Logótipo Próximo Futuro

Arte e tecnologia: uma perspectiva sobre o cenário africano

Publicado30 Out 2014

Nkiruka Oparah, Nkyroh x Maria Karas remix’s, 2014 (courtesy of the artist)

Dia 31 de Outubro e 1 de Novembro a conferência "Espaços Incertos: Configurações Virtuais nos Museus e na Arte Contemporânea" reúne  investigadores, artistas e curadores para debater as diferentes formas como a arte contemporânea e os museus se reconfiguram em contextos virtuais. 

Neste artigo do site Contemporary and, Basia Lewandowska Cummings, editora, escritora e curadora dá uma perspectiva sobre a relação entre arte e tecnologia no continente africano, identificando artistas, plataformas, grupos e tendências. 

In her 1992 review of the inaugural Dak’Art Biennale in Senegal, the curator Clémentine Deliss wrote of the challenges facing contemporary artists and organizations working in Africa: “How to bring the creative curve back to Africa and install in the work, in all its heterogeneity, a significance akin to the earlier status of ‘traditional’ art, but clearly for the present and without the habitual projection of nostalgia, is a text woven into the material of contemporary African art.” This tension between contemporary art practice and more traditional modes, both treated with the same seriousness and cultural value, is something the African Fabbers project, across events in Marrakech and Dakar, has taken seriously.

With an emphasis on collectivity, the African Fabbers “activate a… process that enables a reconsideration of the relationship between new technology and traditional culture through laboratory practice.” Open-source hardware, innovative and responsive technology, and sustainable methods work alongside traditional, artisanal techniques. At the Marrakech Biennial, the project focused on a two-part workshop open to local artists, artisans, and makers that taught self-construction using 3D printing in clay, open-source technology, and the making of home-made, low-cost 3D printers.

Do artigo Digital Computation 

Alberto da Costa e Silva vence Prémio Camões

Publicado30 Out 2014


Alberto da Costa e Silva, 83 anos, poeta, diplomata, ensaísta e historiador brasileiro, recebeu, esta quarta-feira, dia 29 de Outubro, o Prémio Camões, que distingue personalidades culturais e literárias de língua portuguesa. Reconhecido como um dos maiores africanistas do Brasil, foi embaixador na Nigéria e no Benin, período em que viajou bastante por África. Da sua autoria são as obras "A enxada e a lança: a África antes dos portugueses” (1992), “A manilha e o libambo: a África e a escravidão” (2002) e “Um rio chamado Atlântico” (2005).

— Nesta época, o que aconteceu é que me apaixonei pelo traçado da África, e me ocupei com devoção integral ao continente africano nas horas cansadas após o trabalho diário de diplomata, ao qual também devotei todo meu empenho — disse. — Me sinto próximo, assim, ao enorme Camões, poeta que também viajou pelo litoral africano, viveu intensamente o seu tempo, também foi um historiador a seu modo e conseguiu unir memória e imaginação. Sinto que, talvez, não escrevamos apenas para justificar a nossa existência, nem para registrar o que vivemos, mas para que não se percam as imagens que um dia vimos e que jamais se repetirão.

Texto completo, no Jornal O Globo

Em 2009, o jornal do Próximo Futuro, o primeiro, publicava um texto de Alberto da Costa e Silva, sobre a relação entre África e o Brasil. 


A  ÁFRICA  E  O  BRASIL

Alberto da Costa e Silva

Era raro o dia, no século XVIII e na primeira metade do XIX, em que não saía dos portos brasileiros um barco para o litoral africano ou neles não ancorava um navio de volta.    

Durante mais de 350 anos, o Atlântico de tal modo aproximou as costas africana e brasileira, que essas foram ficando semelhantes. Nos dois lados, podia-se ver os mesmos coqueiros, os mesmos cajueiros, as mesmas bananeiras, as mesmas roças de milho, os mesmos mandiocais. As plantas iam e vinham nos navios a serviço do comércio de escravos. E também costumes, maneiras de vestir, técnicas, tradições, crenças e valores.

Se, no Brasil, até o fim do Oitocentos, os modos de vida portugueses e europeus dominavam o foro e as salas de visitas, o africano prevalecia na cozinha, no quintal e na rua. Atos e gestos dos mais pessoais eram expressos por palavras africanas, e muitas delas se incorporaram à língua portuguesa e são, hoje, de uso quotidiano, como, por exemplo, babá, bagunça, caçula, cafuné, cochilo, dengo, encabulado, lengalenga, quitute, tanga, fungar, xingar e zangar. Mas, enquanto nas casas brasileiras, ao lado do cozido e das iscas de fígado, se comiam o acarajé, o caruru e o efó, não faltavam em muitas mesas do golfo do Benim o pirão, a farofa e a cocada. Pois, assim como a África - para repetir a frase de um grande estadista do Império, Bernardo Pereira de Vasconcelos - civilizava a América, o Brasil influenciava o dia-a-dia de vários povos africanos.

 Esse intenso processo de trocas culturais foi interrompido, na passagem do século XIX para o XX, quando as potências européias assumiram o controle colonial da África. Cessaram as ligações marítimas diretas entre o Brasil e o continente africano. E este saiu das preocupações brasileiras. Comparem-se os relatórios do Ministério do Exterior brasileiro: nos do Império, em alguns anos, o número de páginas dedicado à África só é menor do que o que tem por assunto a Bacia do Prata; já nos da República, até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando muito consta um parágrafo sobre aquele continente.

           

Nenhuma cidade do mundo - escreveu Luís da Câmara Cascudo - está mais presente nas cantigas brasileiras do que Luanda. No entanto, até não muito tempo, poucos dos que as entoavam seriam capazes de localizar a cidade no mapa. Na geografia de todos os dias, a África ficara reduzida aos pontos de escala e reabastecimento de navios e aviões - a Dacar, à Cidade do Cabo e às Ilhas de Cabo Verde.  Num outro plano, porém, o da fé, da imaginação e do sonho, persistiu em muitos brasileiros uma África mítica, uma construção da saudade e da esperança dos que de lá tinham sido arrancados. Essa África ficara dentro de nós, como coisa nossa, misteriosa e íntima.

É fácil compreender, por isso, que o fim do domínio colonial viesse acompanhado pelo sabor do reencontro. Após um intervalo de mais de meio século, podia-se restabelecer um diálogo com o continente africano sem intermediários europeus.

Com eles a servirem de hífen, já havia, entretanto, o Brasil iniciado entendimentos com os principais produtores africanos de café e cacau. E seriam os interesses econômicos, mais que as efusões da afetividade, que dariam impulso às novas conversações entre as duas margens do Atlântico.

Quase a anunciar que assim seria, a diplomacia brasileira, já em 1957, logo a seguir à independência de Gana, teve a iniciativa de propor nas Nações Unidas a criação da Comissão Econômica para a África.

Os primeiros gestos foram também políticos - e simbólicos. O Brasil voltava a ter a África atlântica como sua fronteira leste, e uma fronteira que se queria viva. Prontamente, o país reconheceu os novos Estados africanos e esteve presente em quase todas as cerimônias de acesso à independência. Não demorou em ter embaixadas em vários deles, em enviar ao continente missões comerciais, em dele receber estudantes e para ele enviar professores. Em alguns desses países, descobriram, emocionados, uma forte presença do Brasil, na arquitetura, nos costumes, nas festas e, sobretudo, nas pessoas dos descendentes de ex-escravos que haviam retornado à África, se afirmavam brasileiros e tinham sobrenomes como Souza, Costa, Rocha ou Medeiros. Nas possessões portuguesas, circulavam revistas brasileiras, liam-se livros de autores como Jorge Amado, José Lins do Rego, Manuel Bandeira e Jorge de Lima, e se ouviam as emissoras de rádio do Rio de Janeiro e do Recife.

Nos primeiros dias de 1961, os brasileiros acolheram festivamente o imperador da Etiópia, Hailé Selassié. Três anos depois, Léopold Sedar Senghor, do Senegal, seria o segundo chefe de Estado africano a ser recebido oficialmente no Brasil.  As trocas de visitas de ministros tornaram-se rotina. Faltava, porém, a grande festa do reencontro.

