Dan Halter’s artistic practice is informed by his position as a white Zimbabwean living in South Africa. Using materials ubiquitous to South Africa and Zimbabwe, Halter employs the language of craft and curio as a visual strategy to articulate his concerns within a fine art context. Through this, as well as through photography and video, Halter addresses notions of a dislocated national identity and the politics of post-colonial Zimbabwe within a broader African context.
A sexualidade no feminino escrita por autoras de origem africana está num blogue. Talvez não devesse ser facto extraordinário, mas ainda é. Este artigo explica porquê.
"África no habla de sexo abiertamente y menos si una es mujer y no tiene entre sus planes inminentes casarse. Lo afirma Malaka Grant, ghanesa que a finales de 2008 se dejó convencer por la activista Nana Darkoa Sekyiamah para abrir un blog que llenara este silencio tradicional y generalizado, Adventuresfrom. Ellas son la muestra de que el sexo sigue siendo un tabú en el continente, e incluso esconden a gran parte de sus parientes que están detrás de lo que, traducido, sería Aventuras desde el dormitorio de mujeres africanas, pero están dispuestas a abrir las puertas y ventanas de las alcobas africanas para que el sexo sea lo que es, algo natural. "Nuestras familias no lo entenderían. -se justifica Malaka- Pensarían que hacemos pornografía".
Os confrontos e contradições da diáspora nigeriana num artigo da jovem escritora Chibundu Onuzo no The Guardian.Os discursos coloniais, o desajuste à realidade e a desintegração, marcam este regresso dos jovens educados no estrangeiro e que são designados por IJGBs
"When IJGBs arrive on African soil, many come with a set of Victorian-era assumptions. The natives are backward. By natives I mean those who have not lived or worked or studied abroad. The native, with his questionable degree from a rundown local university, does not have the skills needed for a modern business world. Thus the best jobs should go to the IJGBs. They have not flown south and crossed the Atlantic to be clerks and graduate trainees. They are here to be district officers and bank managers and live in the best sequestered accommodation."
No próximo dia 21/09 regressam as grandes lições do Próximo Futuro. A fechar o Verão e antes da chegada do Outono teremos a poesia de Adonis, o interventivo poeta sírio, que será apresentado pelo também interventivo escritor brasileiro Miltom Hatoum.
"Kin" é o nome da exposição que o fotógrafo sul africano Pieter Hugo apresenta em Nova Iorque, a partir de 6 de Setembro. Kin é uma reflexão sobre a diferença entre os ideais e a práticas sociais.
“... South Africa is such a fractured, schizophrenic, wounded and problematic place. It is a very violent society and the scars of colonialism and Apartheid run deep. Issues of race and cultural custodianship permeate every aspect of society here and the legacy of Apartheid casts a long shadow ... How does one live in this society? How does one take responsibility for history, and to what extent does one have to? How do you raise a family in such a conflicted society? Before getting married and having children, these questions did not trouble me; now, they are more confusing."
O Tango BA -Festival y Mundial terminou há dois dias. A organização provou que serão sempre precisos dois para um Tango, e que podem ser do mesmo sexo. 550 mil pessoas assistiram à vastissima programação de duas semanas.
"De todos modos, el llamado tangoqueer no es siempre sinónimo de parejas gais o lesbianas sino de una danza en las que los roles no están fijos. De hecho, de las cuatro parejas del mismo sexo que compitieron en el Mundial, algunas eran homosexuales, pero sin estar unidas por una relación amorosa, mientras que la pareja de mujeres estaba formada por dos amigas heterosexuales. Ninguna de ellas llegó hasta las finales, pero tampoco despertaron el rechazo del público más conservador."
Há 50 anos Martin Luther King declarou perante 250.000 pessoas o seu sonho: o fim do racismo nos Estados Unidos da América. É um sonho que ainda precisa ser cumprido.
De 13 de Setembro a 10 de Novembro a cidade de Porto Alegre no Brasil recebe a 9ª edição da Bienal Mercosul.Se o clima for favorável, diz o título da mostra.
"A promessa da 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre é identificar, propor e direcionar mudanças nos sistemas de crenças e avaliações de experiências e inovações. Pretende articular questões ontológicas e tecnológicas por meio da prática artística, da produção de objetos e dos pontos de intersecção da experiência com a arte. Esta edição da bienal pode ser considerada um ambiente para defrontar-se com recursos naturais sob uma nova luz, e especular sobre as bases que marcaram distinções entre descoberta e invenção, assim como os valores de sustentabilidade e entropia ."
