Logótipo Próximo Futuro

Making the African City, por Luce Beeckmans

Publicado29 Nov 2013

Capa do livro Making of the African City

A tese de doutoramento de Luce Beeckmans, agora publicada em livro, analisa o desenvolvimento de três cidades africanas - Dakar (Senegal), Dar es Salaam (Tanzania) e Kinshasa (Congo) - no período 1920-1980.

The volume Making the City begins by observing that the African city depicted in urban plans rarely coincided with the real African urban space, often a wide gap existed between the theory of urban design, with its corresponding discourse, and the actual implementation. This discrepancy sheds light on the role played by those from outside the urban planning milieus in the production of urban space. In this thesis, we bring to light how both local governments and city dwellers influenced the production of urban space by, for instance, forcing adjustments to the urban designs, hindering their implementation or appropriating urban spaces.

Elena Poniatowska, Prémio Cervantes

Publicado28 Nov 2013

Elena Poniatowska

Foto de Alex Cruz retirada da revista Ñ

A escritora Elena Poniatowska ganhou na semana passada o Prémio Cervantes. Aqui numa entrevista para a revista de cultura Ñ.

(...) después de la matanza del 2 de octubre de 1968, tras una protesta de estudiantes y obreros y ante el bloqueo informativo, Poniatowska –la “chaparrita” (petisita)– se fue a meter en la cárcel donde terminaron muchos de los sobrevivientes y juntó testimonios. No grabó, no la dejaban. Y se privó de hacer un discurso monumental: con esos testimonios, diversos, contradictorios, con las consignas que se cantaban en la plaza, con algún poemita de otro, armó como un collage el libro que sería el retrato de esa matanza. Después escribió mucho, muchísimo. Artículos, libros. Aunque venía de una familia de la nobleza europea –había nacido en París con título de princesa y llegó a México a los 10 años– lo suyo fue la calle mexicana. Nunca dejó de meterse en política: fue una de las voces cantantes en el acampe que, en 2006, denunció fraude en las elecciones que perdió Andrés Manuel López Obrador. 

Leiam a entrevista.

Uma criança à janela disparando uma pistola de plástico, por António Pinto Ribeiro

Publicado27 Nov 2013

Vista aérea da cidade de Joanesburgo

Foto: Sharilea Gaspar

Começa assim o último livro da escritora sul-africana Nadine Gordimer, No Time Like the Present: “Houve uma Era do Gelo, uma Era do Bronze, uma Era do Ferro. Parecia que uma Era tinha terminado. Certamente, nada menos do que uma Nova Era, em que a lei não é promulgada em pigmento e qualquer pessoa pode viver, viajar e trabalhar em qualquer sítio num país como se fosse dela. Algo com o título convencional de  "Constituição" abriu estas portas de par em par. Só um vocabulário grandioso pode dar esse sentido aos milhões que não tinham reconhecido os direitos que estão sob a palavra Liberdade. As consequências são imensas nos aspetos das relações humanas que costumavam ser restringidas por decreto.”

Seria difícil encontrar uma forma mais breve e simultaneamente mais clara para definir o estado actual da África do Sul, 23 anos depois da libertação de Nelson Mandela, 19 anos depois do fim do apartheid e da eleição do primeiro negro como Presidente desta república fundada por ingleses, colonizada por holandeses, com 50 milhões de habitantes, 11 línguas oficiais, com uma elite intelectual sofisticada, uma tecnologia de vanguarda na Medicina (lembremo-nos do primeiro transplante de coração feito pelo cirurgião Dr. Christiaan Barnard em 1967), na Biologia, na Astronomia, sujeita durante 46 anos a um regime segregacionista e renascida desse período inumano da sua história com um líder que se tornou uma referência mundial como líder político e, sobretudo, como a referência mais humanista ao fundar uma nova ética baseada na possibilidade efectiva do perdão, constituindo todo o processo de reconciliação e de justiça através do lema “Perdoar, mas não esquecer” .

Contudo, a par desta Era de que fala Nadine Gordimer, uma outra se desenha no presente; na verdade, os mais pessimistas consideram que ela já se iniciou embora para os mais optimistas ela esteja apenas a anunciar-se, sendo ainda possível contê-la. Trata-se da Era do Apocalipse.

