Marrocos ficção, 2007, 84’ línguas originais: inglês/francês/árabe (legendado em português)
Amin, um jovem arquiteto que vive em Paris, regressa subitamente a Fez, Marrocos, onde o seu tio está a morrer. Não voltou a falar com o homem que o criou desde que deixou Fez, a sua terra natal, dez anos antes para se instalar e estudar em Paris. As visitas que o jovem arquiteto faz ao hospital e a visão de crianças de tenra idade postas a trabalhar reavivam as feridas profundas da sua dolorosa infância. O seu amigo de há muito, o artesão Aziz, exorta-o a não se render aos ressentimentos do passado. A morte do tio não alivia as angústias do jovem, forçando-o a encontrar as suas próprias respostas dentro da sua alma.
"El-Banate Dol – Estas Miúdas"
Tahani Rached
Egito documentário, 2005, 68’ língua original: árabe (legendado em português)
“El-Banate Dol – These Girls” (Estas Miúdas) mergulha no universo das jovens que vivem nas ruas do Cairo, um universo de violência e opressão mas também de liberdade. Sejam mulheres, crianças ou mães, Tata, Mariam e Abeer vivem apenas no presente. Os dias delas estão cheios de perigos, brigas, danças, risos... e de solidariedade. Relata também a história do encontro delas com Hind, uma pessoa luminosa, muçulmana praticante, que usa véu e vive animada pelos princípios universais do respeito pelo outro. É um mundo invisível a olhos indiferentes, que testemunha os labores vitais e secretos da sociedade.
Este músico guineense griot propõe um concerto que é representativo da combinação da música tradicional mandinga da Guiné-Bissau com a música actual. O reportório musical projeta-se por um conjunto de músicas que nos falam sobre África, suas problemáticas, seus valores e vicissitudes, homenageando sempre o povo, a alma e o espírito africano de hoje e de ontem. Num concerto representativo da música tradicional mandinga da Guiné-Bissau, Kimi Djabaté vai tocar temas dos dois álbuns já editados, “Teriké” (2005) e “Karam” (2009, que mereceu o 2º lugar na World Music Charts Europe), assim como outros temas que ainda não foram editados. Pretende-se apresentar um concerto alternando entre momentos musicais, que contagiam pelo vigoroso ritmo, e por um estilo mais contemplativo enaltecido através de projeções de vídeo, com imagens sobre a aldeia de Tabato, o berço do músico guineense. Em certos momentos do concerto, Kimi Djabaté vai chamar ao palco outros músicos - seus familiares - que, em conjunto, irão cantar e nobilitar a riqueza da tradição mandinga.
KIMI DJABATÉ (Guiné-Bissau, 1975) é um músico guineense, atualmente a residir em Lisboa. É considerado uma das ligações contemporâneas à preciosa herança da música tradicional griot, que emerge com seus ancestrais na região ocidental de África. A vocação e a primazia na aprendizagem em música tradicional Mandinga fez com que se interessasse, também, por outros estilos musicais como a dança local gumbé, o afrobeat nigeriano, a morna de Cabo Verde e o jazz e o blues americano. Este conhecimento influenciou, anos mais tarde, as composições musicais de que é autor e compositor.
Após ser torturado num ambiente árido e inóspito, Bait Man (Marcelo Olinto) inicia uma narrativa e assim dá forma aos seus pensamentos. Num estado de alerta constante, pressionado não se sabe por quê ou por quem, Bait Man constrói uma subtil e profunda análise do homem contemporâneo, com seus medos, desejos e ambições. Um jogo perigoso faz-se presente, criando um atrito entre a realidade e o imaginário.O mundo em colapso ideológico, à beira do abismo, é o material que Bait Man utiliza para jogar com humor e tensão, provocando uma reflexão para onde a humanidade caminha. Um quebra-cabeça misterioso é apresentado com vigor, envolvendo todos numa teia discreta de informações. O espetador é convidado a participar neste jogo enigma, onde cada ação envolve todos os sentidos. Gerald Thomas (Rio de Janeiro), encenador e dramaturgo, conhecido pelos seus trabalhos estéticos arrojados e pelas suas colaborações com Samuel Beckett ou Heiner Müller, explora em “Bait Man” a sua linguagem cénica e coloca todos os envolvidos no centro da relação entre opressor e oprimido, criando uma obra onde o ator é o principal elemento de articulação deste jogo-enigma. O encontro de duas gerações de criadores, Gerald Thomas e Marcelo Olinto, que desenvolvem trabalhos autorais dentro de suas próprias companhias, é um convite ao desafio, sem rede de proteção. Gerald Thomas escreveu e dirigiu “Bait Man” criando uma obra particular, onde o ator é o principal elemento de articulação deste jogo.
CIA.DOS ATORES (Brasil, 1988) é formada por Bel Garcia, César Augusto, Drica Moraes, Enrique Diaz, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle e Susana Ribeiro. O grupo apresentou-se sempre com sucesso junto do público e da crítica e, durante os seus vinte e quatro anos de existência, recebeu todos os prémios de teatro no Brasil como Molière, Sharp, Mambembe Rio de Janeiro e São Paulo, Shell Rio de Janeiro e São Paulo, APCA, APTR, Qualidade Brasil e o Gran Prix de la Critique 2005/2006 como melhor espetáculo estrangeiro do ano por “Ensaio.HAMLET”.