Como se afirma, rejuvenesce e permanece a poesia no Sudão. Um artigo importante para ler no portal Africultures.
"Au Soudan, les écrivains donnent parfois l'impression d'être une communauté underground. Il ne reste qu'une poignée de l' "ancienne génération" des années 1960, 1970 et 1980 : El Hadi Raddi, Issa Al-Hilu, Ibrahim Ishaq… Avec la prise du pouvoir par Omar Al-Bachir en 1989, la plupart des institutions culturelles ont été détruites et de nombreuses œuvres interdites. Beaucoup d'artistes ont émigré vers des horizons plus libres - et libéraux. Ceux qui restent acceptent de mettre leur muse en sourdine et publient ce qu'ils peuvent, sans trop créer de vagues : le moindre remous serait, de toute manière, étouffé par les Musannafat, le service de censure."
A poesia retoma a tradição oral. Ou simplesmente o gosto pela declamação ganha espaço no corpo de um improvável diseur e no espaço físico de Dakar, a capital do Senegal.
"Lo que hacen, esta declamación de poesía a veces acompañada de un fondo musical, es slam, un término que nació hace 20 años en Estados Unidos para definir a un arte que hunde sus raíces tanto en la literatura norteamericana como en las culturas negroafricanas. “Es difícil conocer el origen, porque en realidad el slamprocede de la oratoria y esto ya lo cultivaron los griegos”, asegura Djamil. “La música no es imprescindible, lo importante es la palabra, la fuerza de los textos”, añade Halil.
pode ler-se mais aqui, saber mais aqui e ouvir aqui
A relação do Ocidente com os objetos produzidos em África e a sua classificação como peças de arte, abordadas pela coleção do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque numa exposição que termina a 2 de Setembro.
"At the start of the twentieth century, the appreciation of African artifacts in the West shifted dramatically: from colonial trophies and ethnographic specimens, they became modernist icons worthy of aesthetic contemplation. Well established is the role played in this transformation by modern European artists such as Pablo Picasso, André Derain, and Henri Matisse, who began collecting African art about 1905, finding in its bold shapes a source of inspiration. Lesser known, but no less constitutive to the recognition of African material culture as fine art, is the history of its reception in America over the subsequent two decades.
New York emerged as a new platform for modern art after the groundbreaking 1913 International Exhibition of Modern Art, better known as the Armory Show, which opened the door to dynamic transatlantic art commerce. This surge was bolstered in the summer of 1914 with the outbreak of World War I, which provoked the displacement of the art market's epicenter from Paris to New York. Numerous galleries opened in New York that year, and all sought to acquaint their audience with the newest European trends—including African art."
Mais textos e imagens para ler aqui e uma conversa para ouvir aqui
O projecto Invisible Borders do nigeriano Emeka Okereke nasceu em 2009 e abre agora inscrições para a edição de 2014. Desta vez as fronteiras ultrapassam o continente africano e o trajeto é Lagos - Sarajevo. As candidaturas para artistas africanos estão abertas até 10 de Novembro.
“Invisible Borders Trans-African Photographers Organisation” is an artist-led initiative founded in 2009 by Emeka Okereke but officially registered in 2011 as a not-for-profit organisation under CAC in Nigeria. (...) The main aim of the Organisation is to work with artists and Individuals to contribute through art and photography to the patching of numerous gaps and misconceptions posed by frontiers within the 54 countries of Africa. Beyond that the organisation hopes to expand its activities beyond issues that relate to geographic borders and other forms of discriminating parameters in photography and arts. It is a platform that also stands as a symbol of exchange of ideas between cultures and people."
Há maisinformações sobre o projeto aqui e sobre as candidaturas aqui
Personalidades que se destacaram na luta pela paz, que sejam inspiradoras na educação e formação de futuros líderes. É este o ponto de partida para 21 retratos a preto e branco, de 3 minutos, de 21 líderes. 21 ícones da África do Sul.
"21 Icons South Africa celebrates the lives of 21 extraordinary South Africans who have captured the global imagination with their dignity, humanity, hard work and selfless struggle for a better world.
We all have the potential to be a Nelson Mandela, a Desmond Tutu. It is this simple yet powerful vision that has driven photographer and filmmaker Adrian Steirn to create the 21 Icons South Africa project. Through a series of short films and black-and-white photographic portraits, we are taken on a remarkable journey that explores the goodness of the human spirit. It shows how ordinary people have, quite simply, become extraordinary."
