Logótipo Próximo Futuro

Intellectuals lost their way and the nation is bleeding

Publicado31 Mar 2014

Wachanga Ndirangu

Wachanga Ndirangu, Professor Associado de Jornalismo na Universidade de Wisconsin, escreve sobre a responsabilidade dos intelectuais quenianos de guiar a nação.

Our national failure to pause and evaluate post-independence shortcomings and triumphs has clearly led to the omission and regrettable repression of collective histories and memories. Yet what is repressed always returns to haunt, as it did in tragic ways in 2007.

It should be the work of Kenyan intellectuals to guide the nation in debating and understanding these issues, translating Kenyans to other Kenyans.

Leiam o texto na íntegra.

MOKO

Publicado28 Mar 2014

Capa do jornal Moko

Moko é uma revista caribenha de arte e literatura. O novo número (Março 2014) já está disponível online.

Jornal Próximo Futuro nº 15

Publicado27 Mar 2014

Capa do Jornal Próximo Futuro

O 15º jornal do Próximo Futuro está inteiramente dedicado a Pieter Hugo, cuja exposição "This Must Be the Place | Este é o lugar" inaugura hoje às 18h30.

Sugestões de leitura de José Neves

Publicado26 Mar 2014

José Neves

José Neves, também orador na sessão do OIbservatório no próximo Sábado, propõe-nos as seguintes leituras:

Pablo Luke Idahosa, Going to the People. Amílcar Cabral's Materialist Theory and Practice of Culture and Ethnicity  

José Neves e Bruno Peixe Dias, introdução a A Política dos Muitos – Povo, Classes e Multidão

José Neves, The role of Portugal in the World created by Imperialism: communism, nationalism and colonialism 1930-1960

 

A 3ª sessão do Observatório de África, América Latina e Caraíbas intitula-se "Uma História de Protesto Popular e Luta Anticolonial: Política em Portugal e no Império Português do Século XIX ao 25 de Abril" e terá lugar no dia 29 de Março, às 15h, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian.

Consultem a programação do 4º Observatório.

Inauguração

Publicado25 Mar 2014

A exposição de Pieter Hugo "This Must be the Place | Este é o lugar" inaugura no próximo dia 27 de Março às 18h30.

Convite inauguração exposição Pieter Hugo

WikiAfrica

Publicado24 Mar 2014

Explorem a WikiAfrica e vejam a TED Talk esclarecedora da gestora do projecto Isla Haddow-Flood.

Sugestões de leitura de Diego Palacios Cerezales

Publicado23 Mar 2014

Diego palacios Cerezales

Dois textos com a assinatura de um dos nossos oradores no próximo Sábado, Diego Palacios Cerezales:

"El movimiento social como forma política. El caso portugués" (1834-1910)', in Revista Online do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior (2013)

"Um caso de violência política: o «Verão quente» de 1975", in Análise Social (2003), Vol. XXXVII, n. 165, pp. 1127- 1157.

A 3ª sessão do Observatório de África, América Latina e Caraíbas intitula-se "Uma História de Protesto Popular e Luta Anticolonial: Política em Portugal e no Império Português do Século XIX ao 25 de Abril" e terá lugar no dia 29 de Março, às 15h, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian.

Consultem a programação do 4º Observatório.

"This Must be the Place | Este é o Lugar" no Huffington Post

Publicado21 Mar 2014

Chris Nkulo e Patience Umeh fotografados por Pieter Hugo

Pieter Hugo, "Chris Nkulo and Patience Umeh, Enugo, Nigeria" (2008)

Apresentação do livro "This Must be the Place | Este é o Lugar" no jornal Huffington Post em 2012:

"Through his portraiture photography and culturally embedded costumery, Hugo toys with the collective and individual identities associated with race and poverty in African countries."

Leiam o artigo.

Las formas de la protesta. Para una historia de la política que se practica en la calle

Publicado20 Mar 2014

Diego Palacios Cerezales

Manifestaciones, abaixo assinados, elecciones, enfrentamientos con la policía, boicots electorales… la política tiene mil formas. En esta conferencia se va a proponer una reflexión histórica sobre las maneras de protestar en la historia de Portugal. Partiendo de la idea de que no sólo es interesante saber quién protesta y qué es lo que exige, sino también cómo lo hace, esta conferencia a invitar a pensar en los determinantes de la forma de la protesta en Portugal, desde el siglo XIX hasta la actualidad.


