Malick Sidibé 2
Publicado9 Nov 2009
Fui fotografado pelo grande Malick Sidibé no seu estúdio num bairro popular de Bamako. À chegada reparámos numa fila de gente que espera que o fotógrafo chegue enquanto alguns dos filhos (que se ocupam do negócio) escrevem numa folha a ordem de chegada e simultâneamente vendem algumas das fotografias a preto e branco das noites de festa de Bamako que ainda estão disponíveis.
Malick Sidibé chega já depois das 10h e fotografará até à hora do almoço. Um pouco trôpego com os seus 73 anos, impecavelmente vestido com uma túnica branca com motivos geométricos a preto, é ele que se ocupará da preparação das máquinas, coloca os rolos, indica qual o tecido que servirá de cenário à "pose" como ele não se cansa de repetir. O estúdio não terá mais de 12 metros quadrados e uma pequena esplanada onde se amontoam os clientes. Dentro, nas prateleiras há dezenas de máquinas fotográficas, algumas antiquíssimas que constituem a história da fotografia deste enorme artista que a par de Ricardo Rangel, recentemente falecido, é um dos maiores fotógrafos africanos.
Malick é preciso nas indicações da pose: às senhoras pede-lhes que dancem, que riam, que estejam alegres, que quebrem a cintura com as mãos, que avancem com um dos pés, que estejam felizes. Aos homens diz-lhes para nao terem medo, para fazerem uma bela pose, para se aprontarem como se fossem militares. Ele enquanto fotografa, ri, ri muito de uma alegria contagiante.
Tira duas fotos a cada cliente e depois vai para a pequena esplanada, senta-se para repousar um pouco antes de iniciar uma outra sessão individual.