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O que já se fala no "novo" Sudão

Published31 Jan 2011

Tags África sudão

O mais novo país de África já fala a língua das ONGs. Aqui

Botswana, ponto da situação

Published31 Jan 2011

Tags África botswana

"Botswana is in many ways a model African country - wealthy, democratic and not obviously corrupt."

Shangaan Electro

Published28 Jan 2011

Tags África áfrica do sul música shangaan electro

Um dos discos mais falados neste final de ano foi a compilação Shangaan Electro: New Wave Music from South Africa (Honest Jon's). Música que pode ser encontrada em Joanesburgo, mas da autoria de naturais da província de Limpopo, no norte do país (região que se estende para Moçambique). Esta música caracteriza-se pela velocidade dos beats. É um dos discos mais entusiasmantes a ser lançados em 2010.

Shangaans don't typically love Joburg. They work in Joburg, but their heart is in Limpopo. People want to go back to the country and to their families. Limpopo is rural. It's hot, very hot and vibey. Shangaan music is about love. It's about a wife and a husband. We are family-oriented musicians.

Neste vídeo, uma breve conversa com Richard "Nozinja" Mthetwa, música, produtor e dono da editora de discos que mais tem feito pela popularidade do Shangaan, a Nozinja Music Productions.

E agora o Iémen...

Published27 Jan 2011

Tags iémen

Aqui

A vez do Egipto?

Published27 Jan 2011

Tags África egipto

Tropas de choque na capital egípcia, Cairo, entraram em confronto nesta terça-feira com milhares de manifestantes que exigem reformas políticas no país em um evento batizado na internet pelos participantes de “dia da revolta”.

Relações entre Cultura Arquitectónica e Publicações Periódicas, a partir de Santiago do CHILE

Published26 Jan 2011

Tags américa do sul arquitectura chile pablo brugnoli

Em Santiago, na Universidade Católica do Chile, decorre até hoje (26 Jan) o Seminário de dois dias dedicado ao tema: “La Cultura Arquitectónica y Publicaciones Períodicas” (A Cultura Arquitectónica e Publicações Periódicas). Conta com a participação de 17 convidados nacionais e internacionais, entre os quais o arquitecto e editor Pablo Brugnoli, que em Junho passado apresentou em Lisboa, no Próximo Futuro, a sua lição sobre a “Ciudade Sur” (Cidade Sul).

LM

LUANDA em LISBOA com “o lendário ‘Tio Liceu’ e os Ngola Ritmos”

  

E sendo hoje o aniversário da cidade de Luanda, vale a pena recordar o papel de Liceu Vieira Dias contra o colonialismo português através do documentário que o realizador Jorge António (n. 1966 Lisboa, residente em Luanda) lhe dedicou, intitulado “O Lendário ‘Tio Liceu’ e os Ngola Ritmos” (2009). Aqui há uma extensa entrevista a Jorge António pela jornalista e editora Marta Lança.

O filme já foi mostrado pelo IndieLisboa mas para quem não viu ou queira rever, passa hoje, às 21h30, no Teatro da Trindade, em Lisboa, e a sessão – de entrada livre – conta com a presença do cineasta.

LM

Luanda em dia de aniversário

Published25 Jan 2011

Tags África angola luanda

 

Para além de S. Paulo, também Luanda celebra o seu aniversário, o 435º!. O blog Luanda Azul publica um texto de Pereira Dinis, do Jornal de Angola, sobre a cidade em dia de anos. Aqui.

