Fica ali, no sítio dela, naquela bolsinha mesmo à fente dos meus joelhos, entre um saquinho para momentos mais agitados e as derradeiras instruções para casos de emergência.
A Índico está muito diferentes desde a última vez que a vi. Mudou de visual, está mais bonita, mais atraente. E mudou mais que isso, mudou o modo, mudou a "voz" e o "discurso".
Índico é o nome da revista de bordo da companhia aéra moçambicana e, tal como todas as edições do género, tem como objectivo promover o país e os destinos da transportadora. O escritor Nelson Saúte é o director da revista e não está sózinho já que nela colaboram regularmente outros nomes das letras como Ba Ka Kossa ou Mia Couto e também fotógrafos reconhecidos como Funcho ou Rui Assubuji. Deve ser por isso, por a LAM ter entendido que a indústria ganha em aliar-se aos artistas, aos criadores, e que estes são uma força de trabalho valorosa, que esta "nova" revista, que em Junho faz um ano, transmite Moçambique não só pela sua "geografia" mas também pela sua "demografia" cuidando de mostrar paisagens, como cuida de contar histórias, de revelar as arte e o património.
Não resisto e trago-a comigo quando saio do avião. Envio páginas soltas em cartas aos amigos e à família e guardo alguns recortes como recordações de viagem. Os próximos números sei que os encontro a bordo ou aqui.
Outra data a apontar na agenda, relacionada com a nova temporada de actividades do Próximo Futuro, desta vez no capítulo das suas “Lições”, e já a partir de Maio: sexta-feira, 13!
Nesse dia será uma sorte poder ouvir Patrick Chabal (professor de Estudos Africanos no King’s College de Londres), Breyten Breytenbach (escritor e activista sul-africano, com amplo reconhecimento internacional), Yudhishthir Raj Isar (conselheiro cultural independente e professor de Estudos em Políticas Culturais na Universidade Americana de Paris) e Kole Omotoso (autor de romances históricos, crítico e professor de Drama na Universidade Stellenbosch), no Auditório 2 da Gulbenkian (a partir das 9h30)!
Na mesma sexta-feira 13 de Maio inaugura a exposição “Fronteiras” (núcleo central da 8.ª edição dos Encontros de Fotografia de Bamako) e à meia-noite os Dj’s Kenneth Montague e Lindon Barry dão “Baile” na Garagem da Fundação Calouste Gulbenkian… Mas disso daremos conta em breve…
Alguns links que ajudam a ter uma ideia do que aí vem:
Entre fritos, cafés e bolos de uma cantina manhosa na baixa de Luanda, aguardo que a menina da caixa, negra, belfa, de lábios cor de rosa, me entregue um cartão de saldo para o telefone. Sobre uma das montras de bebidas há um aparelho sintonizado na rádio local que debita em alto volume uma selecção musical inenarrável: Alicia Keys, Mozart, Guns and Roses.
É já no mês de Maio que arranca oficialmente a nova temporada de actividades teórico-práticas do Próximo Futuro, marcando assim a entrada no seu terceiro ano de existência.
Iniciado em Janeiro de 2009 como um exercício de investigação e criação sobre a realidade pós-colonial no triângulo Europa-África-América Latina e Caraíbas, este Programa tem proposto diversas abordagens culturais e artísticas através da realização de workshops de investigação e conferências, espectáculos de teatro e dança, concertos, ciclos de cinema e exposições, procurando reflectir sobre as novas “vizinhanças” no espaço e no tempo. E como elas fazem sentido num presente cheio de contestações sociais e mudanças políticas (ou a sua tentativa) nesta geografia triangular e nas suas ramificações!…
A 12 de Maio realiza-se precisamente o 5.º workshop de investigação, aberto ao público interessado e dedicado ao “ESTADO DAS ARTES EM ÁFRICA E NA AMÉRICA DO SUL”.
À semelhança dos anteriores, é organizado em parceria com centros de estudos universitários e conta com as comunicações de:
o Sara Martins (Dept.º de Sociologia/Goldsmiths College), sobre “A Arte da Fronteira: Notas sobre a problemática da circulação artística em território africano”.
