“Si hubiera podido elegir entre la literatura y la música, habría elegido la música”, afirma Julio Cortázar, no documentárioEsto lo Estoy Tocando Mañana, de Karina Wroblewski e Silvia Vegierski, com realização de Ariel Ludin, destacado pela revista Clarín.
Na Argentina, Cien Años con Julio, assinala a efeméride desde Março com várias iniciativas, entre as quais um colóquio: "Jornadas Internacionales: “Lecturas y relecturas de Julio Cortázar”, a decorrer entre 25 e 27 de Agosto. A exposição Los Otros Cielos, que expõe fotografias, filmes e objectos do autor de autor de Histórias de Cronópios e de Famas (1962) e do romance experimental Rayuela (1963) é um dos destaques do jornal Público.
No jornal O Globo, publica-se um perfil de Julio Cortázar, falecido em 1984, que regressa à paixão do escritor pela música, aborda a oposição às ditaduras e a influência de Paris e Cuba no seu trajecto literário, escrito pelo jornalista e editor Cassiano Viana, que investiga a obra do escritor argentino desde 2004.
Tju Cole, escritor, historiador de arte e fotógrafo, de origem nigeriana a residir nos Estados Unidos, revisita a obra do escritor americano James Baldwin (1924-1987),um nome incontornável nas lutas pelos direitos civis, a partir do texto Stranger in the Village, um ensaio onde reflecte sobre as tensões raciais com que se confrontou numa viagem à Suiça, numa reflexão que se alarga à relação entre brancos e negros no seu país, primeiro publicada na Harper's Magazine, em 1953, e depois incluído num dos seus mais famosos livros, Notes of a Native Son.
It recounts the experience of being black in an all-white village. It begins with a sense of an extreme journey, like Charles Darwin’s in the Galápagos or Tété-Michel Kpomassie’s in Greenland. But then it opens out into other concerns and into a different voice, swivelling to look at the American racial situation in the nineteen-fifties. The part of the essay that focusses on the Swiss village is both bemused and sorrowful. Baldwin is alert to the absurdity of being a writer from New York who is considered in some way inferior by Swiss villagers, many of whom have never travelled. But, later in the essay, when he writes about race in America, he is not at all bemused. He is angry and prophetic, writing with a hard clarity and carried along by a precipitous eloquence.
O jornal Público tem vindo a publicar uma série de artigos sobre a I Guerra Mundial, no ano em que se assinala cem anos do conflito que mudou a face dos impérios europeus. Este artigo recupera os acontecimentos em Moçambique, retrato de um fracasso militar, mas também das complexas relações entre colonizadores e colonizados, envolvidos numa guerra que não reconheciam como sua.
Moçambique e os moçambicanos foram sem dúvida as maiores vítimas da guerra, mas nem isso motivou qualquer interesse entre a comunidade académica sobre o tema. António Sopa, historiador moçambicano da época contemporânea, explica este alheamento dizendo que a I Guerra Mundial é vista como “uma guerra dos outros”. Sem fontes escritas, com os arquivos militares e coloniais transportados para Lisboa, resta a memória oral como objecto de estudo. Ou a ficção, fácil de prosperar numa guerra entre europeus errantes pela selva. O escritor João Paulo Borges Coelho recuperou esse tempo para escrever o romance que lhe valeria o Prémio Leya de 2009, O Olho de Hertzog. E pouco mais.
O artigo completo de Manuel Carvalho (texto) e Manuel Roberto (fotos), no Público.
O livro Bass Culture. A history of Reggae, de Loyd Bradley, publicado em 2000, foi agora traduzido em Espanha, sob o título Bass culture. La historia del reggae. Diego A. Marique escreve sobre o livro e a origem deste estilo de música jamaicana.
Cuando brotó el reggae, Jamaica se miró en el espejo y se reafirmó en su negritud, agriada por el recuerdo de la esclavitud y la opresión colonial. En la calle, la contienda política pasaba de los argumentos a las armas automáticas, proporcionadas por la CIA, Castro o los narcos. Ante la evidencia del desastre, resultaba más atractiva la doctrina de los rastas, una flexible secta que justificaba el sacramento de la marihuana y una opción vital más saludable (la comidaital).