Argélia ficção/curta-metragem, 2011, 9’ língua original: árabe (legendado em português)
Desde jovem, Nassim acorda a pairar sobre a sua cama.
"Frouxamente, um sábado de manhã"
Sofia Djama
Argélia ficção/curta-metragem, 2011, 28’ língua original: francês (legendado em português)
Certa tarde, em Argel, Myassa é atacada por um violador. Myassa regressa a casa e, mais uma vez, a velha canalização não funciona e ela não pode tomar banho. Na manhã seguinte, Myassa tem dois objetivos: fazer queixa à polícia do ataque que sofreu e encontrar um canalizador. Porém, encontra-se face a face com o violador.
"Mascaradas"
Lyes Salem
França / Argélia ficção, 2008, 92’ língua original: árabe (legendado em português)
Uma aldeia algures na Argélia. Orgulhoso e pretensioso, Mounir aspira a ser reconhecido pelos seus méritos. O seu calcanhar de Aquilles: todos gozam com a sua irmã, Rym, que adormece em todo o lado. Uma noite, quando chega a casa bêbedo, Mounir grita para a praça da vila que se encontra vazia, que um rico homem de negócios estrangeiro pediu a mão da sua irmã. De um dia para o outro, todos querem ser seus amigos. Cego pela sua mentira, Mounir mudará, sem querer, o destino da sua família.
Chris Mugarura is a Ugandan comics artist, striving hard to enrich the comics industry and trying to change people’s stereotypical perceptions towards comics. He believes he can do this through his masterful comics skills and compilations.
Does anyone remember ‘Sagara Sanosuke’? The Japanese character—one of the main ones—from the animated film entitled Samurai X? The guy with a weird haircut and astonishing body strength, ability to smash rocks and make trees fall with only a single strike with his fist?
Lots of youths today would say—unless they didn’t have a television set at home—that this motion picture once topped their sundry favorite TV series lists during their childhoods. I myself was—and still is—a huge fan.
Storyteller Chris Mugarura has employed him as ‘Sigara aka Rwatamagufa’, one of the characters—actually the most highlighted one—in the first issue of his action-filled pictorial narrative Tekezesasi. In this exceptional piece of sequential art he introduces you to his exciting and rich-in-character superhero story which gets inspiration from our Ugandan social context.
Chris explains that the reason for why he is basing his main character on a fictional Manga-star is simply because people take time to adopt new stuff; implying that it is always wise to start with something that the audience already knows.
What is so remarkable about his debut magazine?
There is some kind of seepage of Chris’s content into the hearts and minds of the readers. His artistic skills and techniques bring the story and the characters perfect together, creating an intriguing piece which leaves no room for interference. Simply put, the reader wants to dig further into the progressions of the story as the pages are turned.
And of course, the intricate black-and-white graphics which are—as some people would call it—off the charts. In my opinion, this is a brilliant development in the visual arts scene; it is not every day that such a blip materializes.
Adding characters to the Ugandan comics archive
Tekezesasi, originally derived from a video game widely known as Tekke, is categorically catchy and unusual. The influence from Japanese Anime is evident, especially the artwork seems to connote to the Manga scene, yet it still feels like a graphic publication Made in Uganda.
Much props to this artifact’s creator since there are not many artists who has contributed to the comics archive in Uganda. Last time I checked—apart from the newspaper cartoons which don’t really count—the prominent comic magazines launched here include the famed Super Strikers and 80 Minutes.
Super Strikers, which used to run in Saturday Vision, is actually from South Africa, with a fan base which primarily includes primary pupils and a few high school kids. But the rugby chronicles 80 Minutes is Uganda bred, the people behind it call themselves Kurios (it’s a Ugandan company dealing in graphics), and they are good at what they do. (I wasn’t aware of this, but during the interview Chris tells me that he had a hand in the compilation of the magazine).
A comics culture
In many developed countries, people—of all ages in fact—vastly consume and appreciate comics. It is a narrative form of art, told by combining images and text in frames, and placing the frames sequentially in shorter stories—comic strips—or longer stories—comic books/graphic novels.
It is a recognized and established art realm in countries such as Japan, China, USA, France, Belgium, South-Korea, South Africa, et cetera.
The Japanese version Manga is reputed to be one of the most powerful styles of comics. Some well-known names in the history of Japanese comics are Osamu Tezuka (Astro Boy) and Machiko Hasegawa (Sazae-san). These guys played a big role in the development of the local comic business. Manga covers a wide range of story genres – vacillating in drama, comedy, science fiction, mystery, action-adventure, sexuality, horror, among others.
Fighting the poor reading culture
Visual appeals to people way more than text does. And the reading culture in Uganda is meager; lots of people lack the discipline and patience to take a few minutes of their time and peruse a couple of texted paragraphs. In fact, the interest and ability to encode anything printed is directed to graphical content more than writing/text.
This is one of the impulsions that intrinsically inspired Chris to make a comics magazine: “I am ready to take on a lot of negative attitudes towards the whole comic book thing. Because as I see it, this is one of the ways to fight the phenomenon of our poor reading culture.”
He is perplexed by how some parents think: “I have learnt that some Ugandan parents home school their kids, they do not want to expose them to funny stuff. I find this conservative.