Não é novidade que um país é uma constelação de cidades: metrópoles, cidades pequenas ou de média dimensão, todas elas ligadas entre si por sinapses que são os transportes, meios para deslocar pessoas e produtos de outro modo distanciados nos seus modos de vida, na sua riqueza, na sua vocação que pode ser mais globalizante ou mais provinciana. É assim também na África do Sul.

Joanesburgo, a capital financeira e cultural da África subsariana, é a cidade do frenético espírito empreendedor, dos investimentos nacionais e transnacionais, dos homens e mulheres sem medo de investir e de arriscar, dos artistas sem medo de experimentar, etc. Todos eles, porém, com medo de não fechar o portão, com medo de não fechar a janela, com medo de parar no semáforo vermelho. Joanesburgo é uma capital do medo. E uma das poucas capitais no mundo que não tem nem rio nem lago, que não está cercada por nenhum oceano.

Sobre essa secura foi construída a cidade que detinha no seu subsolo o brilho dos diamantes e dos metais raros. Para isso, a essa secura juntou-se a energia da população que o fim do apartheid permitiu misturar: negros, indianos, brancos, paquistaneses, mulatos. Com o fim do apartheid não chegou o fim da pobreza ou a diminuição do enriquecimento obsceno de muitos; afinal, a cidade nasceu dos minerais preciosos, nasceu dividida entre os explorados e os exploradores e hoje divide-se entre os muitos ricos, os ricos, os pobres e os muito pobres.

Claro que existem duas cidades em Joanesburgo. Das seis da manhã às cinco da tarde, quatro milhões de habitantes agitam-se num formigueiro constante. Das cinco da tarde ao amanhecer, pouco mais de três milhões de habitantes estão silenciosos, acantonados nas suas casas. Nas ruas vivem os deserdados que se lutam por comida, por um cartão para dormir, por uma presa para assaltar. Os que trabalham chegam a passar 14 horas fora de casa, entre o percurso para o emprego e o regresso do emprego. Assim, filas de gente ocupam a cidade, filas gigantescas de trabalhadores à espera dos transportes, pedindo boleia ou caminhando apressados pelas ruas, já que a rede de transportes públicos não é funcional, apesar de algumas melhorias feitas aquando do Mundial de Futebol.

Durante o dia Joanesburgo tem mais um milhão de habitantes que durante a noite. Pese embora os 24, 5% de desempregados na África do Sul, segundo as estatísticas oficiais. Mas a percepção é de que este número seja o dobro. E muitos destes quatro milhões de pessoas, não tendo trabalho, ocupam o espaço público porque têm de estar em movimento; é assim na mentalidade calvinista que enforma parte da cultura do colonizador: a ideia de que o trabalho dignifica e honra o homem e é por ele que o homem tem razão de ser. Não fazer nada revela não só uma atitude não-produtiva como também rebelde, pelo que deve desenvolver em quem não trabalha um sentimento de culpa e de incapacidade. Não ter trabalho, neste contexto, é da responsabilidade individual, mesmo para os desempregados.

Daí que a cidade, ao domingo, dia em que o lazer é permitido, seja a cidade livre. Os restaurantes e as lojas estão fechados, os transportes são ainda mais raros, o tráfico é mínimo, as ruas principais estão desertas. Mas os parques estão cheios de pessoas. Nada disto evita que o crime continue.

Um recente anúncio num jornal sul-africano apresentava uma jovem fechando a porta de casa com cinco fechaduras; a legenda dizia: “Se isto não for suficiente, faça o seu seguro de vida”. Este anúncio da real possibilidade do crime é uma paradoxal normalidade, como o são as grades nas portas dos prédios e, dentro dos prédios, nas portas dos apartamentos e, dentro dos apartamentos, nas janelas. Como é normal os quartos terem alarmes. Ou que seja preciso atravessar três portões e o mesmo número de seguranças para ir jantar a um restaurante no centro de Joanesburgo. A diferença entre estacionar o carro a 5 ou a 10 metros de casa pode ser a diferença entre não ser ou ser assaltado. E assim também os condomínios crescem nos subúrbios como fortificações, na mesma proporção em que cresce a indústria de segurança privada.

Todo o exército e a Polícia sul-africana não totalizam o número de guardas privados registados pelas 9000 empresas de segurança existentes. É esse o maior exército no país, com mais de 400 000 “guardas” que usam diferentes fardas e respondem a patrões privados, não ao Estado. Este o espelho pervertido da criminalidade, mas também da ausência de um investimento estatal na Polícia, apesar de toda a retórica contra o crime.