A programação do Próximo Futuro está quase a regressar a Lisboa. Dia 2 de Setembro, estreia a primeira peça de teatro, do grupo Griot. Dia 5 recebemos In-Organic, do Brasil, e Puto Gallo Conquistador, do Uruguai. O Teatro Meridional leva-nos a um texto do mexicano Juan Rulfo a partir de dia 9, e do Chile chegam três peças, entre 6 e 16 de Setembro, sem esquecer a revisitação de Eterno Pixinguinha, a 13, e um documentário sobre Bijagós, em estreia absoluta, no dia 15. Reserve as datas para estas imperdiveis 'viagens', de que lhe vamos dando notícia, no site e no facebook e que pode conferir na nossa agenda.
Bilhetes disponíveis nos locais.
Para o Teatro do Bairro, que reabrirá portas a 1 de Setembro, reserve os seus bilhetes através do mail [email protected]
Para espectáculos na Fundação Calouste Gulbenkian, tem a possibilidade de adquirir bilhetes online aqui.
Em 1625, o inglês Ben Johnson escreveu a peça "Staple of News", uma sátira sobre um homem rico que faz circular a notícia da sua morte e regressa como mendigo para observar como o filho gere a sua fortuna. É a partir desta peça, que de alguma forma trata o fenómeno noticioso, à escala da época, que Jorge Furtado constrói o guião do documentário "Mercado de Notícias". Com entrevistas a 13 jornalistas brasileiros, o filme é uma reflexão sobre o passado, o presente e o futuro do jornalismo e da sua relação com a democracia e a sociedade contemporânea.
Makoko Floating School é um edifício flutuante, multifuncional, escola e centro comunitário, da autoria de Kunle Adeyemi, que pretende constituir uma resposta aos problemas da sobrepopulação, danificação de estruturas por inundações sazonais e demolições ordenadas pelo Estado, com poucas horas para despejo de centenas de famílias, numa zona de Lagos, com cerca de 86 000 pessoas. Embora inicialmente declarada ilegal, a estrutura idealizada pelo arquitecto nigeriano foi distinguida com o prémio do Design Museum of London e tem hoje o apoio de várias estruturas como United Nations Development Programme/Federal Ministry of Environment (AAP) & Heinrich Böll Foundation.
É o tema do primeiro episódio de Rebel Arquitecture, uma série documental de seis episódios da Al Jazeera, sobre a arquitectura enquanto forma de activismo e resistência em situações de crise.
A série Rebel Arquitecture abordará mais cinco casos pelo mundo: em Espanha, o projecto de Santiago Cirugeda de transformação de uma fábrica devoluta num centro cultural, as técnicas de reconstrução do paquistanês Pakistani Yasmeen Lari em zonas afectadas pelas cheias, o israelita Eyal Weizman sobre o papel da arquitectura no conflito israelo-palestiniano, o vietnamita Vo Trong Nghia e o projecto de espaços verdes em zonas degradadas e a intervenção do brasileiro Ricardo de Oliviera na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Imagem: Mark Beasley, Sea of ?=, 2009, screenshot. Courtesy of the artist.
O projecto Unplace- Um Museu sem Lugarpretende discutir o conceito de "museografia intangível" na arte contemporânea, na era digital, e as novas relações entre arte, tecnologia e sociedade. Com a participação do Programa Próximo Futuro, entre outras instituições, este projecto terá a primeira conferência internacional na Fiundação Calouste Gulbenkian entre 31 de Outubro e 1 de novembro, "Espaços Incertos: Configurações Virtuais nos Museus e na Arte Contemporânea" e prepara a primeira exposição. Estão abertasas candidaturas a propostas artísticas.
Activistas, melancólicos, eufóricos, niilistas, seja qual for o perfil ou os heterónimos dos artistas, o género ou as linguagens privilegiadas, todos são convidados a apresentarem a sua proposta para a exposição a realizar no contexto do projecto unplace.
Partindo dos temas centrais à conferência Espaços Incertos: Configurações Virtuais nos Museus e na Arte Contemporânea, interessa-nos discutir as mutações e/ou continuidades que a Internet produziu na criação contemporânea. Estamos face a uma transformação que abala os sistemas culturais até um ponto em que podemos referir-nos à passagem de culturas orais a culturas escritas e destas a ciberculturas? Ou será o fenómeno da Internet apenas mais uma e inovadora ferramenta de trabalho?