Some parents think my magazine would be a bad influence to their kids. A little while ago, a parent opened it and read ‘Sigara’ and “cigarette” is what came to his mind. But ‘Sigara’ is the name of one of the characters I used. It’s a Japanese name.”
However, he has also received positive feedback from people: “One guy called me and asked if I was the one who drew the pictures in the magazine. He said his daughter really enjoyed it; she wanted to speak to me. Another parent came over to my place and asked me the same question.”
“I was a star during those days”
It takes a lot more than just practice and passion to be as adroit and crafty as he is. Drawing is not something that he has jumped into in his adulthood. He has the talent of drawing, of course, nonetheless he activated it in the early years:
“I started this as a hobby at Nakasero Primary school, which was in 1994-95. Later on I studied in Mbarara for five years where I continued with my favorite pastime of drawing blood sports and karate movie heroes like Jean-Claude van Damme and Bruce Lee. This actually helped me beating the whole Western region in Arts at O-level.”
And to further prove his point, he brags cheerfully: “I was a star during those days.”
Conversely, due to conservative attitudes from his family he had to put his practice at rest at some point during his school times: “I moved to a school in Kampala where I let go of the whole art thing and focused on other subjects. Since I happened to come from a family of “intellectuals”—doctors, engineers and the likes—who saw my artistic prospects as “non-profit” or “unserious” business, I had to focus on scholarly subjects.”
Broadening the horizon
The lack of interest and appreciation for comics as a medium is the main barricade between comics artists and the readers. Correspondingly, the mentality that comic/cartoons are “kids’ stuff” has strangled even the smallest of interest that some people may have in the art form.
Comics may seem trivial to a lot of people, yet it can be a multilayered and satirical form of expression which requires a deep and liberal sort of understanding. I may take the reader on a journey inwards and outwards at the same time, thereby broadening the horizon to already open-minded people.
Chris has worked with several organizations, illustrating and designing things for them, even though he says he still has not been able to earn much out of it: “I have done illustrations for organizations, magazines, and helped compile a magazine for the inter-religious council of Uganda. Even though these assignments were paid peanuts, they have helped me develop my skills as a writer as well as looking holistic at work processes.”
Easy business?
The comic business is definitely no walk in the park. This is one of the reasons why there are few artists in Uganda engaged in this field. One may possess a talent or skill, nevertheless creativity is fundamental.
For a person with such skills and charisma as Chris Mugarura, there is much in this field that can be achieved: “I saved up just about enough to print the comic book for sale. I am now in the process of trying to sell as many as I can to make a small business out of it. I did sell my first copy today, but I am really waiting for the students to return to school for me to make a killing.”
Lutakome ‘Felix’ Fidelis is a Ugandan freelance writer who mainly writes about hip-hop culture. His major focus is to create awareness of underground hip-hop artists and events.
Após ser torturado num ambiente árido e inóspito, Bait Man (Marcelo Olinto) inicia uma narrativa e assim dá forma aos seus pensamentos. Num estado de alerta constante, pressionado não se sabe por quê ou por quem, Bait Man constrói uma subtil e profunda análise do homem contemporâneo, com seus medos, desejos e ambições. Um jogo perigoso faz-se presente, criando um atrito entre a realidade e o imaginário.O mundo em colapso ideológico, à beira do abismo, é o material que Bait Man utiliza para jogar com humor e tensão, provocando uma reflexão para onde a humanidade caminha. Um quebra-cabeça misterioso é apresentado com vigor, envolvendo todos numa teia discreta de informações. O espetador é convidado a participar neste jogo enigma, onde cada ação envolve todos os sentidos. Gerald Thomas (Rio de Janeiro), encenador e dramaturgo, conhecido pelos seus trabalhos estéticos arrojados e pelas suas colaborações com Samuel Beckett ou Heiner Müller, explora em “Bait Man” a sua linguagem cénica e coloca todos os envolvidos no centro da relação entre opressor e oprimido, criando uma obra onde o ator é o principal elemento de articulação deste jogo-enigma. O encontro de duas gerações de criadores, Gerald Thomas e Marcelo Olinto, que desenvolvem trabalhos autorais dentro de suas próprias companhias, é um convite ao desafio, sem rede de proteção. Gerald Thomas escreveu e dirigiu “Bait Man” criando uma obra particular, onde o ator é o principal elemento de articulação deste jogo.
CIA.DOS ATORES (Brasil, 1988) é formada por Bel Garcia, César Augusto, Drica Moraes, Enrique Diaz, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle e Susana Ribeiro. O grupo apresentou-se sempre com sucesso junto do público e da crítica e, durante os seus vinte e quatro anos de existência, recebeu todos os prémios de teatro no Brasil como Molière, Sharp, Mambembe Rio de Janeiro e São Paulo, Shell Rio de Janeiro e São Paulo, APCA, APTR, Qualidade Brasil e o Gran Prix de la Critique 2005/2006 como melhor espetáculo estrangeiro do ano por “Ensaio.HAMLET”.
