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Novos poderes

Publicado21 Jan 2014

O debate em torno do poder tende a confiná-lo enquanto um assunto político de âmbito institucional, nacionalmente circunscrito e que se constitui objecto de disputa individual. Neste ciclo propomos discutir experiências históricas e presentes que nos convidam a contrariar estas tendências. Procederemos à inventariação de relações de poder que deslocam o domínio do político até à esfera da cultura ou da economia, que extravasam as fronteiras nacionais e que assumem uma dimensão colectiva.

Na primeira sessão do ciclo discutiremos comparativamente acontecimentos recentes em cidades como Maputo e Rio de Janeiro, onde a política se deslocou do terreno institucional para o espaço das ruas, em resultado de novas dinâmicas de acção colectiva que interrogaremos atendendo tanto à autonomia dos sujeitos políticos emergentes como à formação económica destas cidades do Sul global.

Na segunda sessão, tendo como pano de fundo as guerras que levariam ao fim do Império Português, discutiremos a circulação transnacional de imagens e discursos artísticos comprometidos com os movimentos anticoloniais, atendendo por um lado à interacção entre a representação artística e a prática militante e, por outro, ao modo como essa mesma representação convocou um processo de produção que se quis alternativa ao modelo autoral individual.

Na terceira sessão analisaremos a possibilidade de uma história interligada dos movimentos anticoloniais e do protesto popular no Portugal contemporâneo, tomando como mote o facto de o ano de 1974 ter representado uma dupla viragem: o fim da ditadura do Estado Novo e o fim do Império Português.

Na quarta sessão, aproximando-nos já da actualidade, debateremos a problemática da circulação procurando intersectar dois debates em regra dissociados: o debate político em torno da circulação de pessoas e dos direitos de cidadania e o debate económico relativo à liberalização do comércio.

Finalmente, na quinta e última sessão, colocar-se-á a possibilidade de uma crítica do Estado que seja simultaneamente devedora da antropologia de pendor anarquista de autores como Pierre Clastres ou, mais recentemente, Viveiros de Castro, e da análise do neoliberalismo por Michel Foucault.

Pela Unipop
Diogo Duarte, Inês Galvão e José Neves

A 4ª edição do Observatório de África, América Latina e Caraíbas é uma co-organização do Próximo Futuro com a Associação Unipop. A primeira sessão, A Economia dos Movimentos Sociais Urbanos, tem lugar no dia 8 de Fevereiro, às 15h, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian. A entrada é livre, mediante inscrição prévia. Todas as informações aqui