Nei Lopes em entrevista
Publicado26 Out 2014
Nei Lopes , compositor, cantor e escritor brasileiro, foi popularizado como sambista e tem-se distinguido na investigação das raízes negras da música. Nesta entrevista, fala do seu percurso, do contacto com artistas e intelectuais angolanos, do samba e da MPB, da influência bantu no português do Brasil e do seu próximo livro Rio 50.
O livro ainda está no prelo, com lançamento previsto, pela Editora Record, para 2015. Ele procura mostrar, através de várias tramas simples, que se entrecruzam, o que foi, na cidade do Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, a década de 1950, do ponto de vista dos afrodescendentes. Foi o tempo do Teatro Experimental do Negro e da companhia de danças étnicas “Brasiliana”, de fama internacional; da fundação do Renascença Clube, uma associação recreativa da classe média negra; da revolução estética negrista da escola de samba Académicos do Salgueiro, que inclusive se exibiu em Havana, a convite do governo revolucionário de Fidel Castro; da Copa do Mundo de 1950 (cujo final, trágico, em que se culparam os negros pelo fracasso, deflagra a linha principal do romance); do surgimento de Pelé; da peça teatral Orfeu da Conceição que gerou o filme Orfeu Negro; dos luxuosos espectáculos musicais do produtor Carlos Machado, nos quais o samba tinha papel importante. A década foi também a do suicídio do presidente Getúlio Vargas, após um crime que teve como mandante o chefe de sua segurança, conhecido como o “Anjo Negro”; foi também a do planejamento do, então, maior assalto da História brasileira, o do “Trem Pagador” tendo como mentor e executor o famigerado Tião Medonho, um bandido negro. A década foi, ainda, tempo de forte repressão ao candomblé, que ameaçava, pelo prestígio conquistado entre a intelectualidade; e do início da cooptação da umbanda, pelo branqueamento. Foi muita coisa! E está tudo lá no romance
Entrevista completa, aqui