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Poema Sujo

Publicado2 Jun 2010

Etiquetas ferreira gullar

De Ferreira Gullar é imperioso que se recorde - pelo menos o início - de Poema Sujo (1975):

turvo turvo

a turva

mão do sopro

contra o muro

escuro

menos menos

menos que escuro

menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo

escuro

mais que escuro: 

claro

(...)




 

apr

Ferreira Gullar, Prémio Camões 2010

Publicado2 Jun 2010

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O brasileiro Ferreira Gullar foi esta semana anunciado como vencedor da mais importante distinção literária de língua portuguesa. Para além de ser um poeta extraordinário, é dramaturgo, contista e autor de ensaios sobre arte. Deixamos aqui um pequeno comentário a uma obra sua a propósito de Arte:

De Ferreira Gullar, Uma luz no chão é um manual de história das artes plásticas do século XX, acessível e abrangente. Trata das artes plásticas, da criação, dos mecanismos de produção, do mercado, das vanguardas, das bienais como feiras de arte (“montam-se e desmontam-se como as feiras”), das contradições da arte contemporânea. Excelente como introdução às teorias da arte moderna e contemporânea e com histórias de artistas e familiares. Como a história de Hortênsia, mulher de Cézanne, que passava longas horas a posar para o marido, situação que não lhe agradava e que porventura estará na raiz dos seu comentário, já como viúva, de que Cézanne demorava tanto tempo a pintar porque não sabia acabar os quadros. Verdade ou não, este comentário permite a Ferreira Gullar desenvolver uma teoria da obra que parece inacabada como obra perfeita.

apr

Paul Cézanne, Madame Cézanne in the Conservatory, 1891

The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque