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'Adieu Carmen' e a sociedade colonial marroquina

Publicado24 Jul 2015

Etiquetas cinema Colonialismo

Adios Carmen, de Mohamed Amin Benamraou, aborda a sociedade colonial marroquina, sob domínio espanhol, e a relação dessa herança com o presente. Olivier Barlet faz a critica do filme no site Africultures:

Dédié à sa grand-mère, sa mère et… à Carmen, Adios Carmen puise dans les souvenirs d'enfance de Mohamed Amin Benamraoui. Il adopte le point de vue du jeune Amar, 10 ans, trop jeune pour comprendre ce qui l'entoure mais déjà assez marqué pour trouver sa voie face à la violence à l'œuvre, aussi bien dans la société coloniale que dans sa propre famille. De fait, le film décrit un milieu dur où chacun est un loup pour l'autre, mais où les enjeux restent les relations affectives. Car dans le contexte de l'annonce en 1974 par l'Espagne d'un référendum d'autodétermination au Sahara occidental, de la Marche verte du 6 novembre 1975 pour s'y opposer en prenant possession du territoire et de la mort de Franco le 20 novembre, ce petit monde de Nador tremble encore de l'ambigüité de son rapport d'amour-haine envers l'ancien colon (les provinces du nord étaient sous protectorat espagnol jusqu'en 1956). Belle et attirante étrangère, Carmen (incarnée en retenue par l'actrice chilienne Paulina Gálvez), réfugiée antifranquiste, attise les désirs et cristallise la relation à l'Europe. Les contingences sociales et politiques restreignent singulièrement les possibles, mais Amar sera son messager dans son amour impossible avec un jeune Marocain. Caissière au cinéma de la ville, elle laisse entrer Amar qui se passionne pour les films de Bollywood, y revivant les émotions de ses difficultés familiales, en attente de sa mère qui a dû partir se remarier en Europe et sous la coupe d'un oncle alcoolique et violent. Cet ogre désire Carmen, devenue par son amitié simple une figure maternelle de remplacement pour Amar. - See more at: 

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"O Império da Visão": uma aproximação à história fotográfica do império português

Publicado17 Mar 2015

Etiquetas Colonialismo fotografia portugal


O Império da Visão. Fotografia no Contexto Colonial Português (1860-1960), lançado em final de 2014 (Edições 70), organizado por Filipa Lowndes Vicente, investigadora do Instituto de Ciências Sociais, resulta de anos de pesquisas em locais como a Feira da ladra, bibliotecas arquivos e museus. 500 páginas que contam a história do Império português em África, através de fotografias de anónimos, "umas servem a política de conquista e opressão, outras são usadas para denunciar e resistir" (Público), acompanhadas por 28 artigos organizados em quatro grandes capítulos, assinados  por historiadores, antropólogos e biólogos.

O Império da Visão, explica Filipa Vicente, é uma primeira tentativa de reunir uma série de contributos numa área de investigação que, embora tivesse já produzido conhecimento, não estava ainda consolidada: “Não há em Portugal uma genealogia, uma historiografia da fotografia no império. Há, sim, estudos fragmentados. Na Grã-Bretanha este trabalho de olhar para a fotografia como instrumento de poder e de colonização começou a ser feito no início da década de 1990.”

E começou a ser feito, como em Portugal, pelos antropólogos, mais habituados a problematizar a imagem do que os historiadores que, cruzando-se com ela entre os múltiplos materiais das suas investigações, tendem a tratá-la mais como uma ilustração do que como um documento em nome próprio, admite esta investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa: “Os antropólogos têm mais capacidade crítica quando pegam numa fotografia. As imagens são objectos difíceis, complicados. E nós, os historiadores, estamos pouco preparados para lidar com essa complexidade.”

Alguns dos autores que aqui escrevem sobre fotografia fazem-no pela primeira vez para este volume que acaba precisamente antes do começo da guerra colonial - há artigos que reflectem sobre realidades posteriores como o de Afonso Ramos (“Angola 1961, o horror das imagens”, sobre as fotografias atribuídas aos massacres da UPA no Norte e todas as questões, éticas ou de autenticidade, que levantam) e de Susana Martins/António Pinto Ribeiro (“A fotografia artística contemporânea como identidade pós-colonial”), mas são residuais. O trabalho que conduziu ao livro foi feito em apenas dois anos – deu origem a um colóquio, cursos, ciclos de cinema e a um portal que reúne informação sobre a área (www.fotografiacolonial.ics.ulisboa.pt) - e esse curto período de tempo explica algumas das opções de Vicente e justifica ausências

Texto de Lucinda Canelas, no jornal Público: As fotografias são objectos difíceis e as dos impérios coloniais ainda mais

Memória do colonialismo na obra de Nomusa Makhubu

Publicado7 Fev 2015

Etiquetas Colonialismo áfrica do sul memória

Nomusa Makhubu, nascida em 1984 na África do Sul, trabalha as questões da memória colonial,através de auto-retratos fotográficos inseridos em imagens de arquivo. Presente na Dak'Art 2014 e distinguida com Le Fresnoy Studio National des Arts Contemporains Prize, fala agora, em entrevista ao site Contemporay and, da sua obra e dos seus projectos.