O painel de convidados internacionais, que também contribuirá para esta percepção das possibilidades e limites da convivialidade entre estas “vizinhaças”, trará também ao Auditório 3 da Gulbenkian:
Cergio Prudencio (Investigador boliviano, docente, compositor e director da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos; dedicado ao estudo das raízes andinas ancestrais, pré-hispânicas, no seu trabalho com instrumentos musicais tradicionais do Planalto dos Andes);
Kenneth Montague (Dentista, colecionador de arte e curador canadiano de ascendência jamaicana; fundador da Wedge Curatorial Projects: uma ONG promotora da arte contemporânea que investiga a “identidade negra”);
Bárbara Alves (Portuguesa, professora e designer de comunicação; focará as primeiras experiências em comunidades com forte presença africana na periferia de Lisboa, exemplificando com ações como as desenvolvidas com o Grupo de Teatro do Oprimido de Maputo em Hulene ou no âmbito do projecto ZONA, dando uma perspectiva sobre a cultura material moçambicana);
Federica Angelucci (Italiana a viver na Cidade do Cabo/África do Sul, onde dirige a galeria Michael Stevenson e é curadora de fotografia; procurará traçar um panorama global da fotografia contemporânea africana, a partir das principais mostras da última década).
Portanto: muito para ouvir, pensar, reequacionar, e a entrada é livre!
As mulheres de Maputo estão ainda mais “capulanosas”!
A utilização do tradicional pano africano em modelos arrojados ou clássicos, em peças com corte de pronto a vestir ao estilo ocidental, em acessórios de vestuário e outras utilidades entrou no dia a dia da capital e deixou de ser “extravagância” de estrangeiros para ser identidade dos habitantes de Maputo. Malas, brincos, colares, bolsa para portáteis, cintos ou porta-moedas. Camisas, calções, corsários, vestidos, saias, tiras de cabelo ou chapéus. De tudo se pode encontrar, utilizável por todos, em combinações mais ou menos arrojadas, mais ou menos “combinadas”.
Desde 2005 Maputo apresenta a MFW-Maputo Fashion Week, que de ano para ano vem mostrando novos valores nacionais na área da moda, fazendo mais exigências de qualidade e criatividade aos que se apresentam e trazendo mais nomes estrangeiros – designers e modelos.
Deve ser por isso, por haver uma montra nova para a imaginação na utilização da capulana, e não só, que as mulheres de Maputo estão ainda mais “capulanosas”. E não só elas, eles também!
A utilização dos fatos africanos, feitos de panos coloridos, com cortes tradicionais, de mangas em balão, galões a debruar, lenço na cabeça igual ao pano e saias longas, a utilização destes fatos não está em risco. As mulheres de Maputo, mais velhas ou mais jovens, gostam de passear a sua identidade africana, em momentos especiais, envergando obras primas feitas por alfaiates dedicados e que têm eles próprios um “ranking” apenas conhecido no circuito da moda tradicional. Dizem que os melhores são os congoleses!
Marinela, Ísis, Taibo, Mama África são alguns dos melhores nomes dos novos "alfaiates" Moçambicanos, que reforçam esta identidade africana, que vestem eles e elas, nacionais e estrangeiros, e que tornam Maputo ainda mais singular.
Com o objetivo de fomentar o intercâmbio cultural e a formação de redes artísticas reunindo profissionais de diferentes nacionalidades, a Agencia Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo (AECID), através do Centro Cultural de España e do Fondo Nacional para la Cultura y las Artes (FONCA), promovem o Programa de Residências Artísticas para Criadores da comunidade iberoamericana e do Haiti no México. Toda a informação aqui.
Nas revistas especializadas em literatura surgem semanal, mensal, trimestralmente críticas, resenhas e listas dos livros publicados durante o ano e daqueles que se prevê para a próxima temporada – todos, supostamente, para serem lidos –, há programas de Tv. que anunciam, com simpatia, livros e novos autores, centenas de links de livrarias e de editoras listam centenas, milhares de obras de literatura, as nossas bibliotecas enchem-se de livros, amontoam-se livros pelas casas, tantos que nunca leremos, e nos jornais saem críticas, resenhas, algumas até que pontuam com estrelas para nos facilitar, supõe-se, a economia das aquisições e, no meio de tantas obras, tantas vezes nos parece tudo tão igual, “tão do mesmo ou tão copiado”, com mais ou menos interesse. (continuar a ler)
[Nicolas Rupcich (em colaboração com Emilio Marín), Big Pool, 2010 (fotografia)]
Inaugura esta semana, na Suiça, o projecto de investigação que a curadora e artista Ingrid Wildi Merino concebeu e organizou em Santiago do Chile em Setembro de 2010 e que a co-curadora Kathleen Bühler ajudou a levar agora (e até Maio de 2011), para o Juraplatz e para o Kunstmuseum de Berna.
