Emeka Ogboh, presente na Dak'Art 2014 é um artista nigeriano que aborda, nos seus trabalhos de video e audio, o cosmopolitismo das grandes cidades. Recentemente, Lagos, uma das cidades maiores do seu país e do continente africano, é o foco do seu interesse.
Its intensity and diversity, so much happening at the same time and on different layers. A lot of people would consider Lagos’ soundscape as being very noisy, and they’d call it noise. But I stopped calling it noise since I started listening to it. When you record sounds out in the streets and bring them to your studio, it gives you room to be relaxed and listen to it – you are not right there in the action. Because when you are out there in the street, you’re probably trying to get somewhere, you are in hurry and not really paying attention to the soundscape… you can hear it but you are not really listening.
Distinguido por este livro com o Prémio José Saramago em 2013, Os Transparentes situa-se na Angola actual do pós-guerra, onde um grupo de dez personagens improvisa o quotidiano, resultando num retrato social rico e imaginativo, com momentos bem humorados. Onjaki, prosador e também poeta, descreveu assim o livro: "Este é um livro sobre uma Angola que existe dentro de uma Luanda que eu procurei escrever e descrever. Fi-lo com o que tinha dentro de mim entre verdade, sentimento, imaginação. E amor. É uma leitura de carinho e de preocupação. É um abraço aos que não se acomodam mas antes se incomodam. É uma celebração da nossa festa interior, trazendo as makas, os mujimbos, algumas dores, alguns amores." Segundo o juri do prémio, a obra distingue-se ainda por "uma radical crioulização da língua portuguesa".
UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA, Paulina Chiziane (Moçambique)
2002. Editorial Caminho
Rami é casada há vinte anos com um alto funcionário de polícia. Quando descobre que o marido tem mais cinco mulheres, dispõe-se a conhecê-las. Um gesto que inaugura uma viagem por mundos desconhecidos, o mote de uma reflexão sobre diversidade de tradições, conflitos permanentes e construções híbridas que atravessam a cultura moçambicana. Um universo que nos chega pela voz das mulheres: ''Todas as mulheres são gêmeas, solitárias, sem auroras nem primaveras. Buscamos o tesouro em minas já exploradas, esgotadas e acabamos por ser fantasmas nas ruínas de nossos sonhos'', escreve a autora. A obra foi distinguida com o Prémio José Craveirinha, da Associação de Escritores de Moçambique.
MEMÓRIAS DE UM PORCO ESPINHO, Alain Mabanckou (Congo)
2007. Europress
A partir da lenda popular segundo a qual cada ser humano tem um duplo animal, Alain Mabanckou tece uma paródia onde um porco-espinho é encarregue pelo seu alter-ego humano, Kibandi, de executar várias mortes com a ajuda dos seus espinhos, o que causa agitação e terror na aldeia, inspirando a reflexão do animal sobre a natureza das suas missões. Revisitando o conto tradicional africano e os códigos narrativos da fábula, Mabanckou constrói uma história repleta de humor e sentido crítico. Nas palavras do autor: «C’est une fable philosophique car le roman pose la question de ce qu’il y a derrière l’existence de l’être humain, sur le sens de la vie de l’homme. Il montre également le rapport entre l’homme et l’animal.» O romance venceu o Prémio Renaudot, destinado a obras de literatura francófonas, em 2006.
UM CAPRICHO DA NATUREZA, Nadine Gordimer (África do Sul)
2003. Publicações Dom Quixote
Esta é a história de Hillella, uma rapariga sul-africana branca que se junta à luta anti-apartheid. Desde cedo uma personalidade rebelde, filha de uma mãe que já desafiara as convenções sociais, Hillella é expulsa do colégio e da família e acaba por sair do país. Personagem complexa, sensual e ousada, desafiadora da moral vigente e com raro sentido de liberdade, é uma figura constestatária, com um percurso que a colocará nas fileiras de um combate a um regime injusto e racista, num tempo de convulsões mundiais. Da escritora galardoada com o Nobel da Literatura em 1991, recentemente falecida, que foi, ela própria, um dos principais rostos do combate ao apartheid na África do Sul.