“Melhor Assim”: CARLITO CARVALHOSA traz mais luz para o centro da cidade de São Paulo

Comemora-se hoje, dia 25 de Janeiro, o aniversário dos 457 anos da Cidade de São Paulo, no Brasil, e não muito longe daquele que é considerado o “marco zero” da sua fundação (o Pátio do Colégio), o “centro” da cidade, ainda é possível ver a mais recente instalação do artista brasileiro Carlito Carvalhosa, intitulada “Melhor Assim” (2010) e que ocupa todo o espaço cultural SOSO+ (integrado no antigo Hotel Central, projectado por Ramos de Azevedo) situado em plena Avenida São João. “Soso” significa 'fagulha/faísca” em quicongo (uma das línguas nacionais de Angola) e, em São Paulo, com a implementação da galeria Soso em Fevereiro de 2009 – da qual derivou um ano e meio depois o espaço cultural SOSO+ (também propriedade do empresário angolano Mário Almeida), que começou por acolher o projecto “3PONTES” da Trienal de Luanda –, já é sinónimo de espaço dedicado à arte contemporânea e símbolo da revitalização recente do centro paulistano a partir de uma das suas principais artérias. Por isso, “Melhor Assim” é particularmente eficaz enquanto intervenção artística destinada a provocar novas relações entre o espaço arquitectónico e os seus transeuntes, reconfigurando radicalmente, através da luz (que nos permite ver, mas que também nos pode cegar), o próprio espaço SOSO+: nele encontram-se agora colocadas no chão, tecto e paredes, cerca de 330 lâmpadas de 40 watts (mais de 10.000 de potência), criando um ambiente que busca outras formas de percepção sensorial e que, portanto, aprofunda anteriores pesquisas do artista (como a levada a cabo na exposição “Soma dos Dias”, patente ao público na Pinacoteca de São Paulo durante a última Bienal de Artes desta cidade).

Com curadoria de Daniel Rangel (diretor dos Museu do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, que já havia trabalhado com Carlito Carvalhosa na dinamização do Palácio da Aclamação, em Salvador), “Melhor Assim” marca também o arranque do programa “Conexão+”. Trata-se de uma iniciativa programática concebida por Rangel em parceria com Fernando Alvim (artista, autor da Trienal de Luanda e Vice-Presidente da Fundação Sindika Dokolo) e Mário Almeida, que resulta do entendimento do SOSO+ como um lugar “voltado para a experimentação”, onde os “sites-specifics surgem como resultados de um processo criativo contínuo, de pesquisa e montagem”, no sentido de ampliar a proposta inicial deste espaço cultural enquanto “ponto de encontro e diálogo entre o que há de melhor na produção atual de artes visuais do Brasil e de países africanos”. Carlito Carvalhosa soma e segue com a sua luz e em breve será o primeiro artista brasileiro a intervir no átrio do MoMA de Nova Iorque.

Lúcia Marques

Songook Yaakaar/ Germaine Acogny

Referendo no Sudão

Published24 Jan 2011

Tags África sudão

Ainda a acompanhar a situação pós-referendo no Sudão.

In a land where the state has yet to set up much in the way of infrastructure, the church with its simple but sturdy network is king. At least, so one might be tempted to say in South Sudan where a civil administration is only gradually being built as the region heads towards independence, separating southern Christians from northern Muslims. A secession referendum held last week enjoys massive backing from church leaders who are far more respected by the population than the grim old bush fighters that lead the soon-to-be country. Priests urged believers to vote in churches across the south.

Homenagem de afectos a Malangatana Valente Ngwenya

Published22 Jan 2011

Tags África artes visuais malangatana moçambique

 

Chama-se “Homenagem de afectos a Malangatana Valente Ngwenya”, a iniciativa que a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, em Almada, organizou para hoje, prolongando a última exposição individual realizada pelo grande mestre Malangatana (1936-2011). Intitulada “Novos Sonhos a Preto e Branco” esta mostra abriu ao público a 23 de Outubro de 2010, reunindo “uma série de 15 desenhos inéditos” entre outras obras, e decorreu paralelamente à exposição dedicada ao arquitecto José Forjaz. Outro amigo de longa data de Malangatana, também arquitecto e também com ampla obra realizada em Moçambique é Pancho Guedes, cuja colecção de arte africana, reunida sobretudo durante as suas vivências em África, inclui um importante núcleo de pinturas precisamente do início da produção artística de Malangatana, podendo ser vistas na outra margem do rio Tejo, no Mercado de Santa Clara de Lisboa (em plena Feira da Ladra).

