Logótipo Próximo Futuro

O Estado das Artes em África e na América do Sul

5º workshop de investigação

12 Mai 2011 - 9:30 – 17:30

Auditório 3

Entrada livre

O 5º workshop de investigação e produção teórica deste Programa é dedicado ao Estado das Artes em África e na América do Sul. Sendo o Próximo Futuro um programa centrado nestas regiões geográficas e nas diásporas dos países que delas fazem parte, pretende-se, assim, estudar e problematizar o estado das várias artes nestes países e nas suas diásporas, quer no que diz respeito às práticas artísticas, quer no que diz respeito às narrativas sobre as artes, em especial no período pós-independentista, muito diferente conforme os países e os continentes geográficos a que nos referimos.

Lilia Benzid (Cortesia da artista)

9h30 

Magdalena López (CEC-Centro de Estudos Comparatistas/ UL)

IMAGINARIOS POST-UTÓPICOS EN LA ACTUAL NARRATIVA CUBANA (pdf)

A partir dos anos noventa, a narrativa cubana interroga-se sobre o desmoronamento da utopia revolucionária. Geralmente, a crítica literária tendeu a estabelecer uma diferenciação entre aqueles narradores que foram filhos da utopia, nascidos apenas uns poucos anos antes de 1959 e a geração posterior, que nasceu depois desse marco histórico, no rescaldo do insucesso dessa mesma utopia. Ambos os grupos distinguem-se por um traço fundamental: os primeiros chegaram a partilhar uma fé nas premissas da revolução que os mais recentes nunca chegaram a ter. Apesar deste traço distintivo, é possível encontrar pontos de encontro entre os “desiludidos” e os “novíssimos” que nos levam a questionar a forma de abordar novas subjectividades numa nação que aparenta não ter futuro. A minha pesquisa compreende um estudo comparativo dos romances El libro de la realidad (2001) de Arturo Arango, Las bestias (2006) de Ronaldo Menéndez (2006), Paisaje de otoño (1998) de Leonardo Padura e Cien botellas en una pared (2002) de Ena Lucía Portela. Estas obras coincidem na necessidade de desconstruir os parâmetros identitários e teleológicos do discurso revolucionário ao mesmo tempo que, as duas últimas, longe de anunciar o fim da história; sugerem novas possibilidades de agenciamento que resistem à derrocada pós-utópica.

10h00

Margarida Louro e Francisco Oliveira (CIAUD - Centro de Investigação de Arquitectura, Urbnaismo e Design/ FAUTL)

CASAS PARA UM PLANETA PEQUENO. ARTE, ARQUITECTURA E TERRITÓRIO, A CONDIÇÃO URBANA CONTEMPORÂNEA DOS MUSSEQUES EM LUANDA. (pdf)

Casas para um Planeta Pequeno, assume-se como uma investigação sobre a contingência contemporânea de crescimento e densificação urbana, propondo através da reflexão de um contexto particular: os musseques de Luanda, uma abordagem critica que promova soluções potenciadoras de novas urbanidades emergentes, onde interagem diversas escalas e campos de expressão. De facto os musseques como paradigma da cidade informal preconizam um caso potencial de reflexão e intervenção perante a aceleração de concentração e crescimento populacional em condições desqualificadas. O grande objectivo desta investigação é assim a proposta de unidades habitacionais autónomas e sustentáveis entre a arte, a arquitectura e o território, que impondo novas lógicas de implementação promovam, a partir de potencialidades locais, soluções de espaço qualificado.

10h45

Mirian Tavares (CIAC – Centro de Investigação de Artes e Comunicação/ Escola Superior de Teatro e Cinema. Universidade do Algarve)

CINEMA AFRICANO: UM POSSÍVEL, E NECESSÁRIO, OLHAR (pdf)

Na África são produzidos milhares de filme por ano. Falar de cinema em África é falar da procura de meios possíveis para a sua realização – os filmes, quase sempre são feitos e distribuídos em VHS ou DVD, o que não invalida a criação de uma linguagem própria que advém das condições mesmas de produção. Para conhecer melhor o outro e tentar perceber o seu lugar na construção de uma nova narrativa, mais adequada ao necessário esbatimento das fronteiras culturais actuais, precisamos de apreender o seu discurso sobre os outros, que somos nós. Neste contexto, coloca-se esta questão: de que maneira as sociedades africanas absorveram, transformaram ou rejeitaram, o modelo de narrativa ocidental da modernidade?