Esta se deu em 1972, quando Mario Gibson Barboza, ministro do exterior do Brasil, visitou Costa do Marfim, Togo, Daomé (atual República do Benim), Nigéria, Camarões, Gabão, Zaire (atual República Democrática do Congo), Senegal e, pouco depois, o Quênia. Se durante a viagem, assinaram-se importantes acordos entre esses países e o Brasil - e alguns deles criaram as bases para um grande salto nas relações econômicas, que faria da Nigéria, por exemplo, durante dez anos, o 4º ou 5º parceiro comercial do Brasil -, ela foi principalmente uma explosão de alegria, a demonstrar que os brasileiros não chegavam à África como estranhos, nem como tais eram recebidos.  

A fase de euforia estendeu-se até por volta de 1983, quando se tornaram visíveis a crise econômica e, pior ainda, a crise política que se abatiam sobre o continente. Se a economia africana emagrecia, a brasileira estacionava. Reduziram-se as iniciativas, e as relações entre o Brasil e os países africanos - excetuados os de língua portuguesa, com os quais elas continuaram a expandir-se - pareciam marcar passo.

Cinco lustros depois, mudou a África e mudou o Brasil. E a África voltou a ter um lugar de relevo na atenção brasileira, como a vizinha de frente, na outra margem do rio. Uma vizinha com laços de família.

 Jornal do Próximo Futuro, nº 1, Abril 2009

Athi-Patra Ruga vencedor do Standard Bank Young Artist for Performance Art

Publicado28 Out 2014

Athi-Patra Ruga é um artista sul-africano, nascido em 1984, que vive e trabalha entre a Cidade do Cabo e Joanesburgo. Explorando zonas de fronteira entre as artes plásticas e a performance, aborda questões relacionadas com corpo, política e identidade cultural. Recentemente foi incluído no livro da Phaidon Younger Than Jesus, numa lista de 500 criadores relevantes com menos de 33 anos. Integrou a exposição do Próximo Futuro "Artistas Comprometidos? Talvez?", que esteve na Fundação Calouste Gulbenkian entre Junho e Setembro de 2014. Athi-Patra Ruga foi agora distinguido com o prémio Standard Bank Young Artist for Performance Art,  uma iniciativa do National Arts Festival Grahamstown que celebra jovens artistas com extraordinário talento na sua área.

Neste vídeo, fala do seu percurso, desde a infância, até à descoberta dos seus temas de eleição, e do significado deste prémio.

Wangechi Mutu

Publicado28 Out 2014


Imagem: Pin Up I – Wanguechi Mutu

Wangechi Mutu nasceu no Quénia em 1972, estudou em Inglaterra e vive actualmente em Brooklyn, sendo uma das artistas que integra a exposição King's County, na Stevenson Gallery, na Cidade do Cabo. O ano passado, A Fantastic Journey, no Brooklyn Museum, apresentava uma retrospectiva da sua obra, que inclui pintura, escultura, instalação, colagem e video-arte. A representação da mulher africana pela cultura ocidental, a herança colonial, a guerra,  a relação homem-máquina e as figuras ciborgues são elementos presentes no seu trabalho e reflexão. 

Su formación en antropología y estudios culturales tiene un papel decisivo en la composición de sus trabajos y en su discurso filosófico postcolonial. También queda reflejada en su fascinación a la hora de jugar con los estereotipos. Ella misma recoge esos estereotipos que se le atribuyen como mujer negra y africana en una sociedad occidental y los “re-ensambla” en sus creaciones. En una entrevista en el marco de su exposición, Looking Both Ways, Mutu deja clara esa fascinación por los estereotipos e incluso más si cabe, por cómo la sociedad adopta un consenso colectivo sobre un estereotipo concreto y luego se utiliza contra otros. También exponía su firme creencia de que el cuerpo de la mujer es particularmente vulnerable a las normativas sociales.

Los cuerpos de las mujeres mutilados en su trabajo “Pin-ups” son una evidencia más de cómo éstas son el campo de batalla en los conflictos armados. Precisamente esas imágenes son un reflejo de las víctimas de los llamados “Diamantes de sangre” de Sierra Leona durante los años noventa: cuerpos que han sido alterados, mutilados y utilizados para causar daño. A pesar de ello, las pin-ups de Mutu son supervivientes que perseveran, redefinen la imagen de la belleza y “se involucran en un proceso de convertirse, cambiar y sobrevivir”.

Mais, aqui

Conferência "Intervenções Urbanas - Estratégias, Operações", com Nelson Brissac Peixoto

Publicado28 Out 2014

CONFERÊNCIA

Intervenções Urbanas - Estratégias, Operações

Nelson Brissac Peixoto

 

29 DE OUTUBRO ::: 18H00 ::: Aud. B204 ::: ISCTE-IUL

Entrada livre

 

ORGANIZAÇÃO:

DINÂMIA'CET-IUL

Mestrado em Estudos de Desenvolvimento

Mestrado em Estudos Urbanos

Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos contemporâneos

 

SINOPSE:

Como atuar na complexidade e grandes escalas da metrópole contemporânea? Como se localizar e apreender os processos urbanos que afetam o nosso lugar, a vida cotidiana? Como a arte e a arquitetura se relacionam com a infraestrutura, o meio ambiente e as ocupações informais do espaço urbano? Um balanço de projetos de intervenção urbana realizados em São Paulo, Brasil. Foco no processo de investigação de situações urbanas críticas em áreas periféricas da cidade, em parceria com as agências públicas que atuam na região.

 

BIO:

Nelson Brissac Peixoto é filósofo, trabalhando nas relações entre a arte e o urbanismo. É professor do curso Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC-SP. Foi o curador de Arte/Cidade, projeto de intervenções urbanas realizado em São Paulo. Atualmente coordena o projeto ZL Vórtice.

 

Décima edição da Feira de Arte Contemporânea de Bogotá

Publicado27 Out 2014

A Feira de Arte Contemporânea de Bogotá, na Colômbia, reuniu 66  galerias de 29 países (incluindo Portugal), uma secção dedicada a Projectos e outra a jovens artistas colombianos ainda sem representação comercial. Na décima edição, este encontro ganha um lugar cada vez mais expressivo nos certames de arte contemporânea da América Latina e reflecte a evolução do cenário artístico naquele país. O Arco 2015, de Madrid, tem como país convidado a Colômbia.

O jornal El Pais faz o balanço.

Se vive un momento, asegura Roca, en el que se ha entendido que la historia del arte no se comprende sin los colombianos. Cree que la violencia que ha sufrido el país ha repercutido en todos los ámbitos. “El arte”, explica, “es un reflejo de la sociedad donde se produce y nuestros artistas lo han contado”. Es el caso de Óscar Muñoz o Doris Salcedo, con piezas tremendas en las que se recogía todo el drama que aquí se vivía. ¿Esto era bueno o malo para el arte? “Lo que sé es que tenemos que sobreponernos a la memoria del duelo. La violencia fue una terrible nube negra bajo la que algunos corrieron, otros se empaparon y otros sacaron el paraguas. Hay que convivir con eso”.

O artigo completo, aqui

Nei Lopes em entrevista

Publicado26 Out 2014

Nei Lopes , compositor, cantor e escritor brasileiro, foi popularizado como sambista e tem-se distinguido na investigação das raízes negras da música. Nesta entrevista, fala do seu percurso, do contacto com artistas e intelectuais angolanos, do samba e da MPB, da influência bantu no português do Brasil e do seu próximo livro Rio 50

O livro ainda está no prelo, com lançamento previsto, pela Editora Record, para 2015. Ele procura mostrar, através de várias tramas simples, que se entrecruzam, o que foi, na cidade do Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, a década de 1950, do ponto de vista dos afrodescendentes. Foi o tempo do Teatro Experimental do Negro e da companhia de danças étnicas “Brasiliana”, de fama internacional; da fundação do Renascença Clube, uma associação recreativa da classe média negra; da revolução estética negrista da escola de samba Académicos do Salgueiro, que inclusive se exibiu em Havana, a convite do governo revolucionário de Fidel Castro; da Copa do Mundo de 1950 (cujo final, trágico, em que se culparam os negros pelo fracasso, deflagra a linha principal do romance); do surgimento de Pelé; da peça teatral Orfeu da Conceição que gerou o filme Orfeu Negro; dos luxuosos espectáculos musicais do produtor Carlos Machado, nos quais o samba tinha papel importante. A década foi também a do suicídio do presidente Getúlio Vargas, após um crime que teve como mandante o chefe de sua segurança, conhecido como o “Anjo Negro”; foi também a do planejamento do, então, maior assalto da História brasileira, o do “Trem Pagador” tendo como mentor e executor o famigerado Tião Medonho, um bandido negro. A década foi, ainda, tempo de forte repressão ao candomblé, que ameaçava, pelo prestígio conquistado entre a intelectualidade; e do início da cooptação da umbanda, pelo branqueamento. Foi muita coisa! E está tudo lá no romance

Entrevista completa, aqui

Trinta anos depois da Etiópia, o que mudou na representação das catástrofes em África?