“Dislocacion” é de facto uma exposição sobre e em deslocação, mas também um simpósio, um ciclo de conferências e outro de cinema e disponibiliza no seu website multilingue textos fundamentais para compreender a ramificação do próprio projecto (basta ir aqui).
O artigo é extenso, mas bom. Destaque para a referência a um colossal trabalho que o Google está a desenvolver para cobrir as mais de 100 línguas africanas faladas por mais de 1 milhão de pessoas cada. Algumas delas só se encontram em forma escrita nos dicionários dos missionários.
Muitos mambos e makas que complicam buisnesses e que precisam ser contornados. Tem chefes, manos, doutores, tias, padrinhos, irmãos primos, sobrinhos, vizinhos e "o camarada lá". Gente com bata, gente com arma, gente com carro, gente com posição, gente com fome, gente com paciência, gente com jeito.
Angola tem devotos que ralham com os seus santos em frente a altares confusos entre cristandades e preposições pagãs; pastores, madres, padres, catequistas, sobas, mais velhos, tradicionais e aflitos
Angola tem códigos alternativos, éticas paralelas, signos próprios, modus operandi. Angola tem ordem. Outra ordem. Modus vivendi
Em Portugal também já está em curso o projecto de mapeamento, cooperação e internacionalização de “Espaços Culturais Independentes”, com o apoio da Rede Europeia de Centros Culturais Independentes TRANS EUROPE HALLES e da plataforma internacional Artfactories.
Esta iniciativa pretende identificar e recolher “informação relevante sobre os modelos de organização, gestão e programação dos espaços culturais independentes, particularmente espaços culturais multidisciplinares, centrados no pensamento e criação artística contemporâneas, com o objectivo de promover o intercâmbio de experiências e cooperação entre centros culturais e agentes independentes nacionais e internacionais, com características similares”.
No respectivo website encontram-se já entrevistas realizadas a algumas das equipas que gerem este tipo de espaços, bem como informação sobre os encontros organizados regularmente pela Trans Europe Halles, nos quais se destacam as sessões de formação sobre “economia, financiamento e sustentabilidade de centros culturais independentes”, e ainda as “visitas organizadas a outros centros independentes”. Também se encontram on-line o dossier do projecto e o formulário que permite ficar no mapa.
Trata-se de uma das maiores exposições de design de artistas africanos e da diáspora apresentada no Mad (Museu das Artes e Design) em Nova Iorque. A exposição reparte-se por vários andares e organiza-se em núcleos tais como: marcas, intersecção de culturas, diálogos ecléticos, transformando tradições, construindo comunidades, etc. E assim são apresentados tecidos, desenhos, fotografias de cortes de cabelo, pintura, roupa, jóias, objectos de uso doméstico, mobiliário, etc. Mas o mais importante é a definição do contexto que indica a produção sofisticada destas obras no mundo global. Os seus autores são africanos ou afro-descendentes e entre as várias dezenas expostos destacam-se nomes como Rachid Korachi, Gonçalo Mabunda, Ynka Shonibare, Sheila Bridges, Iké Udé, Meschac Gaba, Vlisco, e muitos, muitos outros que apresentam obras sofisticadas, elegantes, de bom gosto e recorrendo a materiais inusuais no design europeu e americano e de uma versatilidade ímpar. Mais uma ideia da África cosmopolita.
El Museo del Barrio agora nas novas instalações na 5ªa Avenida (1230) tem um programa muito claro: apresentar a riqueza da cultura latino-americana e caribenha em Nova Iorque. Tem um acervo de 6.500 obras de arte e de culto, algumas delas como 800 anos de história. O museu foi criado há 40 anos e tem cumprido o objectivo de dar a ver as práticas culturais e contar as narrativas das comunidades e dos países que se propôs mostrar bem como da diáspora nova-iorquina com a qual trabalha de um modo muito intenso. Neste momento e até 29 de Maio apresenta uma retrospectiva do artista uruguaio Luis Camnitzer (Alemanha, 1937) residente em Nova Iorque há décadas. A exposição particularmente representativa do percurso de Camnitzer mostra as suas facetas de artista que sempre trabalhou no campo experimental e político. As obras reflectem as suas temáticas sobre a condição de artista de um país periférico, a condição de artista como trabalhador e produtor e o carácter de mercadoria que a obra de arte sempre implica.
