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Breyten Breytenbach

Um poema de Breyten Breytenbach

HÁ UM PÁSSARO IMENSO

há um pássaro imenso meu amor

talvez um cisne selvagem

ou um albatroz cativo

ou falcão da montanha meu amor

de imenso e luminoso pico de neve

o seu rumo nocturno não podemos vê-lo

pois negro é o seu peito e o seu bico

mas o seu canto vibra como uma estrela

o dorso, e as ósseas penas, são azuis

e assim, também de dia não o vemos

porque voa, na altura, de ventre virado ao sol

dele, apenas, por vezes, duas sombras

atravessam teus olhos meu amor

dúbia é a cor da cor do meu amor

escuro rondando o escuro, noite minha

e sempre, sempre entre os meus olhos e eu

trad. de Mário Cesariny