O Programa Gulbenkian Próximo Futuro regressa em Maio com um workshop, conferências e a inauguração de uma exposição de fotografia e vídeo. O 5º workshop de investigação e produção teórica deste Programa realiza-se nos dias 11 e 12 de Maio e é dedicado ao Estado das Artes em África e na América do Sul. Sendo o Próximo Futuro um programa centrado nestas regiões geográficas e nas diásporas dos países que delas fazem parte, pretende-se, assim, estudar e problematizar o estado das várias artes nestes países e nas suas diásporas, quer no que diz respeito às práticas artísticas, quer no que diz respeito às narrativas sobre as artes, em especial no período pós-independentista, muito diferente conforme os países e os continentes geográficos a que nos referimos. O objectivo também passa por fazer um levantamento do sistema das artes no contexto dos mercados, das organizações de artistas, de formação e de distribuição. Durante o workshop, cujas sessões serão abertas ao público apenas no dia 12 de Maio, serão referidos estudos de caso e haverá reflexões sobre a produção local e a sua internacionalização. Para participar neste workshop, para além dos Centros de Investigação parceiros habituais deste Programa, o Próximo Futuro tem como convidados Bárbara Alves, portuguesa, que desenvolve actividades na área do design como ferramenta participativa e de desenvolvimento social; Cergio Prudencio, da Bolívia, compositor e director titular da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos; Federica Angelucci, nascida em Itália, directora e curadora de fotografia da Galeria Michael Stevenson, na Cidade do Cabo; e ainda Kenneth Montague, canadiano de ascendência jamaicana, fundador da Wedge Curatorial Projects, organização dedicada à promoção da arte contemporânea que investiga a identidade negra. Já o dia 13 de Maio será preenchido com quatro conferências de entrada livre, chamadas Grandes Lições, que ocuparão o Auditório 2 da Fundação durante a manhã e a tarde. Nesse dia poderemos assistir às intervenções de Patrick Chabal, professor de História e Política Africana do King’s College (Londres), de Breyten Breytenbach, escritor e pintor sul-africano, de Yudhishthir Raj Isar, professor de Estudos de Política Cultural na American University of Paris, e do nigeriano Kole Omotoso, romancista, dramaturgo e crítico. Na mesma data, pelas 22h00, será inaugurada a exposição Fronteiras, produzida no âmbito da última edição dos Encontros de Bamako – Bienal Africana de Fotografia, em 2009. Esta mostra colectiva reúne cerca de 180 fotografias e vídeos que reflectem a criação contemporânea na área da fotografia em África e dos artistas afro-americanos, oferecendo diversas interpretações e representações das questões socio-políticas, culturais e identitárias tratadas por estes artistas. A exposição Fronteiras estará patente na Galeria de Exposições Temporárias da Sede até 28 de Agosto. A seguir à inauguração haverá um Baile na Garagem, com DJs convidados. Em Junho e Julho, o Próximo Futuro prossegue com a sua programação de Verão, que inclui conferências, projecção de cinema, apresentação de espectáculos de teatro, dança e música e instalações artísticas no Jardim Gulbenkian.
A partir de 1 de Maio de 2011 também pode seguir o Próximo Futuro no Facebook e no Twitter!
Zak Ové, “The Devil is White”, da série «Transfigura» (2004)
Já a partir do próximo dia 13 de Maio, vai ser possível ver nas galerias de exposições temporárias do edifício-sede da Fundação Calouste Gulbenkian a mostra de fotografias de artistas africanos e afro-americanos que resulta dos 8.ºs Encontros de Bamako: a mais importante bienal de fotografia africana.
Os Encontros de Bamako (Rencontres de Bamako) foram criados em 1994, na capital do Mali, por iniciativa da associação “Afrique en Créations" e com o apoio do Governo maliano, sendo dirigidos nessa primeira edição pelos dois fotógrafos franceses Françoise Huguier e Bernard Descamps. Há mais história dos Encontros aqui, onde também se pode ter uma visão antecipada da exposição que foi central nos últimos Encontros e que inaugurará em Lisboa no próximo dia 13 de Maio.
