On the move é um site com oportunidades de mobilidade para diversos destinos e artistas de diversas origens com informação recolhida através de uma rede de mais de 30 membros em 20 países.
O site disponibiliza informação regular sobre residências, festivais, concursos entre outras iniciativas, agregando informação útil sobre oportunidades em diversos pontos do mundo, na sua maioria com apoios à mobilidade dos artistas.
"On the Move (OTM) is a cultural mobility information network with more than 30 members in over 20 countries across Europe and beyond. Our mission is to encourage and facilitate cross-border mobility and cooperation, contributing to building up a vibrant and shared European cultural space that is strongly connected worldwide."
The On the Move network has established a strategic plan 2011-2013 focusing on three priority activities:information provision, advocacy for a sustainable and responsible cultural mobility, and strengthening of its network. In line with its strategic plan, OTM constantly implements and improve its information service about cultural mobility and related issues (mainly through this website); and works on aCharter for sustainable and responsible cultural mobility together with its members.
Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos mutantes E foste um difícil começo Afasto o que não conheço E quem vem de outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba Mas possível novo quilombo de Zumbi E os Novos Baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa
Foi um poeta de origem cubana que o presidente dos Estados Unidos convidou para a sua cerimónia de tomada de posse. Este convite reflecte o panorama autoral da literatura norte americana.
"De mitades armónicas. De raíces transnacionales, bilingües y multiculturales. De eso está hecha y a eso suena la literatura de Estados Unidos en los últimos sesenta años en la que ahora empiezan a sonar, cada vez con fuerza, los escritores de origen hispanohablante.
La mayoría de los autores de origen hispano, según Paz Soldán, "escribe en un inglés flexible, aderezado de palabras, giros idiomáticos e incluso algo de la sintaxis del español". Inevitable. Natural. Instintivo. Con un recorrido que el autor boliviano traza así: “El español se va filtrando de contrabando en el inglés y lo va cambiando desde adentro; en un país con una literatura tan oficialmente monolingüe —una literatura que no refleja la diversidad de la experiencia idiomática en los Estados Unidos—, se trata de un gesto notable que, gracias a estos autores, pronto dejará de serlo”.
O artigo completo do jornal El País pode ser lido aqui
Diferente do Afrobeat de Fela Kuti, o Afrobeats é um estilo musical que a pretende apenas animar e divertir quem o escuta e dança, O Afrobeats deixa as questões políticas para trás e contagia pistas de dança em todo o mundo, a partir de Lagos - Nigéria.
"Africa can be very stressful," he explains. "So you need things to make you loosen up and make you happy -- and music makes Nigerians happy."
Hammond says that Nigerian music today has changed a lot since the days of Kuti, who died in August 1997.
"Nigerian artists don't really want to get into politics," says Hammond. "They tend to stay far away from it because at the end of the day, you have different political parties, you don't want anyone to say you belong to this party or that party."
A última encenação de Guillermo Calderón - encenador de Neva, Villa+Discurso - chama-se Escuela, e acaba de estrear em Santiago do Chile. É um acto de coragem e de ousadia raros.
Coragem de muitas maneiras: a de enfrentar a expectativa de uma centena de programadores para a maioria dos quais se torrnou, em apenas quatro anos, numa das referências fundamentais do teatro contemporâneo e que aguardavam e fantasiavam sobre mais uma obra heróica de Calderón; a de ousar escrever e encenar uma obra sobre o falhanço da resistência na luta contra a ditadura de Pinochet.
Escuela trata da história de um grupo de militantes de extrema-esquerda que na década de 80 recebem instrução paramilitar para resistir e derrotar a ditadura usando todos os meios para o conseguir, sempre a partir de uma postura ideológica extremista e utópica. Mas o que o texto e a encenação revelam e expressam é a história de um falhanço, de um falhanço anunciado.
Como se tem a coragem de fazer uma encenação sobre os falhados. Não, não se trata de anti-heróis, mas de falhados: nos objectivos, nas convicções, na capacidade de comunicar com o povo, na capacidade de transformarem o país, de atingirem a justiça e a liberdade pela qual lutavam mas que não acreditavam que fosse possível. Eles fizeram parte daqueles que não acreditaram na possibilidade do plebiscito que acabaria por destituir Pinochet e acabar com a ditadura, são o grupo condenado a uma extinção solitária e sem qualquer glória ou reconhecimento.