Diego Palácios Cerezales ensina história da Europa na Universidade de Stirling, na Escócia, e investiga a história do protesto popular, da policía e do Estado na peninsula ibérica. Em Portugal tem publicado os livros O Poder caiu na rua (Lisboa, ICS, 2003), Portugal á coronhada (Lisboa, Tinta da China, 2012) e Estranhos corpos políticos. Protesto e mobilização no Portugal do século XIX (Lisboa, Unipop, 2014). Será um dos oradores na 3ª sessão do 4º Observatório de África, América Latina e Caraíbas, no dia 20 de Março, às 15h, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian.

Consultem a programação do 4º Observatório.

António Pinto Ribeiro sobre Pieter Hugo

Publicado19 Mar 2014

Pieter Hugo e António Pinto Ribeiro em Bamako

Pieter Hugo e António Pinto Ribeiro em Bamako, 2011.

Pieter Hugo possui duas qualidades artísticas que fazem dele um fotógrafo fundamental na cena artística internacional. É um excelente retratista, na senda aliás, da tradição de uma história de fotografia de África onde os fotografados são tanto personagens da rua, vizinhos, como amigos e a família mais próxima como a mulher e o filho na mais profunda intimidade. A outra qualidade é o modo como, nómada, viaja pelo continente africano ou norte-americano documentando as contradições profundas deste mundo e onde dá a ver tanto as lixeiras tecnológicas na Nigéria para o lixo europeu, como as cenas de filmes de Nollywood ou os caçadores de hienas em pose. Um fotógrafo a mostrar a crueza do mundo, sempre "on the road".

António Pinto Ribeiro

De sufragistas a presidentas: avances y desafíos de la participación política de las mujeres en América Latina

Publicado19 Mar 2014

Cartaz da conferência

A conferência De sufragistas a presidentas: avances y desafíos de la participación política de las mujeres en América Latina com Sarah Cerna Villagra (Universidade Nacional Autónoma de México) tem lugar no dia 20 de Março, às 18h, no ISCTE-IUL. Será seguida da projecção do documentário Las sufragistas de Ana Cruz (México, 2012).

Mais informações.

José Neves na terceira sessão do Observatório

Publicado17 Mar 2014

José Neves

Parte importante dos discursos memorialistas e historiográficos que assinalam o 25 de Abril de 1974 referencia-o como um dos eventos fulcrais da História Contemporânea de Portugal, nomeadamente considerando-o como momento fundador do regime democrático português. Se este argumento não merece contestação, uma genealogia do evento menos atenta à sua repercussão nacional convidará a que o compreendamos não apenas na sequência de lutas travadas contra a ditadura mas também contra o colonialismo. Dito por outras palavras, o 25 de Abril deverá ser entendido não apenas como fim do Estado Novo mas também como o fim do Império Português e, seguindo uma formulação anti-imperialista relativamente clássica, podemos dizer que houve uma relação virtuosa entre as lutas sociais travadas na Europa e as lutas nacionais travadas em África. O reconhecimento desta relação virtuosa é, todavia, apenas uma parte da história que pretendemos contar. Se partilhamos uma genealogia do 25 de Abril que não o confina a um sentido histórico português, igualmente pretendemos contribuir para uma genealogia que não confine nacionalmente a história do anticolonialismo. Isto é, pretendemos elaborar uma genealogia das lutas anticoloniais que não reduza o seu sentido ao de uma etapa preparatória dos regimes políticos edificados após as independências. Para este efeito, nesta comunicação, seguindo em particular o processo de construção do discurso de um dos mais importantes dirigentes anticoloniais, Amílcar Cabral, propomos elaborar uma história particularmente atenta à circulação e transformação de certas tecnologias de poder entre territórios metropolitanos e territórios coloniais, nos domínios científico, político e militar. 


José Neves é Historiador no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Será um dos oradores na 3ª sessão do Observatório de África, América Latina e Caraíbas no dia 29 de Março.