Publicado25 Out 2014

A 23 de Outubro de 1984, Michael Buerke, da BBC, noticiava uma "fome bíblica" na Etiópia, numa reportagem que se tornou um marco do jornalismo de catástrofes e que, na época, foi retransmitido por quase cinco centenas de estações de televisão, dando o mote para várias iniciativas de solidariedade internacional, como as angariações de fundos por músicos populares em grandes concertos. 

Suzanne Franks, ex- jornalista da BBC e actualmente professora de Jornalismo na City University de Londres, analisa como esta notícia foi enquadrada na época, que explicações foram tornadas públicas e quais as que não foram procuradas, por que razões e com que consequências, o impacto deste marco na forma de representar os conflitos e a ajuda humanitária em África e o que mudou, de então até hoje. 

The preference for keeping the story simple omits the crucial social and political context of famine. In 1984 the authoritarian Ethiopian regime of Mengistu Haile Mariam was fighting a civil war against Tigrayan and Eritrean insurgents. It is no accident that these were the areas where people were starving because, to a large extent, the government was deliberately causing the famine. It was bombing markets and trade convoys to disrupt food supply chains. Defence spending accounted for half of Ethiopia’s gross domestic product and the Soviet-backed army was the largest in sub-Saharan Africa.

Yet this story of human-made misery was sidestepped. Instead, the reporting was about failing rains, which kept things simple for aid agencies. This also suited an authoritarian government that did not want foreign journalists nosing around. The United Kingdom government also stuck to the simple narrative. The urgent departmental response group, which met daily to brief senior ministers in reaction to the BBC news reports, called itself the Ethiopian drought group – in the belief that this was the problem.

(...)

So how much has changed since Buerk reported from Ethiopia? In 1984 the only voices were from a white reporter and a European aid worker. A contemporary news report would be more inclusive. But much is the same. Not only has the problem of the media ignoring famine until it is a catastrophe and then simplifying the explanation recurred many times, but also some of the same abuses associated with resettlement are still taking place in Ethiopia.

There is also the vexed question of stereotypical depictions of Africa. After 1984 there was much examination and criticism of “African pessimism” and negative framing of the continent. But many images used in fundraising and reporting Africa still rely on those same tropes. 

O artigo completo, aqui e aqui

Lagos Photo na quinta edição

Publicado24 Out 2014

Imagem: Jide Odukoya

O Lagos Photo, que começa amanhã, vai na sua quinta edição, este ano dedicado ao tema"Staging Reality, Documenting Fiction". O festival internacional de fotografia nigeriano acontece entre 25 de Outubro e 26 de Novembro e reúne trabalhos de fotógrafos africanos e não africanos que têm trabalho em África, problematizando a representação do continente. Numa entrevista ao site Africaisacountry, Azu Nwagbogu, o director, fala do percurso do festival e de fotografia.

I think photography in Nigeria has become so powerful and important to many more people. Access to it has been made easier with smart phones and more affordable cameras too. The cultural landscape of Nigeria is so vast now. We’ve got music, literature, film, performance, photography and the plastic arts in general booming. And there isn’t a creative expression or medium or genre that photography does not do justice to, grant depth to, explore; that it does not illuminate, does not inform.

Photographers are now playing a more active role in the creative industry, in the creative space, and saying “I’ve got the idea to make your work important or to give it deeper penetration,” and this has improved since LagosPhoto. The role of photography in contemporary culture was somehow relegated. I think that photography is embracing contemporary culture; contemporary culture is embracing photography. And this is empowering and providing opportunities for local photographers. Do not get me wrong: all of this existed before LagosPhoto, but I believe the festival has been a catalyst.

A entrevista completa, aqui

O contexto e a evolução de Nollywood

Publicado23 Out 2014

Imagem: Pieter Hugo, da série dedicada a Nollywood 

Nollywood, a indústria de cinema nigeriana, produz mais filmes do que Hollywood, apenas se podendo comparar, em número de filmes, a Bollywood. O New York Times analisa este mercado, a sua evolução e as produções recentes que almejam o reconhecimento internacional do cinema feito na Nigéria.

The biggest problem, Ms. Myburgh said, is that the majority of Nigerian films are bootlegged immediately after release. She cited the World Bank’s estimate that 90 percent of the DVDs in circulation in Nigeria are illegal copies. “If you factor all those pirated films in, you begin to get a sense of how big the industry really is,” she said. The lack of modern cinema screens also limits Nollywood’s potential, Ms. Myburgh said, noting that Nigeria has about one movie theater per five million inhabitants. Most of the country’s current box-office grosses come from informal single-screen “video shacks” that are sometimes attached to cafés.

As Nigerian cinema grows, its offerings are becoming more ambitious, especially since the announcement in 2010 of a $200 million government film fund to improve the quality and distribution of Nollywood features. The hotly anticipated psychological thriller “October 1,” directed by Kunle Afolayan and released last month, is a prime example of this new wave.

O artigo completo, aqui

Os primeiros festivais e encontros de arte africanos pós-independências

Publicado22 Out 2014

Imagem: World Festival of Negro Arts, Dakar, 1966

Cédric Vincent é crítico de arte e antropólogo, associado como pós-doutorado ao Centre Anthropologie de l’écriture (EHESS-Paris). Neste artigo, revisita os primeiros encontros e festivais africanos pós-independência, analisando o  impacto político de quatro eventosWorld Festival of Negro Arts (Dakar, 1966), Pan-African Cultural Festival (Argel, 1969), The Zaire 74 Festival (Kinshasa, 1974) , The Second World Black and African Festival of Arts and Culture/FESTAC (Lagos, 1977). 

As shown above, the grand events in question had a global impact and continue to be remembered as symbols of a cultural Golden Age. They owe this memory to their political character. It would be inaccurate to think of these four festivals as “mere” cultural and artistic events. Rather, they were central nodes in a network of relations and representations, situated at the very heart of movements that had fundamental global effects on the structuring of the nation-state and the incipient political imaginary. As sites of coordination and mediation between artistic creators and decision-makers on one side and widely disparate audiences on the other, they served as sounding boards for the public dissemination of ideas that had previously been confined to the elite. As showcases for the states that organized and participated in them, they served as entranceways – via the artists’ work – for diplomacy around various issues at various scales: among young African nations, between culturally Arab North Africa and sub-Saharan Africa, between independent countries and liberation movements in the remaining colonies and apartheid regimes, between the Americas and Africa, between former metropolises and former colonies, and between international organizations and bilateral cooperation structures.

O artigo completo, na Contemporary and

Entrevista ao curador de Black Chronicles II

Publicado20 Out 2014

Black Chronicles II apresenta, na Autograph ABP, Rivington Place, em Londres, imagens do grupo de cantores sul-africanos do African Choir em tourné pela Grã-Bretanha entre 1891 e 1893, as primeiras fotografias tiradas a negros em Inglaterra. A exposição é dedicada Stuart Hall, intelectual jamaicano, fundador dos Cultural Studies, em Birmingham, nome indissociável da problematização das identidades da diáspora. 

A Arc Magazine entrevistou o curador Renée Mussai, sobre o processo que deu origem a esta mostra e a razão da dedicatória a Stuart Hall. 

Varala Maraj: Can you share the reasons behind dedicating this exhibition to Hall?

Renée Mussai: Professor Stuart Hall has been our chairman for 17 years, from 1991 until his retirement in 2008. His critical thought and groundbreaking work over many decades has always been very significant and influential to us as an organisation, especially his interest in the visual in relation to questions of difference, race and representation, ethnicity – he has been a tremendous source of strength and support for Autograph ABP over the past two decades. His generosity of spirit and insight has been fundamental to the development of our organisation, in particular also with regards to the establishment of Rivington Place in 2007, for which he acted as project champion with unparalleled dedication for many years.