Programa para dia 22 de Janeiro, das 14h30 às 18h30, na CASA da CERCA, (entrada livre):

14h30

Encontro informal de amigos do artista

Visita à exposição Novos Sonhos a Preto e Branco e José Forjaz Arquitecto, Ideias e Projectos.

15h30

Intervenções informais / Apresentação de elementos pessoais da relação com o artista.

16h30/17h00

Actuação do Coral TAB (Barreiro). Cânticos em Ronga.

Lúcia Marques

FENDAS de Bechara no MAM do Rio de Janeiro

São os últimos dias, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, da mais recente exposição “Fendas” do artista brasileiro José Bechara, que em Junho de 2009 participou no Próximo Futuro com a instalação de um dos seus projectos de maior fôlego: “A Casa”.

No MAM, sob curadoria de Luiz Camillo Osorio, Bechara apresenta até este próximo domingo – 23 de Janeiro – uma antologia de trabalhos que atravessa a sua obra pictórica até à ao domínio da escultura, em íntima relação com a arquitectura de cada lugar. Nesse último dia da exposição, “serão promovidos laboratórios experimentais de respostas poéticas com som, corpo, texto e desenho” (pelo Núcleo Experimental de Educação e Arte) a partir de uma conversa com o artista sobre o seu processo de criação. Haverá também a apresentação especial de Vera Terra com uma “Performance para um piano de brinquedo de John Cage”, contando ainda com as participações da actriz Andreza Bittencourt, do músico Leonardo Stefano, dos artistas visuais Anita Sobar e Leonardo Campos e da pesquisadora Madalena Vaz Pinto.

Lúcia Marques

Feira VIP exclusivamente online cria rede de expositores dos diferentes continentes

Published21 Jan 2011

Tags artes visuais vip art fair

Falta apenas 1 dia para abrir a VIP Art Fair, apresentada como “a primeira a combinar a força colectiva das principais galerias de arte do mundo com o alcance ilimitado da internet”, conforme se lê no press-release também divulgado em português. A Feira funcionará apenas online – apostando no contacto virtual com as obras e os marchands. – através do webiste http://vipartfair.com/ e durante a semana de 22 a 30 de Janeiro 2011, sendo a navegação gratuita. Mas para “acessar a capacidade interactiva” o utilizador deverá adquirir um “Ticket VIP” que custará US$ 100,00 nos primeiros dois dias e US$ 20,00 nos seguintes. Entre as galerias fundadoras da iniciativa contam-se as famosas Gagosian Gallery (Nova Iorque, Londres, Beverly Hills, Roma e Atenas) e a White Cube, constituíndo no total um grupo de mais de dez sediadas em diversas cidades de diferentes continentes (tais como Seul, Sydney, Tóquio, Zurique, Xangai, etc). Já é possível ver a lista dos expositores e encontrar várias presenças da América do Sul, com claro destaque para a participação do Brasil (5 galerias, quatro das quais de São Paulo e uma do Rio de Janeiro), para além da Argentina, do Chile e do México. De África nota-se, até ao momento, a participação exclusiva da Goodman Gallery, inscrita via Joanesburgo e Cape Town.

Lúcia Marques

Contentores no Sudão

Published20 Jan 2011

Tags África sudão

Interessante artigo sobre casas em contentores, no Sudão. Aqui

Um outro Brasil via Phill Niblock, numa passagem memorável por Portugal

Published20 Jan 2011

Tags brasil phil niblock


Para quem não teve a (rara) oportunidade de ver o trabalho documental que Phill Niblock realizou a partir de uma breve estadia pela Bahia no início da década de 80, aqui fica um pequeno excerto do surpreendente “Brasil’84” que, no sábado passado, foi mostrado pelo próprio na galeria ZDB, em Lisboa.

Phill Niblock (n. 1933, Indiana, EUA) é sobejamente reconhecido pelo percurso artístico interdisciplinar e marcadamente experimental que tem desenvolvido no último meio século, dedicando-se de modo particular a pesquisas em torno de frequências contínuas e manipuladas. As suas peças exploram muitas vezes na longa duração combinações de sons e imagens capazes de gerar ambientes intermedia propositadamente disruptivos, tal como aconteceu no referido concerto na ZDB, onde a mostra de “Brasil’84”, sonorizada ao vivo, foi antecedida por outras experimentações de Niblock, e que serviram de pano de fundo à performance do lendário poeta Gerd Stern, com edição vídeo de Katherine Liberovskaya.