Consultem a programação do 4º Observatório.

Uma História de Protesto Popular e Luta Anticolonial

Publicado17 Mar 2014

4º Observatório

"Uma História de Protesto Popular e Luta Anticolonial: Política em Portugal e no Império Português do Século XIX ao 25 de Abril" é o tema da 3ª sessão do Observatório, que será realizada no dia 29 de Março às 15h no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian. Os oradores serão Diego Palacios Cerezales (Historiador, Universidade de Stirling) e José Neves (Historiador, Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa). Serão moderados por Fátima Sá e Melo Ferreira (Historiadora, ISCTE-IUL).

Na época contemporânea, da resistência às invasões francesas até aos anos do PREC, Portugal foi atravessado por vários episódios de revolta e contestação popular. A história deste protesto é muitas vezes remetida a um estatuto secundário, sendo dada primazia ao estudo dos conflitos entre os actores institucionais. Neste debate, ir-se-á analisar as diferentes formas da política ’a partir de baixo‘, atendendo tanto a períodos de normalidade institucional como de crise de regime. Simultaneamente tentar-se-á que esta história do protesto popular, no Portugal contemporâneo, seja igualmente interpelada pela análise do passado colonial e das lutas anticoloniais. Esta interpelação, cuja razão de ser mais visível poderia ser o facto da democratização e da descolonização terem coincidido no processo revolucionário de 1974/75, convida a olhar para a circulação de conceitos e práticas de resistência, a caminho de uma história da Europa que deverá ser uma história dos seus espaços imperiais e vice-versa.

Vejam a programação do 4º Observatório de África, América Latina e Caraíbas.

Stuart Hall: uma conversa inacabada sobre cultura, pós-colonialismo e neoliberalismo

Publicado14 Mar 2014

Stuart Hall

A UNIPOP e a revista imprópria organizam no dia 22 de Março, na Casa da Achada em Lisboa (ver localização aqui), "Stuart Hall: uma conversa inacabada sobre cultura, pós-colonialismo e neoliberalismo", assim como a projecção do filme The Stuart Hall Project.

PROGRAMA


17h-20h
debate com a participação de:

Ricardo Noronha – historiador e investigador do Instituto de História Contemporânea (FCSH-UNL)

Nuno Domingos – sociólogo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Sofia Sampaio – doutorada em Estudos Culturais e investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia – CRIA

Manuela Ribeiro Sanches – professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e directora do Centro de Estudos Comparatistas

Marcos Cardão (moderação) – historiador e investigador do Instituto de História Contemporânea (FCSH-UNL)

 

21h30-23h – projecção do filme The Stuart Hall Project

 

Autor prolífico e heterogéneo, Stuart Hall foi preponderante para a consolidação académica dos estudos culturais e para a emergência da «nova esquerda», tornando-se um dos editores da revista New Left Review. A sua determinação em analisar objectos de baixo estatuto cultural, relacionando cultura, poder e política, abriu campos de pesquisa e influenciou múltiplos leitores. A sua obra foi igualmente vital para os debates sobre etnicidade, multiculturalismo e diferença, mas também sobre o significado político do thatcherismo, cuja emergência política foi analisada em Policing the Crisis (1978). A obra, influência e legado de Stuart Hall vai servir de pretexto para uma conversa com Ricardo Noronha, Nuno Domingos, Sofia Sampaio e Manuela Ribeiro Sanches. A sessão incluirá ainda a projecção do filme The Stuart Hall Project (2013), realizado por John Akomfrah.

Sobre "This Must be the Place | Este é o Lugar"

Publicado13 Mar 2014

Nigeriano com hiena

(...) Hugo often works in, and undercuts, established traditions. If his portraiture questions the very validity of the portrait as a means of expressing anything meaningful about the subject, his human typologies – honey collectors, workers on a vast technology dump in Ghana, actors working in "Nollywood", the Nigerian film industry – are notable, too, for the ways in which they comment on identity, belonging and self-expression in post-colonial Africa.

Leiam a crítica do Guardian.

A exposição Este é o Lugar abre ao público no próximo dia 28 de Março.

