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O Grande Kilapy

APRESENTAÇÃO NACIONAL (M12)

13 Out 2014 - 21:30

Grande Auditório

Entrada 3 €

O Grande Kilapy*, é a história de um bom malandro angolano no final do período colonial (anos 60/70) inspirada livremente em factos reais. Joãozinho, um vigarista com uma profunda ética de amizade, “bon vivant” a todo o custo é uma pessoa simples, que congrega em si um conjunto de imperativos de “curtição” indiferente às contingências de vida numa colónia portuguesa: cor de pele e preconceito social. Por força das circunstâncias, Joãozinho acaba por se tornar um personagem incómodo, subversivo e politico, para o regime colonial Português.

* KILAPY - palavra da língua Angolana Kimbundu: golpe, esquema, burla, pedir emprestado sem pagar.

O Grande Kilapy

Cartaz de "O Grande Kilapy", de Zézé Gambôa

ZÉZÉ GAMBOA é o filho mais novo, entre seis irmãos, de uma família de classe média angolana. Nasceu em Luanda, em 1955, cidade onde frequentou um colégio até aos 12 anos, passando depois para uma escola pública.

A sua relação com o cinema nasce um pouco do seu gosto em frequentar as matinés de três grandes salas da capital angolana, Restauração, Império e Miramar. Mais tarde, com 17 anos e logo a seguir ao 25 de Abril começa a trabalhar na televisão angolana, onde permanece até 1980. No mesmo ano ruma a Lisboa, mas do ponto de vista profissional foi muito complicado ficar pela capital portuguesa, uma vez que apenas tinha experiência em televisão. Tinha alguns amigos em Itália e decide partir para Roma à aventura para tentar a sorte na sétima arte. Esteve em Itália, mas a situação era também bastante complicada devido às “brigadas vermelhas”, onde se vivia um terrorismo puro e duro. Decide regressar a Lisboa e enquanto tomava um café na “Brasileira” encontra Antoine Bonfanti, um engenheiro de som que trabalhou muito com a nouvelle vague. Tinha-o conhecido em Angola, em 1976, numa altura em que Bonfanti foi a Luanda dar workshops de som para cinema e televisão. Neste encontro, ele convida-o a ir para Paris fazer um curso de som na Néciphone, e é assim que começa a fazer som, trabalhando nesta área até 1989.

Entretanto foi viver para Bruxelas, onde realizou os seus primeiros documentários. O primeiro “Mopiopio”, que significa assobio em kimbundu, que retrata a sociedade de Angolana  em Luanda, numa altura em que imperavam a guerra e a ditadura, e em que a música era o fio condutor do filme. Segue-se outro documentário intitulado “Dissidência” que aborda a guerra civil, através do olhar dos dissidentes dos partidos beligerantes, sobre as suas motivações e desilusões do ponto de vista partidário, o porquê de se tornarem dissidentes e qual a sua visão de Angola. Ambos correram bem e “Mopiopio” chegou inclusive a ganhar alguns prémios em festivais.

Em 1993 decide regressar a Lisboa onde continua a trabalhar na área da realização e estabeleceu família. Devido à sua vida atribulada Zézé não acreditava conseguir ser um bom pai e devido a esse facto teve uma filha muito tardiamente, aos 44 anos, mas não se arrepende minimamente. Em 2004 realiza a sua primeira longa-metragem de ficção “O Herói”,  filme que obtém um reconhecimento internacional excepcional, com um palmarés de inúmeros prémios internacionais e é exibido em festivais de todo o mundo (de Sundance  a Ouagadougou). Dois anos mais tarde estrutura “O Grande Kilapy”, que começou a ser filmado em 2010.