas infelizmente não o teve".
Manuel Valente lembra que, também em termos de vendas, foi sempre um autor menos lido do que os outros, Márquez e Llosa. “Pelo menos em Portugal nunca teve um grande sucesso de público. Mas é um autor extremamente importante e o facto de ter tido sempre menos sucesso que os outros dois pode explicar-se por ser o mais político dos três. A obra dele é muito o espelho do México e das suas vicissitudes políticas. É um autor muito marcado ideologicamente e isso talvez tenha contribuído para que não tenha sido um autor tão popular. Mas é indiscutivelmente um dos grandes nomes da literatura latino-americana e da literatura mundial.”
Filho de mexicanos, Carlos Fuentes nasceu no Panamá, a 11 de Novembro de 1928, numa família de diplomatas e passou a sua infância entre a Europa e o continente americano. Estudou na Suíça e nos Estados Unidos; viveu em Quito, no Equador; em Montevideo, no Uruguai; no Rio de Janeiro, no Brasil; em Santiago do Chile e em Buenos Aires, na Argentina, num percurso que acabou em Washington, nos Estados Unidos. Na adolescência, passou a viver no México.
Em 1955, fundou com Octávio Paz e Emmanuel Carballo, a “Revista Mexicana de Literatura”. Era um homem de esquerda, membro do Partido Comunista, próximo de Fidel Castro antes de se afastar depois da prisão do poeta cubano Ernesto Padilla (em 1971). Num ensaio da revista “Tiempo Mexicano”, de 1972, escreveu: “O que um escritor pode fazer politicamente deve fazê-lo também como cidadão. Num país como o nosso, o escritor, o intelectual, não pode alhear-se da luta pela mudança política que, em última instância, supõe também uma transformação cultural”.
Licenciou-se em Direito na Universidade Autónoma do México e no Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra, e prosseguiu a carreira diplomática de tradição familiar, sobretudo com o trabalho em organismos internacionais, em particular nas Nações Unidas, em Genebra. Em meados da década de 1970, dedicou-se ao ensino e leccionou nas principais universidades mundiais, de Paris a Princeton, Harvard, Columbia ou Cambridge.
Em 1974, foi nomeado embaixador em Paris e, em 1977, demitiu-se para protestar contra a nomeação para embaixador em Madrid do ex-presidente mexicano Gustavo Díaz Ordaz , que ele considerava responsável pelo massacre dos estudantes no México em 1968.
Numa entrevista que deu recentemente a Geneton Moraes Neto, do canal brasileiro Globo News, dizia que não trocaria a literatura por nada e que, aos 83 anos, só lamentava não ter tempo para escrever todas as histórias que imaginava. Nessa entrevista em que falava em inglês (era bilingue e escrevia em espanhol porque considerava já existirem escritores suficientes em língua inglesa) revelava ainda que tinha acabado de escrever um novo romance "Federico en su balcón" ( sobre Nietzsche). Dizia também que havia um livro que gostava de ter escrito mas sabia que não o iria conseguir fazer. Era a história do último dia de vida do revolucionário e líder agrário mexicano Emiliano Zapata. Queria começar o livro a partir do momento em que o revolucionário acorda (no dia em que morreu) até ao momento em que é fuzilado. Era uma ideia que Carlos Fuentes tinha a rodar na sua cabeça e que nunca conseguiu concretizar. No entanto, dizia: "Se eu viver bastante, um dia escreverei esse livro!"
“'Adão no Éden’ não é uma novela inovadora no tema, recorrente no trabalho de Carlos Fuentes”, escrevia Fernando Sousa no Ípsilon de 11 de Maio de 2012. “É possível encontrar os mesmos cenários e personagens semelhantes em ‘La tierra más transparente’, a sua primeira obra, de 1958, um texto que é uma espécie de inventário da sociedade mexicana; em ‘Artemio Cruz’ (1962), reflexões-à-beira da morte de um antigo revolucionário convertido num político de esquemas, corrupto e corruptor, que à hora de desaparecer conta o passado com a sinceridade própria de quem já não tem nada a perder; e em ‘La silla del Àguila’, nova radiografia do poder onde Fuentes imagina o seu país no ano 2020.”
E acrescentava o crítico: “Mas é na sua inspiração literária uma obra apoteótica no estilo que o autor adoptou para nos mostrar o que o México, o México sinistro, lhe mostrou a ele em mais de oito décadas, uma obra que remete por assim dizer para as inaugurais, as dos primeiros anos de escrita, quando a sua estrutura ainda se desenvolvia. Uma obra-mestra.”
No final da entrevista do programa Dossiê Globo News, Geneton Moraes Neto perguntou-lhe se havia alguma pergunta vital para a qual não tinha resposta. Carlos Fuentes respondeu: "Não sei se Deus existe. Mas em breve vou descobrir."
in Público
Published15 May 2012
Próximo Futuro no Câmara Clara.
Published15 May 2012
Filipe M.C. Branquinho was born in 1977 in Maputo, Mozambique.
He works as a freelance photographer and illustrator. Hes graduating in Architecture by UEM (Universidade Eduardo Mondlane, Maputo / Mozambique) and attended the same course at UEL (Universidade Estadual de Londrina / Brazil).
His passion for the arts (including photography) was born in the environment they grew up in Maputo, the coexistence with the environment and many of the artistic masters and national benchmarks.
In Brazil the design and illustration appear systematically and consciously, through contact with the artistic disciplines together with architectural training. It is in this context that decides to try to photography as art.
He participated in several group and solo exhibitions in Brazil, Mozambique and South Africa has several works in private collections.