Assim sendo, e partindo da premissa que o cinema, como forma visível, é mais do que apenas uma forma cultural e/ou artística, é também uma maneira de se organizar e de se reflectir sobre o mundo, irei utilizar este medium como veículo que poderá ajudar-nos a compreender as marcas que o ocidente deixou nas culturas africanas.

11h15

Sara Martins (Departamento de Sociologia/ Goldsmiths College)

A ARTE DA FRONTEIRA: NOTAS SOBRE A PROBLEMÁTICA DA CIRCULAÇÃO ARTÍSTICA EM TERRITÓRIO AFRICANO (pdf)

Esta comunicação propõe-se problematizar as especificidades adjacentes 'a produção de um festival de artes performativas e o seu modus operandi dentro de fronteiras africanas.  

No 1o Campus Euro-Africano de Cooperação Cultural (Moçambique, 2009) uma das questões que aproximou produtores culturais africanos de diferentes origens e áreas de actuação foi a dificuldade de circulação artística em África - a questão das fronteiras. A fronteira associa-se ao problema da falta de transporte, 'a dificuldade em obter e validar vistos, 'as fronteiras linguísticas, étnicas. Existem fronteiras culturais, mas são sobretudo as sociopolíticas que ditam condições de trabalho artístico e desafiam a criatividade dos programadores.

Nesta pesquisa olhamos para 2 festivais de grande visibilidade internacional como estudos de caso desta problemática: HIFA - Harare International Festival of Arts, Harare/ Zimbabwe; e o Festival Mondiale des Arts Negres, Dakar/Senegal. Ambos projectos têm significativo impacto local, quer em termos económicos como simbólicos.  

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CONVIDADOS

14h30

Bárbara Alves (Portugal)

Do Centro para a Periferia (pdf)

Reflectindo sobre uma prática de design que tem como base processos participados para explorar comunicação em comunidades, discutir-se-ão ideias sobre metodologias, perspectivas e conflitos, realçando a importância de interpretações culturais. Apresentam-se projectos desenvolvidos entre 2008 e 2010: «Do Centro para a Periferia» foca primeiras experiências em comunidades com forte presença africana, na periferia de Lisboa. O desafio do contexto apresenta acções desenvolvidas com o Grupo de Teatro do Oprimido de Maputo em Hulene (Maputo); o projecto ZONA aborda questões relacionadas com espaço público; e Cadeiras abre-se ao desafio da língua, às suas idiossincrasias locais, assim como a uma perspectiva sobre cultura material moçambicana.

Barbara Alves

Licenciada em Design de Comunicação pela Universidade do Porto, especializa-se em  tipografia e design de tipos, concluindo em 2003 o mestrado em Type]Media pela KABK (Haia, Holanda), com dialogue, um tipo de letra desenvolvido para legendagem em ecrã. Desde 2004 que se interessa pelo design como ferramenta participativa e de desenvolvimento social, tendo frequentado a Pós-Graduação em Cultura e Discursos Emergentes (FCSH-UNL), o Mestrado em Sociologia e Planeamento (ISCTE) e desenvolvido várias oficinas (entre Lisboa, Maputo e Amesterdão), enquanto plataformas para experimentação prática. Actualmente desenvolve PhD no campo do design, participação, linguagem e questões identitárias, na Goldsmiths, University of London, sob o tema “Reading context: visual worlds, angles of meaning,” com orientação de Jennifer Gabrys e Bill Gaver. A sua actividade profissional incorpora duas práticas complementares, designer e docente: http://work-b.blogspot.com e http://workshop-b.blogspot.com.

15h00

Federica Angelucci (Itália)

A Survey of Surveys: um panorama das exposições de fotografia africana

Desde a exposição seminal In/sight: African Photographers, 1940 to the Present no Museu Guggenheim, em 1996, e a quase simultânea publicação da antologia da Revue noire, a fotografia africana tem vindo a atrair a atenção do público internacional. Desde então, nos últimos quinze anos, algumas das mostras mais significativas incluem Flash Afrique! Photography from West Africa (2001), Snap Judgements (2006), A Useful Dream (2010), Afropolis (Colónia, 2010), Figures and Fictions (Londres, 2011), para enumerar apenas algumas. A iniciativa destes projectos tem partido, na maior parte dos casos, de instituições ocidentais e de curadores da Diáspora. É interessante realçar que a Bienal de Fotografia Africana de Bamako, há já algum tempo o único evento fotográfico de relevo organizado em África, tem vindo a ser secundarizada por outros eventos como o Lagos Photo, o Fotofestival de Addis Abeba e o Festival de Fotografia de Abidjan, cujas curadorias e organização são locais. Esta comunicação irá fornecer uma perspectiva global da fotografia contemporânea africana tal como tem sido construída pelas principais mostras. Irá igualmente apontar os estilos e temas da geração mais nova de fotógrafos africanos que têm emergido dos eventos de fotografia africanos mais recentes.

