Música de intervenção cabo-verdiana
Publicado10 Abr 2015
O sociólogo Redy Wilson Lima faz um esboço da evolução da música de intervenção em Cabo-Verde, relacionando-a com a História da colonização e da independência.
Com a revolução dos cravos e a popularidade da chamada música revolucionária em Portugal, em 1974, em Cabo Verde, nessa mesma época, começa a aparecer composições que iam desde a denúncia e o protesto contra o colonialismo português, às louvações à libertação nacional e a necessidade da reconstrução nacional (Semedo, 2008).
Através daquilo que designo de guerrilha cultural, o então partido de luta, o PAIGC edita em 1974 o disco “Protesto e Luta – Música de Cabo Verde”, em que a partir da morna[6] e dacoladeira[7] (músicas consideradas pelas elites locais como citadinas e aceitáveis) promoveu-se críticas ao colonialismo e às situações de injustiça por que passavam o povo das ilhas, buscando com isso mobilizar o apoio da elite local para a luta armada. Nesse mesmo álbum, o poema batuku de Kaoberdiano Danbará, poema esse que “termina com o verso batuku é a nossa alma” (Nogueira, 2010: 72), surge como uma estratégia com vista a recordar o povo a sua raiz africana e a necessidade de lutar contra a subjugação branca.