Neste seu breve mas marcante regresso a Portugal, Niblock não só presidiu uma vez mais ao júri da Bolsa Ernesto de Sousa (que criou em 1992, já enquanto director da Intermedia Foundation, após contacto próximo com o pioneiro do experimentalismo multimedia em Portugal), como também deu um concerto na Culturgest do Porto (comissariado por “filho único”) e ainda voltou a Lisboa a tempo de apresentar outro filme, desta vez inserido na programação do Oporto, numa iniciativa do artista Alexandre Estrela em colaboração com o colectivo Barbara Says (António Gomes e Cláudia Castelo). Obrigada Phill pela energia contagiante e surpreendente pesquisa nos intervalos (dos sons) das imagens.

Lúcia Marques

Nigeria's Promise, Africa's Hope

Published19 Jan 2011

Tags África chinua achebe nigéria

What can Nigeria do to live up the promise of its postcolonial dream? Pergunta - e tenta responderChinua Achebe, sobre a sua Nigéria. Aqui.

Design Indaba

Published18 Jan 2011

Tags design

Um site a visitar: Design Indaba 

Malangatana e Moçambique por Mia Couto

O país chorou e, com verdade, Malangantana. Todos, povo, partidos, governo foram verdadeiros nador da despedida. Vale a pena perguntar, no entanto: fizemos-lhe em vida a celebração que ele tanto queria e merecia? Ou estamos reeditando o exercício de que somos especialistas: a homenagem póstuma? Quem tanto substitui pedir por conquistar acaba confundindo chorar por celebrar. E talvez o Mestre quisesse hoje menos lágrima e mais cor, mais conquista, mais celebração de uma utopia nova. Na verdade, Malangatana Valente Ngwenya produziu tanto em vida e produziu tanta vida que acabou ficando sem morte. Ele estará para sempre presente do lado da luz, do riso, do tempo. Este é um primeiro equívoco: Malangatana não tem sepultura. Nós não nos despedimos (continua).

Idioma Comum

Published18 Jan 2011

Tags artes visuais idioma comum

Inaugurou na semana passada mais uma mostra a partir da Colecção da Fundação PLMJ, mas desta vez dedicada a artistas da CPLP (sobretudo de Angola e Moçambique, mas também com presenças de Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Brasil, estes dois últimos através de descendentes de pais dessas nacionalidades). Trata-se de uma atenção muito recente a estas geografias, que certamente acompanha o crescente interesse por determinadas economias emergentes enquanto potenciais áreas para expansão de negócios num momento em que a Europa atravessa uma crise generalizada (financeira, política, social).

“Idioma Comum” reúne assim, sob curadoria de Miguel Amado, as obras recentemente adquiridas a 14 artistas, na maior parte das vezes representados por dois trabalhos cada, considerando que existe um “idioma artístico comum aos jovens criadores da CPLP”, cujas produções, também segundo Amado, se caracterizam “por uma linguagem contemporânea, marcada por uma visão do mundo de matriz cosmopolita, abordando tanto a realidade cultural local como a ordem social global num cenário pós-colonial” (cf.  Comunicado de Imprensa no Sítio da Fundação)

É o início de uma mudança de atitude num meio que continua com resistências à aposta na criação artística de contextos culturais com os quais deveríamos estar mais familiarizados. Por isso mesmo é preciso pesquisar mais, conhecer e partilhar mais, para se considerar tanto as diferenças como os pontos realmente comuns e combater a ignorância generalizada. É fundamental arriscar abordagens mais informadas para que o destaque dado a estes artistas tenha efectivas consequências a médio e longo prazo. 