As curadoras destes últimos Encontros realizados em 2009 (está neste momento em início de preparação a edição prevista para finais 2011) foram Michket Krifa e Laura Serani e o seu texto de apresentação também já está disponível no Jornal do Próximo Futuro. Estarão presentes na inauguração de dia 13 de Maio (às 22h) e haverá visitas guiadas em datas e horários a divulgar muito em breve.
Aqui encontram ainda uma interessante reflexão sobre a edição que aí vem.
Na foto: "Décompte (Countdown)", de Zab Maboungou, com Compagnie Danse Nyata Nyata
Está a decorrer até ao 1º de Maio o Harare International Festival of the Arts (HIFA), evento programático de 6 dias que todos os anos procura reunir na antiga Salisbúria, capital do Zimbabwe, uma amostragem significativa da produção artística e cultural local, regional e internacional.
Aqui, toda a programação de Música, Teatro, Dança, Spoken Word, Artes Visuais e Workshops do HIFA 2011.
O grande poeta Gonzalo Rojas, falecido esta segunda-feira dia 25 de Abril, em Santiago do Chile, vítima de um AVC aos 93 anos de idade, lê o seu poema 80 Veces Nadie perante a multidão na Plaza de los Pies Descalzos de Medellín, por altura do Festival Internacional de Poesía de Medellín, em 2003.
Mais sobre Gonzalo Rojas aqui e aqui. A voz do poeta em Qué se ama cuando se amapor aqui.
Quem viu não esqueceu: Um Oceano Inteiro para Nadar, título significativo de uma exposição que em Maio de 2000 inaugurou na Culturgest de Lisboa, reunindo trabalhos de artistas brasileiros e portugueses contemporâneos, sob a curadoria de Paulo Reis e Ruth Rosengarten. Havia de facto todo um enorme "Oceano" a separar Portugal e o Brasil, como ainda hoje há, apesar de tudo. Mas nesse ano de viragem de século e (também por isso) de importantes revisões históricas, foi possível conhecer por cá, pela primeira vez com uma amplitude cronológica expressiva e sistematizada, uma selecção de nomes fundamentais da produção artística brasileira contemporânea. Paulo Reis, que ao longo da década de 90 se destacou como jornalista cultural no Jornal do Brasil e assessor cultural do Museu da República do Rio de Janeiro, tinha vindo a Portugal pela primeira vez em 1998, a convite de António Pinto Ribeiro (nessa altura, director artístico da Culturgest), dar uma conferência sobre as artes na América Latina. E foi o início de Um Oceano Inteiro para Nadar... Vi e escrevi sobre a exposição no jornal Expresso, onde era colaboradora, marcada pelo cruzamento inédito dessas autorias, num espaço tornado de encontro e de reconhecimento também entre os dois curadores dessa mostra (que até então não se conheciam e, ainda assim, aceitaram trabalhar em equipa para nos dar uma visão desses dois lados do Atlântico). Mas só tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Paulo quando me acolheu numa primeira visita ao Brasil, em Abril de 2003. A sua disponibilidade para me mostrar o Rio de Janeiro foi total, levando-me pelos espaços e principais instituições, apresentando-me aos artistas, aos seus amigos de todo o lado, deixando-me entrar assim, no seu mundo pessoal e profissional, onde aprender, conhecer, partilhar eram uma mesma atitude de vida, uma celebração do humanismo que não devemos abandonar. Numa entrevista dessa altura, realizada a propósito da primeira individual do histórico artista brasileiro Nelson Leirner em Portugal (Culturgest do Porto, 2003), disse-nos: "meu ideal de conhecimento é o homem da Renascença, que conjugava todos os conhecimentos existentes em uma mesma pessoa. (...) Não entendo uma pessoa que não tenha interesse em filosofia, religião, cultura, não percebo qual é o papel desta pessoa diante da humanidade. Lembro-me das palavras de Leonardo Da Vinci, que homem não é uma construção física apenas, que veio ao mundo para encher sanitas, mas deixar um legado à humanidade. É o mesmo princípio que Beuys falava que todo o homem é um artista." E deu-nos o seu próprio "retrato falado": "Minha formação foi muito especial, estudei em colégio religioso, onde tive acesso à filosofia, à teologia, ao conhecimento aprofundado das ciências humanas. Estudei Comunicação Social e Filosofia, fiz dois mestrados em História da Arte, estou sempre complementando meus conhecimentos em Estética, História, Sociologia, Antropologia. Essas cadeiras estão inseridas em meu quotidiano, uso-as de forma orgânica. Esse real interesse por outras áreas, que