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Ciclo de Cinema Árabe

Curador: Mohamed Siam 

26 Jun - 22:00 | 27 Jun - 22:00 | 28 Jun - 22:00 | 3 Jul - 22:00 | 4 Jul - 22:00 | 5 Jul - 22:00 | 2012

Anfiteatro ao Ar Livre

Contexto

A cultura árabe e, em especial, a região do Norte de África, conheceu várias reviravoltas cruciais nos últimos quarenta anos. Nas últimas duas décadas, porém, a rigidez do ambiente em geral e circundante tornou difícil distingui-lo de qualquer outra cultura em declínio e isto devido à quantidade de regimes ditatoriais e ao conceito perdido de verdadeira liderança, juntamente com o aumento do tom da repressão e da injustiça. A Tunísia esteve na dianteira e foi seguida por várias revoluções árabes, encorajadas pela rápida e inspiradora reviravolta no regime tunisino. A cena cinematográfica era frequentemente comercial e raramente competitiva, porém, quando era este o caso, surgia em força, mesmo em comparação com o cinema europeu e com o do mundo em geral.

Em Transição

Como tudo está em constante mudança, lenta ou rápida, a situação atual é tão vibrante e dinâmica como qualquer dos levantamentos da “Primavera Árabe”. Esta região muito particular do Norte de África está, atualmente, a ser redefinida e cada um dos cinco países está a mudar simultaneamente mas à sua maneira, assistindo-se a uma transição muito animada e vibrante. O reflexo nestas nações é a transformação e assim será o conceito deste ciclo /programa de seleção de filmes: longas-metragens, curtas e documentários. Cada filme representa um salto para uma outra fase ou a preparação para uma transfiguração, que se fará no tempo e com interações; a mudança e a reforma dos lugares, dos factos e dos regimes pode ser rápida e súbita ou passar sem ser notada, atravessando uma zona cinzenta durante um longo período de tempo.

MOHAMED SIAM (Egito, 1981) é documentarista independente e realizador de filmes de ficção. Como primeiro assistente de realização, trabalhou em projetos de longas-metragens como o documentário “A Cidade dos Mortos”, coprodução luso-espanhola financiada pelo Canal Plus que estreou no IDFA 2009 (Festival Internacional de Filmes Documentários de Amesterdão) e recebeu a distinção de Melhor Filme, na Documenta de Madrid, em 2010. Recentemente foi primeiro assistente de realização no filme “Nos últimos dias da cidade”, do realizador egípcio Tamer Said, financiado pelo Global Film Initiative e pelo Cinereach, entre outros fundos. É ainda o fundador e diretor artístico do Centro Cinematográfico Artkhana, em Alexandria, um espaço artístico que providencia apoio técnico e formativo para realizadores. 



26 de junho
Noite egípcia 




O PARAÍSO DOS ANJOS CAÍDOS
Oussama Fawzi (Egito)

Um sem-abrigo morre de overdose. Os amigos não toleram a ideia de não o poderem ver vivo. Tabl – ’tambor‘ é a sua alcunha – deixou uma vida de luxo, o emprego e a família por uma vida de anarquia e loucura num grupo de almas perdidas. Mounir Rasmi (seu verdadeiro nome) era, ainda há dez anos, um pai ideal, um bom marido e um ser humano comum. O jogo com a morte principia. Há maior realidade do que a morte? Esta sua outra vida é real, embora estagnada. Tabl vive-a atravessando uma história de submundo, ilustrando um presente ilógico alucinante, enfrentando um passado de bem-estar e de vida facilitada. O tempo presente é sempre usado e os amigos fazem tudo o que está ao seu alcance para adiar a separação. Um filme onde a disciplina se torna anarquia, caos, realidade e onde os anjos caídos criam o seu próprio paraíso, impondo as suas leis, normas, prazeres e desejos. Um filme onde o Cairo é a cidade de nenhures.ZAFIR (Expira)
Omar Zohairy (Egito)
Ao longo de muitos anos de vida em comum, o silêncio recai sobre o casamento de um homem de 70 anos  e da sua mulher, um silêncio que exprime o tédio e a agonia de uma vida de rotina interminável, um silêncio que só é interrompido pelos seus suspiros e respirações.