A democracia e o ANC (Congresso Nacional Africano -- na verdade uma coligação de partidos e sindicatos), tendo sido o Partido que melhor encarnou a justiça social, a igualdade e a fraternidade, não foi capaz de acabar com a criminalidade, de criar emprego e de distribuir mais equitativamente a riqueza nacional.  O ANC é, por isso mesmo, a grande decepção do que teria sido uma boa política de esquerda em África.

Representando, em 1994, os 80% da população que não cumprira, no tempo do apartheid, um requisito simples – ter a cor de pele certa --, o ANC foi eleito e a sua agenda contemplava não a rebelião mas a construção e a governação. Era também o Partido da justiça social, da igualdade e da fraternidade. Não tendo herdado esses valores directamente de uma Revolução francesa, não tendo um ideário de paz universal Kantiano ou um iluminismo, tinha todavia recebido destes movimentos europeus o seu lado mais indiferente ao colonialismo -- e teve manifestos de liberdade e de justiça como os de Franz Fanon, ideários como os de  Willian E. B. Du Boi, Amílcar Cabral,  Cheikh A. Diop, Julius Nyerere, entre outros.

O ANC conhecia o sentimento de um ser humano ficar sem a sua língua, sem um lugar, sem identidade, caso não fosse branco. Porém, e como em outras situações e depois de passado o sonho revolucionário dos anos de Mandela, o ANC apropriou-se do Estado e optou por se confundir com ele, conforme afirmam os seus críticos, de Desmond Tutu a Mamphela Ramphele (ex-activista do ANC que fundou um novo Partido político -- o Agang, que significa “Construir” na língua Sesotho e que concorre às eleições de 2014 com o objectivo de fazer frente ao ANC que, segundo a sua líder, está a destruir a maior economia do continente africano). Mas o Partido carrega de tal forma os seus trunfos de um passado de luta que ainda continua a ter um lugar exclusivo na sociedade sul-africana, em especial junto da comunidade negra e dos antigos activistas. Apesar dos escândalos de corrupção de que têm sido acusados alguns dos seus líderes, é difícil que toda uma comunidade de gente que construiu a sua cultura a partir do eixo do ANC dele se afaste. Porque, se há muito que o ANC deixou de ser o farol da mudança, na verdade ele é como um velho e outrora glorioso clube de futebol de que os militantes-adeptos não se querem despedir, nem contemplam a hipótese de mudar de clube.

Mas, além da acima referida Mamphela Ramphele, outras opções vão surgindo. Julius Malema, por exemplo, ex-Secretário-geral da Juventude do ANC, expulso do Partido há dois anos acusado de corrupção e de lavagem de dinheiro, anuncia agora a criação de um partido político, The Economic Freedom Fighters (EFF), cujo programa é nacionalizar a Economia sul-africana. De contornos obviamente populistas, segue o estilo de Robert Mugabe e a publicidade, as camisolas e os barretes vermelhos que usava Hugo Chávez.

E é neste apocalipse que surge um teatro de marionetas – a Handspring Puppet Company -- que se apropriou dos mitos europeus, de Fausto a Ulisses, tornando-se uma companhia de referência para a cena artística mundial, e que obriga a cumprir todos os protocolos de segurança a quem quiser ir ver a sua última criação num armazém da baixa. E existem escritores como Ivan Vladislavic, existe um novo cinema “colourde”, existe música e dança, sempre muita.

Tudo isto é consequência da energia vital destas pessoas e de uma política comum de autores anónimos em que tudo combina com tudo: o amarelo com o verde, o verde com o azul, o quadrado com o triangular, o redondo com o esquinado, a poesia com o cinema, a tradição xozé com a escultura contemporânea, o gordo com o magro, as lojas de tecidos indianos com os penteados exuberantes das mulheres negras em dias de festa (e os dias de festa são tantos…).

 Vindo de Joanesburgo de carro, quase a chegar à cidade de bom gosto que é Cape Town, passa-se ao lado de Khayelitsha, uma township onde vivem 300.000 pessoas, na sua maioria negros. Ali fala-se zulu, xhoza, afrikaner, inglês, suali, etc. Aquelas são as pessoas mais pobres de Cape Town e as que não têm lugar no desenho da Cidade do Cabo. Aquelas pessoas são o seu fantasma permanente, que nenhum político gostaria de ter à porta da sua cidade. Ali, as casas são blocos de argamassa com telhados de zinco e para cada vinte casas há uma retrete pública. Khayelitsha está separada da auto-estrada por muros altos que são verdadeiramente uma fronteira.