LUUANDA, José Luandino Vieira (Angola)
2004. Editorial Caminho
Luuanda reune três contos de Luandino Vieira, escritos nos anos 60, cuja publicação e impacto incomodaram o estado salazarista. Considerado um livro de ruptura, as três histórias retratam Angola sob o jugo colonial português, as desigualdades entre brancos e negros e a vida caótica do quotidiano nos musseques, bem como as tradições culturais angolanas, esmagadas pelo colonizador. Numa linguagem inovadora que cruza o português com os dialectos locais, o livro é ainda hoje considerado um marco fundador da moderna literatura angolana. "A questão da fome, a questão da repressão, a questão de surgirem personagens de camadas e classes sociais que, até aí, eram segregadas da literatura, parece-me (hoje, a esta distância, tanto quanto me vejo, até como personagem do meu próprio destino), parecem-me correctas... Quando escrevi o Luuanda a minha preocupação era ser o mais fiel possível àquela realidade.", declarou o autor, em 1994.
AMERICANAH, Chimamanda Ngozi Adiche (Nigéria)
2013. Publicações Dom Quixote
Ifemelu e Obinze apaixonam-se, nos tempos sombrios da ditadura militar nigeriana, que impulsiona uma vaga de emigração, apenas ao alcance daqueles com meios para fugir. Ifemelu vai estudar para os Estados Unidos, separando-se do seu amor, que mais tarde tenta juntar-se a ela. Mas a América do pós-11 de Setembro fecha-lhe as portas e Obinze torna-se um emigrante ilegal em Londres. Reeencontrar-se-ão anos mais tarde, na recém formada democracia nigeriana, depois de terem feitos percursos muito diferentes. Ao regressar, Ifemelu encontra um país que não conhece e uma história de amor ferida pelo afastamento. Considerada uma das maiores vozes da literatura africana contemporânea, e distinguida com este livro pelo prémio National Book Critics Circle, Chimamanda Adichie aborda neste livro os seus temas recorrentes, como identidade, raça, nacionalidade e diferença.
QUANDO TUDO SE DESMORONA, Chinua Achebe (Nigéria)
2008. Mercado das Letras
Okonkwo é um guerreiro afamado em nove aldeias dos Ibo, na Nigéria, entre o final do século XIX e o início do século XX. Vive no clã de Umuofi, com as suas três mulheres e os seus filhos, empenhado em conquistar o título mais nobre do seu povo. Um episódio trágico mudará o seu destino, no mesmo momento em que os primeiros missionários britânicos se aproximam da comunidade, produzindo profundas mudanças com as quais terá de se confrontar. Retrato extraordinário da cultura guerreira tribal e da violência colonial, nem sempre explícita, este romance, publicado em 1958, estudado em escolas africanas e traduzido para mais de cinquenta idiomas, é considerado fundador da moderna literatura africana, tendo alcançado reconhecimento mundial. Chinua Achebe, falecido em 2013, de quem Mandela disse que "na sua companhia, os muros da prisão caiam", venceu o Man Booker International Prize em 2007.
O HOMEM LENTO, J.M. Coetzee (África do Sul)
2008. Publicações Dom Quixote
Aos 60 anos, o fotógrafo Paul Rayment perde a perna num acidente de bicicleta e a sua vida é totalmente transformada. Entre o desespero e a resignação, a enfermeira croata que o assiste Marijana e a enigmática escritora Elizabeth Costelo trarão novas problemáticas ao seu quotiano virado do avesso, em que revê convicções e se coloca perguntas fundamentais sobre a existência e o processo de envelhecimento. Uma obra assinada por um dos mais celebrados nomes da literatura sul-africana, Prémio Nobel da Literatura em 2003 e duas vezes vencedor do Booker Prize.
Entre 1973 e 1994, foi Ghariokwu Lemi quem desenhou muitas das capas de Fela Kuti, considerado fundador do Afro Beat e um activista político. Tinha apenas 18 anos quando conheceu o músico através de um amigo comum, jornalista, e logo depois assinaria a capa do seu primeiro disco. Alcunhado por Fela Kuti "the artist", um trabalho seu faz parte da colecção do MOMA de Nova Iorque.
Conheça a história em OkAfrica e oiça o artista sobre as capas, aqui
Foram anunciados os 5 vencedores da POPCAP’14 , o prémio de Fotografia Africana Contemporânea da Piclet.org. São eles Joana Choumali (Costa do Marfim), Ilan Godfrey (África do Sul), Léonard Pongo (Bélgica),Anoek Steketee and Eefje Blankevoort (Holanda), and Patrick Willocq (França).