Baitman
Cia. dos Atores Brasil 4 Jul 2012 - 19:00 | 5 Jul 2012 - 19:00 | 6 Jul 2012 - 19:00 Teatro do Bairro Entrada 15 €
Tunísia ficção/curta-metragem, 2011, 13’ língua original: árabe (legendado em português)
O CEO de uma empresa é repreendido ao telefone pela mulher. Impotente, descarrega sobre o seu assistente que, por sua vez, se vinga na secretária que, por sua vez, ralha com o paquete. Este, mal sai do escritório, espalha o mau humor pela cidade
"O Lamento do Peixe Vermelho"
Oubeyd-Allah Ayari
Tunísia ficção/curta-metragem, 2011, 12’ língua original: francês (legendado em português)
Há momentos na vida em que tudo nos pertence, momentos que duram apenas breves segundos mas, mesmo assim, há quem ache que possui a eternidade.
"Khorma, Filho do Cemitério"
Jilani Saadi
Tunísia ficção, 2002, 100’ língua original: árabe (legendado em português)
Khorma é diferente! Com o seu cabelo ruivo e a sua pele estranhamente branca para um tunisino, muita gente pensa que é atrasado. Bou Khaled, seu mestre, resolve protegê-lo e ensina-lhe os segredos do negócio. Khorma aprende a anunciar casamentos, nascimentos e mortes no seu bairro, em Bizerte. Mas, um dia, o velho Bou Khaled comete um erro grave: anuncia a morte de uma mulher local em vez de anunciar o casamento da sua filha. Khorma é escolhido para o substituir.
A situação em Tombuctu é grave e não tem, para já, uma solução à vista. Quem o diz é o maliano Lassana Cissé, do comité científico do ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios) e responsável pelo património mundial no Mali, que teme pela destruição total do património, depois de esta segunda-feira a mesquita Sidi Yahia ter sido atacada pelos combatentes islamistas.
“A situação é muito grave porque os islamistas já destruíram seis mausoléus dos 16 que estão inscritos na lista do Património Mundial da UNESCO”, disse ao PÚBLICO, por email, Lassana Cissé, que está no Mali a acompanhar de perto a situação, lamentando a actual falta de resposta.
A cidade de Tombuctu, que é considerada a jóia africana, foi tomada pelo Ansar Dine, um grupo com ligações à Al-Qaeda e que quer impor no Mali a sharia (lei islâmica), que não aceita que a população local, sufista, venere mausoléus de santos. O grupo islamista prometeu destruir todos os mausoléus e locais de culto e segundo Cissé a ameaça é para levar a sério.
Já em Abril, o responsável pelo património tinha alertado para a situação. “Num momento de guerra, a destruição do património edificado e do enorme tesouro que são os manuscritos é muito possível”, disse então Lassana Cissé ao PÚBLICO e voltou esta segunda-feira a reafirmar, explicando que o que está a acontecer em Tombuctu, cidade Património Mundial desde 1988, “é uma loucura”.
“Eles [combatentes islamistas] arrombaram a porta de entrada de uma das mesquitas classificadas (a de Sidi Yahia) e prometem destruir todos os lugares considerados sagrados, incluindo os cemitérios e os locais com símbolos artísticos”, contou Lassana Cissé, explicando que os islamistas “querem destruir todo o património significativo ligado a um Santo ou uma tradição ancestral (crença em fenómenos sobrenaturais e lendas)”. “A única razão é o extremismo religioso, o fanatismo e o obscurantismo cultural.”
Lassana Cissé lamenta ainda a falta de apoio à população, “abandonada a si mesma”, que nada pode fazer a não ser “assistir impotente à destruição do património que é legado dos seus antepassados desde o século X”.
Situada às portas do deserto do Sara, Tombuctu fica a mil quilómetros da capital, e tem 30 mil habitantes. É património da humanidade desde 1988 e deve a sua fundação aos tuaregues. Graças à prosperidade que atingiu, sobretudo nos séculos XV e XVI devido ao comércio das grandes caravanas, transformou-se no centro cultural e espiritual de África, pólo a partir do qual o islão se alargou a grande parte do continente.
Art Fund says it is giving £150,000 to establish joint collection that has been in development over the last three years.
Photographs created in reaction to the Arab Spring will form an important part of the collection. Photograph: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Photographs created in reaction to the Arab Spring of 2011 will form an important part of a major collection of Middle Eastern photography being established jointly by the British Museum and the V&A.
The Art Fund said it was giving £150,000 to establish a collection that has been in development by the two institutions over the last three years.
The fund's director, Stephen Deuchar, said it would help remedy an under-representation. "It is a response to the surge in interest in visual arts in that part of the world, a surge that has not been matched by its representation in museums generally."
Both institutions have hugely important photographic collections for slightly different reasons. Roughly speaking the British Museum collects to tell the stories of societies while the V&A explores the possibilities of particular mediums.
"Putting the two together allows so many different narratives and no narrative, I think, is more important at the moment than that of the contemporary Middle East," said the British Museum's director, Neil MacGregor. "That is a world that we need to understand and photography is a particularly powerful way of allowing us to do so."
More than 80 works by 22 artists form the collection to date including more recent photographs taken as a response to the Arab Spring. Most of the works will be on show at an exhibition called Light from the Middle East: New Photography at the V&A that will run from 13 November until 7 April 2013.
That show's curator, Marta Weiss, said contemporary Middle East photography was some of the "most exciting, innovative and varied art anywhere in the world."