me possibilitou que abrissem meus horizontes, é meu mecanismo de percepção do mundo. Então respondo sua pergunta dizendo que não há possibilidade do homem contemporâneo longe de uma múltipla faceta." Paulo Reis preparava então um seminário de História e Crítica de Arte com a intenção de "aproximar Brasil de Portugal e da Espanha e apoiar a divulgação e circulação de ideias sobre a arte contemporânea internacional", seminário esse que, com muito esforço e sacrifício pessoal devido à dificuldade de apoios, conseguiu realizar no Rio de Janeiro em Setembro de 2004. Chamou-lhe sintomaticamente Brasil-Portugal: uma ponte para o futuro e reuniu os principais curadores e críticos de arte, directores de instituições culturais e artísticas de Portugal, artistas e demais agentes culturais portugueses, de tal modo que, meio a brincar, meio a sério, se distribuíram os convidados em diferentes aviões, para que "se algo desse errado" Portugal não ficasse "desfalcado de cabeças pensantes". Foi nesse fórum que Paulo conheceu o crítico de arte espanhol David Barro, cuja tese publicada lera antes, e com quem viria a aprofundar a triangulação Brasil-Portugal-Espanha através de várias iniciativas. Desde a curadoria da Chocolatería - Espaço de Experimentação (em Santiago de Compostela, Espanha) até à co-criação e co-direcção da revista de arte contemporânea Dardo(publicada em português, espanhol e inglês), passando pela exposição-livro Parangolé: Brasil/Portugal/Espanha, entre muitas outras mostras e textos produzidos e difundidos em estreita cumplicidade profissional e generosa amizade. Já em 2009, viria a montar em Lisboa, cidade que adoptou como sua (depois do Rio de Janeiro), juntamente com outros dois amigos - o curador lusoinglês Lourenço Egreja e a artista e produtora brasileira Rachel Korman -, o seu projecto de sonho, concretizando o seu lema de vida: Carpe Diem-Arte e Pesquisa. Paulo era assim, trabalhava com a seriedade de um profissional "até ao tutano", demonstrando sem complexos o carinho que tinha pelas mais diversas pessoas que o rodeavam e assumindo orgulhosamente as suas amizades incondicionais. Jornalista e filósofo de formação, curador em todos os momentos (no sentido "daquele que cuida" dos outros), crítico de arte por inquietação criativa genuína, professor com profunda "missão" laica (muito para além das aulas dadas em universidades e museus), cozinheiro pela alegria do convívio com os amigos e família, a quem dava tudo o que podia. Hoje lembro o Paulo, não esquecendo como ele gostava de celebrar a alegria da vida, que para ele se confundia necessariamente com a partilha do conhecimento. Eis palavras suas nessa entrevista de 2003, que lamentavelmente continuam tão actuais: "Sinto falta de um diálogo maior entre as instituições culturais portuguesas e brasileiras. E não adianta esperar a nível de ministérios, eles estão muito ocupados em fazer burocracia. Tem que haver um interesse entre as grandes instituições do Porto e Lisboa com o Rio e São Paulo. Falo em cooperação, em fechar uma grelha de exposições conjuntamente, por exemplo: uma boa exposição de um artista português deve ser feita em parceria com uma instituição brasileira e vice-versa, garantindo a circulação de ideias. Ao ministérios da cultura, de ambos países, caberia apoiar financeiramente e aliviar os entraves burocráticos, mas nunca eles serem agentes de divulgação, não dá certo. Cabe às instituições. Assim que penso. Sinto falta do Brasil olhar mais para Portugal e não ficar preso à cafonice do mercado francês, com exposições de surrealismo, Rodin, essas coisas que ninguém tem mais pachorra; ou ao mercado lógico norte-americano, com instituições picaretas, mandando umas porcarias de exposições tipo Andy Warhol e Keith Haring, cobrando uma "pipa de massa", como vocês dizem aqui. Não que estes artistas não sejam importantes, mas as mostras que chegam ao Brasil, francamente, são uns fracassos! Mas é o pensamento, tipo, "lá só tem macacos, qualquer coisa serve!" Chega disso. Espero que esta entrevista, que sei que não agradará a todos, ajude a compreender melhor o que estamos tentando fazer, que é quebrar o ranço modernista e re-aproximar duas culturas que podem crescer mutuamente, e que por laços históricos e linguísticos serão sempre inseparáveis, quer queiramos quer não." Paulo Reis, querido amigo, um profundo agradecimento pela tua existência.