VM: What inspired you to curate and research as extensively as you did for this project?

RM: The exhibition Black Chronicles II represents the first public showcase of an ongoing research programme entitled ‘The Missing Chapter’ supported by the Heritage Lottery Fund over three years: it is the outcome of the first year of archive research.

Because this particular aspect of photographic history in Britain is so under-researched and thus far very little material pre-dating the 20th century has been made available, we felt a strong desire and need to redress this absence, this invisibility.

(...)

We were certain that by looking deep enough into archive, we would uncover photographs with the potential to radically change how we perceive the black subject in Victorian / Edwardian Britain … and to allow us to fill a gap, create new knowledge and ameliorate existing visual histories in relation to the representation of black people in the UK 

A entrevista completa, aqui

"Os museus ou são pós-coloniais ou não são nada"

Publicado20 Out 2014

Imagem: Vitória de Samotrácia, no Museu do Louvre, em Paris

O 8º Encontro Ibero Americano dos Museus reuniu quase duas dezenas de representantes com responsabilidades no património de países de língua portuguesa e espanhola, nos dias 13, 14 e 15, no Museu de Etnologia. A conferência de abertura, a cargo de António Pinto Ribeiro, partia da pergunta: 'Pode um museu ser descolonizado?' O Público fez a reportagem da conferência e ouviu vários participantes sobre o que fazer aos objectos das ex-colónias que fazem o prestígio dos grandes museus europeus, a reconfiguração dos museus pós-coloniais, a aproximação ao público e o contributo das pessoas comuns para as colecções dos museus, numa perspectiva de memória colectiva. 

António Pinto Ribeiro começou com uma provocação: “Os museus ou são pós-coloniais ou não são nada.” À sua frente, no auditório do 8.º Encontro Ibero-americano de Museus (Lisboa, 13 a 15 de Outubro), sentavam-se portugueses, espanhóis e latino-americanos com responsabilidades no património.

O museu, continuou este ensaísta com formação em Filosofia e Estudos Culturais que hoje dirige o Programa Gulbenkian Próximo Futuro, começou por ser a instituição que “materializava a ocupação colonial do resto do mundo e a sua posse”, “arquivo ilustrado do poder” e “lugar de estabilidade das classificações e hierarquizações disciplinadas das raças e das espécies e dos cânones artísticos”, mas hoje precisa de se reinventar. “Podemos descolonizar os museus?”, perguntou, para responder em seguida: “Podemos. Devemos.” Mas como? E de que descolonização falamos? Da que se refere apenas aos impérios europeus?

“Descolonizar” aqui passa, sobretudo, pela releitura dos acervos dos museus ocidentais, muitos deles constituídos quando o mundo estava ainda dividido em impérios coloniais centenários, mas também pela abertura às comunidades onde estão instalados, tenham ou não uma ambição nacional.

O artigo completo na edição de hoje, aqui

Termina hoje o Festival de Cinema Africano de Córdoba

Publicado19 Out 2014

Termina hoje o Festival de Cinema Africano de Córdoba, que este ano assinalou o 140º aniversário do pintor  Julio Romero de Torres, cuja obra Las hermanas de Santa Marina (1915) é a inspiração do cartaz desta edição, reinterpretada pelo fotógrafo natural de Málaga Javier Hirschfeld. Este ano, o festival compôs-se de uma mostra não competitiva de 40 filmes, premiados nas edições anteriores, palestras, actividades com a comunidade e exposições. 

Como ha afirmado tantas veces Mane, el festival nacía con la intención de alertar sobre la invisibilidad que tenía el continente vecino y sobre la necesidad de mostrar otras imágenes más allá de las pateras que por el 2003 llegaban de forma ininterrumpida a las costas gaditanas. Hoy, todavía se hace un acto de imperiosa actualidad seguir combatiendo las narrativas negativas que desde los medios generalistas se ofrece de África y continuar con un diálogo necesario para comprender, para aprender… Y seguir haciéndolo. Porque afortunadamente en los 54 países que forman el continente no todo es Boko Haram, ébola o guerras.

Este año el FCAT Córdoba vuelve a incluir en su programación la segunda edición del Foro de crítica cinematográfica,orientada esta vez a la formación/información de críticos cinematográficos españoles y enmarcado en el Programa ACERCA de la AECID. Entre las actividades paralelas se podrá disfrutar del cuentacuentos y actor argelino Kamel Zouaoui con su espectáculo para escolares “Las aventuras de Nasruddine”. Además, ayer se presentaba el libro Fela Kuti, espíritu indómito de Sagrario Luna acompañada de una sesión musical con DJ Floro.

O texto completo, na Revista Wiriko

"A arte mexicana em erupção"

Publicado18 Out 2014

Imagem: Feira de Arte Zona Maco 2014

O jornal El Pais visitou a Cidade do México (México DF), falou com artistas e galeristas e fez o diagnóstico: arte em erupção. O retrato traçado inclui espaços pequenos de jovens artistas, iniciativas de vanguarda, muitos museus, interesse de estrangeiros, galeristas e artistas em fixarem-se ali, eventos que atraem a comunidade internacional. 

Sobre la mesa de madera del despacho de José Kuri hay catálogos individuales de tres artistas de su galería: Damián Ortega, Abraham Cruzvillegas y el totémico Gabriel Orozco. Son los principales creadores contemporáneos mexicanos. Kurimanzutto arrancó con ellos en 1999 sin un sitio fijo y desde 2009 tiene una sede estable en una antigua maderería que el arquitecto Alberto Kalach convirtió en un espacio fabuloso para una galería que, a estas alturas, es una referencia en el arte contemporáneo internacional. Si compara el momento actual con los noventa, el galerista explica que la fuerza de hoy nació con los artistas que se formaron en aquella década y ha ido pasando de una dimensión “marginal” a un “sistema” con mercado en el que lo privado, lo institucional y lo independiente se integran. “Están todos los instrumentos de la orquesta. Puede que estén mejor o peor afinados, pero hay instrumentos para que suene la orquesta”, dice. Sentado con comodidad en un sillón negro de cuero, en un cálido ambiente minimal distribuido con orden y con un lindo jardín interior al otro lado de la cristalera que cierra un lado de la oficina, uno entiende que José Kuri es el gran anfitrión del concierto.

O artigo completo, aqui

Athi-Patra Ruga na 2ª edição de 1:54 Contemporay African Fair

Publicado17 Out 2014

Imagem: Ashleigh McLean, da WhatiftheworldGallery

A 2ª edição da 1:54 Contemporay African Fair decorre esta semana, em Londres, com a presença de alguns artistas conhecidos do Próximo Futuro, entre eles Athi-Patra Ruga, que integrou a exposição 'Artistas Comprometidos? Talvez?', na Fundação Calouste Gulbenkian até 7 de Setembro deste ano.

Neste evento internacional, o artista é representado pela Galeria WHATIFTHEWORLD, criada em 2008 na Cidade do Cabo, com curadoria de Ashleigh McLean, que explicou a sua visão do mercado local e global da arte africana, das galerias e dos artistas.

McLean estimates around 30-45 serious collectors living in South Africa who are regularly buying Contemporary African Art. The gallery tries to break through the conservative outlook which plagues many South African buyers. At auction, there is no shortage of people willing to spend exorbitant amounts of money on master painters from South Africa. McLean states that the contemporary art market is not there yet, but that doesn’t mean that it isn’t gaining traction. This is why art fairs like 1:54 are so important. As a younger gallery, working towards creating and cultivating a younger generation of collectors, these public and international art fairs offer opportunity to cultivate such relationships. McLean estimates around 60% of their business comes from the US and Europe. Developing their international Contemporary African Art collectors is just as important as developing the local.

(...)

