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"REwind" + "Mmitlwa" + "Gangster Project"

Documentário, 2009  / língua original: inglês, 48’

Performance vídeo, 2010 / 25'21''

Docudrama, 2011 / 55'; língua original: inglês, africâner

27 Jun 2013 - 22:00

Anfiteatro ao Ar Livre

Entrada 3 €

Rewind, de Liza Key (África do Sul)

A Comissão Verdade e Reconciliação (The Truth and Reconciliation Commission – TRC) constituiu um momento extraordinário da nossa história coletiva: uma luta para perdoar, onde 21.000 vítimas contaram as suas histórias e 7.000 agressores confessaram os seus crimes. Para assinalar o seu 10º Aniversário, o compositor sul-africano Philip Miller utilizou fragmentos dos testemunhos gravados (frações de respirações, entoações, gemidos, sussurros e arfadas) para compor a obra “Rewind: A Cantata for Voice, Tape and Testimony”. Esta é a envolvente e, às vezes, angustiante história por trás desta obra excecional e incomum. Entre excertos da performance do Market Theatre, concebida e dirigida por Gerhard Marx, Philip Miller – que compôs “Yizo Yizo, Heartlines, Kentridge’s 9 Drawings for Projection” e Noyce’s Catch a Fire” – conta a história do desenvolvimento da cantata e, as gravações que lhe serviram de inspiração, são apresentadas num contexto visual, em que constam as entrevistas de algumas testemunhas, emissões públicas e ainda filmagens dos arquivos dos serviços secretos.

REwind
© "REwind", Liza Key

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Mmitlwa, de Lerato Shadi (África do Sul)

“Mmitlwa” é uma curta performance para vídeo, onde me envolvo em fita adesiva até o corpo ficar totalmente coberto, menos a mão que me está a embrulhar. A seguir, tento libertar-me com a mesma mão que me ligou.

lerato shadi

© "Mmitlwa", Lerato Shadi

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Gangster Project, de Teboho Edkins (Alemanha)

Tal como o título indica, Teboho Edkins sonhou primeiro com um filme de gangsters. “Em Cape Town, não é preciso atores. São a cinco tostões a dúzia e o que é preciso é um bom elenco” – diz o cineasta aprendiz. E lá vai ele, acompanhado pelo engenheiro de som, à procura de atores. De encontros nas zonas remotas dos subúrbios da cidade de reputação duvidosa, às viagens de carro pelos bairros de má fama, o cineasta imita as lendas de Hollywood ao tentar recrutá-los. Mas, aos poucos, as imagens desintegram-se. Histórias de uns que foram parar à prisão e de outros que se lembram de um amigo que foi assassinado. O medo, o luto, o tédio e os negócios insignificantes encontram-se bem longe das figuras ostentosas de que se estaria à espera. Por detrás dos mitos, as realidades do dia-a-dia acabam por ser triviais. O que fazer? Fazer a ligação dos dois é uma solução ousada. Misturar as cenas encenadas com as filmagens documentais, sem que se torne demasiado óbvio, seria o procedimento aceitável. Acaba por não haver filme nenhum. Apenas momentos interligados, em forma de projeto, sem nenhuma conclusão dramática. O gosto amargo permanece. A dureza da sobrevivência, num ambiente hostil em que tudo tem um preço demasiado elevado e a morte desapegada, continua a rondar em toda a sua brutal banalidade.

gangster film                                © "Gangster film", Teboho Edkins