Lisboa, 25 de Abril 2011
Lúcia Marques, com os contribu
tos de António Pinto Ribeiro
- Estava na Faculdade, no Porto, numa aula de hidráulica.
- E a mãe? – ela veio ao telefone e respondeu:
- Apanhei o 27 em Belém, quando chegamos ao cais do Sodré já não se podia passar, eu que não queria chegar atrasada ao Banco, mas estava tudo cheio de gente… Bom aí começou o caos. Mas olha, agora estamos melhor! – fez-se um silêncio e ela perguntou:
A gastronomia do Perú, que é considerada a mais diversificada do mundo a julgar pela quantidade de "pratos típicos", continua a marcar presença noutros menus, como no vizinho Equador: para ler aqui.
PAULO REIS (Maragogipe/Bahia, 09.11.1960 - Lisboa, 23.04.2011) [foto: Ding Musa]
O Curador e Crítico de Artes Visuais Paulo Reis residente em Portugal faleceu hoje às 18:30h no Hospital Egas Moniz. Com uma formação em Comunicação Social e História de Arte era professor de teorias de arte e de estética em várias universidades. Nos últimos anos tinha uma actividade intensa de curadoria internacional tendo sido responsável por muitas exposições em diversos países da Europa e América Latina.
Paulo Reis veio a Portugal pela primeira vez em 1998 para participar num Colóquio sobre as Artes na América do Sul. Em 2000 foi curador com Ruth Rosengarten da Exposição “UM OCEANO INTEIRO PARA NADAR” de artistas portugueses e brasileiros realizada na Culturgest. Foi uma exposição histórica pelo ineditismo e pelo impacto que teve a partir de então nas relações culturais e artísticas entre o Brasil e Portugal.
Paulo Reis tornou-se a partir de então um verdadeiro “embaixador cultural” entre os artistas e os curadores destes dois países e a sua afeição por Portugal levou-o a passar longas temporadas neste país, a que se seguiu, a partir de 2005, passar a residir em Lisboa.
Foi o criador do CARPE DIEM - Arte e Pesquisa, instituição vocacionada para a produção e realização de exposições e fórum artístico internacional, instalado no Palácio do Marquês de Pombal na Rua do Século, na capital lisboeta. Foi co-fundador e co-director da revista Dardo, juntamente com David Barro, promovendo uma série de iniciativas relacionadas com a triangulação Brasil-Portugal-Espanha.
Era uma pessoa de uma invulgar generosidade e de uma atenção e cuidado particular para com artistas de cujas causas era um militante inconformado.
Memorial da Guerra das Malvinas, em Ushuaia, ARGENTINA
A 3.ªBienal del Fin del Mundo terá lugar em Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo, na Argentina, localizada a 3.190 kilómetros a sul de Buenos Aires e mais conhecida como “a cidade mais austral do mundo” ou “a cidade do Fim do Mundo”.