27 de junho
Noite marroquina 

A FALÉSIA
Faouzi Bensaidi (Marrocos)Para Hakim e para Said, seu irmão mais novo, o dia passa-se a ganhar dinheiro com pequenas tarefas. Primeiro, no cemitério onde pintam com cal as sepulturas e, depois, junto de um comerciante de bebidas alcoólicas que é cego. À beira da falésia, umas quantas garrafas vazias podem ser a sorte das crianças…


LABUTADORAS
Leïla Kilani (Marrocos)
Tânger - Hoje, quatro mulheres de vinte anos de idade trabalham para passar o dia e vivem durante a noite. Elas trabalham duramente, divididas em duas categorias: têxteis e camarões. A obsessão delas é estarem constantemente em movimento. «Aqui estamos», dizem. De manhã à noite, o ritmo é frenético enquanto percorrem a cidade. Tempo, espaço e dormir são uma raridade. Mulheres para toda a obra que ainda trabalham para os seus homens e para as suas casas vazias. Esta é a louca corrida de Badia, Imane, Asma e Nawal ...


O MURO
Faouzi Bensaidi (Marrocos)
Uma história curta e infindável de um muro que se ergue contra os homens…


28 de junho 
A vida em imagens 

WHAT A WONDERFUL WORLD
Faouzi Bensaidi (Marrocos)
Casablanca é uma cidade de contrastes, ao mesmo tempo moderna e antiga. Kamel é um assassino profissional que recebe os seus contratos através da Internet. Depois de alguns sucessos, contacta com regularidade Suad, uma prostituta ocasional, para fazer amor com ela. Muitas das vezes é Kenza quem responde. Ela é polícia de trânsito, responsável pelo policiamento da maior rotunda da cidade. Em pouco tempo, ele apaixona-se por esta voz e prepara-se para encontrá-la. Hicham, outro assassino profissional que sonha ir para a Europa, infiltra-se nos contratos de Kamel por acaso ...


DAY AND NIGHT
Islam El-Azzazi (Egito)
Raouf passa os dias a tentar obter lucro e a fazer jogos de poder com os outros, especialmente com Nadia, sua noiva… Memórias e contemplação da vida espalham-se também pelo decorrer do dia… É um dia vulgar na vida de Raouf…

AT DAY'S END
Sherif El-Bendary (Egito)
O Soliman está mais alto? Questionou o pai de Soliman quando o seu filho de 32 anos o visitou.Baseado no conto do escritor egípcio Ibrahimaslan.


2 de julho 
Noite egípcia (continuação) 

ALEXANDRIA, PORQUÊ?
Youssef Chahine (Egito)

Este filme marcou uma radical recente reviravolta introspetiva na carreira de Chahine, com um brusco abandono dos seus musicais e melodramas dos anos 50 e dos seus posteriores filmes épicos e políticos. O primeiro de quatro filmes semiautobiográficos, intitulados "Retrato do Artista Enquanto Jovem", "Alexandria, porquê?" focaliza-se num adolescente precoce, cujos sonhos e tentativas esperançosas para se tornar ator se desenrolam contra um fundo vívido de Alexandria, durante a Segunda Guerra Mundial. Um elenco forte inspira o jovem herói teatral de Chahine com uma riqueza de subenredos dramáticos -- ora hilariantes, ora comoventes -- sobre a vida em tempo de guerra. A natureza autobiográfica e o sabor nostálgico de "Alexandria, porquê?" tornam-no uma das obras mais acessíveis de Chahine, um filme encantador e divertido com uma mensagem antiguerra fortemente subversiva e passional.


ATEF
Emad Maher (Egito)
Chuva e nomes trocados podem, por vezes, ser catalisadores para que dois estranhos conversem.