Pieter Hugo: This Must be the Place

Publicado12 Mar 2014

Uma entrevista com o curador da exposição "This Must be the Place | Este é o lugar", Wim van Sinderen, aquando da apresentação da exposição no Fotomuseum em Haia.

E uma entrevista com o fotógrafo, Pieter Hugo.

A exposição Este é o Lugar abre ao público no próximo dia 28 de Março. 

Concurso para bolseiros no âmbito do projecto UNPLACE

Publicado11 Mar 2014

Estão abertos dois concursos para a atribuição de bolsas de investigação no âmbito do projecto "UNPLACE - Um museu sem lugar: museografia intangível e exposições virtuais" do Instituto de História da Arte da FCSH/UNL.

Mais informações aqui e aqui.

Os fantasmas do colonialismo regressam

Publicado9 Mar 2014

E difícil ultrapassar a ficção de 12 Anos Escravo, que é no fundo o documento de uma desumanidade.

Assistimos a uma curiosa evolução dos vários regimes políticos dos Estados africanos. Países como Eritreia, o Tchad, a Guiné Equatorial mantêm regimes autocráticos. A África do Sul mostra-se incapaz de encontrar soluções para a diminuição da desigualdade. Sucedem-se guerras civis na Somália. Em mais de três dezenas de países africanos foram adoptadas leis homofóbicas e quatro desses países punem a homossexualidade com pena morte. E, mais recentemente, todos os países da CPLP, o que inclui tanto os ex-colonizados como o ex-colonizador, já declararam aceitar como novo membro um dos estados mais tenebrosos de África: a Guiné-Equatorial cujo presidente é o ditador Obiang. 


De tudo isto fica a sensação de uma grande decepção pós-colonial. Como se entre o período da colonização -- ou seja, entre o século XV e o século XX -- e o período que se lhe seguiu (que numa classificação rudimentar da História se chama Pós-colonial), houvesse um corte radical e se apresentasse uma espécie de um grande final à maneira de Hollywood com os ex-colonizados mártires a vencer e os maus, os colonizadores, a serem expulsos daquelas terras depois de anos de ocupação indevida mas em que o colonialismo ficou recalcado e agora ressurge com novas formas e outros protagonistas, grande parte deles, africanos. O que os primeiros sonhadores de um pós-colonialismo como Aimè Césaire, Frantz Fanon ou Amílcar Cabral queriam, a criação de um homem novo a partir do que se tinha tornado a figura do negro, afinal não se tornou realidade nem nas primeiras independências, nem em todo o continente africano. Porventura porque o homem novo não é senão uma miríade messiânica e o que pode e também já acontece são sociedades renovadas que desconstroem o seu passado colonial.


É um facto que se deu a ocupação de todo um continente – para só falarmos em África – por um conjunto de nações europeias que formaram Impérios. Estes, exploraram os recursos naturais das terras de vários povos, ocuparam os seus espaços, violentaram-lhes os horizontes e, pior, criaram uma mercadoria a que chamaram: o negro. E esta mercadoria, o negro, foi traficada durante centenas de anos sem que os arautos mais puros do Iluminismo europeu se tivessem insurgido contra isso. Entre esses promotores da modernidade europeia estão escritores como Diderot ou Voltaire, dramaturgos como Molière ou Voltaire, libretistas como Lorenzo Da Ponte, pintores como Velazquez, David, Manet, Ingres, filósofos como Kant ou Hegel; ilustres fundadores da modernidade europeia que aceitaram ir no embalo com que o capitalismo nascente introduzira, nas transacções comerciais, o negro. A justiça manda que se ressalve o Padre António Vieira a denunciar a escravidão transatlântica. 

É certamente para todos nós inconcebível que homens e mulheres pudessem ser propriedade privada de outros seres humanos até há pouco mais de 150 anos. Por isso é difícil o exercício de racionalidade quando assistimos a filmes como “Django Libertado” de Tarantino e “Doze anos escravo” de Steve McQueen. Porque se tem dificuldade em ultrapassar o lado ficcional e ver ali a expressão documental dessa desumanidade. 