Sob o mote “Bienvenidos al Antropoceno” (uma referência ao Prémio Nobel de Química – Paul Krutzen – que considera que os efeitos do comportamento do Homem sobre a Terra nos últimos séculos definem uma nova Era geológica: a Era do “Antropoceno”), esta edição realizar-se-á de Agosto a Setembro de 2011 e tem por curadora-geral Consuelo Císcar Casabán, directora do Instituto Valenciano de Arte Moderno (IVAM).
Aquando da sua visita a Ushuaia já no âmbito da preparação deste evento, a curadora enfatizou a importância da iniciativa: “Esta es la bienal de Argentina y es importante que sea desde el Fin del Mundo”. E adiantou que a mostra reunirá obras de artistas de todo o mundo em diferentes suportes, mas “poucas pinturas, dadas as condições climáticas da cidade”. Também se inclui no programa uma exposição de trabalhos de 65 artistas contemporâneos, pertencentes à Colecção do IVAM, e “um diálogo da arte com a literatura, ciências, moda e desenho, desportos e gastronomia”, em espaços como o Museu da Legislatura, uma antiga prisão e um hangar militar ainda em actividade.
Aqui, via Brasil, é possível ler o discurso de Consuelo Císcar Casabán e ter uma boa antevisão do que será a próxima Bienal do Fim do Mundo. Reconhecida pelo seu papel impulsionador na divulgação da produção artística da América Latina, a gestora cultural integrou em Setembro de 2010 o júri da primeira Trienal Internacional das Caraíbas.
Orbis Terrae, in "Atlas sive Cosmographicae" (1595), Gerard Mercator
Últimos dias para espreitar a exposição "Rediscovering African Geographies" na Royal Geographical Society em Londres!
From the great African Kings and Empires from 3000BC to the complex trade networks and migration of Africans within the continent and across the world, the Society's new Rediscovering African Geographies exhibition uses maps, photographs and literature from our Collections to travel through Africa’s history.
Rediscovering African Geographies shows, from an African perspective, how culture, international relations, language and conflict have shaped the geography we know today. It reveals often neglected stories and how these records of African societies, cultures and landscapes helped shape and inform European views of this continent and its people.
The exhibition, which runs from 22 March 2011 to 28 April 2011, has been created with African community partners representing the Congo, Ghana, Nigeria, Namibia, Zimbabwe, Sierra Leone and South Africa. It's free to visit and will be held at the Society premises, Monday to Friday 10am to 5pm.
The exhibition features Africans such as James Chuma, Abdullah Susi and Sidi Mubarak Bombay who made important contributions to the Victorian expeditions undertaken by David Livingstone and others that were supported by the Society.
Tudo o que é preciso saber aqui e um óptimo audio-slideshow da BBC aqui.
Inaugura já no próximo dia 20 de Abril, na Maison Revue Noire, uma nova instalação (na foto) do artista camaronês Pascale Marthine Tayou dedicada a "anos de amizade e colaboração com os seus 'fétiches' Revue Noire".
Aqui é possível ler uma curiosa entrevista através das palavras do curador francês de raízes camaronesas Simon Njami (co-fundador e editor-chefe da Revue Noire), a propósito de uma exposição virtual com o fotógrafo português, nascido em Barcelona, Jordi Burch.
Kader Attia, "Rochers Carres" (2009) Notícia da LUSA sobre a exposição "Fronteiras":
A exposição "Fronteiras", com 160 imagens e 16 vídeos, vai mostrar a partir de 13 de maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a qualidade e vitalidade da criação africana e afro-americana contemporânea na área da fotografia.
Inserida no programa Próximo Futuro/Next Future, a mostra ficará patente até 28 de agosto, e inclui ainda conferências no mesmo dia, com alguns dos mais importantes intelectuais africanos, indicou à agência Lusa o programador António Pinto Ribeiro.
A exposição vem do Mali, onde foi apresentada em dezembro de 2009, no âmbito da 9.ª Bienal de Fotografia de Bamako, capital daquele país africano.