Pode conhecer o projecto em detalhe, em português e também inglês, aqui
Da autoria de Eddie Chambers, Professor Associado de Arte e História de Arte na Universidade do Texas, em Austin, onde ensina História de África da Diaspora Africana, este livro abrange o período de 1950 até à actualidade, realçando o contributo de artistas africanos para a arte britânica.
Black Artists in British Art represents a timely and important contribution to British art history. Utilising substantial and hitherto little-accessed bodies of archival material, Chambers avoids treating and discussing Black artists as isolated practitioners, wholly separate and disconnected from their counterparts. Neither does he seek to present a rosy and varnished account of Black-British artists. Instead, he explores and reflects on the very real difficulties that have faced Black artists throughout the decades of their practice. Beginning with discussions of the pioneering generation of Black artists such as Ronald Moody, Aubrey Williams and Frank Bowling, who came to London either side of the Second World War, Chambers candidly discusses both the problems and the progress of several generations of artists, including contemporary artists such as Steve McQueen, Chris Ofili and Yinka Shonibare, now numbered amongst the country’s most accomplished practitioners.
Four Women, de Nina Simone, chegou a ser banida da rádio. É a partir desta canção que Claudia Roth Pierpont traça o perfil de uma das mais famosas afro-americanas, estabelecendo uma relação entre a sua vida como cantora e o seu contributo para a luta dos direitos civis dos Negros nos Estados Unidos da América, num texto que fala dos grandes acontecimentos dos anos 60, de Martin Luther King, da amizade da cantora com Michael Jackson, com quem partilhou o palco no 80º aniversário de Mandela, em Joanesburgo, e da sua declarada oposição a George W. Bush. Uma perspectiva da sua biografia eminentemente política, tal como a polémica sobre o filme biográfico Nina, de Cynthia Mort, ainda por estrear, que já fez correr muita tinta, pela escolha de Zoe Saldana para o papel principal.
Her skin was very black, and she was made fully aware of that, along with the fact that her nose was too large. The aesthetics of race—and the loathing and self-loathing inflicted on those who vary from accepted standards of beauty—is one of the most pervasive aspects of racism, yet it is not often discussed. The standards have been enforced by blacks as well as by whites.
Eduardo Lourenço acaba de publicar um conjunto de textos, alguns não datados, outros datados entre 1958 e 2003, sob o título Do Colonialismo como Nosso Impensado. Ali reúne escritos sobre o colonialismo português, os seus modos, a sua história e a relação de Portugal com o Brasil, com as ex-colónias africanas (muito em especial com Angola) e com Timor.
Como em outras obras do autor – Heterodoxia (I e II), O Labirinto da Saudade, Psicanálise Mítica do Destino Português, O Esplendor do Caos, O Canto do Signo --, o título assume a figura do revés, não propriamente de um desconstrutivismo “à maneira de Derrida” mas uma desconstrução a partir do interior de narrativas e factos que construíram um imaginário: o imaginário português. Nesse desejo (que se vem revelando permanente) de entender o seu país, Eduardo Lourenço – estou em crer que contra a sua própria vontade -- acabaria por ser remetido para o estatuto do mais digno representante do pensar Portugal.
Lembremos que quando se remete Eduardo Lourenço para esse estatuto de estudioso eleito -- como se ele fosse apenas herdeiro de Teixeira de Pascoaes e não, também, um céptico, leitor de Husserl, Kierkegaard, Sartre, Kafka. Eduardo Lourenço é um singular pensador sem sistema de enclausuramento do mundo mas um pensador de abertura voluntariamente limitado a uma forma melancólica e breve de ensaio (“não há ensaísmo feliz”, já afirmou Lourenço). Quando se coloca o autor como o pensador exclusivo do ‘ser português’, ignora-se, e marginaliza-se todos os outros momentos de uma obra de muita claridade (O espelho Imaginário, Tempo da Música, Música do Tempo) ou de rebeldia (Os Militares e o Poder, Situação Africana e Consciência Nacional, O Complexo de Marx). Agora, muitos desses escritos ignorados integram o livro acima referido.
