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Heidi Holland para nos falar de Mugabe

 

O Zimbábue vai a votos no próximo dia 31 de julho. Preside ao país o nome que mesmo os menos atentos à política africana reconhecem: Robert Mugabe. No poder desde 1980, é dos líderes africanos atuais que mais recebem atenção dos media internacionais. Na maioria dos casos, as notícias não são abonatórias. Mas eu nunca gosto de limitar a história aos bons e maus. A história, porque é o relato da realidade, é sempre mais complicada.  Hoje não irei escrever nem sobre o presidente Mugabe, nem sobre as eleições. Irei escrever sobre uma mulher: Heidi Holland. Já explico...

Integro, desde há uma semana, uma equipa de analistas que acompanha a situação no Zimbábue. Temos alguns elementos em Harare e, aqui em Londres, há uma pequena task-force. Tentamos acompanhar e, afastados da emoção de quem está no terreno, enquadrar, perceber e muitas vezes voltar a enviar questões para quem lá está.  

Infelizmente ainda não tenho comigo os meus livros. Mas, mal integrei a equipa, deu-me vontade de ter ao meu lado um dos livros que mais me marcou sobre Robert Mugabe: o livro de Heidi Holland, "Dinner With Mugabe". Foi-me indicado há uns anos por um amigo moçambicano que me disse “tens de ler o livro”. Já tinha lido algumas biografias de Mugabe e aprendi com todas, mas em todas tinha de dar o desconto da simpatia ou da antipatia do autor pelo Mugabe. No livro da Holland não foi preciso.

O título resulta do facto de a autora ter visto (aliás, ouvido!) Mugabe pela primeira vez num jantar ainda no tempo em que ele era um revolucionário, ex-preso político e, sobretudo, clandestino. A autora era uma ativista por um Zimbábue independente e aceitou acolher em sua casa (ainda no tempo de Smith e portanto correndo ela própria o risco de ser presa, mesmo sendo branca) um jantar secreto entre dois ativistas, um deles famoso, outro um amigo seu. A condição para o jantar se realizar na sua casa era que ela não iria ver o famoso, mas, da cozinha, ouviu-o. Anos mais tarde, reconheceu a voz. Tinha tido em sua casa Robert Mugabe!

O livro escrito em 2008 resulta de Heidi voltar ao Zimbábue para tentar entrevistar Mugabe. Sabia, à partida, que não seria fácil… A tarefa demorou dois anos. Começou por contactar o padre católico amigo de longa data de Mugabe e, ao longo dos 24 meses, conversou com as pessoas mais próximas do presidente e, posteriormente, descreveu as conversas com simplicidade e sem preconceitos. Nos seus regressos à Africa do Sul, onde vivia, Heidi discutia com psicólogos o que tinha ouvido e tentava perceber o perfil do homem Mugabe.

Nestas semanas, sem o meu livro com páginas marcadas e palavras sublinhadas, pensei em voltar a comprar o dito. Precisava de o ter entre os vários relatórios, artigos, números e leis sobre o Zimbábue que me rodeiam. Ontem decidi tentar o ebook e, ao googlar o nome do livro, apareceu a notícia da morte de Heidi Holland. Congelei. Foi em Agosto de 2012. Não me tinha apercebido... O livro dela sobre o Mugabe fazia-me falta, mas ela também. Nunca a conheci, mas, no passado, qualquer momento político zimbabuano tinha a sua análise. Estas eleições de 2013 já não a vamos ter.

Amanhã falarei e escreverei sobre as eleições e sobre o Mugabe e Tsvangirai. Hoje quero homenagear Heidi Holland. Estive a ver um vídeo com o título “memorial Heidi Holland”. A última música no vídeo tem o título de Wheeping (chorando). É de uma banda sul-africana anti-apartheid, Bright Blue. Não podia ter sido escolhida melhor música. Eu não sabia o título da canção, só sabia o refrão: "It doesn’t matter now... It’s over anyhow". A música é sobre repressão, tristeza, discriminação e foi sobre tudo isto que Heidi Holland lutou contra  toda a sua vida através da escrita.  Se não leu Heidi Holland....há uma parte do Zimbábue que não percebeu. 

Elisabete Azevedo-Harman

Pode ouvir-se a entrevista de Heidi Holland aqui

A poesia voltará aos jardins

Publicado5 Mai 2013

Etiquetas poesia spoken word Zimbabwe Philani Amadeus Nyoni

No Verão a poesia voltará aos jardins. Enquanto a festa não começa eis a nova poesia, escrita e dita pelos africanos do sul do continente.

"(...)

You see the African I am is not a Google definition,
But how do I wean my siblings off the nipples
On the internet and make them face books
And realise that they are more than just a Facebook profile?
That Africa is not straight caps, baggy jeans and cheap
Fifty cent rhymes, no! It’s the song of Bambatha,
And that beating beast beneath my breast
That bellowed ‘AMANDLA!’
While Desmond was shooting his mouth like a 2-2.
When dubul’ ibhunu was the right thing to say,
Apologies white folks for any ricochet."

African Thoughts - Philani Amadeus Nyoni

Todo o poema pode ser lido aqui

HIFA 2013 - Whats next?

Publicado29 Abr 2013

Etiquetas hifa Zimbabwe harare festival Artes

A 14ª edição do Festival Internacional de Artes de Harare começa amanhã. A realização ininterrupta desta mostra na capital do Zimbabwe, é demonstração da capacidade de persistir e de acreditar, e também de mobilizar e de realizar com qualidade, mesmo em contextos difíceis.

"The HIFA 2013 theme, is “What’s Next…” This year’s theme reflects our feeling in HIFA of positive progress this year. We are moving in all new directions and are excited by the possibilities ahead of us as a Festival, as a team, as a city, as a country. The theme echoes also the feeling we want our audiences to have at the Festival of what’s the next show, the next dance, the next concert they are going to see.

We chose the colour orange to reflect the dawn of possibility and the warmth of the energy we are experiencing and the colour blue to show the positive blue skies we see ahead for us. The arrows reflect the energy in all directions, like on an iphone or a smart phone – swipe the arrows to go next.”

Vale a pena consultar o site e conhecer o programa e a história do festival