Ler em Africultures.
Ocupações, de Filipe Branquinho, poderá ser vista no Próximo Futuro a partir de 22 de Junho.
Published14 May 2012
Seminário de Formação para Críticos em Artes Performativas
Visando contrariar o progressivo e notório desaparecimento da crítica de artes performativas do espaço público, quatro instituições lisboetas juntaram-se de forma a criar as condições de produção necessárias para a realização do seminário Mais Crítica. Pretende-se assim promover a multiplicação das vozes críticas existentes no nosso país e o surgimento de novos espaços que possam amplificar o discurso sobre as artes e o impacto que estas têm no terreno das relações sociais em geral.
Mais Crítica tem então como objetivo incentivar o aparecimento e o desenvolvimento de novos críticos na área das Artes Performativas, através de um programa de formação orientado por Liliana Coutinho e Rui Pina Coelho. Esta formação, em regime de prática acompanhada, terá um caráter teórico-prático que motivará, por um lado, a partilha de ferramentas teóricas pertinentes para o exercício crítico e, por outro, a produção escrita, divulgada num espaço online que receberá regularmente os textos produzidos pelos participantes no seminário. Pretende-se que este espaço (um blogue: maiscritica.wordpress.com) contribua para o indispensável discurso público sobre os objetos artísticos e para a preservação da memória (ameaçada) do teatro e da dança que hoje se fazem.
Com a duração de 10 meses (Setembro 2012 a Julho 2013), este seminário destina-se a qualquer interessado, sendo a seleção feita por dossiê de candidatura. O grupo de formandos será reduzido, num máximo de 6 participantes. O seu caráter gratuito exige que os candidatos selecionados se responsabilizem eticamente pela frequência assídua do seminário. O seu grau de implicação será fundamental para a qualidade da sua formação.
Actividades Previstas
Assistência semanal coletiva a espetáculos, na presença de um ou dos dois tutores, seguida de discussão sobre os mesmos.
Escrita de textos críticos com vista à publicação (cada formando deverá publicar dois textos críticos por mês, sob a tutoria dos formadores);
3. 5 temas/5 conversas: encontro bimestral, em sessões orientadas pelos tutores, com a possível participação ocasional de convidados, para o qual será selecionado um corpus bibliográfico de referência. Temas a abordar: a função da crítica; a crítica e o jornalismo cultural; a crítica e a preservação da memória; as ligações entre a crítica e a criação artística; a crise da crítica e a crise de autoridade: pensar o julgamento e a argumentação; os lugares da crítica: as possibilidades do exercício crítico nos vários media; arte e economia social; etc.
4. Discussão mensal (sessões de 3 horas) sobre os espetáculos assistidos e sobre os textos publicados, na qual será dado ênfase ao desenvolvimento da capacidade de argumentação, riqueza estilística e capacidade de organização, escrita e oral. A discussão sobre cada um dos espetáculos servirá também para exercitar os instrumentos específicos de análise dos diferentes componentes da cena, visando uma justa adequação às obras em questão.
Para além deste programa, o seminário será complementado pela participação em atividades diversas, tais como a assistência a ensaios, conversas com criadores e intérpretes de obras em cena ou em processo de criação e iniciativas propostas pelas instituições produtoras e abertas ao público em geral.
Candidaturas
A receção de candidaturas será feita até 15 de Junho.
Os candidatos deverão enviar um dossiê composto por Curriculum Vitae, carta de motivação e um texto crítico sobre um espetáculo de dança ou teatro, até 3000 caracteres, para o e-mail [email protected].
Os tutores do Seminário Mais Crítica farão a seleção das candidaturas enviadas, podendo ainda haver lugar a uma entrevista de pré-seleção.
Divulgação dos selecionados a 13 de Julho.
Número máximo de participantes: 6.
Orientadores
Liliana Coutinho é curadora independente e investigadora na área de Estética e Ciências da Arte. Colabora atualmente com And_Lab e com CAM-FCG. É autora de Ana Vieira – o que existe nos interstícios da figura? (ed. Caminho, 2007) e coordenou o 3° número da revista Marte, dedicado à Performance. Escreveu para exposições, catálogos, publicou em revistas como L+Arte, Sinais de Cena e Pangloss e livros, dos quais destaca a participação em António Welington de Oliveira Jr. (org.), A performance ensaiada: ensaios sobre performance contemporânea (Fortaleza: Expressão Gráfica, LICCA, 2012) e Jos de Mul & Renée van de Vall (eds.), Gimme Shelter: Global Discourses In Aesthetics. IAA Yearbook 2011 (Amsterdam: Amsterdam University Press, 2012, no prelo). Doutorada em Estética e Ciências de Arte pela Université de Paris 1 – Panthéon-Sorbonne, prepara atualmente a publicação da sua tese pela editora L’Harmattan. Membro da AICA – Associação Internacional de Críticos de Arte e da IAE – Internacional Association of Aesthetics.
Rui Pina Coelho é docente na Escola Superior de Teatro e Cinema. Mestre em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é investigador do Centro de Estudos de Teatro dessa Faculdade e do CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação. Publicou Casa da Comédia (1946-1975): Um palco para uma ideia de teatro (Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2009) e Inesgotável Koltès (ESTC/Teatro dos Aloés, 2009). É membro do Conselho Redatorial da revista Sinais de Cena (APCT/CET) e membro do Conselho Consultivo da revista on-line opercevejonline (http://seer.unirio.br/index.php/opercevejoonline, Rio de Janeiro, Brasil).