A África do Sul está, aliás, cheia de fronteiras. No passado, as fronteiras erguiam-se no apartheid. No presente, há fronteiras visíveis e invisíveis, separando por vezes apenas uma rua de outra. Paralela a uma rua escura, coberta por gente sem-abrigo deitada sobre cartões, outra rua exibe bancos, néons e lojas de comida “muito saudável”. A rua segura pode cruzar-se com a rua onde ser assaltado é o mais provável.

Se se discute a questão racial? É um problema académico, e isto porque há ainda uma divisão invisível entre os brancos e os não-brancos da classe média; convivem civilizadamente, mas é muito rígida, forçada a sua coabitação.

Pode dizer-se que o apocalipse de Cape Town é um apocalipse feliz. A segunda maior cidade da África do Sul revela sofisticação nas suas fachadas, casas vitorianas, cenários para filmes western em Woodstock, casas coloridas no bairro muçulmano Waterkant ou de decoração afro na Longstreet. Tem o privilégio de – como o Rio de Janeiro ou Hong Kong -- ter sido construída em plena beleza natural: de frente para o oceano azul, de costas para essa escultura natural que é a Table Mountain. Aqui apetece viver para sempre. Tudo parece fácil: as pessoas vestem-se informalmente, os contactos são fáceis, o tráfego é intenso porém organizado, o mar está perto, está perto a montanha, há o apelo a caminhadas e a uma vida saudável. Depois, é certo que no meio do trânsito uma criança à janela do carro dispara balas invisíveis de uma pistola de plástico sobre os transeuntes.

Também aqui as armas estão sempre presentes na vida da cidade: as armas, os cadeados, os vidros cortantes sobre os muros, as trancas nas portas dos estúdios dos artistas -- e é vê-los, a eles, artistas, a criar algumas das obras mais incontornáveis da cena artística contemporânea. É ver os cineastas a fazer um novo cinema sul-africano ancorado nas contradições do país, na memória ancestral. É ver a história recente da pop sul-africana, ou da moda colorida tão bem documentada nas fotos de Lolo Veleka.

Para chegar a Cape Town vindo de Joanesburgo são três dias de viagem de carro atravessando savana, pernoitando em bed and breakfasts dirigidos por famílias afrikaners, rolando por estradas que parecem infindaveis, subindo montanhas e desfiladeiros, passando pelas várias cataratas, pelo Blyde River Canyon, por God's Window , o desfiladeiro que termina nas nuvens. A estrada, como é em forma de serpentina, serpenteia por entre floresta e depois estepe rasteira e seca até alcançar o Blyde River Canyon, um dos maiores do mundo. Faz-se, em seguida, a descida para a planície, vendo os campos cultivados, as hortas de floricultura, as vinhas Stellenbosch. Tudo parece sereno.

Paul Theroux, que fez essa viagem mítica do Cairo a Cape Town, escrevia que em África a paz existe na natureza e o perigo só vem nas cidades. De facto, basta chegar a um lugarejo para que todos os sinais de alarme apareçam. É aqui que a bestialidade pode acontecer e vinda de qualquer raça.

Como na obra Desgraça de JM Coetze, em que pai e filha são assaltados, o pai é sovado e a filha violentada numa pequena casa no meio do campo e a filha fará queixa à Polícia do roubo e do assalto mas não da violação de que resultou uma gravidez e o nascimento de uma criança. Como o militante que não quer deixar o ANC para não ficar órfão, também aquela filha quer dar à luz porque lhe é insuportável a orfandade do violador. E é porventura essa recusa da orfandade o que tem adiado a Era do Apocalipse na África do Sul.

Uma versão mais curta deste texto foi publicada no suplemento Ípsilon do jornal Público no dia 22 de Novembro.

Album: Cinematheque Tangier

Publicado26 Nov 2013

Foyer da Cinemateca de Tanger.

Foyer da Cinemateca de Tanger (imagem retirada do website do Walker Art Center)

A exposição "Album: Cinematheque Tangier", um projecto da artista marroquina Yto Barrada, abriu na semana passada no Walker Art Center em Minneapolis. 