Athi-Patra Ruga is from Umtata, South Africa, where Nelson Mandela was born and home to one of the only Black Universities open during apartheid. His history is visible in his work. He explores the idea of maps, border-zones between all varieties of visual art. As is the case across most of the African Continent, the modern conflicts are due to arbitrary boundaries placed by colonial powers, causing forced migration and mass exodus. Ruga works with this idea of disenfranchisement created by cultural/political mechanisms of government and nationalism. In response, Ruga creates his own, almost utopian, republic; one where a persons cultural identity is not constrained by geographical boundaries or ancestry. He is changing what people think when they think of Africa. Instead of death, destruction, the dark continent, his work allows people to engage with art and Africa from a slightly different perspective. Although his issues are multifaceted, his aesthetic remains colorful and exuberant as he draws inspiration from camp culture and the fashion world.

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'Kings County': a influência de Brooklyn em cinco criadores africanos

Publicado16 Out 2014

Imagem: Paul Mpagi Sepuya, Self-portrait, June 3, 2011 / Stevenson Gallery

Njideka Akunyili Crosby (Nigéria), Meleko Mokgosi (botswana), Wangechi Mutu (Quénia), Teju Cole (EUA-Nigéria), Paul Mpagi Sepuya  (Estados Unidos-Uganda) têm em comum ter vivido em Brooklyn, na cidade de Nova Iorque. São os criadores que integram a exposição da Stevenson Gallery, na Cidade do Cabo, "Kings County" - um termo administrativo e arcaico que designa o bairro novaiorquino, com uma população multicultural. O New York Times escreveu sobre a exposição: 


“The artists in this exhibition are all, in different ways, invested in this imaginary place called Brooklyn, and use the idea of the borough as a backdrop to the making of their art,” said Mr. Bosland. The show spans installation, video, work on canvas and work on paper by the artists, who have all lived in Brooklyn (called Kings County by Dutch settlers in the 17th century). “We have two works by Mr. Meleko, one video by Ms. Mutu, four works on paper by Ms. Akunyili Crosby and a room installation containing 20 photographs by Mr. Sepuya,” Mr. Bosland said.

For these artists, Brooklyn is a rich source of inspiration, from its new creative economy, to its immigrant history and recent gentrification. “Each person had their own unique relationship with the place,” said Mr. Bosland.

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Pensadores e artistas africanos reflectem sobre o pós-colonialismo

Publicado15 Out 2014

A Revista Kulturstiftung des bundes colocou três perguntas a cinco pensadores e artistas africanos: 

Até que ponto sente influências do pós-colonialismo no seu pensamento e trabalho? É possivel fugir disso? Como sabe que foi bem sucedido?

JOYCE NYAIRO

(n. Quénia, Professora de Literatura, Teatro e Cinema)

One fundamental point that is often overlooked in discussions about a renaissance anywhere in the world, is the genealogies of power that support the identification of a renaissance moment. In other words, the rebirth may not be so much about a people beginning to do something but about the rest of the world – or the more vocal part of it – coming to a sudden realization about those activities; or even needing to come to that realization at that specific moment in time as a factor of global power relations and the need to alter or keep them in their favour.

I will know I have escaped post-colonialism the day I do not have an alternative, nativist interpretation for what is said about Africa elsewhere. 

JELILI ATIKU

(n.1968, Nigéria, escultor, performance e video)

The part of the question that probes into the possibility of escaping the exigencies of post colonialism in Nigeria brings to mind the Albert Einstein’s statement. Einstein wrote in “ The World As I See It” that “Not until the creation and maintenance of decent conditions of life for all people are recognized and accepted as a common obligation of all people and all countries - not until then shall we, with a certain degree of justification, be able to speak of humankind as civilized.” There is no doubt that the conditions as envisaged by Einstein are not popular in Nigeria; and also the journey to Utopia and desirable egalitarian societies in the country is faraway. These portend a responsibility upon skeptical citizens like myself to be watchdog and medium for public opinion. Therefore, my art and its forms remain an essential tool in this direction.

SIMON NJAMI

(n.1962, Suiça, de ascendência camaronesa, curador, professor, crítico de arte)

I was born and raised in Europe. Therefore, when I chose to call myself a Bassa, I suppose, I hope that I force people to investigate the notion of identity not necessarily through the obviousness of geography, but through something subtler. Stating the obvious amounts to stating the “thought”, that Jullien is opposing to the “unthought”. It is, in my opinion, one of the failure of post-colonial studies, a field that has always been busy in proving that Europe is guilty of all the wrongs in earth. Is Europe guilty? Of course it is! But what would it change to the state of affairs to repeat it endlessly? What does this kind of an answer bring to people busy trying to find their voices in our globalized times?  There is a History that has been written by the “winners”. That story cannot be rewritten. 

DENIS EKPO

(n. 1959, Nigéria, Professor de Francês e Literatura Comparada)

Thus in trying to read Europe from a basically anti-anti-imperialist and non-Afrocentric perspective, what interests me is not wanting to exonerate Europe but  highlighting what useful lessons Africa can learn so that she can come to terms with how the modern world really works to bring about the  successes that Europe and the more pragmatic and wiser non-European ex-students of Europe are currently enjoying. Of what use is the current post-colonial obsession with deconstructing imperialism, exposing colonial violence and investing so much energy on resistance knowledge and knowledge production if all these have so far succeeded in keeping Africa small, beggarly and inhuman? Thus if in my works, Hegel, Nietzsche and some other tough Europeans have remained constant referents, it is because some of their uncommon European insights have been instrumental in my efforts to advantageously reconfigure imperialism and its aftermaths. With the aid of Hegel I have been able to realize that colonialism was above all else, an expression of the ‘cunning of reason in history’ that had to use violence to bring Africa out of isolation into the theatre of world history. From Nietzsche, I learnt that the best way to come to terms with what has happened and  to make the best of it is not to bleed from old scars but to practice ‘amor fati’ ie, love of fate.

MESKEREM ASSEGUED

(n. Etiópia, Antropologista, curadora e fundadora da Zoma Contemporary Art Center em Addis Ababa)

It is not possible to escape post-colonial influences. It is however possible to build one's unique identity by mixing a lifetime's worth of experiences. I was fortunate to have been born in Ethiopia and learned to speak both Amharic and English at a young age. While there are many measures of success, I find my own success in being privileged to follow my passions as a career. My curatorial practice is to tell contemporary stories from my point of view. These stories can be about the environment, science, imagination or whimsy. I value good ideas. I consider postcolonial issues to be simply a part of the landscape in which I work.

O artigo completo, aqui

Kampala Contemporary Art Festival

Publicado14 Out 2014

Em Agosto, a  Bienal de Kampala mostrou 45 artistas de 13 países africanos sob o tema "Progressive Africa" e, em Outubro, a cidade é palco do Kampala Contemporary Art Festival (KLA 14), com o mote "Unmapped", desafio lançado a artistas do Uganda e países vizinhos. Katrin Peters-Klaphake, uma das fundadores do KLA,  e curadora da Makerere Art Gallery/Institute of Heritage Conservation and Restoration, da Makerere University escreve sobre o impacto destas iniciativas no contexto do Uganda. 

Unlike most countries on the continent, Uganda has a relatively long history of formal art education and a growing number of art schools constituting a backdrop that new developments have to deal with. The School of Fine Arts at Makerere University traces its history back to the late 1930s when the British Slade-trained artist and teacher Margaret Trowell started teaching the first art students. Her educational philosophy to encourage an “authentic” African art has shaped generations of artists and educators. Later on, the educational turn towards the dominant Euro-American model of art education that her successor Cecil Todd implemented in the 1960s was just as momentous. Breaking free from restrictions that come with institutionalized learning environments in the post-colony in a direction allowing for alternative theory and practice formation is an important process. Interrogating the paradigms of artistic production and curation in East Africa today and questioning how knowledge about art is generated and disseminated, how the past informs the present, are some of the issues up for discussion at and around the festival. Until quite recently, exhibition making in Uganda was commonly limited to the organization of mainly solo shows with little or no critical curatorial framework. The layout of KLA ART as a format manifests itself as a framework that allows for different enactments. KLA ART 014’s vision has grown from the aim to open up spaces for new artistic projects to also unlock new curatorial perspectives. In recent years, art from Uganda had lost its visibility outside the borders; contemporary cultural activities including KLA ART have given the country a bolder re-entry on the artistic map.