É membro da Direção da APCT – Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e foi crítico de teatro no jornal Público. Realiza dissertação de Doutoramento em Estudos de Artísticos na Faculdade de Letras de Lisboa. Como dramaturgo, tradutor ou dramaturgista colaborou com Trimagisto, Teatro O bando, TEUC, Teatro dos Aloés e TEP – Teatro Experimental do Porto.
Entidades promotoras
Alkantara: www.alkantara.pt
Culturgest: www.culturgest.pt
São Luiz Teatro Municipal: www.teatrosaoluiz.pt
Teatro Municipal Maria Matos: www.teatromariamatos.pt
Blogue: maiscritica.wordpress.com
E-mail: [email protected]
Published14 May 2012
No fim dos anos 60, o antropólogo Gilberto Velho foi morar em Copacabana, num daqueles prédios de pequenos apartamentos que serviam as levas recém-chegadas à cidade. Copa, como lhe chamam os cariocas, foi a sua casa e o seu objecto de estudo durante dois anos, e isto resultou num livro chamado “A Utopia Urbana”, publicado em 1973. Para várias gerações de brasileiros e portugueses marcou a descoberta de que a antropologia podia ser também aquilo, a selva da cidade em vez do exótico da selva. E é assim, como um desbravador da vida urbana, e da autonomia dos indivíduos no meio da vida urbana, que várias gerações dos dois lados do Atlântico têm evocado Gilberto Velho desde a sua morte, dia 14, na sequência de um AVC, no Rio de Janeiro. Tinha 66 anos e sofria de problemas cardíacos.
Herdeiro dos investigadores americanos que se debruçaram sobre a cidade, não se limitou a transpôr essa herança para o Brasil. Abriu a universidade a todos os campos possíveis. “A partir dele é que se estudaram prostitutas, militares, bailes funk, astrologia ou políticos”, diz Karina Kuschnir, 44 anos, uma das suas mais próximas discípulas, e autora da fotografia que aqui publicamos, tirada nos jardins do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição onde Gilberto Velho trabalhou durante décadas.
“Não só é o fundador da Antropologia Urbana no Brasil como é talvez a voz mais importante da Antropologia Urbana em língua portuguesa, o seu expoente máximo”, resume Graça Índias Cordeiro, 51 anos, professora no ISCTE, em Lisboa. “Foi o fomentador de uma rede de relações entre Portugal e Brasil ao longo de várias gerações.”
A tal ponto que Graça fala em orfandade, lembrando como Gilberto Velho dava aos amigos o melhor que tinha: “Uma inteligência brilhante, uma perspicácia e exigência penetrante, um sentido de humor implacável, uma sensibilidade muito fina e subtil feita de imensa sabedoria e experiência. Todos os que estávamos mais próximos dele nos sentimos verdadeiramente orfãos, neste momento.”
Numa longa entrevista de vida conduzida por investigadores brasileiros e portugueses (http://cpdoc.fgv.br/cientistassociais/gilbertovelho), Gilberto Velho fala do avô paterno transmontano e da emoção que viveu ao avistar finalmente o castelo de Bragança. Isto para explicar a origem da sua relação com Portugal.
Cronista semanal do “Globo”, Hermano Vianna conta na sua última coluna como Velho “procurava o complexo onde menos se esperava”, do prédio em Copa aos consumidores de droga da classe média. “Foi esse olhar atento para o não convencional que me levou a fazer antropologia”, escreve Vianna, que se doutorou com uma tese sobre funk em 1986, quando o funk era uma aberração para a classe média brasileira. Velho ligava de manhã cedo a ver se os orientandos estavam a trabalhar. “Mas seu controle era paradoxal: no lugar de buscar resultados previsíveis, a disciplina deveria produzir o inesperado.” E acompanhou o então doutorando a bailes funk.
O inesperado também se aplicava aos jantares que Velho organizava, lembra Vianna, onde nunca estavam os convidados que ele dizia. Mas um dia prometeu investigadoras portuguesas de rap e Vianna conheceu mesmo investigadoras portuguesas de rap, conta no “Globo”.
Uma delas foi a antropóloga Teresa Fradique, 40 anos, e Gilberto Vellho acabou por prefaciar a sua tese. “Deu aulas no mestrado que eu fazia e veio do Brasil para fazer a arguição da tese. Iniciou-se aí um diálogo interessantíssimo. Ele tinha uma visão muito aberta e criativa, fez as interpelações correctas. Tinha a capacidade de ver no espaço mais vasto e fragmentado os processos culturais que a antropologia aplica a territórios circunscritos e exóticos.”
Teresa também recorda um controle rigoroso dos orientandos. “O choque que tive quando tentei negociar o prazo de entrega de um artigo e ele foi peremptório! Fiquei espantadíssima. Mas assim que recebeu o artigo foi incrível na resposta. Era leonino no acompanhamento, na vontade que as pessoas cumprissem um programa para depois haver espaço para um debate mais profundo.”
Inédito para Portugal
A antropóloga portuguesa Cristiana Bastos, que viveu no Rio de Janeiro e mantém laços fortes com investigadores brasileiros, recorda o “humor embutido” que encontrou em “A Utopia Urbana”, ao vaguear nas livrarias aí por 1980.
“O que li nessa altura ficou-me guardado e sai de vez em quando no modo como trabalho, como me atiro a coisas menos convencionais sem medo. Alguém me inspirou, deu o tom, e eu continuei a música. Anos mais tarde conheci-o em pessoa, quando fiz um estágio no Museu Nacional. Continuava criativo, estimulante, original, e ficámos muito amigos. Tinha uma relação muito interessante com os alunos e colegas, parecia que estava sempre a gozar mas ia instigando a que criássemos coisas novas, e levava-as a sério, publicava livros compilando capítulos de trabalhos dos alunos.”