O problema da incompletude da Modernidade europeia tem como núcleo principal – ainda hoje - o grande trauma do colonialismo. Este ficou por resolver e a sombra dessa barbárie é o fardo escuríssimo que a Europa e os colonos europeus herdaram. Recordemos que a escravatura atlântica atingiu vários continentes e em todos eles as pessoas de origem africana foram transformadas em mercadoria. Um sistema muito complexo, envolvendo vários poderosos – os Estados, os príncipes, os negociantes, a Igreja Católica – criou “o Negro como uma espécie de homem-coisa, homem-metal, homem-moeda, homem-plástico” (Achille Mbembe, “Critique de la raison nègre”, 2013). 

Há que olhar o pós-colonialismo para lá do que é a banalização da rede complexa de teorias que os media tanto anunciaram como moda como depois esqueceram, num processo de produção de amnésia colectiva. E há que entendê-lo nas suas múltiplas formas e etapas de desenvolvimento, sublinhando que ele não é assunto exclusivo das ex-colónias, é um problema do antigo Império europeu, para usarmos a designação dos pensadores Toni Negri e Michael Ardt (Empire, 2000).
Entre o que foi promovido e reclamado pelos primeiros lutadores pela causa da libertação das colónias europeias e a actualidade, entre os anos 30 do século passado e a publicação muito recente da obra já incontornável de Achille Mbembe acima mencionada (“Critique de la raison nègre”, 2013), muita coisa aconteceu. Esse processo vai da assunção virulenta e necessária de uma ideologia que rompesse com a opressão colonial (uma vez que esta apenas metamorfoseava o esclavagismo na exploração da força de trabalho a baixíssimo custo, mantendo o negro despojado de ‘cultura’ porque continuava a ser apenas um indígena) até à desconstrução radical do negro, da sua invenção e da invenção da raça. 


A obra de Achille Mbembe revela que os saberes e as tecnologias do capital e, mais ainda, do neo-liberalismo que se impuseram como políticas dos Estados conservam, por nostalgia e por interesses de negócios, a figura do negro desta forma: Negro é todo o africano que é pobre.
Sabemos que os processos de libertação e as independências africanas levaram a que, na relação dos Estados ex-colonizadores com os novos países africanos, se gerassem formas mais ou menos continuadas de relações de interesses. Assim, houve uma descolonização política das ex-colónias mas está por fazer a descolonização dos espíritos dos governantes dos dois lados destas parcerias. E isso é evidente na ausência de uma viragem descolonizadora no modo de fazer política. 


Repare-se como são poucas as novas formas de fazer política conservando a democracia e enfrentando a globalização. E a ausência dessa necessária viragem descolonizadora, essa preservação de Estados espiritualmente colonizados, revela-se também na ausência nestes estados neo-colonizados das expressões artísticas e das regulamentações de justiça social.
Depois do período de nojo que a Europa viveu (em vários calendários) e que todo o mundo viveu com a declaração das independências pelos estados africanos, veio um tempo em que os independentistas tiveram de se confrontar rapidamente com o nado-morto que era a tal emergência do Homem Novo Africano. Seguiram-se períodos de redefinição, convulsões e alguns apaziguamentos temporários. A expressão maior disto é o período da governação arco-íris na África do Sul durante a presidência de Mandela.

Na tese do já referido livro “Crítica da Razão Negra” há aspectos permanecem como chagas e a todos dizem respeito. O primeiro é que o negro permanece enquanto fantasmagoria, não já com a frieza do homem-metal ou com a espectacularidade da bailarina Josephine Baker, mas como o africano sem papéis que quer chegar a Lampedusa e é identificado como fazendo parte de uma raça: a de todos os negros que querem chegar a Lampedusa. Um segundo é a irrupção populista tanto em países europeus como africanos do tema da raça e da sua associação ao nacionalismo.


Achille Mbembe apresenta uma revisão radical dos textos pós-coloniais clássicos e refuta as teorias pós-coloniais quando hoje persistem em impor-se como ideologia. Afirma que, apesar de o tentar, a Europa já não constitui o centro de gravidade do mundo porque outros saberes tecnológicos e outras formas mais velozes de circulação de capital, oriundas de outras regiões, a ultrapassaram. Mas nem por isso o momento é menos perigoso. Na actualidade, a situação de subalternidade para onde o capitalismo empurrou todos os subalternos, ou seja, quase toda a humanidade, faz com que pensemos que talvez se esteja a caminhar em direcção a um “devir-negro” à escala global que já não identifica somente todas as pessoas de origem africana mas toda a humanidade que estiver na situação de subalternidade: sem papéis, sem trabalho, manipulado nos imensos bancos de dados dos computadores, tanto imigrantes africanos como europeus ambos “homens-descartáveis” no nomadismo forçado vendendo a sua criatividade e a sua força de trabalho, e aos quais são indiferentes os poderosos com toda a sua indiferença e toda a sua ignorância.