As a 'crossroads of civilizations,' Tangier has long captured the imagination of the West, and been romanticized and immortalized in film and literature. Having grown up around those myths, artist Yto Barrada has been interested in the material history and visual culture of her hometown, particularly its rich cinematic past. 

Leiam o artigo do C&.

David Adjaye, Architecture Innovator 2013

Publicado25 Nov 2013

David Adjaye em Washington

Fotografia de Sze Tsung Leong, retirada do Wall Street Journal.

Nascido em Dar es Salaam, Tanzania, filho de um diplomata ganaense, David Adjaye viveu em vários países. O magazine do Wall Street Journal atribui-lhe recentemente a distinção Architecture Innovator 2013. É o arquitecto por trás do novo museu da Smithsonian Institution em Washington, o National Museum of African American History and Culture, que irá abrir em 2015.

My father articulated a set of ideals to me, always very softly. Just certain points about being strong about your identity, about who you are and not being intimidated by other cultures. And to understand that there's a world that exists beyond national boundaries.

Leiam o artigo na íntegra.

My name is Olorunfemijuwonlo Amogunla, what is your name?

Publicado22 Nov 2013

O artista Femi Amogunla

Os nomes yoruba estão cheios de significados - desde Oloruntobi (Deus é grande) a Adewale (a coroa voltou a casa). Estes nomes reflectem os desejos dos pais ou de outros parentes para a criança, mas considera-se que determinam também o destino dela.

O artista de 'spoken word' Femi Amogunla reflecte sobre os desafios que esta tradição enfrenta numa sociedade que está a mudar rapidamente e, concretamente, sobre as alterações intruduzidas na grafia destes nomes nas redes sociais. O seu poema ‘My Name, My Identity’ é uma espécie de antídoto às alterações na tradição da atribuição de nomes.

Vejam o vídeo e oiçam um poema "My Name, My Identity". Consultem ainda o site do artista e leiam um artigo sobre ele e o seu trabalho no portal Africa in Words.

Gerardo Mosquera: "Las ciudades son hoy el gran laboratorio de la cultura"

Publicado21 Nov 2013

Gerardo Mosquera, curador cubano

Imagem retirada do portal Cultura Colectiva

Gerardo Mosquera é uma das vozes mais reconhecidas da crítica de arte contemporânea na América Latina. Escritor, curador, historiador de arte, foi um dos fundadores da Bienal de Havana. 

Numa recente entrevista ao jornal peruano La República, questionado sobre o museu que uma pessoa tem absolutamente que ver, nem que seja por uma vez na vida, respondeu:

Más bien yo diría que lo que no debería dejar de hacer es de perderse la calle. A mí me parece más interesante la calle que el museo. Las ciudades son hoy el gran laboratorio de la cultura.

Leia a entrevista na íntegra.

A note to a stranger

Publicado20 Nov 2013

Poema de Genna Gardini afixado numa paragem de autocarro

Poema de Gemma Gardini numa paragem de autocarro na Cidade do Cabo.

A note to a stranger é uma exposição na Cidade do Cabo comissariada por Kabelo Malatsie. A note to a stranger procura introduzir a arte no dia-a-dia das pessoas, colocando obras em vários pontos da cidade.

A note is left for a stranger to read, discard, or take home as a peculiar encounter in an otherwise ordinary day. The subtle disturbance of everyday life through video work playing in a bar, a performance that starts and ends without a press release, an installation that moves through Cape Town’s leisure spaces and text-based artworks installed at bus stops is a way of introducing moments that have the ability to cause tiny ripples in the experience of everyday life. 

Vejam no site do projecto o catálogo e outras informações sobre os artistas envolvidos, as obras, as acções.

"Summertime and the living is easy on Gorée Island"

Publicado19 Nov 2013

Imagem da praia da ilha de Gorée, Senegal.

Fabrice Monteiro, "A Gorean summer" (imagem retirada do portal Another Africa)

Há dois anos, o fotógrafo Fabrice Monteiro, que reside em Dakar, iniciou um projecto que pretendia explorar o conceito de "joie de vivre" nas sociedades africanas, e em especial na sociedade senegalesa. 

He found inspiration for the photo essay A Gorean Summer on the beaches of Gorée Island. That this story begins on a small tract of land with a dark and sordid history, as a gateway for slave trade, should not be lost to our collective memory. Yet without trivializing the past it is possible to move forward, and in Monteiro’s images this takes shape in the gentle embrace of lovers, summer days where youth gather around impromptu dance offs and quiet moments lulled by lapping waves.