Em si, o título – Do Colonialismo como Nosso Impensado -- é já uma rebeldia contra toda uma tradição que vigora, tanto na academia portuguesa como no sistema político-partidário, e que insiste em ignorar que o colonialismo – em especial, o português – não é objecto prioritário de estudo nem de política nacional e internacional. Essa afronta que o título carrega está presente na declaração de que o colonialismo é “o nosso impensado”. Ora, isso mesmo é provado em muitos dos textos que o volume reúne, confirmando o que afirmaram outros estudiosos, em particular intelectuais estrangeiros como Michel Cahen quando escreve que a “produção de um pensamento crítico português relativo a África apareceu lentamente, só depois dos desvios neoliberais da década de 90 e mais declaradamente no princípio deste século” (Approches postcoloniales: quels usages, quels instruments?).
Ao afirmar, porém, que é “o nosso impensado” Lourenço coloca-se no plano de uma ontologia sobre Portugal que, complexo, torna impossível de rebater por parte dos que insistem em o quererem no pensador da tradição portuguesa – e isso revela uma enorme ousadia e rebeldia.
Necessariamente, Lourenço apresenta a natureza de tal impensado: por ser proibido na ditadura mas também por impreparação intelectual, quer dos ultranacionalistas africanos, quer da Oposição Democrática (que “nunca teve ideias, nem muito claras, nem muito liberais sobre África”, p.52), quer por efeito da propaganda dos bispos e do regime associados, quer, ainda, pelo disfarce e logro que as teorias multirraciais de Gilberto Freyre implicavam ao disfarçarem o racismo e o colonialismo (“Tais apologistas (Gilberto Freyre), fazendo pau de toda a colher, nem sequer se deram conta de que o ideal da miscigenação (mais a mais invocado pelo colonizador) não é outra coisa que a expressão suprema do Colonialismo, traduzida sob o plano do sexo.” p.54).
Este impensado colonialismo não é, contudo, uma particularidade da ditadura, antes permanece, segundo Lourenço, depois da Revolução e até à actualidade.
Já em 1974, no ensaio “Quantas políticas africanas temos nós?”, o autor referia a incapacidade de lidar com o colonialismo como “o pesadelo africano” -- que não terminou a 25 de Abril. E depois de 25 de Abril tudo se passa como se não fosse necessário discutir o problema africano. Consequentemente, assiste-se ao escamoteamento deste problema associado à instalação de um ressentimento próprio de quem vive no mal-estar das coisas não resolvidas ou apenas sublimadas através de uma hiperidentidade – “Sempre habitamos um espaço maior que nós” (p.168), um espaço que era a ficção de que Angola e Moçambique eram Portugal e que hoje foi substituída, depois da “integração na Europa”, por essa outra ficção que é como ter os Estados Unidos “ao pé da porta”.
Os primeiros textos datam de 1960, 61, 63. A rebeldia não está só na quebra do tabu de pensar o colonialismo, está também numa linguagem que reclama uma participação democrática sem qualquer ambiguidade e uma terminologia política onde a explicação histórica convive com um vocabulário interventivo, quase guerrilheiro – por exemplo: “festival do colonialismo que são as Comemorações Henriquinas” (p.29), “Gilbeto Freyre e suas burlescas invenções de erotismo serôdio” (p. 35).
Estava-se na década de 60, em Portugal ou em Vence, numa França vivendo o trauma da independência da Argélia, e como não terá sido o sentimento de solidão intelectual vivido por Eduardo Lourenço! Porém, e aqui incompreensivelmente, renega os autores fundadores da negritude – Frantz Fanon, Alione Diop, Senghor e os seus aliados, com destaque para Sartre – a quem chama “masoquistas delirantes filhos de europeus nihilistas ou decepcionados”. Muito centrado no problema de Angola, Brasil e Timor, Lourenço não cita Amílcar Cabral, o mais lúcido dos independentistas das ex-colónias portuguesas. Pese embora nesta altura ainda não circularem, abundantemente, por França os estudos culturais, nem os pós-coloniais e a revisão das histórias de África estar no início este distanciamento a estes autores terá o efeito de isolar o Eduardo Lourenço no colonialismo português e afastá-lo de experiências mais afirmativas relativas às teorias dos independentistas da Índia e de outros países africanos.