3 de julho 
Noite tunisina 

KHORMA, FILHO DO CEMITÉRIO
Jilani Saadi (Tunísia)
Khorma é diferente! Com o seu cabelo ruivo e a sua pele estranhamente branca para um tunisino, muita gente pensa que é atrasado. Bou Khaled, seu mestre, resolve protegê-lo e ensina-lhe os segredos do negócio. Khorma aprende a anunciar casamentos, nascimentos e mortes no seu bairro, em Bizerte. Mas, um dia, o velho Bou Khaled comete um erro grave: anuncia a morte de uma mulher local em vez de anunciar o casamento da sua filha. Khorma é escolhido para o substituir…



THE LAMENT OF THE GOLDFISH
Oubeyd-Allah Ayari (Tunísia)
Há momentos na vida em que tudo nos pertence, momentos que duram apenas breves segundos mas, mesmo assim, há quem ache que possui a eternidade.


WHY ME
Amine Chiboub (Tunísia)
O CEO de uma empresa é repreendido ao telefone pela mulher. Impotente, descarrega sobre o seu assistente que, por sua vez, se vinga na secretária que, por sua vez, ralha com o paquete. Este, mal sai do escritório, espalha o mau humor pela cidade… 




4 de julho 
Noite argelinaMASCARADES
Lyes Salem (Marrocos)

Uma aldeia algures na Argélia. Orgulhoso e pretensioso, Mounir aspira a ser reconhecido pelos seus méritos. O seu calcanhar de Aquilles: todos gozam com a sua irmã, Rym, que adormece em todo o lado. Uma noite, quando chega a casa bêbedo, Mounir grita para a praça da vila que se encontra vazia, que um rico homem de negócios estrangeiro pediu a mão da sua irmã. De um dia para o outro, todos querem ser seus amigos. Cego pela sua mentira, Mounir mudará, sem querer, o destino da sua família.




MOLLEMENT, UN SAMEDI MATIN (Frouxamente, um sábado de manhã)
Sofia Djama (Argélia)
Certa tarde, em Argel, Myassa é atacada por um violador. Myassa regressa a casa e, mais uma vez, a velha canalização não funciona e ela não pode tomar banho. Na manhã seguinte, Myassa tem dois objetivos: fazer queixa à polícia do ataque que sofreu e encontrar um canalizador. Porém, encontra-se face a face com o violador…


COM OS PÉS ASSENTES NA TERRA
Amine Hattou (Argélia)
Desde jovem, Nassim acorda a pairar sobre a sua cama. A gravidade da terra parece não exercer qualquer força nele. A vida do dia-a-dia torna-se cada vez mais complicada…


5 de julho
Uma infância dolorosa 
CORAÇÕES QUEIMADOS 
Ahmed El Maanouni (Marrocos)
Amin, um jovem arquiteto que vive em Paris, regressa subitamente a Fez, Marrocos, onde o seu tio está a morrer. Não voltou a falar com o homem que o criou desde que deixou Fez, a sua terra natal, dez anos antes para se instalar e estudar em Paris. As visitas que o jovem arquiteto faz ao hospital e a visão de crianças de tenra idade postas a trabalhar reavivam as feridas profundas da sua dolorosa infância. O seu amigo de há muito, o artesão Aziz, exorta-o a não se render aos ressentimentos do passado. A morte do tio não alivia as angústias do jovem, forçando-o a encontrar as suas próprias respostas dentro da sua alma.


EL-BANATE DOL – ESTAS MÍUDAS
Tahani Rached (Egito)
“El-Banate Dol – These Girls” (Estas Miúdas) mergulha no universo das jovens que vivem nas ruas do Cairo, um universo de violência e opressão mas também de liberdade. Sejam mulheres, crianças ou mães, Tata, Mariam e Abeer vivem apenas no presente. Os dias delas estão cheios de perigos, brigas, danças, risos... e de solidariedade. Relata também a história do encontro delas com Hind, uma pessoa luminosa, muçulmana praticante, que usa véu e vive animada pelos princípios universais do respeito pelo outro. É um mundo invisível a olhos indiferentes, que testemunha os labores vitais e secretos da sociedade.