Federica Angelucci

Federica Angelucci, nascida em Itália, tem uma licenciatura em Ciência Política pela Universidade Católica de Milão, e é Directora e Curadora de Fotografia da Galeria Michael Stevenson, na Cidade do Cabo. Anteriormente, trabalhou para a agência Magnum Photos em Paris, e para a Peliti Associati, uma editora de fotografia em Roma. Entre os seus últimos projectos inclui-se a exposição “After A”, no âmbito do Festival Atri Reportage, de 2010; actualmente está a fazer um Mestrado em História Visual na Universidade de Western Cape. 

15h45

Cergio Prudencio (Bolívia)

A Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos (OEIN)

A Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos(OEIN)é um conjunto de música contemporânea único no seu gênero. Trabalha com instrumentos musicais tradicionais do Planalto dos Andes, assumindo o profundo significado cultural com o qual estão conotados. A proposta da OEIN consiste em trazer ao presente as ancestrais raízes andinas pre-hispânicas, para desenvolver uma proposta cultural nova ao nível estético e educativo. O seu repertório inclui, principalmente, música erudita de vanguarda, especialmente criada para estes instrumentos, bem como também antiga música tradicional das comunidades aimaras y quechuas da Bolívia. Em ambos os casos, o tratamento dos instrumentos privilegia o respeito pela sua forma física original, pela sua emissão sonora, pela afinação e performance próprias. Para além de ser um elenco musical, a OEIN constitui um sistema de educação musical básica, que trabalha com os instrumentos nativos como ferramentas operativas. Assim, os alunos desenvolvem simultaneamente competências musicais, capacidades de pensamento e atitudes cooperativas para a vida.

CERGIO PRUDENCIO (La Paz-Bolívia, 1955). É compositor, director de orquestra, investigador e docente, fundador e director titular da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos (OEIN) desde a sua criação em 1980. Com ela tem vindo a desenvolver uma estética contemporânea de fortes reminiscências ancestrais, em obras como La Ciudad (1980), Cantos de Tierra (1990), Cantos Meridianos (1996), Uyariwaycheq (1998), Cantoscrepusculares (1999), Cantos ofertorios (2009), entre outras.

Prudencio compôs também música para formações instrumentais convencionais, como grupos de câmara, solos, música electro-acústica e sinfónica, com difusão em diferentes países da América e da Europa. Foi compositor residente no Schloss Wiepersdorf na Alemanha (2001) e em Bellagio Study no Conference Center da Fundação Rockefeller (Italia 2007) e bolseiro da Fundação Guggenheim (EUA, 2008-2009). Na área audiovisual, a música de Prudencio acompanha mais de quarenta títulos de cinema, teatro, vídeo e dança.

16h15

Kenneth Montague (Canadá)

A Colecção Wedge

Como canadiano de ascendência jamaicana, o meu interesse pela arte centra-se necessariamente na história, na memória, migração e identidade. A Wedge começou como uma galeria comercial em minha casa e evoluiu para a Wedge Curatorial Projects: uma organização sem fins lucrativos com a missão de explorar a cultura negra global através da fotografia e de outros media.A Colecção Wedge está no centro deste projecto sempre em evolução. Na minha comunicação apresentarei, recorrendo a imagens, uma breve história do meu projecto artístico. Esta incluirá as primeiras exposições em minha casa, vários projectos curatoriais, como workshops com artistas e colectâneas de música, assim como imagens de algumas obras mais emblemáticas na minha colecção. Na parte final da apresentação irei concentrar-me na minha mais recente exposição, Position As Desired / Exploring African Canadian Identity: Photographs from the Wedge Collection, que foi apresentada no Royal Ontario Museum, em Toronto.

Kenneth Montague

O Dr. Kenneth Montague é licenciado pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Toronto. É dentista, coleccionador de arte e curador. É, igualmente, fundador da Wedge Curatorial Projects, uma organização sem fins lucrativos dedicada à promoção da arte contemporânea que investiga a identidade negra. É também o proprietário da Wedge Collection, que inclui fundamentalmente fotografia histórica e contemporânea, mas que mais recentemente tem vindo a incluir vídeo, pintura e design.