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Inhotim

Publicado28 Out 2009

Inhotim - Centro de Arte Contemporânea - fica a uma hora e meia de carro de Belo Horizonte, junto à cidade de Brumadinho. A estrada que a ele conduz nem sempre é o que se esperaria de uma estrada que dá acesso a um dos mais inesperados e maravilhosos Museus de Arte - porque é disso que se trata - do Mundo. Inaugurou em 2004, aquando da Bienal de S.Paulo do mesmo ano, e entrou em regular funcionamento em 2006.

Abre a porta de John Ahearn e Rigoberto Torres
Trata-se da combinação de um Museu que, na verdade, se multiplica por vários museus, alguns dedicados a um só artista e a uma só obra, e instalações a céu aberto, com uma colecção botânica que já tem 3500 exemplares, num lugar acolhedor, aprazível, intelectualmente estimulante, sensorialmente único. Tendo apenas 4 anos de funcionamento normal é já uma referência mundial no universo das artes contemporâneas e na comunidade dos botânicos. O seu impacto decorre de quatro factores muito claros: uma organização e gestão do espaço exemplares, com serviços eficazes, um acolhimento fraternal, restaurantes de grande qualidade, um cuidado e um respeito invulgares pelo jardim e pelas obras expostas; uma relação de convivialidade com as comunidades em redor, traduzida no facto de Inhotim ser o grande empregador da região, de manter colaborações artísticas com as escolas e prestar serviços à comunidade na formação cívica ou no apoio à formação escolar dos jovens; o estabelecimento de uma relação de proximidade entre a natureza e a arte, para o que contribuíu o facto de o criador de Inhotim, o empresário Bernardo Paz, ter iniciado esta aventura em colaboração com o arquitecto paisagista Robert Burle Marx. A relação de proximidade entre o jardim, as suas formas e as suas espécies, com as obras de arte e a arquitectura dos espaços que as albergam, é de uma organicidade única; Finalmente, a qualidade das obras, a sua pertinência, a importância marcante para a história da arte dos artistas presentes e das obras escolhidas, fazem com que esta Colecção não seja uma mera acumulação de peças - o fetichismo mais comum do coleccionador -, mas se trate de uma escolha absolutamente personalizada do proprietário de Inhotim, que elegeu os seus artistas predilectos e os vai acompanhando através da encomenda, ou da aquisição de várias obras correspondendo a períodos ou a momentos fracturantes do percurso criativo dos "seus artistas".

Bailarina de Valeska Soares
É assim possível ver várias obras de Cildo Meireles, de Tunga, de Olafur Eliasson, os primeiros fundadores da arte contemporânea brasileira, como é possível ver espalhadas pelo jardim obras de Adriana Varejão, Valeska Soares, Doris Salcedo, Doug Aitken, Helio Oiticica, Jarbas Lopes e outros, num total de cerca de sessenta peças que estão, actualmente, expostas. Nenhuma parece estar a mais, nenhuma é pensável poder abandonar aquele local a partir de agora. A História do Brasil, na sua imensa riqueza, é tanto uma história de paradoxos como de acontecimentos imprevisíveis, onde a paixão e uma certa loucura vizinha da genialidade estão sempre presentes. Penso isto quando me lembro do empreendimento ciclópico que foi construir a Ópera em Manaus no séc. XIX, no meio da selva amazónica, para aí fazer cantar Caruso. Há algo deste desregramento criativo também em Inhotim. Que sorte têm os brasileiros e todos nós, que gostamos de arte e de jardins.

Hélio Oiticica
apr

Sem título

Publicado26 Out 2009


Nunca uma capa sobre o Rio foi tão clara.
in Estado de S. Paulo, 25 de Outubro de 2009

Sem título

Publicado23 Out 2009

1º Workshop de Investigação

Publicado14 Out 2009


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Global warming

Publicado7 Out 2009


(in Beaux Arts, Outubro 2009)

Nova arquitectura

Publicado7 Out 2009


(in Beaux Arts, Outubro 2009)
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European Culture Forum

Publicado3 Out 2009

Realizou-se no início da semana passada mais um European Culture Forum, desta vez em Bruxelas. Oportunidade para fazer o ponto da situação dos objectivos estratégicos da Agenda Cultural europeia (a saber, promoção da diversidade cultural e do diálogo intercultural, a cultura como catalisador da criatividade no quadro da Estratégia de Lisboa e, por fim, a cultura como elemento vital das relações externas). O primeiro dia serviu fundamentalmente para mostrar alguns projectos, de natureza transnacional, promovidos pelos programas de financiamento da Comissão (sendo que uma das iniciativas apresentadas como exemplo foi o programa Prospero, projecto de criação teatral que junta esforços de entidades tão diversas como o CCB ou a Schaubune de Berlim, e no quadro do qual o espectáculo do Teatro Praga, Padam Padam, foi estreado esta semana). O segundo e o terceiro dia destinaram-se a discutir os três objectivos da agenda e rapidamente nos apercebemos da dificuldade em ver cada um destes pontos evoluir para lá retórica. Qualquer um dos objectivos propostos é oportuno e contém a densidade necessária para contribuir para um reposicionamento estratégico do projecto europeu, mas desde que sejam capazes de ser colocados pragmaticamente em prática. Provavelmente mais do que em qualquer outra área há, de forma notória, uma dificuldade em passar das intenções à prática. Ainda assim, foram discutidas questões muito interessantes, mas complexas, como a mobilidade dos artistas e profissionais da cultura de países terceiros dentro da Europa (questão que inclui problemáticas relacionadas com a protecção social ou a fiscalidade), a necessidade ou oportunidade de uma política industrial para as indústrias culturais e criativas, o financiamento das actividades culturais e criativas e formas de contornar a frágil avaliação do risco por parte das instituições bancárias, a pirataria e a propriedade intelectual ou formas de incorporar a cultura nos negócios estrangeiros, desenhando uma nova diplomacia cultural para um mundo reorganizado por áreas de influência regionais e culturais.

[Ilustração de Rui Sousa/ carnet-de-voyage-rs ]