O artigo completo, na Contemporary and

Marlon James: um escritor pós-colonial

Publicado13 Out 2014

O escritor jamaicano Marlon James, já distinguido com o Dayton Literary Peace Prize e o Minnesota Book Award, lançou recentemente o livro A Brief History of Seven Killings, o seu terceiro romance. Tendo crescido na Jamaica, nos anos 70, serão desse tempo as memórias que inspiram a história que começa com a euforia da independência (dos britânicos, em 1962) e evolui para um contexto mais complexo, no jogo político da Guerra Fria. Larry Rotcher escreve no New York Times sobre a obra e o autor. 

At 43, Mr. James is part of a new generation of Caribbean writers whose main cultural reference, aside from their home countries, is the United States rather than their former colonial power (in Jamaica’s case, Britain). These writers share some of the concerns of American peers like Junot Díaz and Edwidge Danticat and view the questions of identity and authenticity, which preoccupy older writers like George Lamming and the Nobel laureates Derek Walcott and V. S. Naipaul, as largely settled.

During a recent interview in the Bronx, where “Seven Killings” concludes, Mr. James called himself a “post-postcolonial writer” with a hybrid intellectual background. So while he read Shakespeare, Jane Austen and Henry Fielding in school, he noted, he also listened to Michael Jackson and Grandmaster Flash; a section of the new novel makes repeated references to Andy Gibb’s “Shadow Dancing.”

“Our sense of what it means to be a real Caribbean person is much more expansive, fluid and complicated” than that of earlier generations, said Nicholas Laughlin, a Trinidadian writer and critic who edits The Caribbean Review of Books, to which Mr. James has contributed. “Marlon is a writer who not only makes a mess of those boundaries and definitions, he totally obliterates them. That’s part of his power and appeal.”

O artigo completo, aqui

Exposição na Fundación Proa (Buenos Aires) desafia conceitos de originalidade e autor

Publicado12 Out 2014

Uma exposição na Fundación Proa, em Buenos Aires, confronta uma cópia de uma escultura de Miguel Ângelo com o original de uma artista contemporânea. Num espaço expositivo dedicado à arte contemporânea, ""Lo Classico en la arte" pretende animar o debate, antigo mas sempre actual, sobre a originalidade e a autoria na arte.

Palabras como original, copia, clásico, contemporáneo y tiempo, cobran nuevas implicancias a la vez que se combinan para construir una red densa de lógicas paralelas que en algún punto siempre se tocan: ¿qué diferencia al original de la copia? ¿Existe todavía aura benjaminiana en plena extinción del copyright? ¿Quién es el autor de una obra?

En medio de estas preguntas se instala otra tensión no menos importante: la noción de clásico. Distribuidos en las salas de Proa hay tres núcleos temporales bien definidos: la Antigüedad greco-romana –representada, he aquí otra vuelta de tuerca, por los calcos del siglo XIX–, el manierismo del siglo XVI –algunas veces estirado hasta el siglo XVII, pero siempre dando cuenta de una identidad propia que trasciende las cronologías demasiado prolijas– y la contemporaneidad. Lo clásico se reconstruye por su ausencia: las obras de la Antigüedad representadas en la muestra no son las del clasicismo del siglo V antes de Cristo –figuras apolíneas de rostros y cuerpos armónicos. Se han retorcido a sí mismas como si quisieran exorcizarse de tanta belleza: pertenecen a un período cronológicamente posterior, que la historia del arte –tan cara a las nomenclaturas– ha dado en llamar Helenismo. Esas mismas contorsiones que sacuden a las figuras griegas son las que habitan los cuerpos de las pinturas y esculturas de los manieristas italianos del siglo XVI, a quienes sirvieron de orientación casi religiosa. Lo clásico se vuelve un tipo de momento histórico. Y a cada clasicismo, a cada momento de ideas y figuras claras y distintas, sobreviene un momento crítico que busca desestabilizarlo todo. Siguiendo esta lógica podríamos pensar el presente como un “helenismo de la modernidad” (incluso de la posmodernidad) un manierismo en el que en lugar de contorsionarse, las figuras se vuelven caleidoscópicas y los sentidos se reflejan y trasmutan hasta volverse inaprensibles.

Pode ler o artigo completo, na Clarín

Novo dicionário de língua espanhola integra diversidade do idioma

Publicado11 Out 2014

Imagem: Luis Sevillano/El País  

Está prestes a sair a 23ª edição do Diccionario de la lengua española, depois da de 2001, que pretende ter um carácter pan-hispânico, que contemple a diversidade linguística dos países de língua espanhola. O El Pais dedica um artigo a um debate que tem vários anos e que afecta muitas dimensões, desde o reconhecimento das especificidades locais da língua nos países americanos, ao mercado cultural, passando pela tradução literária e pelo cinema. 

Si el futuro de los repertorios lexicográficos es digital —Villanueva dirigirá en noviembre un simposio internacional sobre lo que él llama “casi una refundación” del diccionario—, el futuro del español es americano. Mucho ha llovido desde que a finales del siglo XV Nebrija incluyera en su vocabulario hispanolatino la primera palabra americana del castellano: canoa. ¿Cuál ha sido el principal factor de cohesión del español? ¿Por qué no ha reproducido las diferencias que una lengua tan cercana como el portugués tiene con su equivalente brasileño? “En portugués”, explica el secretario de la RAE, “no existe una norma ortográfica unificada. Además, está la dimensión demográfica. Hoy la cohesión del español viene de un mundo empequeñecido gracias a los medios de comunicación y a los movimientos de las personas en ambas direcciones”.

Pode ler o artigo completo: Guía para un español sin uniforme

Museo del Barrio em Nova Iorque

Publicado10 Out 2014


 

Imagem: http://www.elmuseo.org/

O Museo del Barrio, conhecido simplesmente por "El Museo", nasceu em Nova Iorque, no bairro do Harlem, em 1969, como resposta à invisibilidade da arte da América Latina, por iniciativa do artista Raphael Montañez Ortiz, um grupo de pais e de educadores, artistas e activistas, marcado pelo clima de contestação do statu quo ocidental, desde modelos museológicos a educativos, e pelo movimento dos direitos civis. Inicialmente muito focado na arte porto-riquenha, o museu tornou-se progressivamente mais abrangente, tendo hoje mais de 6500 peças na sua colecção permanente, de arte carinhebenha, latina e latino-americana. Mantém uma forte ligação com a comunidade local e uma vertente educativa marcada. 

Jorge Veneciano, natural da Argentina, criado nos Estados Unidos, assumiu recentemente, em Março deste ano, a direcção do Museu, depois de tempos complicados em termos de administração que levaram ao encerramento de exposições durante alguns dias da semana. Veneciano dirigiu o Museum of Art no Nebraska e, no início dos anos 90, trabalhou em Nova Iorque, responsável pela curadoria do Studio Museum, também em Harlem. Nesta entrevista, explica a sua visão do futuro para "El Museo".

–Ya logró acomodar el presupuesto del museo. ¿Qué plantea en el plano artístico?

–Cuando se fundó el museo, en 1969, el objetivo era preservar el arte, la tradición y la cultura de la comunidad portorriqueña. En 1994, con el 25° aniversario, el campo se amplificó a las artes y la cultura de los latinoamericanos. Y esa misión sigue hasta hoy. Pero lo que yo quiero es ampliarla y presentar la cultura en sus diferentes manifestaciones y formas: arquitectura, moda, diseño industrial, decorativo, gráfico, literatura, gastronomía, teatro, baile, música, ópera, etc.

–¿Qué es lo latinoamericano hoy para los estadounidenses? En su momento fue la cultura portorriqueña, pero ahora está muy ligado a la cultura mexicana. En Latinoamérica hay diversidad de “subnaciones”.

–Es la cultura de la gente de las Américas, los que hablan español y también portugués, porque también incluimos a Brasil. Puede ser que para EE.UU. la presencia de mexicanos sea más prevalente, pero la cultura mexicana no va a prevalecer en este museo, queremos ser equilibrados.

A entrevista completa, na Clarín

O ano 2014, "visto" de 1964: tecnologia, distribuição e trabalho

Publicado9 Out 2014

Automóveis eléctricos existem, mas não permitem que o condutor jogue dominó durante a viagem, tornando a ideia projectada neste cartaz da America's Independent Electric Light and Power Companies uma miragem ainda futurista. Não é o caso de algumas das previsões do escritor Isaac Asimov, nascido na Rússia, naturalizado americano, e nome incontornável da ficção científica que em 1964, ano da New York World's Fair - que pretendeu mostrar ao mundo as mais inovadoras tecnologias da época - escreveu um artigo para o New York Times em que previa... o ano de 2014, colocando algumas das questões essenciais com que nos debatemos hoje em dia, globalmente.