Lúcia Marques

Flashes de Santiago V

Published18 Jan 2011

Tags américa do sul argentina santiago a mil teatro

Os filhos da ditadura

A encenadora e autora argentina Lola Arias apresentou Mi Vida Después. Como subtítulo poderíamos colocar Os filhos da ditadura. Trata-se de uma peça no formato de teatro documental (conhecemos as referências dos The Third Angel), que começa nos anos da ditadura argentina em 1982, e termina num hipotético ano de 2056. O elenco é constituído por actores que foram crianças ou adolescentes neste período e as histórias, com múltiplas saídas e versões, referem-se a este período e são ilustradas por documentos reais ou forjados arquivados ao longo dos anos da ditadura. A peça tem uma energia rara, para o qual conta a presença de actores músicos-cantores rock e a utilização recorrente de bateria e guitarra elécticra. O humor e a ironia são muito inteligentes e, mais uma vez, o teatro inovador consegue combinar uma reflexão sobre a história recente, uma qualidade dramatúrgica, excelência de representação e prazer de performance.

Flashes de Santiago IV

Sabem o que é sair de um espectáculo de teatro com os pelos dos braços eriçados? Ainda se lembravam? Perguntava-se um espectador à saída do último espectáculo de Guillermo Calderón, na verdade do díptico constituído por Discurso e Villa. As duas peças decorrem na Villa Grimaldi, conhecida na Ditadura por Londres 38, uma casa que  está associada ao regime de Pinochet, um sítio que foi um dos lugares mais tenebrosos  de tortura de presos políticos e onde morrerram 93 pessoas entre Setembro de 73 e setembro de 74. A casa - hoje monumento da História do Chile - está no seu interior sinalizada por uma planta indicando os lugares e o tipo de actividades dos torturadores: identificação dos presos, tortura, sala dos guardas, arquivo dos ficheiros, etc.

A primeira peça apresentada – Discurso - é um  discurso ficcionado da despedida da Presidenta Michelle Bachelet quando deixou o Palácio presidencial . E começa: “Hoje não vos vou falar com palavras dóceis e esperadas…” E segue-se um manifesto do exercício do poder do ponto de vista de alguém que se assume como mulher, pediatra, optimista e socialista. Não é um discurso vago, nem tão pouco conceptual. É um discurso sobre as expectativas aquando da sua tomada do poder, das suas e das dos chilenos, e uma avaliação da História recente do Chile, a começar nos anos da ditadura. Nada há de demagógico ou sumptuoso neste discurso, que é representado por três jovens actrizes. E é fascinante como Calderón pega numa matéria tão arriscada, numa personagem que é considerada  como a melhor presidente da História do Chile – que já começa a ganhar contornos míticos - e interroga o que é o poder; no caso concreto de alguém que o exerceu sempre com o objectivo de transformar socialmente o país. Tendo sido uma presidente que sempre apoiou as artes e o teatro em particular (são memoráveis as suas recepções fraternas e simples aos actores, encenadores e programadores de teatro no Palácio de la Moneda) nunca há nada de narcísico neste Discurso. É uma crença associada a um sentido do real que foram duas características do seu governo:”Esperemos que o capitalismo seja apenas uma fase negra da historia e que depois venham coisas melhores” e “Não sou ingénua, sou optimista”. Que fazer? Como fazer? Interroga-se a Presidenta. Num momento da História em que todos reclamamos por líderes políticos de densidade intelectual, coragem e promessa de futuro, ou seja, num momento em que reclamamos por heróis contemporâneos, Calderón atreve-se a tratá-los.