É pois de uma enorme coragem esta Escuela, a história de um falhanço.
Toni Morrisson, prémio Nobel da Literatura, para ser lida numa longa entrevista ao El País, partindo do seu último livro "Volver" (Home, na versão original).
"Siempre he buscado producir un impacto poderoso en el lector con lo que escribo. Y con la brevedad como norma hay que ser muy cuidadoso en las descripciones para preservar lo que se desea transmitir. No quiero que la gente se distraiga ni un instante."
“Quiero descubrir una verdad sobre la vida cotidiana de Estados Unidos, la vida de los afroamericanos viviendo en un contexto histórico crítico que se ha ocultado. Existe la idea de que los años cincuenta eran como un cuento de hadas donde todos tenían trabajo, la sociedad iba bien, había programas de televisión con familias felices y una buena vida social y política. Ha proliferado la idea de unos años maravillosos, pero no era así. La verdad es que había luchas visibles y subterráneas. EnVolver busco llevar luz sobre temas como la segregación, las secuelas de guerras como la de Corea, racismo, prejuicios, persecuciones por temas como el comunismo, desigualdades... Temas que la sociedad ha querido ocultar y olvidar”.
A crítica do El País sobre o filme de Miguel Gomes, recentemente estreado em Espanha, pode ser lida aqui.
"Lo que nos queda entonces es una obra en cierto modo efímera, algo a lo que contribuye la composición clásica y relativamente estática de Gomes, dando una verdadera clase sobre cómo y donde colocar la cámara, pues su posición fija solo se altera en contados planos. Esta delicadeza no hace sino incidir en la naturaleza pictórica y fragmentada de una obra que también puede calificarse de mágica y luminosa, pese a la aparente sobriedad de la fotografía. Una obra, como ya hemos dicho, única, y también especial, que parece exigir el mismo cuidado que el que se tiene con las cosas frágiles y antiguas."Ignacio Navarro.crítico de cine.
Para quem conhece mal a História do Chile ou para quem acha que os tempos de hoje devem ser tão ligeiros e vividos - tão velozmente quanto a informação que circula este trabalho de análise das narrativas sobre o período da ditadura de Pinochet feito há anos por muitas companhias de teatro - até parece uma obsessão "local", um problema "deles" que vivem do outro lado da Cordilheira. E, contudo, estes trabalhos ajudam a alguma reconciliação, são instrumentos de análise do passado histórico que já tantas vezes, impediram o branqueamento de crimes e de factos atrozes e são ferramentas de análise do presente. Para que haja alguma paz é fundamental este trabalho de encenação das questões da História recente, coisa que se nós tivéssemos feito com mais pertinência e "localismo", nos teria acautelado para alguns desvios de autoritarismo e demagogia.
Velorio Chileno a partir de um texto de Sergio Vodanovic (1926-2001) dirigida por Cristián Plana é uma peça sobre um episódio banal, de uma noite entre amigos que comemoram o golpe de Estado de Pinochet. Assim se pode ver como o ressentimento motivado pela perda de "posição de classe", pelo medo dos outros vizinhos desconhecidos, pela frustração conjugal, pela atracção pelo poder e pelo autoritarismo cria os cúmplices directos desse mesmo autoritarismo.
A sexualidade ou a frustração de não ser capaz de a realizar toma nesta peça uma dimensão que muitos historiadores, por pudor ou incapacidade, poucas vezes associaram às manifestações deste tipo de ditaduras. E ela aqui está: de uma forma lúcidamente analisada e contextualizada. A violência tem muitas formas e neste campo ela pode ser fascista também.
Estão abertas candidaturas para duas proposta de reflexão diferentes. Em Jo'burg sobre as práticas curatoriais contemporâneas com o ICI e o Bag Factory Artists’ Studios; na web sobre Corpo e precariedade com o Buala
Developed by Independent Curators International in collaboration with the Bag Factory Artists’ Studios, the Curatorial Intensive: Contemporary Curatorial Practice will examine the pragmatics of organizing exhibitions, while addressing the specificities of curating in the African context.