Pode acompanhar-se o projeto aqui, e ler-se mais aqui
Uma programação dedicada às antigas salas de cinema de Lisboa que traz para a rua obras-primas da história do cinema, filmes que falam do mundo dos filmes. Hoje à noite às 22h, em Lisboa, ao lado de 3 antigas salas de cinema: o Condes, o Odeon e o Olympia vê-se"O homem da Câmara de filmar"
AQUI ERA UMA SALA DE CINEMA!
No ano de 1896, em Lisboa, mostravam-se pela primeira vez ao público imagens em movimento. Esta primeira exibição aconteceu na Rua da Palma, mais especificamente, no antigo edifício Real Colyseu de Lisboa, onde actualmente se situa a garagem Lis. Em 2013, o Fitas na Rua presta homenagem às antigas salas de cinema de Lisboa. Trazemos para a rua obras-primas da história do cinema, filmes que falam do mundo dos filmes. Colocámos as cadeiras e a tela à porta dos antigos edifícios, alguns fechados outros já não existem... mas continuam guardados na memória de toda a gente. Quantas pessoas lá entraram? Que filmes foram lá estreados? A proposta que fazemos é a de uma viagem dentro da cidade, aos tempos áureos das salas de cinema com filmes de várias épocas, de 1928 a 2012. Alunos do IADE-U fizeram um pequeno trabalho vídeo sobre cada uma das antigas salas de cinema onde o Fitas na Rua vai estar. Nesta aventura criámos laços com associações locais, fizemos parcerias e descobrimos algumas memórias que trazemos para a rua. Há muita história nestas ruas de Lisboa e o Cinema, desde que chegou, sempre fez parte da nossa vida.
Os movimentos juvenis de protesto em África e não só, analisados pela socióloga moçambicana Alcinda Honwana, na sua participação na Conferência Europeia de Estudos Africanos em Lisboa, em Junho passado. Uma comunicação importante para a compreensão das crises e revoltas em curso.
"Many young activists denounce old-style party politics and object to being manipulated by politicians, whom they regard as corrupt and self-serving. They consciously distance themselves from partisan politics, refusing to transform their movements into formal parties. In Tunisia, young activists continue to exert their veto power in the streets, and many refrain from participating in the partisan manoeuvring that has preoccupied the transitional government and the opposition parties in recent times (Honwana 2013). Similarly, the activists of Y’en a Marre in Senegal declined to join Macky Sall’s cabinet or to form their own party. Even those young activists who hold party memberships often complain that their voices are ignored."
Do Kénia para Nova Iorque, uma dupla de jovens designers que têm uma perspectiva sobre o que é África, o que inspira e quem a inspira.
"When the duo—nicknamed “Syd” and “Zeddie”—aunched Blackbird Jeans in 2008, they shared a desire to change the way the world looked at African fashion and the way Kenyans viewed their own style. Known for mixing bold prints and patterns, Syd and Zeddie create aesthetically challenging collections that pair earth tones and vertical stripes, with ankara and plaid fabrics similar to those traditionally worn by East Africa’s Maasai tribe. In 2011, they took their signature style to the U.S. for their debut atAfrica Fashion Week New York, a move that has been well received."
Omar Victor Diop, fotógrafo senegalês dedicado à moda, e a sua série Onomolliwood são tema de um dos artigos da CNN. Diop é um dos artistas presentes na 9ª Edição dos Encontros de Fotografia de Bamako que pode ser visitada até 1 de Setembro, no Edifício Sede da Fundação Calouste Gulbenkian.
"It is one of the iconic modern cinema scenes: Mena Suvari, as Angela in Oscar-winning "American Beauty," stretches her arms wide as she basks in a sea of floating rose petals during one of Lester's (Kevin Spacey) frequent fantasies.
But when Senegalese photographer Omar Victor Diop set out to recreate the provocative sequence for his latest project, finding a bed of red roses proved difficult. Undeterred, Diop found the solution by using a plant wall inside the hotel where the shoot was taking place."
Emeka Ogboh, artista nigeriano, faz a caracterização de Lagos pelo som. A história, as dinâmicas e as suas personagens são capturadas em registos recentemente apresentados ao público.
"LAGOS SOUNDSCAPES HAVE A STRONG IMPACT ON THE IMAGINATION. THEY CANNOT BE IGNORED."