E depois ? Que se poderia esperar? Parece que o Discurso tinha encerrado a questão. E chega a segunda parte que  decorre na mesma sala e com as mesmas actrizes e o tema é aparentemente simples: que fazer àquela casa que tem esse passado tão histórico e é uma memória a preservar da luta clandestina e da tortura? As três actrizes discutem frente a uma mesa sobre a qual está uma maquete da Villa Grimaldi. Trata-se de uma comissão que deve decidir qual a opção a tomar: fazer um museu contemporâneo interactivo e repleto de tecnologia que apresenta a História da casa de uma forma virtual, com detalhes de como eram feitos os interrogatórios –“basta um clic do rato”- ou fazer  uma casa do terror onde seja óbvio o tipo e actividades executadas pelos torcionários e, mais tarde, aparecerá uma outra hipótese: uma casa simples por onde se passasse e se pensasse na alegria que seria viver naquela casa antes e depois do período triste. A partir deste dispositivo realista,  aparentemente simples, até banal num campo mediático, Calderón constrói uma das mais fortes, sólidas, profundas dramaturgias sobre a criação humana das artes, a validade da arte contemporânea, o debate democrático, os conflitos ideológicos, o papel da museografia; e em nenhuma situação há qualquer sinal da introdução ideológica possível do autor. O final absolutamente inesperado é de uma grandeza humana só possível de conceber por aquele que é hoje um dos mais fundamentais dramaturgos e encenadores contemporâneos. Calderón tem tido a coragem e a sabedoria de trabalhar com temas dolorosos, presentes, utilizando reportório clássico (Neva baseado em Tchekov)  ou textos actuais, onde está sempre presente a relação do teatro com a cidade, indo fundo nas suas questões, indo até ao limite do pensável  fazendo dele um dramaturgo de descendência directa dos grandes autores gregos da tragédia clássica.

Flashes de Santiago III

Published17 Jan 2011

Tags américa do sul chile gastronomia santiago

A Gastronomia de Santiago está em transformação; já não há só (muitos) restaurantes de carne, mas agora é possível encontrar muitas ementas de culinária peruana! com restaurantes de sucesso que apresentam os pratos típicos como Chevich e Tiritas e, também, restaurantes vegetarianos. Huerto é um desses restaurantes que fica no Bairro da Providência e tem uma ementa vegetariana muito próxima da luxúria.

A carta desta semana:

Mezze de Cleópatra

Namaste de la Cuisine Hindú, Thali

Nuevo México

Chile, fruits de la tierra

Valle de la Luna

Islas Griegas

Sureña Mestiza

Insalata di Riso

Yuppie, Flower Power

e como refresco : Limonada com menta

Tunísia

Published17 Jan 2011

Tags África tunísia

Para ir acompanhando a situação na Tunísia, aqui.

Europa 2011

Published14 Jan 2011

Tags europa paul krugman

 

O Programa Próximo Futuro - estando atento à produção cultural em outros continentes culturais -, continua atento ao futuro da Europa. É urgente ler o longo e informadíssimo texto de Paul Krugman.

Breyten Breytenbach nas Grandes Lições Próximo Futuro

 O escritor e professor sul-africano Breyten Breytenbach é um do nomes já confirmados para as Grandes Lições Próximo Futuro 2011, no dia 13 de Maio. Uma breve biografia e bibliografia deste histórico da luta anti-apartheid, aqui.  

Flashes de Santiago a Mil (II)

A Companhia dos Actores, companhia brasileira que muitos portugueses conhecem através da apresentação de peças na Culturgest na década de 90, e no CCB há poucos anos, está aqui presente com um conjunto de obras muito representativas do seu reportório. Algumas delas fazem parte de um ciclo de pequenas peças de cerca de 45 a 60 minutos, maioritariamente monólogos e encenadas por encenadores não residentes na Companhia. É o caso da obra Bait man escrita e encenada por Gerald Thomas. É uma obra sobre as ditaduras, sobre o medo e como o ultrapassar. E, curiosamente, é uma obra que explora uma linha completamente diferente da maioria do bom teatro sul-americano que trabalha estes temas. De uma maneira geral, eles são tratados, por exemplo no Chile, de uma forma ressentida, amargurada, de algum modo discorrendo sobre o trauma para, possivelmente, dele se libertarem. Bait man é, ao contrário, uma obra provocadora, iconoclasta, onde a fisicalidade e alguma escatologia associadas ao humor estão sempre presentes. Que se pode dizer quando, alguém ensanguentado que acaba de ser submetido à tortura diz como primeira frase: “o que era bom, mesmo bom agora, era tomar um champanhe”. O actor Marcelo Olinto realiza uma performance de invulgar fisicalidade e ironia. A estratégia da encenação possibilita algum entendimento do que deve ser viver sob a ditadura, qualquer uma.