“Como professor era inigualável, tinha um carisma e uma capacidade de comunicação oral única”, lembra Karina Kuschnir, que o conheceu quando era mestranda em 1991, e depois se tornou sua assistente. E como autor, os seus livros — além de “A Utopia Urbana”, por exemplo “Desvio e Divergência”, “Individualismo e Cultura” ou “Nobres & Anjos”, sobre a elite carioca consumidora de droga — contam várias edições, “são intensamente lidos”.
Portugal “estava incluído no horizonte dele de forma natural”, diz Karina. “Acho que ele não via isso compartimentado.” O derradeiro exemplo é que o último trabalho de Gilberto Velho vai ter a sua primeira publicação no próximo número da revista “Sociologia, Problemas e Práticas”, editada pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
“Foi ele que teve a iniciativa de escrever este artigo e propor a sua publicação, o que aceitámos, evidentemente, com o maior gosto”, explica o sociólogo António Firmino da Costa. “O texto é sobre as empregadas domésticas no Brasil. Nele Gilberto Velho aborda, da maneira profundamente inteligente e sensível que caracteriza a sua obra, comportamentos humanos e relações sociais, interligando a vida das pessoas e as formas de sociedade. É um texto, ao mesmo tempo, muito pessoal e lucidamente analítico, mais um contributo especialíssimo do autor para o conhecimento do universo social em que vivemos, dos seus vários mundos e das pessoas que transitam neles e entre eles.” Poderá ser lido “dentro em breve, logo que o processo de composição e impressão fique concluído”.
Professor do Museu Nacional, onde trabalhou ao lado de Gilberto Velho, e Vice-presidente da Associação Brasileira de Antropologia, Luiz Fernando Dias Duarte conhece bem o manuscrito. “Estava dirigido ao público português. E tratava de examinar uma dimensão muito interessante da relação entre patrões e empregados domésticos, o que permitia fazer um exame da relação de classes.”
Quem conheça a sociedade brasaileira sabe como essas relações são vividas de uma forma extra-hierarquizada que já não é comum na Europa. Mas Gilberto Velho vai além do aspecto clássico da dominação. “Ele usa a experiência com a sua empregada de várias décadas, a Dejanira, a quem ele chamava Deja. O artigo está dedicado a ela. Estava já aposentada e ele fala do que significou a perda da relação com ela. Todos nós [colegas de Gilberto no Rio] a conhecemos muito bem. Uma empregada doméstica tem um projecto de vida diferente de um professor universitário, mas há espaço para uma mediação. Não se trata de dourar a pílula das relações mas de compreender a sua complexidade.”
Tendo sido um dos primeiros professores de Luiz Duarte, Gilberto Velho influenciou as suas teses de mestrado e doutoramento, sobre classes populares. “Ele era mais um especialista em classes médias, mas tudo isto tinha a ver com a construção social da pessoa, a ideologia do individualismo. Depois fomos colegas 30 anos em salas vizinhas e ele estava muito presente na vida de todos os orientandos e amigos, um esteio constante nos problemas académicos, de família, de saúde.”
Partilharam, por exemplo, a participação na reforma psiquiátrica brasileira. “Tratava-se de denunciar as formas autoritárias de lidar com o fenómeno da perturbação mental, de preservar a capacidade de acção dos sujeitos. A questão da autonomia, da liberdade, era muito importante para o Gilberto. Então temas como drogas, violência ou doença mental eram muito importantes para ele. A Antropologia Urbana é indissociável do Gilberto, mas a questão dos projectos de vida, da complexidade da vida social e das mediações são mais importantes que o facto dele ter criado uma área”.
Num texto de homenagem escrito no dia a seguir à sua morte, a portuguesa Graça Cordeiro resumiu assim o legado de Gilberto Velho do ponto de vista de quem trabalhou com ele: “Aulas, seminários, conferências, lançamentos de livros, projectos de investigação, jantares, conversas, passeios, excursões; onde já não se sabia quem era o historiador, o sociólogo, o antropólogo, o arquitecto, num confortável e bem-humorado diálogo em que todos eram pares.”
Ponte entre Portugal e Brasil será isto.
Alexandra Lucas Coelho, Público, 27–4-2012
Published11 May 2012
Published11 May 2012
DEVIR MENOR é um projeto de investigação que se materializa numa exposição e um livro resultantes de uma investigação híbrida entre a arquitetura, a teoria crítica e a prática da materialidade, procurando diagramar projetos e processos de trabalho de arquitetos e coletivos situados no contexto da Ibero-América. A conceção do projeto é uma colaboração entre Inês Moreira (arquiteta e curadora) e Susana Caló (investigadora em filosofia e editora) que procuram experimentar a continuidade conceptual e material do projeto nos seus vários formatos e nos processos de curadoria/edição.
Enunciado a propósito da literatura de Kafka por Gilles Deleuze e Félix Guattari, o conceito de ‘devir menor’ refere-se a um potencial de transformação e de abertura de espaços dentro de um contexto dominado pela subordinação a uma língua maior ou dominante. O projeto parte deste conceito e explora a sua instanciação em práticas espaciais na Ibero-América. Explorando o que se denomina por ‘práticas espaciais críticas’, o projeto quer ir particularmente ao encontro de conceções de espaço e prática da arquitetura em que os fatores políticos, económicos, sociais e ecológicos intercetam a elaboração projetual e contribuem para um discurso de multiplicidade.