I live and work in Lagos. I am deeply embedded in the city, just like everyone else living there. There is no way you can ignore the pervasive influence of Lagos. From the moment you wake up until you go to bed, you are affected by the city. As an artist, it’s normal that one’s place of domicile becomes the starting point of one’s work. Lagos is a very dynamic city and nothing is predictable. Things keep evolving at a fast and constant pace, which make for an interesting narrative. It is a city of many faces and parallels. It is the unpredictability of Lagos which informs my work.
Sobre o trabalho e sobre o artista pode saber-se mais aqui. Lagos Soundscapes pode ouvir-se aqui
"Quero que ele compreenda o pai que teve. A importância da tolerância, da fraternidade, da generosidade. Ninguém é totalmente generoso. Tenho consciência disso. Mas sou dos menos egoístas que conheço."
Com eleições autárquicas marcadas para 20 de Novembro deste ano, Moçambique vive um clima de intensidade política, com diferentes questões e muitos atores em cena. O programa Prosavana, que altera a propriedade da terra, é uma das questões centrais com que o governo, o actual e o futuro, terá que lidar.
"A parceria fechada entre os governos de Moçambique, Brasil e Japão há quatro anos poderá mudar radicalmente a vida de 4 milhões de pequenos produtores rurais moçambicanos, mas ainda não existe clareza sobre os benefícios para a população – o que faz com que especialistas e a sociedade civil do país vejam o megainvestimento com desconfiança e apreensão.
Culturas de soja, projetos de reflorestamento com impacto social negativo, casos de expropriação e vastas produções de algodão para exportação já existentes em Nacala também embasam a tensão provocada pelo programa."
Azagaia e Shot-B são os dois nomes de referência da cultura hip-hop moçambicana. A CNN foi ver e ouvir a intervenção social que os dois artistas fazem em Maputo e as motivações da nova geração.
Chioniso Maraire, importante cantora zimbabueana de 37 anos, faleceu esta semana e já não verá o futuro governo do seu país. Ficam-nos as suas canções e a denúncia social que as suas letras retratam.
O Zimbabué vai a votos amanhã. Esta é uma eleição que se deve acompanhar, percebendo o que foram os últimos cinco anos de goevernação partilhada e que papel têm os zimbabueanos e a comunidade internacional a desempenhar.
"If the country was divided before the power-sharing agreement, it is no less divided five years later. Credibility of elections has decreased among voters, while distrust between parties and even within parties has increased. The aim of power sharing in Zimbabwe was to end post-election violence. However, despite short-term gains the inclusive government has revealed the down-side of coerced coalition.
The 2008 violence has generated new uncertainties for 2013. The two parties dominating the contest are as bitter rivals now as they were in 2008 and may have developed an even greater intolerance for each other. "
Em 2011 ganhou o prémio Caine para a Literatura Africana. Ao contrário do vencedor deste ano, um nigeriano nascido e educado na diáspora, NoViolet Bulawayo nasceu e cresceu no Zimbabué tendo chegado aos Estados Unidos com 18 anos. O que pensa e escreve pode acompanhar-se pelo seu blog.
Enquanto o Zimbabwe implode sob o punho de Mugabe ela é candidata - a única africana- ao Booker Prizer.
"Announcing the list, the judge Robert Macfarlane said: "This is surely the most diverse longlist in Man Booker history: wonderfully various in terms of geography, form, length and subject. (...) These 13 outstanding novels range from the traditional to the experimental, from the first century AD to the present day, from 100 pages to 1 000, and from Shanghai to Hendon."
O Zimbábue vai a votos no próximo dia 31 de julho. Preside ao país o nome que mesmo os menos atentos à política africana reconhecem: Robert Mugabe. No poder desde 1980, é dos líderes africanos atuais que mais recebem atenção dos media internacionais. Na maioria dos casos, as notícias não são abonatórias. Mas eu nunca gosto de limitar a história aos bons e maus. A história, porque é o relato da realidade, é sempre mais complicada. Hoje não irei escrever nem sobre o presidente Mugabe, nem sobre as eleições. Irei escrever sobre uma mulher: Heidi Holland. Já explico...
Integro, desde há uma semana, uma equipa de analistas que acompanha a situação no Zimbábue. Temos alguns elementos em Harare e, aqui em Londres, há uma pequena task-force. Tentamos acompanhar e, afastados da emoção de quem está no terreno, enquadrar, perceber e muitas vezes voltar a enviar questões para quem lá está.