The artists include Youssef Nabil who took portraits of the last surviving members of the group of Yemeni seamen who settled in South Shields to become the UK's oldest Muslim and Arab community; and the Iranian photographer Shadi Ghadirian who took portraits of women dressed in traditional late 19th century clothing but with modern anomalies added – such as sun glasses or a Pepsi can.
The donation came as the Art Fund gave an annual update on its activities and revealed a 20% rise in membership in 2011/12. That increase was down to the launch in April 2011 of its National Art Pass which gives free or discounted entry to museums and galleries across the UK.
The Fund gave a total of £6m to arts organisations to help them purchase works of art including its biggest ever grant of £2m which it gave to the National Gallery and National Galleries of Scotland for Titian's Diana and Callisto.
• This article was amended on 28 June 2012 to clarify a sentence about the artist Youssef Nabil's portraits.
“El año en que nací” parte do mesmo conceito da obra “Mi vida después”. Jovens nascidos durante a ditadura reconstroem a juventude dos seus pais, a partir de fotos, cartas, gravações, roupas usadas, histórias e memórias apagadas. «Como era o meu país quando eu nasci? Como eram os meus pais na época? Quantas versões existem sobre o que aconteceu quando eu era jovem, pois eu não me lembro?» são as perguntas deles. “Mi vida después” foi criado na Argentina, em 2009, e apresentado em Santiago a Mil, em 2011. Em paralelo às apresentações, realizou-se um workshop com o mesmo conceito da obra: apresentar um álbum de biografias fascinantes, de modo a perceber a história recente do Chile. Para a edição de Santiago a Mil de 2012, o grupo de jovens chilenos que fizeram este workshop, liderado por Lola Arias, reconstruiram a história das gerações nascidas durante a ditadura de Pinochet, a partir de suas próprias memórias e documentos.
LOLA ARIAS (Argentina, 1976) é escritora, encenadora de teatro, atriz e cantora na Argentina. Os seus últimos trabalhos foram realizados na Alemanha (“Familienbande”, 2009, e “That Enemy Within”, 2010). Junto com Ulises Conti, compõe e toca música ao vivo. Já gravou dois álbuns (“El amor es un francotirador“, 2008, e “Los que no duermen”, 2011). Publicou “Los posnucleares” (relatos, Emecé), a trilogía teatral “Striptease” / “Sueño con revólver” / “El amor es un francotirador” (Entropia), “Poses para dormir” (drama, Entropia), “Mi nombre cuando yo ya no exista” (teatro, Cierto Pez), “La escuálida familia” (teatro, Libros del Rojas) e “Las impúdicas en el paraíso” (poesia, Tsé-Tsé). A sua obra foi representada em vários festivais internacionais, como Avignon, Festival In Transit de Berlim, Theater Spektakel Zurich e no Spielart Munich.
Youssef Chahine Egito Ficção, 1978, 133’ Língua original: árabe (legendado em português)
Este filme marcou uma radical recente reviravolta introspetiva na carreira de Chahine, com um brusco abandono dos seus musicais e melodramas dos anos 50 e dos seus posteriores filmes épicos e políticos. O primeiro de quatro filmes semiautobiográficos, intitulados "Retrato do Artista Enquanto Jovem", "Alexandria, porquê?" focaliza-se num adolescente precoce, cujos sonhos e tentativas esperançosas para se tornar ator se desenrolam contra um fundo vívido de Alexandria, durante a Segunda Guerra Mundial. Um elenco forte inspira o jovem herói teatral de Chahine com uma riqueza de subenredos dramáticos -- ora hilariantes, ora comoventes -- sobre a vida em tempo de guerra. A natureza autobiográfica e o sabor nostálgico de "Alexandria, porquê?" tornam-no uma das obras mais acessíveis de Chahine, um filme encantador e divertido com uma mensagem antiguerra fortemente subversiva e passional.
"Atef"
Emad Maher Egito Ficção/curta-metragem, 2009 8’, língua original: árabe (legendado em português)
Chuva e nomes trocados podem, por vezes, ser catalisadores para que dois estranhos conversem.
Inuksuit é uma obra para percussão, com os músicos dispersos num espaço amplo: nesta primeira audição em Portugal, nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian. Inuksuit inspira-se nas figuras de pedra construídas pelo povo Inuit, os primeiros habitantes de parte do Alaska, região ártica do Canadá e da Gronelândia. Inuksuk (o singular de Inuksuit) significa ’atuar como um humano‘ e estas figuras tinham uma função prática (como marcadores, pontos de coordenação, centros de comunicação), mas igualmente espiritual. Os músicos (e o público) movimentam-se livremente e desta forma, descobrem e vivem a sua própria interpretação da obra que será sempre única e íntima. Os percussionistas respiram através de megafones, trompetes, cones de papel, búzios, sirenes, usam máquinas de vento, gongues, pratos, sinos, triângulos, pedras, maracas, tambores, tam-tams... Nesta obra, John Luther Adams explora a perceção da música permanente que nos envolve, transformando a nossa relação com o espaço e o tempo. O que significa atuar criativamente no mundo que nos rodeia? Conseguiremos ouvir/escutar mais profundamente o campo sonoro que nos rodeia? Será que a nossa localização geográfica define as nossas ações e a nossa identidade? Como conseguiremos compreender a brevidade da nossa existência, no âmbito da imensidão do tempo geológico?
