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Anton Kannemeyer e Breyten Breytenbach

Corria o ano de 1986 quando Breyten Breytenbach, escritor que estivera preso por se opor ao regime sul-africano e que marcou presença no Próximo Futuro o Verão passado, regressou pela primeira vez à África do Sul para receber um prémio literário, cerimónia em que proferiu, mais uma vez, um discurso crítico do do apartheid, ainda a 8 anos do seu fim. Pouco depois, Anton Kannemeyer começaria o seu curso de Belas Artes e viria a tornar-se um dos grandes nomes da banda desenhada naquele país, tendo fundado, com Conrad Bates, a revista BitterComix e assinando o livro Papa em Africa (publicado em Portugal pela editora Chili com Carne), num estilo crítico e controverso que marca toda a sua obra. É na intersecção destes discursos intergeracionais de duas personalidades sul-africanas que parte Jillian Steinhauer no artigo em que analisa a obra de  Anton Kannemeyer, um dos convidados da sessão do Próximo Futuro dedicado a Outras Literaturas: Banda Desenhada.

“Bitterkomix is a repository for an entire culture’s detritus,” wrote Richard Poplak in the Johannesburg Globe and Mail in 2008. “It’s where four centuries of Afrikaner history have been spat up for examination. … It is the South African subconscious.”

The magazine, which came out sporadically at first and then steadied to a yearly offering, generated considerable controversy because of its explicit sexuality and political and cultural blasphemy. Despite — or perhaps because of — this infamy, it soon gained a national following.

But the work of Kannemeyer and Botes, especially in the first ten or so years of Bitterkomix, was expressly personal, and in that certain sense, it also proved Breytenbach right: excessive self-interest implies a lack of political involvement — concern for one’s own world rather than the larger one.

While Kannemeyer’s identity as an Afrikaner necessarily gave the work political ramifications, his critique stemmed from the anxieties and trauma he experienced growing up as a member of an exploitative and racist minority ruling caste.

“Bitterkomix is a repository for an entire culture’s detritus,” wrote Richard Poplak in the Johannesburg Globe and Mail in 2008. “It’s where four centuries of Afrikaner history have been spat up for examination. … It is the South African subconscious.”

The magazine, which came out sporadically at first and then steadied to a yearly offering, generated considerable controversy because of its explicit sexuality and political and cultural blasphemy. Despite — or perhaps because of — this infamy, it soon gained a national following.

But the work of Kannemeyer and Botes, especially in the first ten or so years of Bitterkomix, was expressly personal, and in that certain sense, it also proved Breytenbach right: excessive self-interest implies a lack of political involvement — concern for one’s own world rather than the larger one.

While Kannemeyer’s identity as an Afrikaner necessarily gave the work political ramifications, his critique stemmed from the anxieties and trauma he experienced growing up as a member of an exploitative and racist minority ruling caste.

“Bitterkomix is a repository for an entire culture’s detritus,” wrote Richard Poplak in the Johannesburg Globe and Mail in 2008. “It’s where four centuries of Afrikaner history have been spat up for examination. … It is the South African subconscious.”

The magazine, which came out sporadically at first and then steadied to a yearly offering, generated considerable controversy because of its explicit sexuality and political and cultural blasphemy. Despite — or perhaps because of — this infamy, it soon gained a national following.

But the work of Kannemeyer and Botes, especially in the first ten or so years of Bitterkomix, was expressly personal, and in that certain sense, it also proved Breytenbach right: excessive self-interest implies a lack of political involvement — concern for one’s own world rather than the larger one.

While Kannemeyer’s identity as an Afrikaner necessarily gave the work political ramifications, his critique stemmed from the anxieties and trauma he experienced growing up as a member of an exploitative and racist minority ruling caste.