CH: How did this series come about?

NM: The Self-Portrait series was originally part of a body of work and an exhibition calledPre-Served, which focused on representations of African women in colonial photography. This project represented a few challenges: the photographs themselves were problematic because they set up a clear distinction between the photographer and the photographed as male and female, European/ African, white/black – in which the former is always privileged. I wanted explore ways in which it might be possible to subvert that hierarchy, and re-write the political implications in the photograph. I asked: of what use are these photographs to contemporary politics? Of what use are tools of memory if they serve a denigrating history? Since they represent colonialism, should they simply not be erased from memory, forgotten, and delegitimized? The women in the photographs that I selected had come to represent collectivities of women and men who have been subjected to the dehumanizing scientific gaze.

CH: Importantly, the titles of these self-portraits are in Zulu, with English translations in brackets. 

NM: Indeed. Titles like Mfundo, Impahla neBhayibheli [Education, Apparel, and the Bible], (2007/ 2013),  Umasifanisane [Comparison] (2007/2013), and Goduka [Going/ Migrant Labourers] (2013) disturb the meta-narrative. I grew up in the industrial southern parts of Gauteng, in the Vaal Triangle, which was more socio-linguistically “mixed” by comparison to areas that were in former bantustans. I realised that when one is searching for one’s so-called identity, one begins with cultures attributed to socio-linguistic groups. I was looking for Swazi culture but I speak Zulu and thought I was Zulu. I spoke Sotho as well, having learnt it from other children around me. This project made me realise how problematic it is to consider socio-linguistic groups as autonomous cultures. I use performative photography to revise the ways in which post-memory is not only inherited memory without primary experience, but can rupture and interrogate predominantly masculine historical narratives. Performed photography, in which the archive or historical as well as canonical photographic imagery is appropriated, functions as a necessary interruption and a powerful assertion.

A entrevista completa em A disturbing memory

Cinema colonial português na Cinemateca

Publicado21 Jan 2015

Etiquetas cinema Colonialismo Império português

A colecção colonial da Cinemateca Portuguesa, correspondente ao período entre 1923 e 1974 -  "um espólio fílmico quase desconhecido da história do cinema português", afirma o Público - começa hoje a ser mostrado na Cinemateca Portuguesa, numa iniciativa organizada por Maria do Carmo Piçarra, investigadora de Cinema, com trabalho produzido sobre o Estado Novo e a tese de doutoramento sobre filmes de propaganda colonial, em colaboração com o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, da Universidade do Minho.

A colecção colonial da Cinemateca Portuguesa corresponde a um espólio de filmes da antiga Agência Geral do Ultramar, que foi confiada àquela instituição em 1982. Uma parte considerável desse fundo já se perdera. Só a partir de 1996, com a abertura do ANIM, é que a Cinemateca começou a “visionar esses filmes e a saber o que tínhamos em mão”, explica Joana Pimentel, responsável pelas aquisições e depósitos no ANIM. A prioridade da Cinemateca tem sido a preservação desse material; a análise do seu conteúdo aguarda as contribuições de historiadores e outros investigadores.

Maria do Carmo Piçarra gostaria de criar um projecto em Portugal semelhante ao Colonial Film Database, um site com informação detalhada sobre os filmes produzidos pelo colonialismo britânico. Além de ser uma base de dados onde uma parte desse filmes está disponível para visionamento, o site contém análises de uma extensa comunidade de investigadores.

A sessão desta tarde não inclui apenas filmes de propaganda do regime comoLe Portugal D’Outre Mer, mas também filmes-contraponto como Streets of Early Sorrow (1963), uma deambulação melancólica e curta filmada com câmara ao ombro nas ruas de Londres reminiscente de John Cassavetes e Chris Marker, onde estão presentes os temas do exílio e do apartheid sul-africano. O filme foi realizado por Manuel Faria de Almeida quando estudou cinema em Londres, e ganhou um prémio num festival em Amesterdão.

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