Durante o salazarismo, Lourenço tem um inimigo particular: o Presidente do Conselho. Depois, na democracia, confronta-se com a vacuidade dos políticos e da CPLP. Faz acompanhar as suas reflexões por Montaigne e pelo Padre António Vieira. É um pensador solitário perante a literatura medíocre produzida sobre África e a certeza de que muitos anos passarão até poder encontrar os seus leitores e os seus companheiros de debate. Depois de Maria Velho da Costa, António Lobo Antunes, Almeida Faria, Lídia Jorge, Olga Gonçalves (que nomeia), Lourenço pode contar hoje com uma nova geração de escritores, de cineastas e de documentaristas, de coreógrafos e de fotógrafos, de poetas e de ensaístas que aqui em Portugal ou nas ex-colónias não só não disfarçam o colonialismo português como sobre ele trabalham e, em parte, pensado. Mesmo se é a própria Europa, mais tarde, a esconder o colonialismo, conforme afirma Lourenço ao concluir a obra. A rebeldia e o pensar continuam.
Stuart Hall (1932-2014) foi uma das figuras fundadoras dos Cultural Studies, estando ligado à criação da Birmingham School of Cultural Studies, e uma voz fundamental na questão das identidades das diásporas. O filme The Stuart Hall Project (2013) dá conta do seu legado.
Num artigo que também refere este filme, Jean Fisher escreve sobre o percurso do intelectual jamaicano e a relação da sua obra com o mundo artístico.
The charge is occasionally made – somewhat unjustly – that Hall's "sociological" approach led to the self-ghettoisation of black and Asian artists in identity politics. The argument hinges on the febrile relationship between the sociopolitical and the aesthetic in general; namely, that art practice led by sociopolitical concerns becomes a mere illustration of them, which sidelines the insights and knowledge that aesthetic experience itself can produce. And yet art is not produced in a vacuum but responds to the conditions in which the practitioner finds themselves.
A partir da exposição Under the same sun, uma exposição dedicada a artistas latino-americanos patente no Guggenheim até meados de Outubro, Ana Maria Battistozzi constata que muitos não vivem nos seus países e questiona quais as condições de criação e produção destes artistas, tendo em conta os principais circuitos do mercado da arte.
Latinoamérica encarna un persistente malentendido. Un pasado colonial y una lengua compartidos, sumados al más reciente denominador común de haber padecido dictaduras, conspiran contra una visión capaz de contemplar a la región como el conglomerado de culturas diversas que realmente es. A desmontarlo apuntó buena parte del impulso de los estudios poscoloniales que en la última década insumió importantes presupuestos académicos y el interés de las producciones artísticas. Aun así, no es seguro que los viejos clichés generados en el siglo XX no vuelvan bajo las nuevas forma del siglo XXI. Sobre todo si las condiciones económicas que los acuñaron renuevan sus estrategias a la luz de las nuevas perspectivas geopolíticas y la globalización.
Framed é um documentário realizado por Cassandra Herman e Catherine Matters, sobre a representação do continente africano como vítima, alvo de intervenções humanitárias. Através da visão do escritor queniano Binyavanga Wainaina e da académica sul-africana Zine Magubane, entre outros, este filme questiona a simplificação do olhar ocidental sobre África.
Recognizing that people want to do good in Africa, the film raises questions about privilege, power and the misrepresentation that arises from the relationship of aid. “Images reach us faster today than ever: through Facebook, Twitter, ‘voluntourism’ dispatches, and branded social causes,” explain the producers. “Our response to the images we see of Africans makes us feel like good, caring people who can make a difference. We want this film to speak to that sincere intention, by taking a second look at the framing of Africa in crisis, and listening to African experiences and perspectives; to explore how our “saving” ultimately undermines the agency and self-determination of Africans, and how we might be complicit in creating the same inequalities we hope to erase.
