Medellín I
Publicado29 Out 2013
Há pouco mais de uma década era uma das cidades mais perigosas do mundo, com uma taxa de criminalidade que ainda em 2002 era de 183,3 homicídios por 100.000 habitantes. Os cartéis controlavam 80% da droga que se distribuía na América do Norte e do Sul e o governo do Estado era seu refém. O desemprego era assolador, o medo e a insegurança imperava em toda a cidade, a economia entrava em colapso.
Em meados da década de 90, depois da morte de Pablo Escobar, o mais sanguinário chefe dos cartéis, surge um movimento político novo que resulta da associação de movimentos cívicos e organizações não integradas nos partidos tradicionais. Assim, forma-se o “Compromisso Ciudadano”, liderado por um Matemático e professor universitário, Sergio Fajardo. Fajardo ganha as eleições municipais de 2003 obtendo a maior votação registrada na história para a prefeitura de Medellín. Governou até 2007 – hoje é o governador do estado de Antioquia a que pertence Medellín. O seu sucessor foi Alonso Salazar, que tinha pertencido ao gabinete de Fajardo e que terminou o seu governo em 2007, com uma taxa de popularidade de 80%. O actual alcaide de Medellin, Aníbal Gaviria, apesar de ser do Partido Liberal, continua em certos sectores políticas anteriores sob o lema “Medellín, do medo à esperança”.
Esta década de transformação radical da cidade, que hoje é considerada um modelo de gestão tendo por centro a cidadania e uma participação política abrangente, está assente em quatro pilares: investimento na educação (formal e não formal), na segurança, na cultura, na transparência administrativa. Estes pilares, por sua vez, contam com um pensamento urbanístico e arquitectónico que foi fundamental para acabar com o medo e iniciar um sentido de pertença da cidade. Como atitude simbólica, os muros com arame farpado e com garrafas cortadas foram destruídos e é proibido fazê-lo.
A educação é a prioridade da política do governo e é realizada através de várias instituições e modelos operativos. O resultado é já um aumento significativo da qualificação das pessoas e do Estado. A questão cultural é central e tem sido assumida desde o início como parte integrante dos orçamentos anuais e dos planos e objectivos do município. Nos anos recentes, o orçamento para a cultura de Medellín foi superior ao orçamento do Ministério da Cultura para todo o país.
A criação dos parques bibliotecas e a realização do 43 Salón (inter) Nacional de Artistas são provas concretas desta política do Munícipio de Medellín.
António Pinto Ribeiro