Se, por um lado, a pressuposta unidade ibero-americana – e mesmo da América Latina – é vaga, e assenta tanto em reminiscências coloniais como em posicionamentos estratégicos no âmbito de um mundo globalizado onde se formam blocos competitivos cada vez mais alargados, por outro lado, o próprio território da América Latina, assim como a relação histórica entre a Península Ibérica e a América Latina é também figura de miscigenações, cruzamentos, hibridações, multiplicidade e atravessamentos às formações políticas, culturais e identitárias mais visíveis.
Em DEVIR MENOR exploram-se projetos sensíveis à especificidade das condições contextuais, muitas vezes usando táticas alheias à metodologia tradicional da arquitetura e tecendo uma crítica social e económica operativa, empenhada na transformação e vitalização do seu contexto. O projeto arquitetónico adquire uma proximidade ao quotidiano e uma natureza processual, as modalidades de relação com o contexto vão alterando o próprio projeto e a obra torna-se reflexiva e relacional. Os trabalhos aproximam-se das práticas culturais, caracterizando-se também por uma reconciliação singular que desafia o global e o local; têm uma forte componente espacial e empregam, entre outras, técnicas de reciclagem de materiais, reutilização de recursos existentes, o do-ityourself, ou experimentam modos de trabalho diversos.
A exposição consta de uma instalação espacial imersiva que explora o potencial dos desenhos, registos, vídeos e imagens dos participantes convidados, privilegiando uma relação informal e intuitiva com o público. Será também exposta uma seleção de 50 publicações de referência, assim como trabalho documental, material e ensaístico produzido especialmente para o projeto. A instalação estabelecerá um diálogo com o edifício da Sociedade Martins Sarmento, um edifício de relevo na cidade de Guimarães, desenhado pelo Arq. Marques da Silva. A edição do livro com contribuições novas de filósofos, arquitetos, urbanistas e sociólogos, pretende firmar criticamente a relação do ‘menor’ com o pensamento da Ibero-América e da América Latina, e com o pensamento da arquitetura enquanto projeto e prática, e configurar especulativamente ideias em torno à proposta do projeto.
Países participantes: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, México, Portugal, Venezuela + Bélgica, Itália e França
Published9 May 2012
El año pasado, la Fundación Libro contrató a una consultora para que seleccionase al nuevo director de la Feria del Libro de Buenos Aires, un acontecimiento que cada año por estas fechas y durante 19 días se convierte en el centro del debate cultural y hasta político de Argentina. Había varios requisitos, pero uno de los más tajantes para sustituir a una persona que había estado al mando de la Feria durante más de siete lustros era que el sucesor no fuese menor de 40 años.
Se presentaron unos 400 currículos y, después de un largo proceso, la Fundación escogió a Gabriela Adamo, que había sido periodista, había trabajado con la mítica editorial Sudamericana, donde se publicó por vez primera Cien años de soledad, era traductora del alemán, aportaba 15 años de experiencia en el mundo del libro y tenía, precisamente, 40 años.
El primer año le tocó lidiar con la oposición de un grupo de intelectuales kirchneristas que se negaban a que Mario Vargas Llosa inaugurase la Feria. Y este año, con la controversia por la política del Gobierno argentino sobre importaciones de libros extranjeros. En medio de ese torbellino por donde pasan cada año más de un millón de personas y decenas de debates, Adamo recuerda la principal lección que aprendió junto a la directora de Sudamericana, Gloria Rodrigué: que se puede trabajar muchísimo y, a la vez, ser humano y cálido con quienes te rodean.
Ler no El País.
Published8 May 2012
Y sin embargo está, desbroza, aclara, evita intermediarios. Me explico: si alguien quiere escuchar a África, sería bueno que leyese en voz alta a sus poetas. Y ello a pesar de que utilicen lenguas heredadas de sus colonizadores. Las palabras serán suyas pero el canto es nuestro, diría Théophile Obenga, dejando así zanjada la cuestión. Si leemos los textos (**), entenderemos el acoso y el sometimiento de sus países, impostando formas de vida ajenas a sus longevas tradiciones.
Pero no nos detendremos ahí, sino que descubriremos que ese es el punto cero del África contemporánea, un punto de arranque que para muchos debe ser un punto y final, ya que es más fácilmente asimilable un continente sumido en la hambruna, en las guerras intestinas o en la visión romántica de las películas made in USA. Este tipo de estereotipos se derrumba fácilmente si acudimos a las propias palabras de sus protagonistas, de los actores y actrices de esa película real que es África hoy.
Precisamente es en ese documental donde los poetas tienen un papel protagonista:“Ser poeta, en nuestros días, es querer con todas sus fuerzas, toda su alma y toda su carne, frente a los fusiles, frente al dinero que también se convierte en fusil, y sobre todo frente a la verdad preestablecida sobre la cual nosotros, poetas, estamos autorizados a mearnos, que ninguna faceta de la realidad humana se vea empujada bajo el silencio de la historia. He nacido para contar esa parte de la historia que lleva cuatro siglos sin comer”.