Leiam o artigo do portal Another Africa.

Os livros depois de Pinochet

Publicado18 Nov 2013

Instalação de Alfredo Jaar no Museo de la Memoria de Santiago.

Instalação de Alfredo Jaar no Museo de la Memoria de Santiago. (Foto: Cristóbal Palma, retirada do El País)

"Chile trata de pôr a sua indústria editorial à altura da criatividade dos seus escritores", dizia no outro dia o El País. Patricio Fernández, director da revista chilena The Clinic, escreveu um artigo para o jornal espanhol sobre a relação do seu país com os livros.

A partir del 11 de septiembre, “el libro vivió una noche oscura”, concluye el autor. Las librerías cerraron masivamente. Muchas pertenecían a gente de izquierda que terminó en el exilio o sobreviviendo lo más anónimamente posible. Dejaron de llegar las primicias del exterior. Recuerdo que durante esos años en las Librerías sólo vendían útiles escolares, reglas, compases, cartulinas y papeles de colores, más uno que otro ejemplar de literatura infantil.

Leiam o artigo na íntegra.

A reinvenção dos rituais por Namsa Leuba

Publicado15 Nov 2013

Fotografia de Namsa Leuba intitulada Statuette Vili Fanta

Namsa Leuba, "Statuette Vili Fanta", Guiné(imagem retirada do website Afrique in Visu)

Namsa Leuba nasceu em 1982 na Guiné. O seu trabalho tem sido publicado em várias revistas, como I-D, Numéro, KALEIDOSCOPE, Vice Magazine, New York Magazine, Wallpaper*, Libération, British Journal of Photography, entre outros. Nos últimos dois anos, tem concentrado a sua pesquisa na identidade africana vista pelos olhos do Ocidente.

Numa recente entrevista à Afrique in Visu, falou das suas peregrinações fotográficas.

Pour la réalisation de ce travail [Ya KAla Ben], j’ai passé deux mois en Afrique de l’Ouest mais quatre mois de préparation ont été nécessaires avant mon départ. Il m’a fallu tout d’abord me documenter sur certaines pratiques rituelles et (re)prendre contact avec des membres de ma famille vivant sur place. Cette étape a été cruciale puisque cela m’a permis d’entrer plus facilement en contact avec les marabouts, guérisseurs, féticheurs, chasseurs et autres « diables » avec lesquels je souhaitais travailler. 

Tout ce que je savais avant ce voyage, c’est que ma mère est musulmane et que mon père est protestant, mais moi je n’ai pas été baptisée. L’aspect religieux du pays de ma mère est devenue très important. J’ai découvert un côté animiste de la culture guinéenne qui est basée sur le respect des gens. J’avais été exposée à la partie surnaturelle de la culture guinéenne depuis que j’étais enfant. J’ai rendu visite à des « marabouts » et cette fois-ci pris part à de nombreuses cérémonies et rituels. Pour moi, il était important de faire ce travail, parce que maintenant je me sens plus consciente de cette situation, l’existence d’un monde parallèle et le monde des esprits.

Leiam a entrevista na íntegra aqui.

Aminata, Demba, Boubacar: três vozes discordantes

Publicado14 Nov 2013

Boubacar Boris Diop

Boubacar Boris Diop (Foto de María Miró, retirada de El País)

Durante o Festival del Sur, na Gran Canaria, ouviram-se três vozes discordantes das intervenções militares estrangeiras em África: Aminata Traoré, ex-ministra da Cultura e do Turismo do Mali; Demba Moussa Dembele, economista e investigador; e Boubacar Boris Diop, escritor.

El imperialismo es una realidad. La verdadera solidaridad con África, en el caso de los ciudadanos occidentales, pasa por la comprensión de los motivos reales tras las acciones de sus países y por el rechazo a ser utilizados por medios de comunicación y políticos.

Leiam o artigo do El País na íntegra.

PINTA abre amanhã em Nova Iorque

Publicado13 Nov 2013

Obra de Santiago Borja intitulada Divan.

Santiago Borja, "Divan", 2010 (imagem retirada do website da PINTA)

PINTA - The Modern & Contemporary Latin American Art Show decorre entre 14 e 17 de Novembro em Nova Iorque. Fundada em 2007, coincide com os leilões de arte contemporânea e arte latinoamericana da Christie's e da Sotheby's e atrai coleccionadores, curadores e museus. Mais informações no website da PINTA.