Sobre o trabalho de Joana Choumali's (fotografia em cima), escreve a revista Another Africa:
Abidjan based photographer Joana Choumali’s series Hââbré, The Last Generation explores scarification – markings created through superficial incisions made to the body. Hââbré means both writing and scarification in Kô, a Burkinabe language. Once common, this traditional practice is fading due to changing values and pressures. Few and far between, people bearing these markings as Choumali describes are typically only members of an older generation. Her portraits of individuals in Abidjan, question the links between the past and the present. As documents of the physical traces of shared values, and traditions of self-imaging within cultural groups, they reflect on how these are subject to change. Once the norm, and having high social value as she describes, individuals bearing these vestiges of the past, are now somewhat “excluded”. Joana Choumali was born in 1974 in Abidjan, Ivory Coast. She lives in Abidjan Cococy, Ivory Coast.
Sia Toldo, cantora da República da Guiné que venceu em 2011 o prémio Découvertes da Radio France Internacional, lançou recentemente o seu terceiro álbum, African Woman.
A revista Wiriki chamou-lhe "a nova diva do Afrobeat":
Sí. La verdad es que me decidí por el Afrobeat porque como música revolucionaria que es, acompaña a mis palabras tal y como yo quiero que lleguen a mi público. A Tony Allen lo conocí gracias a mi sello discográfico, Lusafrica, y después de escuchar algo de su música convencí a mi productor para que lo llamara. ¿Quien mejor? Fue uno de los artífices del Afrobeat junto a Fela Kuti. Y me ha encantado trabajar con él, porque lo ha hecho todo fácil. Es un espíritu positivo de nuestra sociedad africana.
A Flip - Festa Literária Internacional de Paraty começa já amanhã. Um festival que reúne dezenas de autores e que este ano homenageia Millôr Fernandes, humorista, ilustrador, escritor e dramaturgo brasileiro. Neste edição, assinalam-se também os 50 anos do golpe militar que instituiu a ditadura em 1964 e comemoram-se os 450 anos do nascimento de Shakespeare.
O jornal Público publicou várias reportagens sobre o evento, que inclui um artigo sobre a colaboração de uma década de Millôr Fernandes com o Diário Popular, nos tempos da ditadura militar, uma entrevista ao curador da edição de 2014, e destaca alguns convidados, como o arquitecto Paulo Mendes da Rocha e o escritor norte-americano Michael Pollan.
The Legendary Tigerman, Throes + The Shine, Noiserv, Best Youth, Long Way To Alaska e Buraka Som Sistema, entre muitos outros, fazem parte deste retrato da música pop portuguesa contemporânea, traçado pela revista LesInRocks.
A l’opposé dans le spectre de la mélancolie, on retrouve Buraka Som Sistema. Ce groupe issu de la banlieue nord de Lisbonne restera dans l’histoire pour ceci : avoir importé le kuduro, niche électronique née en Angola au milieu des années 90, et en avoir fait un objet de pop-culture de ce côté-ci de la Méditerranée. Ou comment exorciser, au XXIe siècle, un passé colonial douloureux en faisant danser jusqu’à la fièvre.
O file Concerning Violence, do realizador sueco Göran Hugo Olsson, é baseado no ensaio homónimo de Frantz Fanon, nome de referência do pensamento anti-colonial. Bhakti Shringarpure, editor-chefe da Revista Warscapes e Professor de Inglês na Universidade de Connecticut, publica a critica no jornal The Guardian.
In this documentary, Olsson builds layer upon layer of images showing abject poverty, racism, over-worked people, crude guerrilla warfare countering slick European planes, places where natural resources like oil and diamonds are being unearthed with appalling living conditions for workers, and hospitals overflowing with wounded women, children and men.
In so doing, he taps into the primary violence of the coloniser, rather than of the colonised, falling definitively into the camp of thinkers who believe that Fanon was not propagating violence but merely understanding it’s effects and uses.
Yale não é só uma universidade, também é uma galeria, que até 14 de Setembro expõe arte sul-africana dos anos 60 até à actualidade, um período de profunda transformação naquele país.