"É uma bienal muito falada nos circuitos artísticos devido à qualidade e diversidade dos trabalhos apresentados", comentou o consultor da Gulbenkian.
António Pinto Ribeiro esteve no Mali na altura da bienal e ficou "impressionado com a qualidade técnica de muitos fotógrafos - o que vai contra muitos dos clichés que hoje as pessoas têm da fotografia africana - com o maior uso da cor, e a forma como o tema foi tratado" pelos 62 fotógrafos que participaram.
Na altura ficou entusiasmado com a possibilidade de trazer a mostra a Lisboa no âmbito do programa Próximo Futuro, cujo objetivo principal é "dar a conhecer o que existe de mais cosmopolita e contemporâneo em África e na América Latina".
O tema "Fronteiras" foi tratado de forma "muito diversa e inesperada" e é revelado através da interpretação de cada fotógrafo, não se circunscrevendo à geografia, mas alargando-se às questões da imigração, do apartheid ou das questões de género (os papéis do feminino e do masculino na sociedade).
Na exposição será possível ver muitas fotografias documentais, mas também algumas encenadas, retratos, revelando as diversas opções dos criadores, onde se encontram nomes como Mohamed Bourouissa, Seydou Camara, Faten Gades, François-Xavier Gbré, Yo-Yo Gonthier, Armel Louzala e Anthony Kaminju Kimani.
Outro aspeto que Pinto Ribeiro notou foi o elevado número de mulheres que está a dedicar-se à fotografia, um fenómeno novo na atualidade, em África.
Entre elas contam-se Myriam Abdelaziz, Lilia Benzid e Jodi Bieber, de origem sul-africana, mas a residir em Moçambique, que apresenta um vídeo sobre as devastadoras inundações no país.
Além da exposição, estão previstas conferências no dia 13 de maio com a presença Patrick Chabal, professor de Estudos Africanos no King's College de Londres, Breyten Breytenbach, escritor e ativista sul-africano, Yudhishthir Raj Isar, conselheiro cultural independente e professor de Estudos em Políticas Culturais na Universidade Americana de Paris, e Kole Omotoso, autor de romances históricos, crítico e professor de drama na Universidade Stellenbosch, na África do Sul.
A revista electrónica e-cadernos do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra lançou um “call for papers” até ao próximo dia 18 de Abril 2011, convidando à apresentação de artigos e recensões no âmbito de um próximo número temático – o seu 12.º – dedicado a “OUTRAS ÁFRICAS: Heterogeneidades, (des)continuidades, expressões locais”.
Este 12.º e-caderno procurará assim reunir um conjunto de perspectivas dedicadas às diversas Áfricas que não (apenas) a “lusófona”, considerando incluir uma vertente comparativa relativamente aos Países Africanos de Lingua Oficial Portuguesa (PALOP). Trata-se de um descentramento geográfico programático relativamente à investigação científica no contexto português, de modo a:
… “dar visibilidade às heterogeneidades de um continente que o imperialismo do Norte, e a ciência ao seu serviço, ora essencializa como um só – A África –, ora, no período pós-colonial, cartografa ainda de acordo com as respectivas ex-potências colonizadoras, sob a retórica das línguas e culturas “partilhadas” – lusofonia, francofonia, anglofonia –, ora, ainda, aborda epistemologicamente segundo modos, estruturas e categorias de produção e organização do conhecimento do Norte. Frequentemente, estas continuam a representar uma apropriação neo-colonial, em particular quando esta abordagem legitima, entre outros, o discurso político, económico e humanitário, ou os princípios por que se rege o direito internacional ou a ‘ajuda ao desenvolvimento’.
O descentramento relativo à lusofonia deverá ainda provocar outros descentramentos e multiplicações nas perspectivas de reflexão sobre as Áfricas na pós-colonialidade.
