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E de novo a beleza


Acaba de sair um pequeno livro que resulta de uma conferência dada pelo filósofo francês Jean-Luc Nancy a crianças com mais de dez anos. O tema é a beleza. Dita - e depois passada a livro numa linguagem simples e clara - a conversa de filosofia com os interlocutores, activos e perguntadores, aborda o conceito de Beleza, os equívocos gerados por vocábulos que se avizinham como bonito, prazenteiro, simpático, etc.
O autor que se posiciona numa linha de pensamento estético onde a metafísica subsiste, faz entender a beleza como conceito sem finitude, mas operatório de que as coisas participam ou não, para a qual caminham ou não. Os aspectos mais pertinentes desta conferência, e note-se que ela foi feita para crianças, são: a manifesta insistência de que ainda hoje se pode falar de beleza no meio de um contexto mediático de excesso de opinião e de valorização de obras por autoridades subjectivas, da insistência do pensador de que há sempre uma equivalência entre beleza e verdade e, finalmente, a de que a beleza se pode manifestar de modos inquietantes. A sua interpretação do mito do Narciso, distante da interpretação psicanalítica de Freud, é uma metáfora inteligente e pedagógica para explicar porque nós, enquanto espectadores, nos debruçamos sobre a arte correndo o risco de nos afogarmos. As perguntas das crianças são na sua aparente inocência de bastante dificuldade obrigando o filósofo a uma argumentação sólida e eficaz.
La Beauté, de Jean-Luc Nancy, Ed. Bayrad, Paris 2010
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