Logótipo Próximo Futuro

Apresentação

Emílio Rui Vilar

Na linha da experiência alcançada com os Programas O Estado do Mundo e Distância e Proximidade, a Fundação Calouste Gulbenkian vai lançar um novo Programa, agora designado Próximo Futuro.

Este Programa, com a duração de três anos, significa que continuaremos a dar uma particular atenção às mudanças culturais que acontecem no mundo contemporâneo. Mudanças tanto a nível da própria criação como da crescente mobilidade que ajudou à deslocalização dos pólos de inovação e à emergência de novos países e cidades com desempenhos relevantes na produção cultural.

Significa igualmente que procuramos continuar a desenvolver, lado a lado com formas consagradas de intervenção, eixos inovadores na actividade cultural e artística da Fundação. Depois da polarização euro-norte atlântica, é hoje evidente que novas gerações de criadores surgiram e desenvolvem o seu trabalho noutros registos e noutras sociedades, onde se misturam tradições muito diversas com as possibilidades abertas pelas novas tecnologias em termos de comunicação, conhecimento e interacção. É o caso do triângulo Europa-África-América Latina e Caraíbas, onde a realidade pós-colonial abriu novas perspectivas, tanto localmente como através das diásporas que estabelecem um novo relacionamento com os padrões antes dominantes e transportam uma nova energia de afirmação e reconhecimento.

A sociedade portuguesa tem, pela sua história e pela experiência recente de acolher migrantes de múltiplas origens étnicas e culturais, uma especial oportunidade de desenvolver massa crítica que favoreça a compreensão dos novos fenómenos, contribua para o entendimento mútuo e beneficie das novas dimensões da interculturalidade. Para além da vivência de novas expressões e do investimento em novas gerações de criadores, o Programa mantém, na linha dos anteriores, uma forte componente crítica e teórica, designadamente através da sua articulação com os programas de mestrado e pós-graduação de estabelecimentos de ensino superior, nas áreas das Ciências Sociais e Humanas e dos Estudos Culturais.

Quando a conjuntura que vivemos nos obriga a repensar comportamentos na procura responsável de novos modelos de sustentabilidade, a vibrante vitalidade de experiências de sociedades emergentes pode ser a lufada de ar fresco ’portadora de futuro’.

Emílio Rui Vilar, Abril de 2009

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