PEDRO CARNEIRO (Portugal, 1975) é um importante percussionista da atualidade. Colabora regularmente com músicos prestigiados, como o Quarteto Arditti, com quem estreou e gravou diversos novos quintetos para marimba e quarteto de cordas. Toca e grava como solista convidado de várias orquestras, como a Seattle Symphony, Helsinki Philharmonic, Vienna Chamber Orchestra, Swedish Chamber Orchestra, Leipzig Radio Symphony, English Chamber Orchestra, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, BBC National Orchestra of Wales. Apresenta-se regularmente como solista/diretor, dirigindo a partir do teclado da marimba - é o diretor artístico e maestro titular da Orquestra de Câmara Portuguesa -, a "Orquestra em Residência", no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Coletivo Pedro Carneiro
Um agrupamento composto por Pedro Carneiro, Marco Fernandes, João Carlos Pacheco, João Paulo Monteiro e alunos da Metropolitana, Escola Superior de Música de Lisboa, Escola de Música do Conservatório Nacional e da Escola de Música Nossa Senhora do Cabo.
Esta série de seis fotografias é um pequeno recorte de um projeto fotográfico chamado “Ocupações” que comecei em inícios de 2011. Este conjunto de retratos foi realizado em cidades moçambicanas, de modo a captar o seu espírito através da arquitetura, da paisagem e dos seus ocupantes. O foco deste trabalho é um determinado grupo social que representa uma maioria e que está presente em todo o tecido urbano: nos grandes centros, nos bairros da periferia, na zona costeira, nos condomínios privados, etc. Cada fotografia é singular e pretende dignificar o retratado no exercício da sua ocupação e na forma como este dialoga com o espaço que ocupa. É no conjunto dos retratos que as cidades são desvendadas, na luz que as envolve, na sua paleta de cores e na história das pessoas que ali vivem.
FILIPE BRANQUINHO (Moçambique, 1977) trabalha atualmente como freelancer em fotografia e ilustração. No Brasil, o desenho e a ilustração surgem de forma sistemática e consciente, através do contacto com as disciplinas artísticas na UEL (Universidade Estadual de Londrina/Brasil) a par da formação em arquitetura. É também neste contexto que decide experimentar a fotografia como arte. Participou em diversas exposições coletivas e individuais no Brasil, em Moçambique e na África do Sul. Tem diversas obras em coleções particulares, no acervo do Museu de Arte Moderna de Londrina, Brasil, e do Instituto Camões de Maputo.
Gladys é a segunda peça encenada pela atriz, dramaturga e realizadora chilena Elisa Zulueta e foi estreada em julho de 2011, no Teatro del Puente, em Santiago do Chile.
Durante uma festa da família de Ander, no dia 6 de janeiro, que aguardava a chegada dos Reis Magos, Ian, seu filho mais velho, tem uma surpresa que irá transformar a paz desta festa de Natal. Há vinte anos que a irmã mais nova, Gladys, sofre de uma síndrome chamada de Asperger, tendo sido enviada para a América sem nenhuma razão específica ou bilhete de regresso, apesar das suas necesidades especiais, obrigando-a a desembaraçar-se sozinha. Estabelece-se em San Diego, dedicando-se à venda de t-shirts à porta do zoológico da cidade. Depois de algumas cartas enviadas, Gladys é localizada e levada de volta ao Chile para desenterrar segredos escondidos, após o exílio da sua família. Na Noite de Reis, Gladys involuntariamente vem a confrontar a sua história com a da família que tinha escolhido esquecer. Uma família aparentemente tranquila, sem problemas, mas sustentada por uma mentira de há vinte anos atrás que só agora se vem a descobrir. As verdadeiras razões para a partida de Gladys, esse segredo tão bem guardado e o olhar cego para a sua deficiência são algumas das questões que esta família terá de enfrentar. Durante a noite irá confrontar-se com aqueles que acreditam que se deve viver mantendo tudo em silêncio e com aqueles que precisam de saber quem são realmente. Duas maneiras de viver a vida: aqueles que precisam de enfrentar e viver e aqueles para os quais a ordem familiar consiste em evitar tudo o que causa sofrimento. «Gladys pretende voltar ao mais alto realismo, sem sensacionalismos cénicos, mas com as palavras e as ferramentas do ator, de volta para a verdade da vida real, dando ao público uma obra em que este se reveja, com a qual se emociona e possa refletir», disse Elisa Zulueta.
ELISA ZULUETA (Chile, 1981) é atriz e tem trabalhado no cinema (“Tanto tempo e minha mãe”), no teatro (“Estaciones de paso”) e em televisão (na telenovela “Lola y Feroz”). Em 2009, fez a sua estreia de sucesso como dramaturga e encenadora com “Pérez” e, em 2011, adaptou este texto para roteiro de uma longa-metragem dirigida por Álvaro Viguera. Em julho de 2011, lançou o seu segundo trabalho, “Gladys”, no Teatro del Puente.