Majida Khattari por Mirian Nogueira Tavares

Publicado12 Nov 2013

Majida Khattari, Ninfa Moderna (Modern Nymph), 2010 (imagem retirada do portal Afri-Love)

A revista ARS 21, do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade de São Paulo, no Brasil, integra na sua 21ª edição o artigo O espaço entre – A fotografia de Majida Khattari, da autoria de Mirian Nogueira Tavares. O artigo reflecte em torno da obra da artista marroquina Majida Khattari, nomeadamente sobre o modo como "utiliza a fotografia, as instalações e os desfiles de moda como uma provocação / reflexão sobre o papel do véu no universo muçulmano e no imaginário ocidental".

Primeira Bienal AFiRIperFOMA em Zimbabwe

Publicado11 Nov 2013

Imagem do video de Wura-Natasha Ogunji "O meu pai e eu dançámos no espaço exterior" (via Afribuku)

Lê-se no site da Biennial Foundation que, antes da chegada dos colonos europeus em África, a performance/live art era uma forma de arte muito popular no continente.

A 1ª AFiRIperFOMA Biennial, intitulada Mnemonic, abriu as suas portas no passado dia 8 e decorre até 22 de Novembro em Harare, Zimbabwe. A Direcção Artística é de Jelili Atiku

AFiRIporFOMA é a primeira bienal completamente africana de arte performativa e está focada  no continente, nas culturas e nas gentes, observados por artistas através de um olhar contemporâneo. Mais no site da Biennial Foundation e no Facebook.

Do afropolitismo

Publicado8 Nov 2013

Debate na Holanda com a escritora Taiye Selasi

A autora Taiye Selasi na Holanda, na apresentação do seu primeiro romance "Ghana must go" (imagem retirada de Think Africa Press)

Em Fevereiro 2013, Stephanie Bosch Santana comentava o discurso de Binyavanga Wainaina "I am a Pan-Africanist, not an Afropolitan", proferido em Setembro 2012 na conferência da African Studies Association UK. No seu artigo Exorcizing afropolitanism, Santana escrevia:

Wainaina’s address was a kind of exorcism in its own right, an attempt to rid African literary and cultural studies of the ghost of Afropolitanism, a term that perhaps once held promise as a new theoretical lens and important counterweight to Afro-pessimism, but that has increasingly come to stand for empty style and culture commodification.

O debate à volta do afropolitismo continua aceso. Um dos mais recentes textos é de Marta Tveit em Think Africa Press, intitulado The Afropolitan must go. Criticando Taiye Selasi - autora, entre outos, de ensaio Bye Bye Barbar, or What is an Afropolitan -, Tveit escreve:

I am angry for different reasons to Wainaina (though if he wanted to hang out sometime I’m sure we could have fun being pissed off together); I am not so much concerned with the commodification inherent in Afropolitanism as I am with the danger of reproducing a reductive narrative, one which implicitly licenses others to reproduce the same narrative because it has been confirmed by an ‘Afropolitan’ herself.

Wendy Guerra e a guerra ao silêncio

Publicado7 Nov 2013

Wendy Guerra

Imagem retirada do jornal El País.

Wendy Guerra, escritora cubana, tem livros publicados em todo o mundo, mas não no seu país. É a autora de três livros de poesia e este mês será publicada o seu quarto romance, "Negra". Os seus romances são "um retrato geracional dos incómodos netos da revolução". 

(...) luego nos mudamos a la ciudad más hermosa de Cuba, Cienfuegos, una ciudad afrancesada y discreta, el patio de mi casa era el mar, aprendí a nadar sola encontrando la laguna dulce dentro de la corriente salada y conviví con un mundo soviético de militares e ingenieros nucleares que se movía y decidía por nosotros de una manera oculta y a la vez presente, autoritaria. Veía pasar los submarinos en Cayo Carenas y mis amigos descubrían la ‘antenita’ o el ‘lomo’, sabiendo que debajo de esas aguas del Caribe un mundo ruso nos espiaba. Mis recuerdos infantiles son muy adultos, prologuistas de graves problemas de los mayores, personaje secundario de los verdaderos problemas de los niños.

Leiam a entrevista ao jornal El País aqui.

