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Grandes LIÇÕES Próximo Futuro

Tradução simultânea e Transmissão online

8 Set 2012 - 15:00 – 18:00

Aud. 3 da Fundação Calouste Gulbenkian

Entrada livre

Ticio Escobar, um dos mais respeitados intelectuais da América do Sul, e Abdelwahab Meddeb, um dos primeiros autores a escrever sobre a Primavera Árabe, são os convidados do Próximo Futuro para este ciclo das “Grandes Lições”, numa linha de programação que privilegia pensadores da América do Sul, África e Europa. Curador, professor e crítico de arte, Ticio Escobar (Assunção, 1947) foi até há poucos meses ministro da cultura do Paraguai e irá falar-nos sobre o futuro da arte popular indígena num contexto de globalização e a capacidade de sobrevivência das culturas tradicionais na contemporaneidade. O ensaísta, poeta e comentador político franco-tunisino Abdelwahab Meddeb (Tunes, 1946), crítico feroz do fundamentalismo islâmico, foi um dos primeiros autores a escrever sobre a revolução árabe: “Primavera de Tunes – a metamorfose da história” (2011) é também a sua obra mais recente. Na sua conferência irá falar-nos sobre a liberdade que se perspetiva para o futuro, tendo em conta o conflito entre secularismo e islamismo.

Avelina Crespo

Moderador: António Pinto Ribeiro

15h00 - Depois da “Primavera Tunisina”: o futuro da liberdade na alvorada do conflito entre laicos e islamitas, por Abdelwahab Meddeb

«Não é seguro que a queda de uma ditadura conduza automaticamente ao advento da democracia. Existe, de facto, a ameaça de passar de uma ditadura para outra; de uma ditadura mafiosa e corrupta para uma que imponha o totalitarismo islâmico, na tentativa de imprimir as suas regras aos hábitos e costumes. É esta a situação atual dos países árabes que conheceram o sobressalto de 2011 (nomeadamente, o Egito e a Tunísia): estaremos perante a passagem da primavera para o outono…».

Abdelwahab Meddeb

ABDELWAHAB MEDDEB (Tunes, 1946) Poeta, romancista, tradutor, ensaísta e editor do jornal Dédale foi, em 2005, curador da exposição “West by East”, no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, que reuniu obras de arte antiga e contemporânea, procurando relacionar a sociedade ocidental com o mundo árabe. É autor de vinte livros e professor de Literatura Comparada na Universidade de Paris X-Nanterre. Irá ler em francês (com tradução para inglês) excertos do seu romance “White Traverses of the Past”. Vive em Paris desde 1968.

16h30 - Cultura e arte popular: para além da memória, por Ticio Escobar

Partindo da sugestão deste título, a minha conferência abordará o tema das hipóteses de sobrevivência da arte popular de origem indígena no contexto da globalização. O encontro intercultural, realizado no contexto colonial, gerou casos devastadores de genocídio e de etnocídio, nas culturas tradicionais. Este procedimento gerou também métodos simbólicos e imaginários de reajuste transcultural e de criação de novos atos artísticos. Em geral, estas culturas são encaradas no ponto de vista do seu passado e no ponto de vista da sobrevivência da tradição e da memória, mas a promoção da cultura ‘tradicional’ exige a consolidação dos seus processos contemporâneos e a procura de uma perspetiva de futuro.

A questão é saber se a arte proveniente destas culturas terá a capacidade de sobreviver e crescer em condições opostas àquelas que lhes deram origem. É um assunto complicado porque não só envolve o conceito geral de ‘cultura’ mas especificamente o de ‘arte’. Esta questão coloca-se também num contexto de uma tradição que discute o tema artístico de diferentes sistemas de uma maneira fundamentalmente ocidental e num momento em que o papel da arte universal emerge de forma suspeita. Grande parte do debate contemporâneo acerca da cultura prevê a reconsideração de formatos que, na sua versão essencialista, perderam a sua validade. Confrontados com a contingência do acaso de histórias diferentes, podem revelar-se novas pistas sobre o destino das culturas populares. A conferência abordará estas questões, considerando o caso específico das culturas tradicionais da América Latina e, especificamente, do Paraguai.


Ticio Escobar

TICIO ESCOBAR (Asunção, 1947) Curador, professor, crítico de arte e promotor cultural é autor da Lei Nacional de Cultura do Paraguai. Diretor do Museo de Arte Indígena, Centro de Artes Visuales (Assunção) e ex-Presidente National Sections do Paraguai, na Associação Internacional dos Críticos de Arte. Foi Ministro da Cultura do Paraguai (2008-2012). Tem recebido, desde 1984, várias distinções internacionais pelo seu trabalho, destacando-se o reconhecimento por parte da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA, 2011), pelas contribuições extraordinárias no campo da crítica internacional. Publicou mais de dez livros sobre arte indígena, popular e contemporânea, entre os quais podemos encontrar “Una interpretación de las artes visuales en el Paraguay” (em dois volumes1982 e 1984); “El mito del arte y el mito del pueblo” (Assunção, 1986, Santiago de Chile, 2008), “Misión: Etnocidio” (Assunção, 1989), “La belleza de los otros” (1993), “La maldición de Nemur” (Assunção, 1999, Universidades de Murcia e Pittsburgh, 2008), “El arte fuera de sí” (Assunção, 2004, Valencia, 2010) e “La mínima distancia” (Havana, 2010). Na imprensa inclui “La invención de la distancia” (AICA).


17h30 - lançamento do livro "A nossa casa arde a sul: para que serve a ajuda ao desenvolvimento?" de Serge Michailof (apresentação por M.ª Hermínia Cabral, diretora do PGAD)


A ajuda ao desenvolvimento está na berlinda. Há já muito tempo, são numerosas as vozes que se levantam: de que serve ajudar África? Todos os anos se despejam, nesse continente, milhares de milhões de dólares, sem que se verifiquem outros efeitos benéficos além do enriquecimento dos governantes locais… Em tempos de egoísmo e de escassez de dinheiros públicos, estas vozes não podem deixar de encontrar ecos favoráveis. A Nossa Casa Arde a Sul é uma viagem meticulosa, país a país, atenta às complexidades e às contradições. Uma viagem que não se deixa obnubilar pelos dramas, mas procede ao inventário dos sucessos, dos dinamismos, das forças vivas associadas às mudanças de geração. Uma viagem que não condena antes de começar por explicar. E que, depois de explicar, propõe sempre. Ninguém denuncia mais severamente as corrupções dos dois Congos, as delapidações de Madagáscar ou dos Camarões, o escândalo do Gabão, países onde o solo e os presidentes são tão ricos e a população, tão pobre, desprovida de tudo e sem dispor sequer de hospitais adequados. Mas será isso razão para abandonarmos a ajuda ao desenvolvimento? Serge Michailof e Alexis Bonnel explicam-nos as razões pelas quais a ajuda internacional é não só desejável, como essencial, e que o desmoronamento dos países do Sul não deixará incólumes as sociedades ditas ocidentais.


Preço de capa: 19,90 Eur

Preço de lançamento (apenas para vendas aquando do lançamento no dia 8 de Setembro, à saída do Aud. 3 da FCG): 15,00 Eur