Durante o ano de 2013 a equipa BUALA vai trabalhar, pela primeira vez, numa temática específica, sem abandonar o trabalho de arquivo de materiais sobre temas diversos. Pensar sobre o CORPO, nos seus múltiplos tentáculos, desdobramentos, conflitos, realidades e utopias, é o nosso desafio para chegar ao resultado de uma publicação em papel (possível devido a uma campanha bem sucedida de crowdfunding).
Convidamos os leitores e colaboradores do BUALA a produzir textos e imagens relacionados com estes e outros temas. Os registos podem ser de todas as naturezas: poético, ensaístico, jornalístico, impressionista, manifestos, provocações, convém é não ultrapassar as 1500 palavras nem o dia 15 março 2013.
O relatório do Banco Mundial dá conta de uma previsão de crescimento robusto para a África subsariana para 2013. Porém, há riscos que podem travar as ambições africanas. Em todo o caso, quase metade dos países da África subsariana deverá crescer acima dos 6%.
Também o relatório “Foresight Africa: Top Priorities for the Continent in 2013”, lançado em janeiro pela Brookings Institution, identifica os aspetos-chave e as oportunidades a ter em conta para que em 2013 África possa continuar a “emergir”.
Trata-se de Luiz Alfredo Garcia-Roza, formado em filosofia e psicologia; psicanalista escreveu este policial (o primeiro) aos 60 anos. O enredo de uma inteligência arrebatadora passa-se no bairro de Copacabana, o detective chama-se Espinosa e a trama decorre por camadas como se fosse um trabalho de limpeza de um palimpsesto...a leitura é compulsiva.
"Amílcar Cabral foi assassinado em Conacri, no dia 20 de Janeiro de 1973. Após a sua morte, intensificou-se a luta armada de libertação e a independência da Guiné-Bissau foi proclamada unilateralmente a 24 de Setembro desse mesmo ano.
O Arquivo Amílcar Cabral, disponibilizado na internet a partir de 20 de Janeiro de 2013, 40 anos após o seu assassinato, foi recuperado e tratado pela Fundação Mário Soares a pedido das autoridades guineenses e caboverdeanas e com o especial empenho de Aristides Pereira, Iva Cabral e Pedro Pires."
A propósito do 40º aniversário da morte de Amílcar Cabral, o Instituto de História Contemporânea (IHC) e Fundação Mário Soares (FMS) organizam no próximo dia 21 de Janeiro o seminário "Amílcar Cabral - um projeto interrompido". Todo o programa pode ser consultado aqui.
Para conhecer a biografia deste líder africano "O fazedor de utopias" de António Tomás é uma das leituras possíveis.
O Fazedor de Utopias, uma biografia de Amílcar Cabral da autoria de António Tomás, é um livro fundamental para entender porque é que o fim do Colonialismo português era uma inevitabilidade. Mas também porque, simultaneamente, destrói o que era a propaganda nacionalista sobre o terrorismo, e revela a excelência da pessoa que foi o líder Amílcar Cabral.
António Pinto Ribeiro - Revista Obscena, #2, Jan 2008
La 2ème édition de "Aflam du sud" festival du cinéma arabe propose du 11 au 14 janvier 2013, des longs et des courts métrages, documentaires, des séances scolaires, un débat et une exposition dans 3 lieux de projections.Cinéma Vendôme/Centre Culturel Arabe/Bozar [Bruxelas]
Festival "Aflam du sud" interroge les frontières entre l’Orient et l’Occident à travers des fictions, des documentaires et des courts-métrages inédits ou peu connus en Belgique. Un moment où le monde arabe est en bouillonnement de créativité cinématographique, défendant des points de vue importants, pour s'investir dans un avenir différent. cette édition de "Aflam du sud" permet de découvrir un septième art au féminin avec un regard incisif et dérangeant.
Artigo de Anne-Cécile Robert publicado na edição portuguesa do Le monde diplomatique (dezembro 2012) e ilustrado com imagens da 8.ª Bienal de Bamako, que esteve na Gulbenkian no verão de 2011 no âmbito do Programa Próximo Futuro, dedicada precisamente ao tema "Fronteiras".
A 9.ª edição Bienal, dedicada à questão "Por um mundo sustentável", será apresentada na Sede da Gulbenkian, no âmbito do Programa Próximo Futuro, no verão de 2013.