Imagem: Taus Makhacheva, Delinking, 2011, Sharjah Biennial 11. Laura Bulian Gallery e Sharjah Art Foundation
Walter Mignolo, investigador, semiótico e escritor, presentemente associado à Duke University, fala sobre o conceito de "decolonial aesthetics" no seu trabalho, em entrevista a Contemporary and:
What is crucial to keep in mind is that “coloniality” and all the concepts we have introduced since then are concepts whose point of origination is not in Europe but in “the Third World.” That means that all these concepts emerge from the experience of coloniality in the Americas. Entangled with modernity to be sure, but no longer “applying” European-born categories to “understand” colonial legacies. On the contrary, we have converted Europe into a domain of analysis rather than a provider of “cultural and epistemic resources.”
Pedro Páramo foi publicado pela primeira vez em 1955. Susan Sontag considerou-o «uma das obras-primas da literatura mundial do século XX». Garcia Marquez leu-o aos 32 anos e afirmou que, desde A Metamorfose, de Kafka, que não lera nada tão fundamental e reconhecia em Juan Rulfo uma das suas maiores influências.
É este livro intemporal que está na base da peça homónima do Teatro Meridional em coprodução com o Próximo Futuro, com estreia mundial marcada para dia 9 de Setembro.
Poderá, entretanto, ouvir Juan Rulfo, numa entrevista ao programa televisivo espanhol "A Fondo", de Joaquín Soler Serrano, em 1977, onde fala de Pedro Páramo, da sua vida e da literatura.
Terminou no dia 3 de Agosto a Feira do Livro de Lima, no Perú, que teve como país convidado o Chile e realizou uma homenagem a Octavio Paz.
Num país com três línguas oficiais, onde as mulheres marcam cada vez mais a sua presença no cenário literário, Jacqueline Fowks entrevista vários autores e faz um balanço do estado da arte:
Una crisis positiva, una totalidad contradictoria, una estética individual y un cosmopolitismo andino son algunas de las vivencias que afronta la nueva literatura peruana. Experiencias que forman parte del cruce de caminos que atraviesa hoy el panorama de las letras de Perú, cuyos autores buscan salir de la larga sombra del poeta César Vallejo y del narrador, ensayista y dramaturgo Mario Vargas Llosa.
How was, is, photograph used in the battle between two legacies: self-afirmation and negation?
Esta é a questão que Thomas Allen Harris faz no documentário Through A Lens Darkly: Black Photographers and the Emergence of a People. Inspirado no livro de Deborah Willis,Reflections in Black, o filme confronta o papel de fotógrafos negros nos Estados Unidos e as representações negativas, em termos da evolução das tensões raciais naquele país.
É um longo e mediático julgamento, o do atleta paralímpico Oscar Pistorius, acusado de assassinar a namorada, sobre o quem recaem suspeitas de violência conjugal e que alega tê-la confundido com um intruso.
Norimitsu Onishi, jornalista e editor do New York Times, que foi correspondente internacional e esteve sediado na África Ocidental entre 1998 e 2002, escreve sobre este julgamento, presidido por uma juíza negra, na perspectiva da evolução socio-política da África do Sul, na era pós-apartheid.
Since the trial began in March, Judge Masipa has sat at the intersection of two powerful problems in South Africa: violence against women and racial tensions. She has listened to Mr. Pistorius’s lawyers knit together a defense that rests in part on white South Africans’ deep-rooted fear of black men invading their homes. She has sometimes chided the white men in her courtroom, who address her with the honorific “My Lady” — still an extraordinary scene a generation after the end of apartheid.
Os Transparentes, de Ondjaki, foi distinguido com o Prémio Saramago, este ano. O autor, que esteve presente na Festa da Literatura e do Pensamento do Sul de África, no Próximo Futuro, em 2013, traça, neste livro, um retrato actual de Angola.
Nas palavras de António Rodrigues:
O que capta Ondjaki nas descrições, nos diálogos, na definição das personagens, no lindíssimo português de Angola, cheio de empréstimos do kimbundu, do brasileiro (Odorico Paraguaçu, o personagem da telenovela O Bem Amado, é herói linguístico), do inglês, enriquecido pelas corruptelas da oralidade (num país onde a cultura continua a ser essencialmente oral e a iliteracia se mantém generalizada), sempre em perpétua mudança e com a capacidade de nos desconcertar a cada momento (o diálogo mais banal pode guardar uma pérola de erudição ou uma palavra que julgávamos perdida para a conversa quotidiana moderna) é Luanda; a Luanda que quem lá vive ou viveu recentemente reconhece e que com este livro ficará registada para memória futura.