Virus americanus xiii, 2003 de Vargas-Suarez Universal
O acesso ao acervo permite ver e apreciar obras e artistas de referência da História de Arte latino-americana e suas relações –não exclusivas com praticas ancestrais. Obras em destaque:
Sin título , n.d. de Eloy Blanco (Puerto Rico, 1933)
Virus americanus xiii, 2003 de Vargas-Suarez Universal (México, 1972)
Ambulatorio, 2003 de Oscar Muñoz (Florida, 1969)
Poesia blanda, 2003 de Andrea Moccio (Buenos Aires, 1964)
A Armory show é a feira de arte contemporânea de Nova Iorque. Está organizada em duas secções: as galerias “caras” da arte moderna : Picassos, Dalis , Rauschenbergs; mas também havia peças de Andy Warhol, de Basquiat e de outros artistas dos setenta e oitenta, e, claro em maior número os stands de arte contemporânea. Nesta edição uma secção importante da feira estava reservada às galerias latino-americanas (dezoito) e que eram o seu núcleo temático desta edição. Particularmente bem representadas estavam as brasileiras, as mexicanas, as argentinas, as chilenas mas também uma presença qualitativa do Uruguai e do Peru.
Mas a Armony show é também um pretexto para uma semana de arte contemporânea que faz que surjam todos os anos feiras paralelas mais off ou mais conservadoras, que aconteçam múltiplas actividades na performance, no cinema e no vídeo, e as galerias de Chelsea e do Soho aproveitam para exporem novos artistas ou apresentarem novas exposições. Claro que uma feira de arte é uma feira de compra e de venda e portanto o dinheiro circula. E circula muito e depressa como o confirmavam as vendas assinaladas nos stands e as newsletters de algumas galerias, uma das quais informava que a Christie’s tinha vendido cinco biliões de dólares no ano fiscal de 2010, o que queria dizer mais 53% que em 2009; a Sotheby’s, por sua vez, tinha vendido 4,3 biliões em 2010, mais dois biliões que no ano anterior. O que queria isto dizer? Que as expectativas de venda são grandes para 2011 e que o mercado da arte está recuperar extraordinariamente da crise do 2008 e 2009.
Tendo por mote “El libro de los seres imaginarios” do argentino Jorge Luis Borges, o SideBySide Studio de Berlim está a organizar, em co-produção com o colectivo Mindpirates, um programa de três dias a acontecer na Alemanha, no final de Maio de 2011, sobre e em torno da América Latina através da sua própria produção artística:
Jorge Luis Borges talked about a red fish swims backwards so the water will not get into its eyes in El libro de los seres imaginarios (The
Book of Imaginary Beings), this red fish pops up whenever we are confronted with differences in thinking.
Between Windows attempts to initiate dialogues about and around Latin America through time-based media to see if we can swim backwards
together. Many people asked us what is the theme for program, like every good conversation, we do not know where it will take us before
it starts.
For this program, we have chosen to be humble and want to listen to friends and experts from Latin America first before we open our mouth. Yet we are prepared to meet the demands of political-cultural debate and to navigate the diverse visual output that confronts the territory in the crisis time today.
Por isso: artistas visuais nascidos ou residentes na América Latina estão convidados a enviar as suas “experiências artísticas” até ao próximo dia 4 de Abril de 2011. Todos os detalhes aqui.
Novo vídeo de um dos projectos musicais mais interessantes da actualidade na África do Sul, Spoek Mathambo. O vídeo é realizado por Pieter Hugo, fotógrafo sul africano, cujo trabalho esteve presente na exposição Um Atlas de Acontecimentos em 2007 (fórum cultural O Estado do Mundo) e autor da fotografia do primeiro número do jornal Próximo Futuro.
Oportunidade única para conhecer ao vivo alguma documentação e material artístico do Black Panther Party a partir da produção do seu Ministro da Cultura entre 1967 e 1982: Emory Douglas.