Communications will become sight-sound and you will see as well as hear the person you telephone. The screen can be used not only to see the people you call but also for studying documents and photographs and reading passages from books. Synchronous satellites, hovering in space will make it possible for you to direct-dial any spot on earth, including the weather stations in Antarctica (shown in chill splendor as part of the '64 General Motors exhibit). (...)

Not all the world's population will enjoy the gadgety world of the future to the full. A larger portion than today will be deprived and although they may be better off, materially, than today, they will be further behind when compared with the advanced portions of the world. They will have moved backward, relatively.(...)

Indeed, the most somber speculation I can make about A.D. 2014 is that in a society of enforced leisure, the most glorious single word in the vocabulary will have become work! (...)

Isaac Assimov, Visit to the World's Fair of 2014

A Revista The Atlantic revisita esse texto e analisa o legado, em termos das mudanças climáticas, da evolução da tecnologia e da relação entre o homem e a natureza.

Asimov begins by suggesting that in the coming decades, the gulf between humans and "nature" will expand, driven by technological development. "One thought that occurs to me," he writes, "is that men will continue to withdraw from nature in order to create an environment that will suit them better. " (...)

But Asimov knows too that humans cannot survive on technology alone. Eight years before astronauts' Blue Marble image of Earth would reshape how humans thought about the planet, Asimov sees that humans need a healthy Earth, and he worries that an exploding human population (6.5 billion, he accurately extrapolated) will wear down our resources, creating massive inequality.

Asimov rightly saw the central role of the planet's environmental health to a society: No matter how technologically developed humanity becomes, there is no escaping our fundamental reliance on Earth (at least not until we seriously leave Earth, that is). But in 1964 the environmental specters that haunt us today—climate change and impending mass extinctionswere only just beginning to gain notice.

O texto completo, aqui

Os candidatos ao Nobel da Literatura, segundo o jornal El Pais

Publicado8 Out 2014

O prémio Nobel da Literatura é anunciado amanhã, dia 9 de Outubro. Atribuído por decisão da academia sueca, sem lista prévia de concorrentes, motiva, todos os anos, muitas expectativas e palpites. O Jornal El Pais indica o escritor queninano Ngugi Wa Thiog'o e o poeta sírio Adonis como nomes possíveis. 

Y los apostadores juegan al juego que cree que juega la Academia Sueca, ¿un juego geopolítico, de distribución del galardón por diferentes partes del planeta y lengua? Desde 2003, con el sudafricano Coetzee, el premio no llega a África. Tal vez por eso, además de la calidad literaria, el primero en las apuestas de la casa londinense Ladbrokes es Ngugi Wa Thiog'o (Kenia, 1938). Un autor de referencia desde su época de periodista en The Nation y por su activismo de la igualdad entre las razas, lo cual le valió años de cárcel y luego el exilio. A su regreso, dos décadas después, en 2004, violaron a su mujer y él sufrió quemaduras en el rostro.

O artigo completo, aqui

Ngugi Wa Thiog'o nasceu em 1938, é autor de romances, peças teatrais, literatura infantil, contos e ensaios e professor de Literatura Comparada, na University of California. É dele a obra seminal do pensamento pós-colonial Decolonising the Mind: The Politics of Language in African Literature, de 1986. É o fundador e editor da revista na língua nativa gĩkũyũ Mutiiti. 

Adonis nasceu em 1930, é poeta, ensaísta e tradutor e foi professor na Sorbonne, Damascus University e Lebanese University. Autor de mais de vinte livros, vive em Paris desde que saiu do Líbano, em 1980, para se afastar da guerra. Conhecido por combater o sionismo e as ditaduras árabes, defende uma poesia livre das instituições políticas e obrigações religiosas. Esteve no Próximo Futuro em Setembro de 2013.

Mauro Pinto na série Artists on Africa

Publicado7 Out 2014

Mauro Pinto, vencedor da 8ª edição do prémio BES PHOTO,integrou as exposições Present Tense e Ocupações Temporárias - Documentos do Próximo Futuro. No episódio 4 da série Artists on Africa, o fotógrafo moçambicano conversa com o escultor Gonçalo Mabunda, ambos nascidos no ano da independência e criados durante a guerra civil, sobre a actual cena artística em África, em geral, e em Moçambique em particular.

Njideka Akunyili Crosby

Publicado5 Out 2014

"I refuse to be invisible", 2010 

Njideka Akunyili Crosby nasceu em 1983, na Nigeria, formou-se e estabeleceu-se nos Estados Unidos e a sua obra reflecte um diálogo transcontinental entre culturas diversas. Foi distinguida com Rosenthal Family Foundation Award (2013), Rema Hort Mann Foundation Grant (2013) e pelo Carol Schlosberg Memorial Prize for Excellence in Painting (2011). Participou em exposições como Bronx Calling: The Second AIM Biennial, Bronx, Nova Iorque; Cinematic Visions: Paintings at the Edge of Reality, Victoria Miro Gallery, Londres; e Primary Sources, The Studio Museum, em Harlem, Nova Iorque. Integra a exposição Kings County, que inaugura na Stevenson Gallery da Cidade do Cabo dia 9 de Outubro. 

A Revista Wiriko escreve sobre o seu trabalho, a que atribui uma «identidade glocal»: 

Podríamos decir que las obras de la nigeriana son como espejos que devuelven la imagen con un filtro muy personal y distintivo. Espejos locales y globales al mismo tiempo. No nos referimos a lo global a partir de esa versión homogeneizadora de la modernidad occidental, sino a una interpretación más bien adaptada a la inclusión de lo tradicional y lo local como característico de lo moderno.

La adopción de formas culturales diferentes le sirve a la joven artista para expresar “otredades” en formatos globalmente comprensibles. Se trata de afiliaciones, préstamos o colaboraciones plasmadas en formato papel (pues no suele trabajar sobre lienzo). Dichas transformaciones derivan de resistencias culturales que demuestran que la globalización no ha podido vencer las diferencias, y que la supervivencia de formas no-occidentales en las “sociedades del Norte” tiene en sus manos la pluma que escribirá el futuro. O tal vez, el pincel que pintará el mañana.

O artigo completo, aqui

Critica da Razão Negra, de Achille Mbembe

Publicado4 Out 2014

Achille Mmembe, filósofo e investigador de História e Ciência Política, camorês radicado na África do Sul, é considerado um dos mais brilhantes intelectuais africanos da contemporaneidade. A edição em português da sua mais recente obra, traduzida por Marta Lança, chegará em Outubro às livrarias portuguesas.

De la postcolonie em 2000. Sortir de la grande nuit  dez anos mais tarde. E agora, Critique de la raison nègre. Estamos perante os contornos de uma verdadeira obra. Pode, no momento em que se publica este novo ensaio, desenhar em poucas palavras as grandes linhas do seu projeto intelectual?

A minha preocupação é contribuir, a partir de África onde vivo e trabalho, para uma crítica política, cultural e estética do tempo que é o nosso, o tempo do mundo. É um tempo marcado, entre outras coisas, por uma crise das relações entre a democracia, a memória e a ideia de um futuro que a humanidade no seu conjunto poderia partilhar. Esta crise é agravada pela confluência do capitalismo com o animismo e a recodificação em curso do conjunto dos campos das nossas existências na e pela linguagem da economia e das neurociências. Esta recodificação volta a pôr em questão a ideia que construímos do sujeito humano e das condições da sua emancipação a partir pelo menos do século XVIII. 

Uma das teses fortes do seu novo ensaio é a de que um dos efeitos do neoliberalismo é o de «universalizar» a condição negra». Que entende por «neoliberalismo»?

O pensamento contemporâneo esqueceu que, para o seu funcionamento, o capitalismo teve sempre, desde a sua origem, necessidade de suportes raciais. Melhor dizendo, a sua função sempre foi não apenas a de produzir mercadorias, mas também raças e espécies. Por neoliberalismo, entendo a idade no decorrer da qual o capital quer ditar todas as relações de filiação. Ele procura multiplicar-se numa série infinita de dívidas estruturalmente insolventes. Deixa de haver distância entre o facto e a ficção. Capitalismo e animismo não são senão uma e a mesma coisa. 

