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José Neves na terceira sessão do Observatório

Publicado17 Mar 2014

José Neves

Parte importante dos discursos memorialistas e historiográficos que assinalam o 25 de Abril de 1974 referencia-o como um dos eventos fulcrais da História Contemporânea de Portugal, nomeadamente considerando-o como momento fundador do regime democrático português. Se este argumento não merece contestação, uma genealogia do evento menos atenta à sua repercussão nacional convidará a que o compreendamos não apenas na sequência de lutas travadas contra a ditadura mas também contra o colonialismo. Dito por outras palavras, o 25 de Abril deverá ser entendido não apenas como fim do Estado Novo mas também como o fim do Império Português e, seguindo uma formulação anti-imperialista relativamente clássica, podemos dizer que houve uma relação virtuosa entre as lutas sociais travadas na Europa e as lutas nacionais travadas em África. O reconhecimento desta relação virtuosa é, todavia, apenas uma parte da história que pretendemos contar. Se partilhamos uma genealogia do 25 de Abril que não o confina a um sentido histórico português, igualmente pretendemos contribuir para uma genealogia que não confine nacionalmente a história do anticolonialismo. Isto é, pretendemos elaborar uma genealogia das lutas anticoloniais que não reduza o seu sentido ao de uma etapa preparatória dos regimes políticos edificados após as independências. Para este efeito, nesta comunicação, seguindo em particular o processo de construção do discurso de um dos mais importantes dirigentes anticoloniais, Amílcar Cabral, propomos elaborar uma história particularmente atenta à circulação e transformação de certas tecnologias de poder entre territórios metropolitanos e territórios coloniais, nos domínios científico, político e militar. 


José Neves é Historiador no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Será um dos oradores na 3ª sessão do Observatório de África, América Latina e Caraíbas no dia 29 de Março.

Consultem a programação do 4º Observatório.