O artigo completo em Without Mercy: The Bitter Comix of Anton Kannemeyer

Breyten Breytenbach II

Published21 Apr 2011

Tags África áfrica do sul breyten breytenbach poesia

Mais um poema de Breyten Breytenbach

 

AMEAÇA DOS DOENTES

(para B. Breytenbach)

Senhoras e Senhores, permitam-me que vos apresente Breyten

Breytenbach

este homem magro de camisola verde; é devoto

e comprime e martela a cabeça oblonga

no intuito de vos fazer um poema    exemplo:

tenho medo de fechar os olhos

não quero viver no escuro a ver o que se passa

os hospitais de Paris estão cheios de homens lívidos

especados à janela fazem gestos ameaçadores

como anjos no forno

e a chuva escorcha e engordura as ruas

tenho os olhos pegados

eles/vós me enterrareis em dia húmido

quando a terra se torna em negra carne crua

e as folhas e as flores maceradas coloram de rugas de água o

            sangue branco do ar

antes que a luz roa tudo

mas eu recuso prisão para os meus olhos

colhei as minhas asas ossudas

a boca é demasiado secreta para não sentir a dor

calçai botas para o meu enterro quero

ouvir a lama amassar-vos os pés

os rouxinóis agitam a cabeça molhada, reluzentes flores negras,

as árvores verdes são monges resmungões

plantai-me numa colina, junto a um pego onde haja bocas-de-

            -lobo

deixem que patos velhos e sabidos cubram de luto o meu túmu-

            lo

à chuva

almas de mulheres tresloucadas mas sagazes são possuídas por

gatos

medo medo medo em saturadas descoloridas cabeças

e não quero que embalem (que consolem) a minha língua ne-

            gra.

Vistes como é inofensivo, hajam caridade com ele.

trad. de Mário Cesariny

Breyten Breytenbach

Um poema de Breyten Breytenbach

HÁ UM PÁSSARO IMENSO

há um pássaro imenso meu amor

talvez um cisne selvagem

ou um albatroz cativo

ou falcão da montanha meu amor

de imenso e luminoso pico de neve

o seu rumo nocturno não podemos vê-lo

pois negro é o seu peito e o seu bico

mas o seu canto vibra como uma estrela

o dorso, e as ósseas penas, são azuis

e assim, também de dia não o vemos

porque voa, na altura, de ventre virado ao sol

dele, apenas, por vezes, duas sombras

atravessam teus olhos meu amor

dúbia é a cor da cor do meu amor

escuro rondando o escuro, noite minha

e sempre, sempre entre os meus olhos e eu

trad. de Mário Cesariny

Também em Maio: LIÇÕES, FOTOGRAFIAS E DJ’S!

Na foto: Professor Kole Omotoso

Outra data a apontar na agenda, relacionada com a nova temporada de actividades do Próximo Futuro, desta vez no capítulo das suas “Lições”, e já a partir de Maio: sexta-feira, 13!

Nesse dia será uma sorte poder ouvir Patrick Chabal (professor de Estudos Africanos no King’s College de Londres), Breyten Breytenbach (escritor e activista sul-africano, com amplo reconhecimento internacional), Yudhishthir Raj Isar (conselheiro cultural independente e professor de Estudos em Políticas Culturais na Universidade Americana de Paris) e Kole Omotoso (autor de romances históricos, crítico e professor de Drama na Universidade Stellenbosch), no Auditório 2 da Gulbenkian (a partir das 9h30)!

Na mesma sexta-feira 13 de Maio inaugura a exposição “Fronteiras” (núcleo central da 8.ª edição dos Encontros de Fotografia de Bamako) e à meia-noite os Dj’s Kenneth Montague e Lindon Barry dão “Baile” na Garagem da Fundação Calouste Gulbenkian… Mas disso daremos conta em breve…

Alguns links que ajudam a ter uma ideia do que aí vem: 

Patrick Chabal

Biography as member of the SNV International Advisory Board 

Book Southern Africa 

Reviews of:  “Africa Works: Disorder as Political Instrument”, “A History of Postcolonial Lusophone Africa” and “Angola: The Weight of History; L’Angola postcolonial: Guerre et paix sans democratization

Breyten Breytenbach

Biography at Wikipedia 

Biography at South African History Online 

Biography at NYU Faculty of Arts and Science 

Review of “Mouroir” 

Yudhishthir Raj Isar

Profile from The American University of Paris 

Biography at INIVA 

Description of: “Cultures and Globalization: Heritage, Memory and Identity”; “Cultures and Globalization: Cultural Expression, Creativity and Innovation”; “Cultures and Globalization: The Cultural Economy”; “Cultures and Globalization: Conflicts and Tensions

   

Kole Omotoso

Biography at Wikipedia

Biography regarding “The Edifice”, “The Combat”, Fella’s Choice” and “Just Before Dawn” 

Text “What Cyprian Ekwensi meant to me” 

"Kole Omotoso reads at the Jazzhole" news 

LM