«Somos favoráveis a negociações e a que se encontre uma solução definitiva neste conflito entre o Mali e o Azawad», declarou em 16 de Novembro Bilal Ag Achérif, porta-voz dos rebeldes em Uagadugu (Burquina Faso), onde foi organizada uma mediação internacional. Por seu turno, as Nações Unidas discutem a possibilidade de uma intervenção militar. A divisão do Mali ilustra a fragilidade das fronteiras africanas, patente desde o fim da Guerra Fria.
Misteriosa, a explosão na fábrica de armamento de Yarmuk, perto de Cartum, em 23 de Outubro passado, continua a ser motivo de discórdia entre o Sudão, os países vizinhos e as organizações internacionais. Os edifícios destruídos, onde se fabricavam armas ligeiras, eram também armazém de outros equipamentos militares importados da China, segundo o centro de investigação suíço Small Arms Survey[[i]]. Na Organização das Nações Unidas (ONU), Cartum acusa Israel – sem adiantar provas – de os ter sabotado, ou mesmo de ter bombardeado as instalações, consideradas por Telavive como parte de um tráfico com destino à Faixa de Gaza e ao Irão.
Vasto país com quase dois milhões de quilómetros quadrados, o Sudão afronta a rebelião do Darfur no seu flanco oeste[[ii]]. Além disso, desde Julho de 2011, está amputado de uma parte dos seus territórios do Sul, que após décadas de guerra civil se tornaram independentes, com o nome de Sudão do Sul. Apesar de vários acordos a respeito do traçado das fronteiras e da divisão dos recursos, os dois Estados estão longe de ter alcançado a paz[[iii]].
O Sudão, atravessado por conflitos, ameaçado por movimentos centrífugos, não é um caso isolado no continente africano. Com efeito, embora as tensões no Sahel monopolizem a atenção diplomática e mediática, os acontecimentos que ali se desenrolam têm paralelo noutras regiões de África: aspirações autonómicas, insurreições armadas, incapacidade das autoridades para manter a ordem, tráficos transnacionais de armas e munições, ingerências estrangeiras, corrida aos recursos naturais, etc. Os Estados deliquescentes perderam o domínio das «zonas cinzentas», situadas à distância das capitais e com frequência autoadministradas de forma criminosa. Entre o Níger e a Nigéria estende-se agora uma faixa de trinta a quarenta quilómetros que se furta à supervisão de Niamei e de Abuja. As fronteiras, traçadas no tempo da colonização, deixaram por vezes de ter realidade, de tal modo são importantes os fluxos de migrantes, viajantes e comerciantes que as ignoram.
Para ler o artigo completo da Anne-Cécile Robert, via Buala, basta navegar até aqui.
O Festival "Santiago a Mil" começou no passado dia 3 a sua 20.ª edição, que se prolongará até 20 de Janeiro de 2013, apresentando 71 obras, entre propostas nacionais e internacionais, para além da realização de oficinas, mesas redondas e encontros com artistas.
Celebrando 20 anos de existência, este Festival dedica-se este ano ao tema genérico "En la medida de lo imposible" (na medida do impossível), elucidando bem a continuidade e ambição de um dos mais importantes eventos no domínio das artes performativas a partir da América Latina.
Lembram-se de "Gladys", que foi apontado pelos críticos do jornal Público como o melhor espetáculo de teatro em Portugal no ano 2012? Veio da 19.ª edição de "Santiago a Mil".
Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica como funciona.
Parte da entrevista ao Professor Elísio Macamo por altura da sua participação no Observatório de África, América Latina e Caraíbas, no âmbito do Programa Gulbenkian Próximo Futuro.
A África de muitas latitudes tem também várias camadas. Como o mundo inteiro. Ou um país apenas: Moçambique. África pode ser ilusão. Pelo menos como a conhecemos, ou seja, sob a forma de narrativas muito simples que escondem os efeitos acumulados de uma história complexa. As palavras são do académico moçambicano do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Basileia na Suíça Elísio Macamo que agarra esta imagem para explicar A Ilusão da África conhecida – título da sua apresentação em Lisboa na conferência O tratamento dado à informação sobre África pelos media inserida no programa Próximo Futuro da Fundação Calouste Gulbenkian no fim de Novembro.