Elisa Zulueta Chile 30 Jun 2012 - 22:00 | 1 Jul 2012 - 22:00 Anfiteatro ao Ar Livre Entrada 15 €
Nesta proposta do Teatro Praga ”As mil e uma noites” árabes são Contos de Reis que valem ouro que é trocado ’por miúdos‘. Em pleno Jardim Gulbenkian, quatro histórias, contadas por dois pares de atores, guiam os espetadores pela narrativa sugerindo-lhes e incentivando-os a uma participação ativa. Depois de estabelecermos as premissas narrativas, apresentadas as personagens e resumida a trama com rapidez e simplicidade, transformamos a imaginação em teatro e vestimos os espetadores de heróis, inimigos, ladrões, princesas e monstros. Basta um cartaz, um tapete ou um turbante, o cenário faz-se com pouco, mas todos podem entrar dentro da história, dizer as palavras mágicas e ser Ali Babá, o Aladim ou o Príncipe Brilhante. A proposta do Teatro Praga é a de um jogo de descoberta e representação que aproxima as histórias de quem as ouve, transformando os espetadores em contadores.
TEATRO PRAGA nasceu em 1995 e está sedeado no Espaço Teatro Praga, em Lisboa. Colabora regularmente com algumas das mais prestigiadas estruturas culturais em Portugal e tem-se apresentado em festivais e teatros de diversos países europeus (Itália, Reino Unido, Alemanha, França, Hungria, Eslovénia, Estónia, Eslováquia e Dinamarca). Trata-se de um grupo de artistas que trabalham sem encenador e que pretendem sublinhar a irrepetibilidade da prática teatral. São sempre diferentes, estão em constante metamorfose e sujeitam-se a variações imprevisíveis deles próprios. Os espetáculos são acontecimentos que, sem porem de lado a sua condição física de teatro (ficção), vão em busca da ’responsabilidade máxima do espectador‘, ou seja, de encontrar uma comunidade no meio do caos ficcional.
A propósito do Gladys, a peça apresentada ontem no Teatro das Figuras em Faro numa colaboração entre este Teatro eo Próximo Futuro, um espectador escreveu :
"Teatro Talvez já estivessem nos penatis. Eu via uma família funcionantemente disfuncional a preparar um jantar onde tudo acontece. Uma emocionante peça com um rigor raro e de sensibilidade tocante na abordagem de uma situação candente. Abordagem numa perspectiva sistémica da problemática de uma família tocada pelo síndrome de Asperger. Um ensaio ao vivo sobre o assunto, servido por uma dramaturgia impressionante e uma interpretação exemplar. Aconteceu TEATRO. Ontem. No pequeno auditório do Teatro das Figuras. Vai estar no próximo sábado, em Lisboa. Para quem puder, vale a pena."
Nesta proposta do Teatro Praga ”As mil e uma noites” árabes são Contos de Reis que valem ouro que é trocado ’por miúdos‘. Em pleno Jardim Gulbenkian, quatro histórias, contadas por dois pares de atores, guiam os espetadores pela narrativa sugerindo-lhes e incentivando-os a uma participação ativa. Depois de estabelecermos as premissas narrativas, apresentadas as personagens e resumida a trama com rapidez e simplicidade, transformamos a imaginação em teatro e vestimos os espetadores de heróis, inimigos, ladrões, princesas e monstros. Basta um cartaz, um tapete ou um turbante, o cenário faz-se com pouco, mas todos podem entrar dentro da história, dizer as palavras mágicas e ser Ali Babá, o Aladim ou o Príncipe Brilhante. A proposta do Teatro Praga é a de um jogo de descoberta e representação que aproxima as histórias de quem as ouve, transformando os espetadores em contadores.
TEATRO PRAGA nasceu em 1995 e está sedeado no Espaço Teatro Praga, em Lisboa. Colabora regularmente com algumas das mais prestigiadas estruturas culturais em Portugal e tem-se apresentado em festivais e teatros de diversos países europeus (Itália, Reino Unido, Alemanha, França, Hungria, Eslovénia, Estónia, Eslováquia e Dinamarca). Trata-se de um grupo de artistas que trabalham sem encenador e que pretendem sublinhar a irrepetibilidade da prática teatral. São sempre diferentes, estão em constante metamorfose e sujeitam-se a variações imprevisíveis deles próprios. Os espetáculos são acontecimentos que, sem porem de lado a sua condição física de teatro (ficção), vão em busca da ’responsabilidade máxima do espectador‘, ou seja, de encontrar uma comunidade no meio do caos ficcional.
Os Chelpa Ferro, também com Luiz Zerbini e Sérgio Mekler, têm-se firmado no cenário da música contemporânea brasileira com um trabalho que combina experiências com instrumentos musicais tradicionais aliados a recursos eletrónicos, esculturas e instalações tecnológicas, durante as apresentações ao vivo e as exposições. Apresentando-se ao vivo em parceria inédita com o artista português Pedro Tudela, os Chelpa Ferro farão uma performance espontânea, a partir da troca entre os artistas, uma elaborada textura sonora composta por ruídos, guitarras, baterias eletrónicas, samplers, baixo e efeitos digitais envolvendo o público em um ambiente de experimentação auditiva e potencialização sensorial. O improviso é a sua forma de construção, o som é a sua matéria-prima.