Sendo assim, os riscos sistémicos aos quais apenas os escravos negros foram expostos na altura do primeiro capitalismo constituem doravante se não a norma, pelo menos a situação de todas as humanidades subalternas. Há, pois, uma universalização tendencial da condição negra. Esta vai a par com o aparecimento de práticas imperialistas inéditas, uma re-balcanização do mundo e a intensificação das práticas de delimitação de zonas. Estas práticas constituem, no fundo, uma forma de produção de novas subespécies humanas votadas ao abandono, à indiferença, quando não à destruição. 

Entrevista conduzida por Arlette Fargeau, Le Messager Out 3, 2013, publicada em português na Buala, que disponibiliza também a pré-publicação de excerto da obra. 

Pode ouvir-se o autor sobre a obra, na entrevista concedida à Radio France Culture, 25 de Novembro de 2013

A dinâmica artística em Kampala

Publicado4 Out 2014


Emma Wolukau-Wanambwa, Nice Time, 2014, Ausstellungsansicht SAVVY Contemporary, 2014 © Neuer Berliner Kunstverein / SAVVY Contemporary /Jens Ziehe


Emma Wolukau-Wanambwa é uma artista e investigadora nascida em Inglaterra, com origens ugandesas. Tem trabalhado em torno das representações do colonialismo tardio, sobretudo na África Ocidental, desde 2011.Participou no primeiro Kampala Contemporary Art Festival (em 2012), que está agora na 2ª edição, e fala, nesta entrevista das mudanças que observa em Kampala nos últimos quatro anos, no plano artístico. 


C&: Now finally, how would you describe the art scene in Kampala? 

EWW: A lot has changed in the four years since I started visiting Kampala. The artistic community is ever more curious about what is going on in other parts of the world, and is increasingly keen to take part in various international conversations. The new Kampala Art Biennale, launched in August this year, is the most recent testament to that fact. I would say the key catalysts for the changes I am now seeing are: KLA ART 012 (Kampala Contemporary Art Festival 2012); David Adjaye and Simon Njami’s touring exhibition, Visionary Africa: Art at Work, which was presented in Kampala at the same time; the opening of 32º East (a project space, library, and studio complex that has reconnected Uganda with the Triangle Arts Network and brought a steady stream of artists into Uganda from abroad); Fas Fas (Ronex Ahimbisibwe’s short-lived artists’ space); and, obliquely, the success of Bayimba – a tremendously popular performing arts festival that now takes place all over the country and is becoming a major force in the region. I think the efforts and achievements of its founder Faisal Kiwewa and his team have been a valuable object lesson in what can be achieved.

A entrevista completa, na Contemporary and

Residências artísticas on line

Publicado3 Out 2014

Raum:

Plataforma online que aloja residências de artistas e estruturas ligadas à criação e programação artística e outras, com actividades nos domínios da difusão, educação e formação na área das artes - nomeadamente unidades de investigação universitária, projectos editoriais, museus, escolas de artes visuais e projectos independentes. As áreas artísticas inicialmente contempladas são a fotografia, as artes visuais, cinema, arquitectura, design, música e artes sonoras.

As entidades parceiras são convidadas a desencadear processos criativos, que se materializam em propostas de criadores convidados: textos de investigação, artigos, ensaios visuais, projectos gráficos, sonoro-musicais, cinematográficos ou outros, realizados especificamente para a plataforma.

As residências são sucessivamente colocadas online de quinze em quinze dias, até Abril de 2015.

Mais aqui

O "branco" na fotografia de Agnès Geoffray e Bruno Boudjelal

Publicado3 Out 2014

Agnès Geoffray e Bruno Boudjelal © RADIO FRANCE

A Rádio France Culture convidou dois fotógrafos para falar do "branco" na sua obra.

« Les paysages du départ » de Bruno Boudjellal, fotógrafo francês de origem algeriana, que integrou a exposição "Artistas Comprometidos? Talvez" do Próximo Futuro, e a série «White» de Agnès Geoffray, artista nascida em França e radicada em Bruxelas, são o pretexto para uma conversa em torno do branco nas imagens fotográficas: fantasmagoria? revelação? forma de representar o irrepresentável?

Les images dont nous parlons aujourd’hui, d’abord on les croit brûlées. La pellicule parait brûlée, comme la terre que l’on brûle en temps de guerre pour éradiquer les ressources de l’ennemi. Brûlées comme les têtes de ceux qui risquent tout pour fuir. 

Mais les images dont nous parlons aujourd’hui ont aussi la lumière invasive du souvenir en train de se faire, le flash de l’étourdissement ému. C’est ça, vous n’êtes plus vraiment sûr d’avoir bien vu, ou d’avoir voulu voir.  


A entrevista pode ser escutada, aqui

Didi-Huberman em entrevista à Clarín

Publicado2 Out 2014

Georges Didi-Huberman, filósofo francês considerado um dos maiores teóricos da imagem, esteve na Universidade Nacional Tres de Febrero, em Buenos Aires, na conferência  “Pensar en imágenes”. A revista Clarín entrevistou o teórico, famoso pela polémica com o realizador Claude Lanzeman, a propósito do valor testemunhal das imagens do Holocausto. Em Portugal estão publicados os livros O que nós vemos, o que nos olha (Dafne, 2011) e Imagens Apesar de Tudo (KKYM, 2012). 

–Latinoamérica y Medio Oriente ofrecen el big bang de imágenes de masas, durante todo el siglo XX y aún hoy. Pensemos en el duelo por la muerte del imán Khomeini, en Irán, en las masas de las presidencias de Perón, hoy día las masas uniformadas del chavismo. ¿Hasta qué punto diferenciamos en las fotos las masas fehacientes de las producciones cinematográficas, los “figurantes” de su último libro?

–Cuando llegué ayer a Ezeiza, me sorprendió una gigantografía de McDonald´s y enfrente, otra de un político. En Europa eso sería imposible de concebir. Pero también nos abruman hasta la náusea los ídolos e íconos, que no son mejores que los políticos: el rock star, el objeto “corpiño con push-up”… Hay que distinguir siempre entre la imagen que fija un concepto y aquella que lo pone en movimiento –¡pero lo mismo se puede decir de las palabras! Se puede decir algo que abre o algo que cierra. Un ejemplo, el film Soy Cuba , de Mijail Kalatozov, es de un virtuosismo increíble, con alardes de técnica soviética, filmado en 1963 y arrumbado hasta la censura. Es el más bello homenaje a Cuba, mientras que yo puedo ver mil veces esa cabeza del Che y no me dice absolutamente nada.

Pode ler a entrevista completa em La reinvención de la mirada crítica

Uma perspectiva crítica sobre a exposição 'Under The Same Sun'

Publicado1 Out 2014

Termina hoje a exposição Under the Same Sun: Art from Latin America today, no Guggenheim de Nova Iorque, que reuniu 40 artistas contemporâneos de 15 países, com trabalhos de pintura, escultura, fotografia e vídeo. 

Julie Schwietert Collazo faz um balanço crítico sobre a exposição no site Hipperallergic, considerando a pertinência de fazer um retrato de um contexto tão diverso e adequação do espaço a certos suportes, como por exemplo, o vídeo. 

The medium of video — even if it is just a document of the artistic act rather than the act itself, as in Galindo’s and Bruguera’s cases — is one of the most democratic and subversive forms in which artists in “developing” countries can work. Typically more accessible than “traditional,” institution-bound art, video has a unique ability to make direct verbal and visual statements, and it’s easier to share. As Santiago points out, “A digital file is a very versatile thing. It can be projected, streamed, stolen, shared, copied and reproduced.” You can, for instance, see parts of “Tatlin’s Whisper” and “La Cueva Negra” on YouTube, as well as “Punto Ciego” on Vimeo. And, in the setting of Latin America, video is powerfully symbolic: the artists are appropriating a medium that, in many parts of the region, is largely owned by the state, or at the very least whose messaging is dramatically influenced by the party line. For video to be largely out of view in this show decontextualizes it and undercuts its impact.

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