Elísio Macamo falou mais tarde ao PÚBLICO desse fio de narrativas com o qual criamos “a ilusão que entendemos Moçambique”; da oposição política da Renamo que, nos 20 anos dos Acordos de Paz assinados a 4 de Outubro de 1992 em Roma, ameaça voltar à guerra; e de uma Frelimo dominante, produto de uma ideia fantástica porque sobre ela se projectam medos e esperanças. Uma Frelimo com um rosto: Guebuza que deixa a presidência do partido e do país em 2014. O sucessor (daquele que sucedeu a Joaquim Chissano) será uma escolha dentro da Frelimo. “Não da maioria, de uma minoria influente.”
Vista da instalação de Hélène Veiga Gomes no CARPE DIEM-Arte e Pesquisa (foto de Fernando Piçarra)
A instalação que Hélène Veiga Gomes concebeu no âmbito do Programa Gulbenkian Próximo Futuro, derivada da sua pesquisa antropológica em torno dos espaços simbólicos de uma mesquita contemporânea, ainda pode ser visitada no CARPE DIEM-Arte e Pesquisa, tendo a exposição sido prolongada até 16 de Fevereiro de 2013.
É o terceiro ano que espetáculos apresentados pelo Programa Gulbenkian Próximo Futuro têm o primeiro lugar nas escolhas dos críticos.
Esta peça foi também apresentada no Teatro Municipal de Faro, numa colaboração inédita entre o Programa Próximo Futuro e este Teatro.
"Gladys" - da atriz, dramaturga e realizadora chilena Elisa Zulueta -, foi apresentado no Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian no verão de 2012, contando com a interpretação de Catalina Saavedra, Sergio Hernández, Cocca Guazzini, Álvaro Viguera, Ignacia Baeza e Antonia Santa María (foto: Tatiana Macedo).
Desde 6 de Dezembro, Maputo está temporariamente ocupada por seis intervenções artísticas de igual número de artistas, tendo como mote a palavra “Estrangeiros”.
Esta proposta temática para a terceira edição desta mostra de arte contemporânea surge depois de muitos debates sobre migrações, legais e ilegais, fluxos de pessoas e trocas inerentes, por se entender que resta ainda espaço para falar “dos de fora”; porque a aldeia que se diz global continua a classificar dicotomicamente os seus habitantes: “os de dentro” e “os de fora”. Este estatuto, que parece exclusivamente geográfico, tem também um eixo temporal que retira a pátria aos “de dentro”, se estes permanecem muito tempo fora. Quando regressam, ou quando chegam, passam a ser olhados como “de fora”. São estrangeiros na terra natal.
“Estrangeiros” nas OCUPAÇÕES TEMPORÁRIAS 20.12 realiza-se em Maputo no mês em que todos os “de fora” parecem ocupar a cidade. Os turistas estrangeiros que chegam de avião ou nos cruzeiros, os moçambicanos do estrangeiro que voltam para as férias de família e praia, os estrangeiros que aqui trabalham, e que ainda não saíram para as suas terras de origem.
A exposição toma as linhas de perspectiva, de trajecto e de trabalho de alguns destes estrangeiros, no caso, cinco artistas moçambicanos que estudaram e viveram ou ainda vivem fora do país, e um angolano.
São muito diversas as obras e as abordagens que os autores fazem e o termo “estrangeiros” é transmitido sem recurso a discursos óbvios.
(Sandra Muendane/Fotografia de Maimuna Adam)
Sandra Muendane no Aeroporto de Mavalane apresenta “Outra moda é possível” que propõem uma reflexão sobre a origem daquilo que enunciamos como património identitário, a partir de objectos quotidianos.
(Eugénia Mussa/Fotografia de Maimuna Adam)
Eugénia Mussa, com o seu tríptico de pintura exposto no exterior do Restaurante Cristal (Av. 24 de Julho, nº 554), obriga-nos a uma leitura mais atenta do que são as paisagens conhecidas. “Fata Morgana”, assim se chama o seu trabalho, vai para além da miragem, recorre à memória e ao envolvimento emocional, para que possamos ver para além do imediato.
(Rui Tenreiro, video still)
Rui Tenreiro ocupa o interior da Embaixada Real da Noruega (Av. Julius Nyerere, nº 1162). O visitante começa por experienciar a condição de estrangeiro ao sujeitar-se ao horário da embaixada (exposição visível apenas no horário da instituição) e também com a necessidade de se identificar. Este “ritual” próprio de quem parte para um território estrangeiro, completa-se no visionamento dos três vídeos e dos textos que nos levam em “Viagem ao Centro de Capricórnio” onde, como em qualquer viagem reconheceremos paisagens ou pelo menos traçaremos paralelos com os nossos territórios de origem.