Pode ler o artigo completo, originalmente publicado no Jornal Público, no site Buala
Distance and Desire foi a primeira colectiva em que participou, uma exposição em que o legado da fotografia africana entre 1860 e 1930 dialogava com trabalhos contemporâneos. Em 2014, em Cape Town, mostrou imagens suas produzidas na Alemanha, Turquia, Jordânia e Zimbabué, na Goodman Gallery, na Cidade do Cabo, na exposição individual Running. O artista sul-africano, nascido em 1981, debruça-se sobretudo sobre a relação entre a geografia e a identidade social e as suas imagens caracterizam-se por apurado sentido geométrico e composicional.
The idea of place relates to identity and history. I photograph mostly young people who were born after 1994; we call them “born free.” The idea of photographing young people was about trying to see ordinary people in those places as icons. I Iike finding juxtapositions with the land and people who grew up without the baggage of Apartheid. In South Africa, we were divided geographically, even as people who are of the same origin. For example, my mother was born and grew up in Johannesburg. She lived there her whole life. But when she speaks about home, she refers the homelands (the rural areas) where her parents come from. The old regime created the system that makes Johannesburg seem like it’s not a home, even if you were born there. The idea of home is very complex, and changes depending on who you are and where you come from.
Pode ler mais sobre o percurso e os projectos de Thabiso Sekgala aqui
Escritor, dramaturgo e realizador, o nigeriano Biyi Bandela já adaptou textos de Chinua Achebe e Aphra Behn. Em 2013, realizou o filme Half a Yellow Sun, a partir do romance homónimo da escritora Chimamanda Adichie, distinguido com o Orange Prize em 2007.
Biyi Bandela falou sobre a questão da perspectiva na representação de realidades africanas, os desafios da adaptação cinematográfica e a relação com a escritora durante o processo.
She loved it!” he says giggling with pride. “She said she was glad I didn’t show her the script because then she had to see it, and she felt that the movie got her book, fundamentally, even though I changed the structure.
O livro Americanah, da mesma autora, será também adaptado ao cinema, numa produção de Brad Pitt, que contará com a actriz Lubita Nyong, vencedora, este ano, do Óscar de melhor actriz secundária, segundo o jornal The Guardian
El aprendizaje del escritor foi originalmente publicado em inglês, em 1973. Uma nova edição chegou recentemente à América Latina e reúne as conversas de Jorge Luís Borges com alunos de escrita criativa na Universidade de Columbia e no Texas, em 1971, entre outros textos.
Lo interesante –dijo María Kodama en nuestro encuentro, un frío mediodía de junio– es que no se trata de conferencias. Las sesiones, tal como se leen en el libro, se dividieron en tres partes siguiendo las preguntas de los alumnos, en base a un cuento poco conocido de Borges, una poesía y problemas concretos sobre traducción, las tres grandes áreas que él cultivó siempre.
Pode ler a entrevista completa a Maria Kodama, viúva do escritor, na Clarín
Enquanto preparava o seu livro anterior "Antologia Ilustrada da Poesia Brasileira", particularmente dirigida ao público infantil, Adriana Calcanhotto descobriu a diversidade de autores que exploraram o haicai, poemas de três linhas, uma tradição poética de origem japonesa. Agora reunidos em livro, estes poemas são assinados por nomes como Drummond de Andrade, Mario Quintana, Paulo Leminski, Erico Veríssimo, entre tantos outros. Um livro cujo nascimento também passou por Lisboa e por Fernando Pessoa.
Bakary Diallo, natural do Mali, foi um artista visual e cineasta. Nascido em 1979, estudou no Conservatory of Arts and Multimedia, de Bamako e em 2010 venceu o Prémio Metropolis da MADATAC pelo filme The Light. Teve obras em importantes exposições e bienais, como Encounters of African Photography in Bamako (2011), 17th Contemporary Art Festival SESC_Videobrasil (2011) e Dak’Art (2012).
O artista foi uma das vítimas do acidente de avião da Air Algérie, no passado dia 24 de Julho.
O filme «Tomo» aborda a questão da violência e da guerra.