Logótipo Próximo Futuro

Triologia das Novas Famílias + Peões

Isabel Noronha, Eduardo Coutinho

Sessão dupla

6 Jul 2010 - 22:00

Anfiteatro ao Ar Livre

Sessão dupla com os filmes "Trilogia das Novas Famílias" de Isabel Noronha e "Peões" de Eduardo Coutinho.

TRILOGIA DAS NOVAS FAMÍLIAS

Isabel Noronha, Moçambique

2008, p/b, 69’

Se ainda faz sentido falar de cinema verdade – e não é por acaso que evocamos este género defendido por Godard já em Moçambique, em 1976 – esta trilogia tem toda a legitimidade para o reclamar. Trata-se de três documentários realizados por Isabel Noronha (Maputo, 1964), em Moçambique, sobre a vida de crianças que foram abandonadas, mas para quem viver não deixou de ser uma vontade. Mas, porventura, tão ou mais importante, do que as narrativas construídas sobre as crianças, são as personagens, que, do meio da comunidade onde pertencem, decidem cuidar delas e ampará-las no seu dia-a-dia. Em contextos particularmente difíceis de sobrevivência, a intervenção generosa e comovente destas mães ou irmãs adoptivas é um contributo para a crença na sobrevivência de uma geração órfã e de um país ainda muito novo.

PEÕES

Eduardo Coutinho, Brasil

2004, cor, 85’

Em 1979 e 1980, os operários da indústria metalúrgica do ABC paulista protagonizaram um movimento grevista que mudou a face do sindicalismo brasileiro, forneceu as bases para a criação do Partido dos Trabalhadores e fez emergir no cenário nacional a figura do líder operário Luís Inácio Lula da Silva. “Peões”é um documentário de longa-metragem sobre a história pessoal de 21 trabalhadores que tomaram parte nos acontecimentos daquele período, mas permaneceram num relativo anonimato. Para chegar a essas pessoas, o documentarista Eduardo Coutinho (São Paulo, 1933) realizou um trabalho de investigação a partir de fotografias e filmes da época, em busca de indivíduos que aparecessem naquelas imagens, mas que não tivessem ascendido na burocracia sindical, nem se tornado políticos conhecidos. Conversou com quase 50 pessoas, das quais, 21, aparecem no filme. Elas falam das suas origens, da sua participação no movimento e dos caminhos que as suas vidas trilharam desde então. Recordam essa data, os sofrimentos e recompensas do trabalho nas fábricas, comentam sobre o efeito da militância política no âmbito familiar, dão sua visão pessoal de Lula e dos rumos do país. As filmagens realizaram-se entre 28 de Setembro e 27 de Outubro de 2002, ou seja, entre as vésperas da primeira volta das eleições presidenciais e o dia exacto da segunda volta, quando Lula foi eleito Presidente. Mas “Peões”não trata, portanto, de dirigentes sindicais nem de políticos profissionais, mas de operários cuja militância no movimento foi uma questão de puro engajamento pessoal de que resultou um facto histórico incontornável.