(Tiago Correia-Paulo/Fotografia de Maimuna Adam)
Tiago Correia-Paulo sai da sua área profissional, a música, e apresenta-nos “5:59” uma instalação com objectos e vídeo na Embaixada Sul-Africana (Av. Eduardo Mondlane, nº 41). Aqui, a abordagem é feita a partir do confronto com a rotina, que poderíamos associar à esperança e muitas vezes à desilusão de alguém que num país estrangeiro se vê obrigado a procurar o cumprimento do seu próprio sonho.
(João Petit Graça/Fotografia de Maimuna Adam)
A instalação visual e sonora de João Petit Graça na Embaixada de Portugal (Av. Julius Nyerere, nº 720) deixa-nos, literalmente, uma janela aberta para nos debruçarmos sobre os imensos fluxos que o termo “estrangeiros” pode encerrar. “HOYO-OYOH”, leitura em espelho da expressão de boas vindas, é também uma singular visão do que pode ser o fluxo de imigrantes em Maputo, a partir de uma porção de cerveja.
As reproduções das obras do artista angolano Paulo Kapela podem ser observadas em diferentes pontos da cidade como sejam a Av. Eduardo Mondlane, frente à Ronil, a Escola 1º de Maio da Av. 24 de Julho ou o mural de graffiti na Av. OUA. Estas “Obras” de Paulo Kapela têm associada uma mensagem recorrente de paz e unificação que pretende eliminar o estigma do estrageiro e que se reflecte também no uso indiscriminado de objectos, ícones e referências que o artista faz nas suas colagens e na construção das suas obras que são, normalmente, apresentadas em instalações.
Tal como nas edições anteriores, as “Ocupações Temporárias” podem ser vistas intencionalmente, como um percurso que se realiza de uma só vez, ou em etapas, feitas ao acaso ou de acordo com a agenda de cada um.
Mais uma vez, a ocupação de espaços não vocacionados para a apresentação de obras de arte constitui a “originalidade” do projecto, sendo relevante o facto de em 2012 se terem aberto à proposta instituições que à partida poderiam ser assumidas como de pouco flexibilidade como são as embaixadas.
O apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian à realização deste evento é também uma nota a reter no apoio à divulgação e à circulação da criação contemporânea moçambicana, no seguimento de outras acções anteriores realizadas com este e com outros projectos.
Mais informações:
Ana Lúcia Cruz
+258 82 353 79 21
Nota: Os artistas podem ainda ser contactados em Maputo. Uma visita à exposição pode ser agendada com a produtora Ana Lúcia Cruz.
The aim of this panel is to discuss the impact of migration experience across generations and how family's intergenerational relationships are reconfigured in a post-migratory context. This panel welcomes all researchers working on intra and inter-generational relations within migrant families.
The migration experience has an impact in the transmission of family practices across generations. The intergenerational relationships are stretched and reshaped and family life is reconstructed in a new socio-cultural setting. Several questions concerning for example communication, authority, gender roles, cultural practices are reconfigured and rearranged in the post-migration context. It is also important, in a transnational perspective to take into account the links (and how they are transmitted) to families in the country of origin and the role, for example, of the older generations and the care networks.
The aim of this panel is to reflect the importance in adopting an intergenerational frame in the migration studies. Migration experience can be very different from one generation to another and this can cause generational differences that are significant and must be acknowledge. The panel also aims to contribute to the discussion of the methodological strategies adopted in the intergenerational studies. For example, the importance of the comparative approach of two or more generations within the family with recourse to different methods of data collection, the use of mixed methods or the importance of the longitudinal studies in the understanding of the impact of migration across generations.
This panel welcomes all researchers working on intra and inter-generational relations within migrant families. Papers addressing impact of migration experience in intra and inter relationships in a gender perspective; conflicts, life transitions, care networks, social mobility and legal status reproduction across generations are welcome.
Abstract submission
Proposals should consist of a paper title, a (very) short abstract of less than 300 characters, and an abstract of 250 words. Proposals can be written in English or Portuguese.
All proposals must be made via the bespoke on-line facility that ECAS2013 is using to handle all proposals.