Infelizmente ainda não tenho comigo os meus livros. Mas, mal integrei a equipa, deu-me vontade de ter ao meu lado um dos livros que mais me marcou sobre Robert Mugabe: o livro de Heidi Holland, "Dinner With Mugabe". Foi-me indicado há uns anos por um amigo moçambicano que me disse “tens de ler o livro”. Já tinha lido algumas biografias de Mugabe e aprendi com todas, mas em todas tinha de dar o desconto da simpatia ou da antipatia do autor pelo Mugabe. No livro da Holland não foi preciso.
O título resulta do facto de a autora ter visto (aliás, ouvido!) Mugabe pela primeira vez num jantar ainda no tempo em que ele era um revolucionário, ex-preso político e, sobretudo, clandestino. A autora era uma ativista por um Zimbábue independente e aceitou acolher em sua casa (ainda no tempo de Smith e portanto correndo ela própria o risco de ser presa, mesmo sendo branca) um jantar secreto entre dois ativistas, um deles famoso, outro um amigo seu. A condição para o jantar se realizar na sua casa era que ela não iria ver o famoso, mas, da cozinha, ouviu-o. Anos mais tarde, reconheceu a voz. Tinha tido em sua casa Robert Mugabe!
O livro escrito em 2008 resulta de Heidi voltar ao Zimbábue para tentar entrevistar Mugabe. Sabia, à partida, que não seria fácil… A tarefa demorou dois anos. Começou por contactar o padre católico amigo de longa data de Mugabe e, ao longo dos 24 meses, conversou com as pessoas mais próximas do presidente e, posteriormente, descreveu as conversas com simplicidade e sem preconceitos. Nos seus regressos à Africa do Sul, onde vivia, Heidi discutia com psicólogos o que tinha ouvido e tentava perceber o perfil do homem Mugabe.
Nestas semanas, sem o meu livro com páginas marcadas e palavras sublinhadas, pensei em voltar a comprar o dito. Precisava de o ter entre os vários relatórios, artigos, números e leis sobre o Zimbábue que me rodeiam. Ontem decidi tentar o ebook e, ao googlar o nome do livro, apareceu a notícia da morte de Heidi Holland. Congelei. Foi em Agosto de 2012. Não me tinha apercebido... O livro dela sobre o Mugabe fazia-me falta, mas ela também. Nunca a conheci, mas, no passado, qualquer momento político zimbabuano tinha a sua análise. Estas eleições de 2013 já não a vamos ter.
Amanhã falarei e escreverei sobre as eleições e sobre o Mugabe e Tsvangirai. Hoje quero homenagear Heidi Holland. Estive a ver um vídeo com o título “memorial Heidi Holland”. A última música no vídeo tem o título de Wheeping (chorando). É de uma banda sul-africana anti-apartheid, Bright Blue. Não podia ter sido escolhida melhor música. Eu não sabia o título da canção, só sabia o refrão: "It doesn’t matter now... It’s over anyhow". A música é sobre repressão, tristeza, discriminação e foi sobre tudo isto que Heidi Holland lutou contra toda a sua vida através da escrita. Se não leu Heidi Holland....há uma parte do Zimbábue que não percebeu.
Malala Andrialavidrazana - ECHOES (from Indian Ocean)
Em 2009 um golpe de estado trouxe para o centro dos noticiários, africanos e não só, a ilha de Madagáscar revelando a sua fragilidade política, económica e social. O que seria um curto período de transição para eleições, liderado pelo jovem Rajoelina, dura há mais de quatro anos com sucessivas eleições adiadas. 24 de Julho é a nova data para as presidenciais malagaxes.
"Plus de quatre ans, le pays traverse une grave crise politique, économique et sociale... Chronique d'un naufrage qui ne semble pas près de s'arrêter.
Désastre politique : alors que la transition ne devait pas durer plus de quelques mois (promesse de Rajoelina), elle a entamé, le 17 mars, sa cinquième année, et semble ne jamais devoir en finir, à cause d'une classe politique plus divisée que jamais, comme en témoigne le nombre de candidatures à la présidentielle (41) et l'incapacité de ses deux figures principales, Rajoelina et Ravalomanana, à dépasser leur haine réciproque. Ainsi la date de l'élection, le 8 mai, repoussée au 24 juillet, a-t-elle encore été reculée, en raison du blocage consécutif aux candidatures controversées de Rajoelina, de Lalao Ravalomanana, l'épouse du chef de l'État déchu, et de l'ancien président Didier Ratsiraka"