CHELPA FERRO (Brasil,1995) é um grupo multimédia composto pelos artistas plásticos Luiz Zerbini, Barrão e Sérgio Mekler, constituído em 1995. Em 2007, realizaram a exposição “ON-OFF Poltergeist”, na Meskalito Gallery (Londres). Em 2008, tocaram no Festival NetMage, em Bolonha (Itália). Em 2009, ocuparam o Octogono da Pinacoteca (São Paulo) com a instalação “Totoro”. Participaram na Bienal do Mercosul e lançaram um documentário dirigido por Carlos Nader sobre a trajetória do grupo. No ano de 2010, apresentaram “Jungle Jam”, em Londres, na Galeria Sprovieri, e concorreram ao Nam June Paik Award. Em 2011, apresentaram a instalação “Spaceman/Caveman”, na Galeria Vermelho (São Paulo) e realizaram um concerto e uma exposição no Aldrich Museum (EUA).
PEDRO TUDELA (Portugal, 1962) é artista plástico. Desde 1982, tem participado em vários festivais de performance. Autor e apresentador dos programas na rádio XFM “Escolhe um dedo” e “Atmosfera reduzida”, entre 1995 e 1996. Em 1992, por ocasião da exposição "mute...life", fundou o coletivo multimédia Mute Life dept.[MLd]. Enveredou na produção sonora, em 1992, participando em concertos, performances, edições discográficas em Portugal e no estrangeiro. Cofundador e um dos elementos do projeto de música experimental eletrónica @c. Membro fundador da Media Label Crónica. Trabalha como cenógrafo, desde 2000. Participou em inúmeras exposições coletivas, nacionais e internacionais, desde o início da década de 80.
Chelpa Ferro + Pedro Tudela Brasil/Portugal 29 Jun 2012 - 22:00 Teatro do Bairro Entrada 12 €
Camila de Sousa nasceu em Moçambique em 1985. A formação académica na área da Antropologia Visual é origem e suporte dos projectos artísticos que vem realizando. A sua pesquisa em torno da temática da representação do corpo feminino encarcerado levou-a a uma imersão nas cadeias femininas de Maputo (Moçambique), num trabalho de campo que durou mais de um ano. “3x4” é o resultado dessa pesquisa, dessa entrada da artista na cadeia Civil de Maputo e no Centro de Reclusão de Ndlhavela, e do acompanhamento das histórias de várias mulheres, desde a prisão preventiva à condenação e ao cumprimento da respectiva pena. Ao longo destes meses a artista conviveu com mulheres de nacionalidades diferentes, de idades e classes sociais diversas, com acusações e penas variadas, mas cujas histórias e experiências estão interconectadas por episódios de violência física e social, de separação, de expiação e de reconciliação.
3x4 é a medida da cela que nunca é individual. No Centro de Reclusão estas mulheres cumprem já a sua pena, estão sentenciadas e condenadas. É aqui que refazem a sua história, e a reescrita começa por redefinir o local e o motivo da estadia naquele espaço. Dão-lhe estatuto de hospital psiquiátrico e assumem o período de reclusão como um tempo de cura, de recuperação de um desvio.
3x4 é aqui uma serie de seis retratos de mulheres em pose de diva, nos seus divãs, que se espalham em liberdade pelos Jardins da Fundação, durante todo o Verão. São imagens que tentam criar um campo político de negociação e de recuperação do corpo feminino fracturado, que apesar de marcado pela violência patriarcal, não deixa, contudo, de ser um corpo feminino, senhor da sua sensualidade e do seu próprio movimento.
Casablanca é uma cidade de contrastes, ao mesmo tempo moderna e antiga. Kamel é um assassino profissional que recebe os seus contratos através da Internet. Depois de alguns sucessos, contacta com regularidade Suad, uma prostituta ocasional, para fazer amor com ela. Muitas das vezes é Kenza quem responde. Ela é polícia de trânsito, responsável pelo policiamento da maior rotunda da cidade. Em pouco tempo, ele apaixona-se por esta voz e prepara-se para encontrá-la. Hicham, outro assassino profissional que sonha ir para a Europa, infiltra-se nos contratos de Kamel por acaso.
Islam El-Azzazi Egito ficção, curta-metragem, 2011, 30’ língua original: árabe (legendado em português)
Raouf passa os dias a tentar obter lucro e a fazer jogos de poder com os outros, especialmente com Nadia, sua noiva. Memórias e contemplação da vida espalham-se também pelo decorrer do dia… É um dia vulgar na vida de Raouf.
Nuno Viegas (1977) fez a sua formação na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. O traço de ilustrador é visível nas suas telas, sempre de grandes dimensões, onde se vislumbram quotidianos bizarros, a cores fortes, e de pormenores extraordinários. As histórias que Nuno Viegas relata são dessossegadas e nelas deambulam personagens fantásticas como o “homem-tenda”, a “jangada puxada por balões coloridos” ou, mais recentemente, os porcos rosados de “Ainda sobram pérolas”, da série A de Animal, onde animais se transfiguram em imagens próprias da condição humana.
Em RV, o artista parte do nomadismo associado à ideia do objeto que lhe é proposto como tela. Nos antípodas das viagens extraordinárias de Raymond Roussel, na sua rulote de nove metros de comprimento, está esta casca de noz entre o atlântico e o mediterrâneo, cheia de malas coloridas, anónimas, amontoadas, que invocam outras viagens, de fugas e desesperos. RV remete-nos para os movimentos migratórios que tantas vezes de forma precária e clandestina cruzam fronteiras reduzindo a dimensão humana a um mero valor objetual ou a um valor de carga.