Em discussão estará, em primeiro lugar, a percepção / construção / incorporação do continente pelo saber ocidental e pelas narrativas dominantes no Norte, bem como o seccionamento epistemológico prevalecente dos estudos africanos segundo as áreas de influência neo- colonial. Interrogar-se-ão as eventuais distorções essencialistas que estes estudos, assim organizados, possam produzir, propondo alternativas para o pensamento teórico, a investigação empírica e a acção prática, nomeadamente através da análise de dinâmicas locais de resistência e da validade e/ou falência de modos e casos de tradução cultural.”
KILUANJI KIA HENDA em frente ao seu trabalho “Ngola Bar” (2006), na 52.ª Bienal de Veneza, em 2007.
Foto: Christine Eyene
Com exposições realizadas em importantes iniciativas e espaços de diferentes países nos continentes africano, europeu e americano, Kiluanji Kia Henda (n. 1979, Luanda) é um dos artistas angolanos com maior reconhecimento internacional no panorama artístico da actualidade.
Artista autodidata, tem-se destacado pelo trabalho fotográfico que tem vindo a desenvolver sobre o país onde nasceu e vive, paralelamente à criação de séries relacionadas com outros lugares e contextos, decorrentes das várias residências artísticas em que tem participado. Depois da sua primeira residência artística na I Trienal de Luanda, em 2005, integrou programas de residências como os da galeria ZDB (Lisboa, 2007), espaço Blank Projects (Cidade do Cabo, 2008) e Fondazione di Venezia (Veneza, 2010), participando também na 52.ª Bienal de Veneza (Itália, 2007), na 3.ª Trienal de Guangzhou (China, 2008) e na 29.ª Bienal de São Paulo (Brasil, 2010).
Kia Henda realizou a sua primeira exposição invidual em Luanda, na Galeria SOSO (“Estórias e Diligências”, 2009) e um ano depois apresentou, no espaço da SOSO em São Paulo, a nova individual, intitulada “Trans It”, que entretanto desenvolvera em Bordéus (França, exposição “Evento”).
O trabalho “Self-Portrait as a White Man”, desenvolvido entre Veneza e Luanda no âmbito da residência internacional “Art Enclosures”, seguiu logo depois para Itália e deu lugar à sua individual com o mesmo nome na Galleria Fonti (ler artigo aqui).
No CCB, Kia Henda expõe ao lado de Mauro Restiffe (Brasil), Manuela Marques (Portugal), Mário Macilau (Moçambique) e Carlos Lobo (Portugal). Aqui um breve depoimento do artista no âmbito da exposição e aqui uma entrevista elucidativa feita pela Lígia Afonso (assistente curatorial na 29.ª Bienal de São Paulo), publicada no catálogo do BES Photo 2011. Para uma biografia mais detalhada é ir aqui.
Fica ali, no sítio dela, naquela bolsinha mesmo à fente dos meus joelhos, entre um saquinho para momentos mais agitados e as derradeiras instruções para casos de emergência.
A Índico está muito diferentes desde a última vez que a vi. Mudou de visual, está mais bonita, mais atraente. E mudou mais que isso, mudou o modo, mudou a "voz" e o "discurso".
Índico é o nome da revista de bordo da companhia aéra moçambicana e, tal como todas as edições do género, tem como objectivo promover o país e os destinos da transportadora. O escritor Nelson Saúte é o director da revista e não está sózinho já que nela colaboram regularmente outros nomes das letras como Ba Ka Kossa ou Mia Couto e também fotógrafos reconhecidos como Funcho ou Rui Assubuji. Deve ser por isso, por a LAM ter entendido que a indústria ganha em aliar-se aos artistas, aos criadores, e que estes são uma força de trabalho valorosa, que esta "nova" revista, que em Junho faz um ano, transmite Moçambique não só pela sua "geografia" mas também pela sua "demografia" cuidando de mostrar paisagens, como cuida de contar histórias, de revelar as arte e o património.
Não resisto e trago-a comigo quando saio do avião. Envio páginas soltas em cartas aos amigos e à família e guardo alguns recortes como recordações de viagem. Os próximos números sei que os encontro a bordo ou aqui.