 

É tão bom ver bons actores representarem bom teatro. Vale as horas de espera, os dias cheios de espectáculos medianos ou sofríveis, o cansaço, a decepção, o calor das salas ou o seu desconforto. É uma expressão perfeita que o mundo, às vezes, consente. No Teatro Cariola, um teatro muito antigo de um bairro popular de Santiago - quase em ruínas, mas onde ainda eram visíveis sinais do glamour e da riqueza do tempo em que foi construído, no princípio do século XX, com os seus mil lugares e um palco gigantesco -, foi apresentada Chaika, que é a tradução fonética da palavra Gaivota em russo. O texto base era de Tchekov, claro. Apropriado como acontece muitas vezes, mas apropriado com uma dramaturgia correcta, actualizando, sem efeitos, o texto no contexto de uma cidade libertada. Com um texto assim poder-se-ia ficar pela sua leitura, o que já seria bastante, mas não. Vieram os actores deste Colectivo de Montevideu e representaram, com todo o corpo, com uma dicção perfeita, modulações adequadas, suportadas por técnicas de representação eficazmente incorporadas, por timbres de vozes convincentes. Eram excelentes, os actores. É tão bom ver um espectáculo assim.

Natureza Morta, por Barrão

Published12 Jan 2011

Tags artes visuais barrão brasil

A peça Natureza Morta, criada pelo artista brasileiro Barrão para o Próximo Futuro no passado Verão, foi reinstalada, desta vez no jardim em frente à livraria do edifício sede.

Foto de Jorge Martins Lopes

Flashes de Santiago a Mil

Santiago a Mil, o Festival de Teatro de Santiago do Chile, iniciou a sua edição deste ano com um programa que combina produções europeias de invulgar qualidade com produções latino-americanas, representando a maioria dos países deste continente. Um dos mais importantes e profissionais festivais de teatro do mundo a assumir-se como plataforma mundial do teatro contemporâneo. De tal forma que foi ontem anunciada a criação de um Mercado para as Artes Performativas que ira acontecer na próxima edição de 2012.

Peças de teatro

Las Analfabetas, texto de Pablo Paredes para duas maravilhosas actrizes: Valentina Muhr e Paly García Diseño. Texto sofisticado, dramaturgia clara e eficaz com detalhes preciosos de linguagem e de trama. As relações de poder entre quem ensina - a professora - e quem aprende, neste caso, uma analfabeta de cinquenta anos; as relações amorosas que acontecem no processo de aprendizagem do acto de ler. Tudo a propósito de alguém que quer aprender a ler só para poder ler uma carta que o pai falecido lhe deixou escrita. Para quem tem acompanhado o teatro chileno, nomeadamente através de Neva e Hechos Consumados, este é mais uma prova da grande tradição do teatro chileno, agora com dramaturgias actuais e actores extraordinários.

Amledi, el tonto, escrita e dirigida por Raúl Ruiz, é o seu último trabalho, e a sua estreia na encenação e direcção teatral. Não é parecido com nada; é um objecto de uma estranheza radical: mistura de fábula de animais combinada com história das religiões, história da convivência entre Mapuchos e Vikings (há provas arqueológicas da presença de Vikings no território que hoje é o Chile). Um espectáculo sincrético, anacrónico, que surpreende em cada momento que passa: imprevisível durante as três horas de duração num cenário que evoca o grande teatro de texto do princípio do século passado ou as grandes narrativas hollywodescas sobre Roma, Grecia, Cleópatra... um texto de uma sabedoria antiga. Fenomenal, como diriam os Chilenos!

Black World Festival

Published12 Jan 2011

Tags África black world festival dakar

Balanço - aqui - do Black World Festival, que terminou no passado dia 31 de Dezembro em Dakar.