Las palabras del poeta congoleño Sony Labou Tansi nos permiten sintetizar bien a qué nos estamos refiriendo, a la reclamación de la intrahistoria para el concepto de universalidad. El primer premio Nobel africano, Wole Soyinka también habla sobre ello, esbozando esa teoría de palabras-frente-a-las-armas que otorga una importancia fundamental a la labor de los poetas. Léopold Sédar Senghor decía con razón acerca de ese lazo tenso entre poesía y esperanza: “La poesía no puede morir. ¿Si no quién cantaría la esperanza?”. Centrándonos en ello, la poesía africana de hoy es casi un grito, un grito de resistencia que, de paso, nos aclara conceptos sobre su historia reciente. Un poema de Chenjerai Hove, poeta de Zimbawe, es especialmente aclaratorio:
Parlamento de los niños
La madre se sentó
con el hambre entre sus manos
y ahogó el amor en sus ojos.
Luego las moscas vinieron
a cantarle repulsivas canciones al oído.
Nosotros escuchamos la inagotable historia
De la lucha y el hambre.
Pero la Madre no cantó
al llegar el tiempo del canto
En la historia popular.
Ella sólo señaló a las moscas
Y nos pidió que tarareásemos
la misma canción musitada por las alas.
Cantamos la canción alada
mientras nos uníamos en la búsqueda.
Mosca y niño unidos en una misma canción
Madre y hojas caídas al tiempo
padre ausente,
desconocido.
Mientras ella sondea los zumbidos,
juntos los seguimos
Creamos unión
para develar los motivos de la mosca y el niño.
Así, en nuestros corazones
Están las vaporosas huellas de la mosca
Cuyas alas nos contaron historias
Del sentido de la vida y de a quién pertenecemos.
-Escuchamos en la radio que hay una crisis-
los miembros del parlamento exigen mayores salarios
Y nosotros no somos tomados en cuenta.
Al menos estamos a salvo de promesas ahogadas.
Habremos de debatir
a cámara abierta
con profusión de enfermedades
como Símbolo del electorado de las tumbas
y tasas demográficas ascendientes
como símbolo del electorado de los sobrevivientes.
Perros-gatos-ratas-moscas
Perros-gatos-ratas-moscas
Envíen emisarios a esta cámara
Aunque el debate se torne melancólico
¡Extravíos del lenguaje!
¡Hacen falta espacios!
-Simple ausencia de orden en el recinto-
Luego compartimos nuestros haberes:
Desde bolsillos llenos de sangre
hasta parlamentos de políticos
Juntos sobrevivimos
Al núcleo de largas sesiones
y caducos proyectos de ley
que ahora reptan
donde ayer hubieron de correr.
Publicar todo el poema es un acto de resistencia también, evitar el intermediario entre ellos y nosotros es dinamitar una frontera, uno de esos límites invisibles que tanto separan y tergiversan. De ellos habla Jack Mapanje cuando reivindica que, una vez desaparecida la frontera mental que nos separa, los problemas de ellos como seres humanos son los mismos que los nuestros:
La cabeza
Que realmente duele es
La esposa, los niños,
Parientes y amigos
No admitidos,
La escasez
De espacio para respirar
Y la materia legible,
El ruido
Del papel crepitante
Y la pluma
Impugnada.
La voz de las mujeres también reivindica esta igualdad real, sin paternalismos, sin intermediarios que nos hagan la exégesis de lo que realmente pasa en África. Interesa, entonces, volver a quitar el velo del prejuicio para observar la cercanía con que sus versos nos interpelan. La poeta Agnès Agboton escribe:
Tal vez
Tal vez la noche que se acerca,
tal vez el día que despierta, podamos beber el agua de mi vodún.
El agua de mi vodún
que ha pasado la noche en vela, amor mío, por ti.
Con ello nos concentra en el problema principal del individuo, sea de donde sea. El amor, entendido este como conjunto de relaciones interpersonales, no entiende de colores, ni de fronteras. Esta reflexión tan ingenua es hoy una auténtica transgresión, pura palabra subversiva en tiempos en que la economía humilla lo poco que nos queda como seres humanos. Y es que, en una conversación con un poeta camerunés, Michel Feugain André, este decía que los economistas llevaban poco tiempo existiendo y nos habían traído muchos problemas, mientras que los poetas llevaban desde el principio de la humanidad y solo habían creado belleza. Bajo este prisma, añadió: los poetas africanos lo sabemos bien, la simetría del sol puro es lo único que sigue suscitando nuestro asombro, esa capacidad de sombra que tenemos y con la que dialogamos.
Ler no El País.
Published7 May 2012
Sara Tavares, Yuri da Cunha, Susana Félix, Manecas Costa, Júlio Pereira, Tito Paris, Couple Coffee, Luiz Caracol, Aline Frazão, Pierre Aderne, Costa Neto, Tubias Vaiana e Kay Limak são os nomes confirmados para o festival de encerramento que se realiza no dia 12 de Maio.
Enquadradas na programação oficial da semana cultural da CPLP, as iniciativas da Conexão Lusófona pretendem criar um efeito multiplicador que levem a uma maior dimensão o número de jovens que despertam para o tema Lusofonia.
Seja no âmbito cultural, por meio de novas experiências musicais, literárias e artísticas, seja no âmbito de uma presença mais ativa e consciente na dinâmica da cidadania lusófona.
Música, dança, debates, exposições, poesia e oficinas, com muita interatividade, performances variadas e diálogo geracional, são as notas de referência numa semana que se quer intensa.
Mais informações em Conexão Lusófona.
Published2 May 2012
Hay días en que la contaminación es tan espesa que no se alcanza a ver el otro lado de la calle. Sus más de 20 millones de habitantes viven en un eterno embotellamiento “y temen tanto a los criminales como a la policía”. “Es un monstruo, un desastre urbano, una pesadilla posmoderna”. Y, al mismo tiempo, México es una de las capitales culturales y uno de los focos creativos más importantes del continente americano.
