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Ngũgĩ wa Thiong'o: as memórias do escritor queniano publicadas no Brasil

Publicado26 Ago 2015

Etiquetas Ngũgĩ wa Thiong'o Sonhos em Tempo de Guerra

 "Sonhos em tempo de guerra, memórias de infância", do queniano Ngũgĩ wa Thiong'o, acaba de ser publicado no Brasil. Escrito em 1967, é o primeiro volume da trilogia de memórias autobiográficas do escritor que esteve recentemente na Festa Literária Internacional de Paraty. Autor de uma obra fundamental sobre o colonialismo, Decolonising the Mind, romancista, dramaturgo, é também fundador da revista Mutiri, escrita na língua nativa Gikuku, tomou várias posições políticas ao longo da vida, tendo saído do Quénia, e protagoniza um debate internacional sobre a manutenção das línguas nativas nas obras dos intelectuais africanos. 

Como a história do Quênia influenciou sua vida pessoal e sua formação de escritor?

Minha vida pessoal e a história do Quênia estão entrelaçadas. Logo antes de ir ao Brasil, estive em meu país para celebrar os 50 anos da primeira edição de 'Weep not child' (Não chores, menino), lançado em abril de 1964. Mas esse ano coincide com os 50 anos da independência do Quênia, que foi uma colônia britânica de 1895 a 1963. E, como em todas as colônias, terra e trabalho sempre estiveram no coração da política do país. Nas minhas memórias, Dreams in a time of war (Sonhos em tempos de guerra), falei sobre meu nascimento, em 1938, literalmente às vésperas da Segunda Guerra Mundial, na qual alguns de meus irmãos estiveram envolvidos do lado britânico, e depois a guerra de libertação, travada pelo Exército Terra e Liberdade do Quênia (KLFA, na sigla em inglês), também conhecido como Mau Mau. Essa guerra afetou todos. Eu cresci durante a guerra e tudo isso causou impacto na minha obra.

Na época da independência, os artistas e escritores se engajaram na busca de formas de expressão nacionais. Como o senhor vê hoje os ideais daquela época?

As aspirações básicas podem ser resumidas em uma frase: garantir sua riqueza, seu poder, sua cultura, sua mente. Era basicamente libertar sua economia, sua política e sua cultura da dominação estrangeira. Esses ideais foram expressos em canções, poesia, dança e teatro. E também em movimentos políticos. Mas a independência política não necessariamente trouxe um empoderamento econômico e cultural dos quenianos comuns. O fosso de riqueza e poder entre a classe média e as massas está se aprofundando e se alargando. Portanto, a luta por essas aspirações continua.

A entrevista completa aqui