Organizada pelos estudantes de Artes, esta mostra inclui nomes como Gavin Jantjes, Santu Mofokeng, Zanele Muholi, Robin Rhode, Sue Williamson e William Kentridge, de que lhe deixamos aqui o trabalho "Automatic Writing":
Criar roupa a partir de 'sacos chineses': este é o projecto que ocupa desde 2011 o designer de moda sul-africano Dennis Chuene, entrevistado pela revista Another Africa.
Quite frankly my preoccupation/obsession with the China bag, came with a need to take ownership of a discarded cheap bag that I grew up seeing. I wanted to personify it, to give it a metaphoric voice to say, ‘I am part of you. You use me when you’re out on your luck and discard me when you make a buck
O encontro com a desiger americana Jenny Lai inspirou também o projecto fotográfico sobre interculturalidade e moda, de Chris Saunders, Not X Chris Saunders.
"Do Valongo à Favela: Imaginário e Periferia", no Museu de Arte do Rio (MAR), aborda a produção artística em torno da evolução histórica das zonas portuárias do Rio de Janeiro, desde o tráfego de escravos e diamantes até aos dias de hoje. A curadoria é de Rafael Cardoso e Clarissa Diniz.
Hoje, as ideias de “periferia” e “periférico” são de importância vital para a arte contemporânea, colocada aqui em diálogo crítico com vestígios de um passado que vai sendo revisto e reinventado.
Veja o vídeo da montagem da exposição, com vários depoimentos de artistas e curadores:
Os seus nomes constam em "A brief survey of the short story", série do blog de literatura do jornal inglês The Guardian, não fossem duas figuras maiores da literatura sul-americana e, em particular, do conto: Julio Cortázar e Jorge Luís Borges.
La cárcel es profunda y de piedra; su forma, la de un hemisferio casi perfecto, si bien el piso (que también es de piedra) es algo menor que un círculo máximo, hecho que agrava de algún modo los sentimientos de opresión y de vastedad. Un muro medianero la corta; éste, aunque altísimo, no toca la parte superior de la bóveda; de un lado estoy yo, Tzinacán, mago de la pirámide de Qaholom, que Pedro de Alvarado incendió; del otro hay un jaguar, que mide con secretos pasos iguales el tiempo y el espacio del cautiverio. A ras del suelo, una larga ventana con barrotes corta el muro central. En la hora sin sombra se abre una trampa en lo alto,, y un carcelero que han ido borrando los años maniobra una roldana de hierro, y nos baja en la punta de un cordel, cántaros con agua y trozos de carne. La luz entra en la bóveda; en ese instante puedo ver al jaguar.
La Escritura del Dios, Jorge Luis Borges
Nos gustaba la casa porque aparte de espaciosa y antigua (hoy que las casas antiguas sucumben a la más ventajosa liquidación de sus materiales) guardaba los recuerdos de nuestros bisabuelos, el abuelo paterno, nuestros padres y toda la infancia.
Casa Tomada, Julio Cortázar
Estes e mais 98 contos dos dois autores, disponíveis aqui
Siddy Diallo é um jovem artista senegalês, distinguido com um prémio da International Organization of La Francophonie (OIF), que marcou presença no Dak'art 2014. Em entrevista ao Contemporary And afirmou:
I think there’s no such thing as life without politics. In my opinion, being political is what enables you to take a position on every level of the landscape of life.
"Borges y compañía" apresenta no Centro Cultural La Recoleta, em Buenos Aires, um conjunto de retratos do caricaturista e pintor Hermenegildo Sábat. Rostos anónimos, desfigurados, extremados pela comicidade. Entre eles, o do seu amigo Jorge Luis Borges, com quem privou durante anos.
El artista acentúa y vuelve visibles ciertos rasgos, la denuncia, la crítica y la reflexión, especialmente en el área conceptual que crea en sus pinturas-caricaturas. La propia caricatura –sobre todo aquélla desarrollada en el trabajo periodístico, en el que Sábat se desempeña magistralmente desde hace décadas en Clarín y antes en otros medios– es un tipo de representación que permite denunciar y satirizar el poder (algo que el dibujante y pintor ha hecho tantas veces y tan originalmente). Lo sabemos, Sábat es en el terreno de la caricatura política local protagonista fundamental.