La reflexión de Rubén Gallo sobre esta ciudad comparte espacio con la del también escritor Suketu Mehta, que habla de su Mumbai. “Personifica las megaciudades del siglo XXI tales como São Paulo, Lagos o Yakarta. En todas ellas hay inmigración incontrolada, chabolismo a gran escala, problemas enormes de infraestructuras, y floración de barracas que pueden ser viveros de toda clase de extremismos. Estamos hablando de megaurbes con retos muy distintos de los que tenían las metrópolis que dominaron el siglo XX, Nueva York, Londres o París”.
Continuar a ler no El País.
Published30 Apr 2012
Volaron desde La Habana hasta Miami para presentar su película en el festival de cine de Tribeca en Nueva York y nunca llegaron a su destino final. Javier Núñez Florián y Anailín De la Rúa De la Torre sabían mucho antes de embarcar en La Habana rumbo a Florida que desertarían en cuanto pisaran Estados Unidos. Al igual que ocurre en la película que protagonizan, Una noche, ambos jóvenes —20 años hoy, 17 cuando rodaron— solo soñaban con abandonar el régimen castrista para iniciar una vida mejor. "En Cuba no hay futuro", asegura Núñez Florián en una entrevista concedida en la noche del viernes a un programa de televisión de Miami tras una semana en paradero desconocido.
Lo que ninguno de los dos jóvenes llegó a imaginar cuando desertaron es que el filme se alzaría en Nueva York con tres premios: a la mejor directora novel (Lucy Mulloy); a la mejor fotografía y al mejor actor, premio que Javier Núñez comparte con su compañero de reparto Dariel Arrechada, 21 años. Arrechada fue el único que estaba presente en Nueva York en la noche del jueves, cuando se anunció el galardón y cuando recogió el premio, que además consta de 2.500 dólares en metálico. "Me gustaría que estuvieran aquí", dijo un Arrechada emocionado. "Espero algún día contactarme con ellos, porque en la película compartimos mucho: el mismo cuarto, los mismos problemas, las mismas situaciones, el mismo guion, las mismas preguntas", confesó Arrechada en una entrevista con la agencia AFP tras obtener el galardón.
Continuar a ler no El País.
Published27 Apr 2012
Como si de un efectivo de las tropas de los libertadores O´Higgins y San Martín se tratara, Francisca Valenzuela (California, 1987) ha conseguido traspasar la cordillera andina –nació en Estados Unidos, pero desde los 13 años vive en Chile- con la disciplina de un Buen soldado, de ahí el título de su segundo disco. Esta joven cantante, miembro de la emergente escena musical chilena de la que forman parte Javiera Mena, Gepe o Ana Tijoux, ha tardado cinco años en armar una nueva compilación de historias de amor y denuncia interpretadas al piano clásico, pero con dejes “pop-rock o rock-pop, como cada uno prefiera”, define la artista. “Mi primer trabajo era más confesional, una ventilación biográfica, en este nuevo he seguido en esa línea pero incluyendo una faceta de cuentacuentos propia de un disco de Paul Simon o Bob Dylan”.
Continuar a ler no El País.
Published27 Apr 2012
L’IMA présente, du 27 mars au 15 juillet 2012, une grande exposition d’art moderne et contemporain sur le thème de la représentation du corps et du nu dans les arts visuels arabes. La représentation du corps dans les arts visuels arabes constitue une matière jusqu’ici ignorée, une sorte de terra incognita pour le moins inexplorée. On aurait ainsi pu s’attendre à ce que ces représentations n’existent pratiquement pas dans la peinture arabe ; or, à travers le corps, c’est tout un pan méconnu d’une riche iconographie qui vient à se découvrir.
C’est à cette quête et à cette découverte tout à la fois, que sera convié le public d’une exposition pleine de surprises, Le Corps Découvert. Cette exposition a pour ambition de rassembler, sur deux étages, une large sélection d’oeuvres et de médiums permettant d’aborder cette question de manière synchronique et diachronique à la fois.
De la même manière qu’il s’est pris naguère d’un intérêt soudain pour les artistes chinois ou les artistes indiens, le monde de l’art s’est récemment tourné vers les créateurs arabes. L’Institut du monde arabe, organisateur depuis vingt-cinq ans qu’il existe, de plus d’une centaine d’expositions d’artistes arabes ne peut, bien sûr, que se féliciter d’un engouement auquel il ne se sent certes pas étranger.
Avec Le Corps Découvert, l’IMA entend présenter à son public, une exposition qui, à travers ce thème ample, complexe et fondamental à la fois, embrasse tout un siècle de peinture arabe ou, plus exactement, de pratique des arts plastiques. Car lorsque l’on parle ici de peinture, on entend le mot dans l'acception européenne ou occidentale du mot, bien évidemment, c'est-à-dire, selon celle qui est désormais reçue sur la scène internationale, à présent mondialisée.
LE CORPS DÉCOUVERT, Institut du Monde Arabe
L’IMA prend la nudité à bras «le Corps»
On n’est pas absolument sûr que se foutre à poil soit le signe de la modernité universelle, ni que l’art doive prioritairement être «engagé contre le fondamentalisme» avec des paroles plutôt qu’en changeant la musique, mais on trouve quelques œuvres stimulantes à l’expo «le Corps découvert» à l’Institut du monde arabe, à Paris. Dont ce Ping-Pong de 2009 (photo), installation vidéo d’Adel Abidin, Irakien vivant en Finlande (pays qu’il représentait à la Biennale de Venise 2007). On y voit deux pongistes smashant au-dessus d’une femme nue, dont la peau cinglée par les balles se tavèle de façon hallucinante. A noter aussi, Ghada Amer et The Large Black Painting (2001), couture répétitive de femmes dont on distingue à peine la nudité, cuisses écartées.