A mulher negra na publicidade

Publicado6 Nov 2013

Publicidade de cerveja preta onde se lê É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra

Imagem retirada do artigo publicado no website de Geledés Instituto da Mulher Negra

A propósito desta publicidade, Wyliam Vassoler escreve para o Geledés Instituto da Mulher Negra um artigo interessante sobre a representação da mulher negra na publicidade no Brasil.

A mulher negra tem um grande papel na sociedade brasileira. A mesma sofre de dois males da ignorância e do contexto histórico que envolve nosso país: o racismo e o sexismo (incluindo nesse o machismo). Até os dias de hoje, ela ainda sofre por ser inferiorizada em nossa sociedade patriarcal. Aliado a isso, há também a problemática racista, que até hoje ainda é um problema forte, principalmente nas gerações e famílias mais conservadoras.

O estudo a seguir tem como objetivo analisar fatos sobre o racismo e o machismo no Brasil, aliando a interpretação desses estudos a uma análise semiótica baseada nas tricotomias que Peirce apresenta em seu livro Semiótica, de 2003. Através desses dois estudos, pretende-se confirmar ou não a atitude do Procon do Espírito Santo em denunciar o anúncio ao Ministério Público, acusando a Brasil Kirin de racismo e sexismo.

Leiam o artigo na íntegra aqui.

O talento criativo, matéria-prima da economia da América Latina

Publicado5 Nov 2013

Capa da publicação Economia Naranja

Quando pensamos nas matérias-primas da América Latina, pensamos no petróleo, no café, no cobre ou na soja. O Banco Interamericano de Desarrollo (BID), através do livro La Economía Naranja: una oportunidad infinita, pretende associar ainda ao motor de crescimento económico o património artístico do hemisfério: existem oportunidades no Perú para gerar bens e serviços a partir da gastronomia; na Colombia através da indústria literária; no México, a partir da arqueologia, do cinema ou das telenovelas; na Argentina, com o teatro, o design ou a indústria de marketing e publicidade; no Uruguai com a arquitectura, etc. etc. 

Lo que hemos pretendido es mostrar con información y datos fiables el peso y la importancia de la economía creativa en América Latina.

Contemporânea, novo magazine de arte e cultura

Publicado4 Nov 2013

António Pinto Ribeiro

Foto: Dora Nogueira; Cortesia: Making Art Happen

Contemporânea é um novo magazine digital de arte e cultura, um projecto de Celina Brás, directora da Making Art Happen.

Neste primeiro número temos uma grande entrevista com António Pinto Ribeiro, programador do Próximo Futuro.

A arte não é só sobre beleza, é sobre outras coisas também. Ou, se quiser, a beleza em si não é necessariamente pacífica, pode ser um grito terrível e, nesse sentido, o que nos é devolvido é um grito.

Leiam a entrevista na íntegra aqui.

Rio de Janeiro - Cidade em Transe

Publicado4 Nov 2013

Vista de um bairro de Rio de Janeiro

O Rio, assim como outras cidades do país e do mundo, parece que trocou de roupa em poucos anos. Novos moradores chegam, o comércio e o tipo de moradia mudam e surge um novo perfil de morador no bairro. Nessa mudança, emergem novas relações urbanas: há quem prefira continuar no bairro e manter seu estilo de vida; outros percebem uma boa oportunidade para vender seus imóveis, que se valorizam rapidamente; e há também os que não conseguem acompanhar a alta dos preços e deixam o bairro. Essas novas relações econômicas e sociais, provocadas pela troca de população, refletem o fenômeno chamado gentrificação. 

Leiam o artigo na íntegra aqui.

Andrés Felipe Solano, escritor colombiano

Publicado1 Nov 2013

Andrés Felipe Solano

Foto retirada do jornal El País

Andrés Felipe Solano, autor de "Los hermanos Cuervo" e incluído em 2010 na lista de jovens promessas da revista Granta, conta como uma noite, num bar de Medellín chamado Brisas de Costa Rica, decidiu abandonar o jornalismo e dedicar-se à literatura.

Viví las salas de redacción con intensidad casi diez años. Cuando empecé todavía se podía fumar y con el alcohol se bendecía cada cierre semanal. Me asomé a la promiscuidad. Era un ritmo endemoniado que disfruté mucho, pero que me estaba alejando de los libros y sobre todo me estaba horadando el alma. El trabajo que conseguí en una revista me tenía atado a una silla, me empecé a sentir triste sin motivo. Ya no quería vivir encerrado.

Leiam a entrevista ao jornal El País aqui.