A exposição abre ao público na galeria ZDB – Zé dos Bois, um espaço com uma programação particularmente interessada na complexa relação entre arte e política, cujo nome é inclusive adoptado (em jeito de tradução literal, “aportuguesada”) do próprio nome do também revolucionário artista Joseph Beuys. Em Lisboa, não podia ser num lugar melhor, que inclusive acolheu há pouco tempo o lendário poeta e activista Gerd Stern, actualmente empenhado em realizar precisamente um documentário sobre os "Black Panther" ("Panteras Negras").
Na ZDB, a mostra “é pontuada por inúmeros murais que ilustram o imaginário gráfico de Emory Douglas num percurso que é acompanhado de uma vasta selecção de jornais radicais, literatura referencial, cartazes, panfletos, fotografias, e outros itens da época, incluindo material documental áudio e vídeo". Adianta-se ainda que a exposição "tem como matriz referencial os Estados Unidos, aflora questões dos movimentos radicais dos anos sessenta e início de 70, as reivindicações e os direitos civis da comunidade afro-americana, o BPP – a sua ideologia, programas sociais e relações internacionais (com destaque para os eventos que dizem respeito aos movimentos de libertação luso-africanos), o Black Arts Movement e finalmente uma selecção de material gráfico tal como cartazes e o jornal dos Panteras Negras do qual Emory foi responsável gráfico e onde semanalmente mostrava um novo trabalho. O imaginário gráfico de Emory Douglas marca uma ruptura com a representação dos negros feita pelos media da época, que se dividiam entre a total exclusão e a reprodução de estereótipos sociais de inferioridade. As ilustrações de Emory Douglas devolvem ao negro a condição de sujeito agente da sua determinação identitária e do destino da sua comunidade. A par da função de empowerment, as imagens criadas por Emory Douglas ilustram as condições sociais que faziam da revolução uma necessidade urgente, retratando a pobreza e a repressão, a que se contrapunha a acção social de apoio desenvolvida pelos Panthers".
Com curadoria de Natxo Checa (responsável pela programação de Artes Visuais da galeria), “All Power to the People” conta ainda com a colaboração dos curadores convidados Billy X Jennings e Ricardo Matos Cabo, estando agendadas conversas com Jennings, o próprio Emory Douglas, o também “Pantera Negra” Robert King (que chegou a ser preso político em Angola) e com o artista madeirense – radicado nos EUA e reconhecido pelos seus projectos de arte pública – Rigo 23.
Em parceria com o Programa Arte, Política, Globalização da Fundação de Serralves, há também um promissor ciclo de filmes sobre os “Panteras Negras”, alguns deles inéditos em Portugal, no Espaço Nimas.
Dando continuidade, em 2011, ao ciclo de conferências que ao longo do ano passado proporcionou o encontro em Lisboa com pensadores incontornáveis da contemporaneidade (tais como Hans Ulrich Obrist e Michael Hardt) investigadores no cruzamento da arte e ciência (como Nelson Brissac) ou mesmo programadores e curadores também de geografias muito diversas (como foi o caso de Brett Littman, Raphaela Platow e Luiz Camillo Osório), o CARPE DIEM – Arte e Pesquisa recebe já no próximo dia 12 de Março a dupla de historiadores e curadores do projecto “GAM – Global Art and the Museum” (Arte Global e o Museu): Hans Belting e Andrea Buddensieg.
A conferência centrar-se-á na discussão de um “novo estatuto da arte e dos museus de arte contemporânea num mundo globalizado”, partindo do pressuposto de que os Museus “estão a ser discutidos como sítios de produção cultural contestados, onde a representação da cultura, quer nacional, local ou popular facilmente se transformou numa questão política”.
Co-autor do projecto GAM juntamente com Peter Weibel, o polémico Hans Belting (célebre autor de “O Fim da História da Arte”, traduzido para português em 2006 pela Cosac Naify) será acompanhado em Lisboa pela actual coordenadora desta plataforma de pesquisa: A. Buddensieg, que com Weibel e Belting co-editou, respectivamente, duas importantes reflexões ligadas a este tema (ambas publicadas pela Hatje-Cantz: “Contemporary Art and The Museum. A Global Perspective“, 2007; e “The Global Art World. Audiences, Markets and Museums”, 2009).
A intervenção da dupla defenderá que, o que consideram ser Arte Global, “na sua nova expansão, pode mudar substancialmente o conceito do que é a arte contemporânea e a arte no geral, pois ela está em lugares onde nunca esteve na história da arte e onde não existe qualquer tradição de museu”. Debate actualíssimo e imperdível.