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Um outro Brasil via Phill Niblock, numa passagem memorável por Portugal


Para quem não teve a (rara) oportunidade de ver o trabalho documental que Phill Niblock realizou a partir de uma breve estadia pela Bahia no início da década de 80, aqui fica um pequeno excerto do surpreendente “Brasil’84” que, no sábado passado, foi mostrado pelo próprio na galeria ZDB, em Lisboa.

Phill Niblock (n. 1933, Indiana, EUA) é sobejamente reconhecido pelo percurso artístico interdisciplinar e marcadamente experimental que tem desenvolvido no último meio século, dedicando-se de modo particular a pesquisas em torno de frequências contínuas e manipuladas. As suas peças exploram muitas vezes na longa duração combinações de sons e imagens capazes de gerar ambientes intermedia propositadamente disruptivos, tal como aconteceu no referido concerto na ZDB, onde a mostra de “Brasil’84”, sonorizada ao vivo, foi antecedida por outras experimentações de Niblock, e que serviram de pano de fundo à performance do lendário poeta Gerd Stern, com edição vídeo de Katherine Liberovskaya.

Neste seu breve mas marcante regresso a Portugal, Niblock não só presidiu uma vez mais ao júri da Bolsa Ernesto de Sousa (que criou em 1992, já enquanto director da Intermedia Foundation, após contacto próximo com o pioneiro do experimentalismo multimedia em Portugal), como também deu um concerto na Culturgest do Porto (comissariado por “filho único”) e ainda voltou a Lisboa a tempo de apresentar outro filme, desta vez inserido na programação do Oporto, numa iniciativa do artista Alexandre Estrela em colaboração com o colectivo Barbara Says (António Gomes e Cláudia Castelo). Obrigada Phill pela energia contagiante e surpreendente pesquisa nos intervalos (dos sons) das imagens.

Lúcia Marques