Continuar a ler no Libération.
Published26 Apr 2012
Résister au présent ? Ça commence par un coup de feu. Un slogan dessiné d'impacts de balles au-dessus de l'entrée, qui affiche dans son langage criblé : "Pas un seul jeune artiste ne résisterait à 50 000 dollars." Le ton est donné. Cette oeuvre du collectif Tercerunquinto lance dans une pétarade l'exposition que le Musée d'art moderne de la Ville de Paris consacre à la dernière génération d'artistes mexicains, "Resisting the Present" (Mexico). Cette oeuvre inaugurale fait référence à une phrase d'Alvaro Obregon, qui dirigea le Mexique de 1920 à 1924, et dénonçait par ces mots la corruption des militaires pendant la révolution des années 1910 : "Nul général ne résisterait à 50 000 pesos."
Continuar a ler.
Marquée par l’évolution politique et économique hors norme du Mexique au cours de ces vingt dernières années, et par le développement de ses institutions culturelles (MUAC-Museo Universitario de Arte Contemporáneo, Museo Tamayo, Fondation Jumex, galeries, collectionneurs, lieux alternatifs…), la scène artistique mexicaine manifeste depuis plus de vingt ans un dynamisme à résonance internationale.
Continuar a ler no sítio do Musée d’Art moderne de la Ville de Paris.
Published26 Apr 2012
There was some amount of outrage last week when Sweden's Minister of Culture was seen presiding over a cake made to mirror blackface. The cake was actually made by a black artist in Sweden, Makode Linde. Like photoshopping Venus and the Old Masters, the piece is too didactic and spectacular for my taste. I tend to find "shock art" ultimately numbing and rather boring.
Continuar a ler em The Atlantic.
Published24 Apr 2012
In the first of a new series celebrating the World Shakespeare festival in collaboration with the RSC, director Renato Rocha explains why there's no one like the Bard when it comes to analysing Brazilian politics.
In Brazil we grew up hearing wise phrases: "Love is blind", and "There are more things in heaven and earth ..." A little older, in school, one of the first names we heard was Shakespeare – the English bard, one of the great geniuses of world literature, maybe the greatest. Suddenly we realised that many of the wise phrases we know were in fact Shakespeare's.
I started working in theatre at the age of 13 with a group of young artists who wanted to change the world. We used to do theatre in open spaces. There were 30 artists, including actors, musicians, and dancers; sometimes horses too … We performed classics including A Midsummer Night's Dream and Romeo & Juliet. Nick Bottom was my first Shakespeare character. I became obsessed with the idea of performing this great writer and his enchanting stories.
Continuar a ler no The Guardian.
Published23 Apr 2012
Mauro Pinto é o vencedor da 8ª edição do Prémio BES Photo, uma iniciativa do Banco Espírito Santo (BES) em parceria com o Museu Coleção Berardo, à qual se junta a Pinacoteca do Estado de São Paulo no seu alargamento à lusofonia.
O BES Photo, que já se afirmava como o principal prémio de arte contemporânea em Portugal de estatuto internacional, dá a conhecer trabalhos inéditos dos mais consagrados artistas da lusofonia num evento ímpar que atribui ao vencedor o prémio no valor pecuniário de 40.000 euros.
O Júri de premiação, de composição internacional, com nacionalidade distinta das representadas pelos artistas selecionados, escolheu por unanimidade, Mauro Pinto para vencedor do BES Photo2012, pela série “Dá Licença”, projeto fotográfico no Bairro da Mafalala, em Maputo.
Galeria P3.
Published23 Apr 2012
Ya que el poeta chileno Nicanor Parra no puede venir hoy, 23 de abril, a recibir su Premio Cervantes a la Universidad Alcalá de Henares, en Madrid, los invito a rendirile un homenaje enviando antipoemas al ciberespacio. Poemas "a la manera parriana", es decir que ven la vida de frente y desde su envés, con ironía o sarcasmo o ternura o sátira pero siempre desde la esquina del humor que desvela la verdad.
El pie de esta iniciativa lo han dado hoy ocho poetas hispanohablantes, en la edición impresa de EL PAÍS. Ahora es el turno nuestro, de los lectores.
A continuación reproduzco el texto de presentación que he publicado hoy en la edición impresa EL PAÍS y el enlace donde puedes leer los ocho poemas.
Continuar a ler no El País.
Published20 Apr 2012
Published20 Apr 2012
Moçambique tem uma área de 799,380 KM². Este território, está ocupado por homens e mulheres, crianças e velhos, nacionais e estrangeiros, católicos e muçulmanos, zions e ateus, doentes e sãos, famílias e órfãos, patrões e empregados, pedintes e doadores, justos e bandidos.
Esta serie de 12 retratos é um mosaico que ilustra a ocupação territorial, social e imagética de um país. O espaço tomado pelo individuo, a sua presença na paisagem e no tecido social são a materialização da sua existência. De igual forma, o retrato materializa códigos e valores associados à sua imagem e ao seu desempenho. O trabalho ou o passatempo fazem pose no corpo do retratado e o que a lente fixa são todas as singularidades de um ofício encarnadas pelo melhor modelo: aquele se ocupa do seu exercício.
Filipe Branquinho