António Pinto Ribeiro

Crónica inicialmente publicada a 7 de Março de 2014 no suplemento Ípsilon do jornal Público.

Os escritores da diaspora zimbabweana

Publicado7 Mar 2014

Brian Chikwava

The diaspora novel is not a new phenomenon in the relatively small body of Zimbabwean literature as Dambudzo Marechera’s posthumous publication, The Black Insider (1992) and Wilson Katiyo’s Going to Heaven (1979) stand out from those writers who were forced into exile by different but more horrible circumstances of colonial apartheid. DE Mutasa’s Nyambo DzeJoni (2000) is a recent Shona account of life down south.

But what is also uniquely apparent is that the diaspora novel is becoming the dominant genre of contemporary Zimbabwean writing. Those writers who are giving a global face to Zimbabwean literature are ensconced outside, far from the madding crowds of Harare or Bulawayo, not witness to the buzz, the gossip, the scandals. Perhaps it doesn’t mean anything.

Leiam o artigo do jornal The Standard.

"Dust", o primeiro romance de Yvonne Adhiambo Owuor

Publicado6 Mar 2014

 Yvonne Adhiambo Owuor

Only the reader who truly loves books — books full to brimming with imagery — will appreciate the magic Owuor has made of the classic nation-at-war novel. With splintered lyricism, she tells the story of the Oganda family: Moses Odidi, a young, brilliant, rugby-playing engineer who is brutally murdered in the prologue; his younger sister, Arabel Ajany, a gifted painter who returns from Brazil to bury her brother, then switches tack and scours Nairobi to “find” him; their father, Aggrey Nyipir, an elegant gravedigger turned cattle herder, once the right-hand man to the rogue British officer Hugh Bolton; Bolton’s son, Isaiah William, arriving in Kenya to search for his father; and Akai Lokorijom, the devastatingly beautiful, AK-47-wielding woman who unites them all. These are fragile, passionate human beings, most of them guilty of righteous violence, all of them bearing wounds and hopes that will lead to death or redemption. The richness of the plot alone will challenge a lazy reader. But the visceral lusciousness of the prose will thrill a lover of language.

Leiam a crítica de Taiye Selasi no New York Times.

As lutas LGBT em África

Publicado5 Mar 2014

Yoweri Museveni, Presidente do Uganda

A revista Pambazuka dedica um número especial às lutas LGBT em Árica. Leiam a introdução do jornalista Henry Makori, Why we must stop this gay witch-hunt now.

  

The Canonisation of Terror

Publicado4 Mar 2014

Wole Soyinka

The sheer weight of indignation and revulsion of most of Nigerian humanity at the recent Boko Harma atrocity in Yobe is most likely to have overwhelmed a tiny footnote to that outrage, small indeed, but of an inversely proportionate significance.  This was the name of the hospital to which the survivors of the massacre were taken. That minute detail calls into question, in a gruesome but chastening way, the entire ethical landscape into which this nation has been forced by insensate leadership.  It is an uncanny coincidence, one that I hope the new culture of ‘religious tourism’, spearheaded by none other than the nation’s president in his own person, may even come to recognize as a message from unseen forces.

For the name of that hospital, it is reported, is none other than that of General Sanni Abacha, a vicious usurper under whose authority the lives of an elected president and his wife were snuffed out.  Assassinations – including through bombs cynically ascribed to the opposition – became routine. Under that ruler, torture and other forms of barbarism were enthroned as the norm of governance.  To round up, nine Nigerian citizens, including the writer and environmentalist Ken Saro-wiwa, were hanged after a trial that was stomach churning even by the most primitive standards of judicial trial, and in defiance of the intervention of world leadership. We are speaking here of a man who placed this nation under siege during an unrelenting reign of terror that is barely different from the current rampage of Boko Haram. It is this very psychopath that was recently canonized by the government of Goodluck Jonathan in commemoration of one hundred years of Nigerian trauma.