Dambisa Moyo II

Published11 Jan 2011

Tags África dambisa moyo

 

Aqui no Próximo Futuro achamos fundamental ler Dambisa Moyo. Já fizemos anteriormente referência ao trabalho inovador, e provocador, desta economista africana (post de 12 de Novembro de 2009). Vale a pena, por isso, ler este artigo a propósito do seu novo livro. A acompanhar.

Santiago do Chile

Published11 Jan 2011

Tags américa do sul chile santiago

A encabeçar a lista de sítios a visitar em 2011, para o New York Times, a cidade de Santiago do Chile. As razões aqui.

9ème édition des Rencontres de Bamako, Biennale africaine de la Photographie (5 novembre - 5 décembre 2011)

Published10 Jan 2011

Tags África fotografia mali ricardo rangel

Candidaturas abertas para a participação de artistas e para um curador. Aqui.

(Foto de Ricardo Rangel)

Mais Nollywood

Published10 Jan 2011

Tags África cinema nigéria nollywood

It is hard to avoid Nigerian films in Africa. Public buses show them, as do many restaurants and hotels. Nollywood, as the business is known, churns out about 50 full-length features a week, making it the world’s second most prolific film industry after India’s Bollywood. The Nigerian business capital, Lagos, is said by locals to have produced more films than there are stars in the sky. The streets are flooded with camera crews shooting on location. Only the government employs more people.

Agradecimentos a Frederico Duarte pela sugestão.

O impressionante crescimento de África

Published7 Jan 2011

Tags África economia

Africa is now one of the world’s fastest-growing regions

MUCH has been written about the rise of the BRICs and Asia’s impressive economic performance. But an analysis by The Economist finds that over the ten years to 2010, six of the world’s ten fastest-growing economies were in sub-Saharan Africa. On IMF forecasts Africa will grab seven of the top ten places over the next five years (our ranking excludes countries with a population of less than 10m as well as Iraq and Afghanistan, which could both rebound strongly in the years ahead). Over the past decade the simple unweighted average of countries’ growth rates was virtually identical in Africa and Asia. Over the next five years Africa is likely to take the lead. In other words, the average African economy will outpace its Asian counterpart.

Ainda Malangatana

Published7 Jan 2011

Tags África artes visuais malangatana moçambique

Malangatana (n 1936)

Célula 4 Expectativa, 1967

© Laura Castro Caldas & Paulo Cintra

Colecção Culturgest

Moldura do artista moçambicano Chissano

Exposição Réplica e Rebeldia. Artistas de Angola, Brasil Cabo Verde e Moçambique. 2006/ Instituto Camões

Malangatana Valente Ngwenya, Pintor Moçambicano

Published6 Jan 2011

Tags artes visuais malangatana moçambique

Malangatana Valente Ngwenya, pintor Moçambicano, morreu com 74 anos e meio.

Malagatana tinha um andar arrastado lento, arredondado. Transportava o seu peso, as suas maleitas, todos os dias da sua vida sem grandes reclamações. Viajava muito e não reclamava. De Matalane para Maputo, de Maputo para Lisboa, de Lisboa para Maputo. Os seus pés inchados moviam-se pesados e firmes. Malangatana dançava marrabenta.

Malangatana tinha as órbitas salientes e um véu na menina dos olhos que denunciava descuidos de saúde. Pousava as vistas, antes fixava-as, num ponto sem se distrair de tudo em volta. E assim lia o que se passava.

Malangatana falava com voz grossa, profunda, enfumarada, escolhia o momento em que a sua boca se abria. E mordia.

Ngwenya quer dizer Crocodilo

Malangatana Valente Crocodilo morreu com 74 anos e meio. 

Nota: Não será difícil encontrar informações sobre Malangatana. Estão no documentário Ngwenya o Crocodilo de Isabel Noronha, aquiaquiaqui e em muitos outros sítios 

Elisa Santos

Moçambique 2010 em balanço

Published5 Jan 2011

Tags moçambique ocupações temporárias

O balanço de 2010 cultural em Moçambique feito por Jorge Dias no jornal O País, destaca 10 grandes realizações do ano. Pode ler-se aqui 

Do blog Ocupações Temporárias