Outra data a apontar na agenda, relacionada com a nova temporada de actividades do Próximo Futuro, desta vez no capítulo das suas “Lições”, e já a partir de Maio: sexta-feira, 13!
Nesse dia será uma sorte poder ouvir Patrick Chabal (professor de Estudos Africanos no King’s College de Londres), Breyten Breytenbach (escritor e activista sul-africano, com amplo reconhecimento internacional), Yudhishthir Raj Isar (conselheiro cultural independente e professor de Estudos em Políticas Culturais na Universidade Americana de Paris) e Kole Omotoso (autor de romances históricos, crítico e professor de Drama na Universidade Stellenbosch), no Auditório 2 da Gulbenkian (a partir das 9h30)!
Na mesma sexta-feira 13 de Maio inaugura a exposição “Fronteiras” (núcleo central da 8.ª edição dos Encontros de Fotografia de Bamako) e à meia-noite os Dj’s Kenneth Montague e Lindon Barry dão “Baile” na Garagem da Fundação Calouste Gulbenkian… Mas disso daremos conta em breve…
Alguns links que ajudam a ter uma ideia do que aí vem:
Entre fritos, cafés e bolos de uma cantina manhosa na baixa de Luanda, aguardo que a menina da caixa, negra, belfa, de lábios cor de rosa, me entregue um cartão de saldo para o telefone. Sobre uma das montras de bebidas há um aparelho sintonizado na rádio local que debita em alto volume uma selecção musical inenarrável: Alicia Keys, Mozart, Guns and Roses.
É já no mês de Maio que arranca oficialmente a nova temporada de actividades teórico-práticas do Próximo Futuro, marcando assim a entrada no seu terceiro ano de existência.
Iniciado em Janeiro de 2009 como um exercício de investigação e criação sobre a realidade pós-colonial no triângulo Europa-África-América Latina e Caraíbas, este Programa tem proposto diversas abordagens culturais e artísticas através da realização de workshops de investigação e conferências, espectáculos de teatro e dança, concertos, ciclos de cinema e exposições, procurando reflectir sobre as novas “vizinhanças” no espaço e no tempo. E como elas fazem sentido num presente cheio de contestações sociais e mudanças políticas (ou a sua tentativa) nesta geografia triangular e nas suas ramificações!…
A 12 de Maio realiza-se precisamente o 5.º workshop de investigação, aberto ao público interessado e dedicado ao “ESTADO DAS ARTES EM ÁFRICA E NA AMÉRICA DO SUL”.
À semelhança dos anteriores, é organizado em parceria com centros de estudos universitários e conta com as comunicações de:
o Sara Martins (Dept.º de Sociologia/Goldsmiths College), sobre “A Arte da Fronteira: Notas sobre a problemática da circulação artística em território africano”.
O painel de convidados internacionais, que também contribuirá para esta percepção das possibilidades e limites da convivialidade entre estas “vizinhaças”, trará também ao Auditório 3 da Gulbenkian:
Cergio Prudencio (Investigador boliviano, docente, compositor e director da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos; dedicado ao estudo das raízes andinas ancestrais, pré-hispânicas, no seu trabalho com instrumentos musicais tradicionais do Planalto dos Andes);
Kenneth Montague (Dentista, colecionador de arte e curador canadiano de ascendência jamaicana; fundador da Wedge Curatorial Projects: uma ONG promotora da arte contemporânea que investiga a “identidade negra”);
Bárbara Alves (Portuguesa, professora e designer de comunicação; focará as primeiras experiências em comunidades com forte presença africana na periferia de Lisboa, exemplificando com ações como as desenvolvidas com o Grupo de Teatro do Oprimido de Maputo em Hulene ou no âmbito do projecto ZONA, dando uma perspectiva sobre a cultura material moçambicana);
Federica Angelucci (Italiana a viver na Cidade do Cabo/África do Sul, onde dirige a galeria Michael Stevenson e é curadora de fotografia; procurará traçar um panorama global da fotografia contemporânea africana, a partir das principais mostras da última década).
Portanto: muito para ouvir, pensar, reequacionar, e a entrada é livre!