It has been long a-coming. One of the broadest avenues in the nation’s capital, Abuja, bears the name of General Sanni Abacha. Successive governments have lacked the political courage to change this  signpost – among several others - of  national self degradation and wipe out the memory of the nation’s tormentor from daily encounter. Not even Ministers for the Federal Capital territory within whose portfolios rest such responsibilities, could muster the temerity to initiate the process and leave the rest to public approbation or repudiation. I urged the need of this purge on one such minister, and at least one Head of State. That minister promised, but that boast went the way of Nigerian electoral boast.  The Head of State murmured something about the fear of offending ‘sensibilities’. All evasions amounted to moral cowardice and a doubling of victim trauma. When you proudly display certificates of a nation’s admission to the club of global pariahs, it is only a matter of time before you move to beatify them as saints and other paragons of human perfection. What the government of Goodluck Jonathan has done is to scoop up a century’s accumulated degeneracy in one preeminent symbol, then place it on a podium for the nation to admire, emulate and even – worship.  

There is a deplorable message for coming generations in this governance aberration that the entire world has been summoned to witness and indeed, to celebrate. The insertion of an embodiment of  ‘governance by terror’ into the company of committed democrats, professionals, humanists and human rights advocates in their own right, is a sordid effort to grant a certificate of health to a communicable disease that common sense demands should be isolated. It is a confidence trick that speaks volumes of the perpetrators of such a fraud. We shall pass over - for instance - the slave mentality that concocts loose formulas for an Honours List that automatically elevate any violent bird of passage to the status of nation builders who may, or may not be demonstrably motivated by genuine love of nation.  According generalized but false attributes to known killers and treasury robbers is a disservice to history and a desecration of memory.  It also compromises the future. This failure to discriminate, to assess, and thereby make it possible to grudgingly concede that even out of a ‘doctrine of necessity’ – such as military dictatorship -  some demonstrable governance virtue may emerge, reveals nothing but national self-glorification in a moral void, the breeding grounds of future cankerworm in the nation’s edifice.

Such abandonment of moral rigour comes full circle sooner or later. The survivors of a plague known as Boko Haram, students in a place of enlightenment and moral instruction, are taken to a place of healing dedicated to an individual contagion – a murderer and thief of no redeeming quality known as Sanni Abacha, one whose plunder is still being pursued all over the world and recovered piecemeal by international consortiums – at the behest of this same government which sees fit to place him on the nation’s Roll of Honour! I can think of nothing more grotesque and derisive of the lifetime struggle of several on this list, and their selfless services to humanity. It all fits. In this nation of portent readers, the coincidence should not be too difficult to decipher.

I reject my share of this national insult.

Wole Soyinka

Fonte: Sahara Reporters

Diverscidades - Festival de Fotografia Encontros de Maputo 2015

Publicado3 Mar 2014

Ao longo de processo de crescimento e desenvolvimento da sua capacidade de analise e maturidade, o ser humano vai aos poucos ganhando a sua identidade na medida em que se vai humanizar e é evidente que a tal identidade depende muito mais do ambiente em que o mesmo vai se formando com predominância de divergências e convivências de variáveis ideias, características ou elementos distintos entre si. É nesta abordagem onde constata-se também o papel fundamental que a fotografia desempenha na construção da memória e o seu desempenho na formação de ser humano, desde a sua descoberta, a fotografia esteve presente na vida social, econômica, política entre varias outras vertentes como índice puro da realidade.

Com o passar do tempo, todos querem rever a imagem no espelho refletindo o passado de cada um de nós para melhor compreender as nossas distintas formas de ser e as mudanças entre as nossas semelhanças e diversidades.

O tema do Festival de fotografia ENCONTROS DE MAPUTO 2015 é "Diverscidades". A escolha de tema neste contexto está ligada a intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância mútua.  A diversidade é as diferentes características das pessoas cada uma tem defeitos e qualidades diferentes.

Mário Macilau, Presidente