Lourens Loux é um dos mais relevantes designers de moda da Namibia, que marcou presença este mês na Berlin Fashion Week, onde apresentou as suas criações vintage, que partem das roupas do seu pai.
Son piezas exclusivas, sofisticadas y atemporales, trajes a medida elegantes, trajes de herencia africana. Mis creaciones representan el continente africano en general. Los colores brillantes son las culturas de África, variadas y diversas que son una representación de todas las poblaciones del continente. El proceso de unir brillantes colores, tejidos y patrones en cada una de mis piezas significa la existencia y el crecimiento de la unidad del continente. Mis creaciones son África y sus diferentes épocas.
Sandra Monterroso, artista da Guatemala, nascida em 1974, reside actualmente em Viena. Formada na área de Ilustração e Desenho, é também fundadora da associação DAC e produz trabalho artístico desde os anos 90. Sobre a peça que trouxe ao Próximo Futuro, afirma:
De ahí que el desteñir sea una manera violenta de sustraer el color, en este caso el término femenino de la palabra, también denota todo el saqueo natural y cultural. Desde el punto de vista espiritual y de resistencia, los colores blanco y color amarillo forman parte de los cuatro puntos cardinales de la cosmovisión maya determinan en el norte-blanco la muerte del ser humano y en el sur-amarillo el nacimiento respectivamente. El sur-amarillo, también indica cuestiones geopolíticas en los hilos de la historia.
Foto: Tom Jobim, Pixinguinha, João da Baiana e Chico Buarque
No concerto "Eterno Pixinginha", a que poderá assistir em Setembro, no Próximo Futuro, abordam-se peças inéditas (Ignez, One step, Poética etc), reduções de arranjos originalmente escritos para o Pessoal da Velha Guarda (Assim é que é, Minha gente, Marreco quer água etc) e releituras de clássicos (Lamentos, Rosa, Carinhoso), percorrendo os principais géneros legados pelo mestre: choro, maxixe, valsa e polca.
Um nome maior da música brasileira que se cruzou com Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros. Em "Ensaio", da TV Cultura, eles contam memórias, num programa onde que inclui imagens do próprio Pixinguinha.
"Spirit Levels" reúne Remy Jungerman (Suriname), Adele Todd (Trinidade e Tobago) e Tony Cruz (Porto Rico), no Centre For Contemporary Arts de Glasgo artistas com trabalhos em torno da linha e da forma que pretendem reflectir aspectos das suas culturas locais.
In this exhibition, the artists challenge the capacity of contemporary art to absorb elements of spiritual life at a time when parts of the art world itself are dominated by secular materialism. Equally, the exhibition raises questions around the importance of race, colonialism and the transmission of ideas from local positions to international arenas.
NOVI ZAGREB (Ljudi iza prozora)' (1979), da croata Sanja Ivekovi, no Globo
O Rio de Janeiro é palco, em quatro lugares, da exposição "artevida" que reúne 300 obras de artistas de 25 países, com foco no papel das vanguardas brasileiras e trabalhos de Lygia Clark ou Hélio Oiticica, em diálogo com obras estrangeiras.
Ao espalhar 300 obras de arte pelo Rio, os curadores Rodrigo Moura e Adriano Pedrosa têm um projeto ambicioso: “inverter a angulação” da história da arte — leia-se: partir de matrizes brasileiras, e não europeias ou norte-americanas, para buscar conexões com a arte produzida globalmente.
Até 30 de Julho, decorre o 9º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo: mais de 100 filmes, que incluem várias produções brasileiras inéditas, secções de homenagem, documentários musicais e cinema mudo da América Latina.
“Desarrollé un trabajo más de instalación y emplazamiento en los lugares de exhibición. Las reflexiones fueron sobre la arquitectura informal, situaciones que había visto en Medellín pero que no había puesto atención. Ver la fragilidad de estas casas, con los materiales que eran construidas, estudiar la formación de esos barrios subnormales... era entender los problemas escultóricos pero a la luz de esos materiales que encontraba en la ciudad"
Em Natal, no Brasil, existe um museu dedicado aos brinquedos de tradição popular. O projecto nasceu do Núcleo de Estudos da Ludicidade Infantil (Neclin). Lerson dos Santos, um dos responsáveis, afirma:
Existe uma diferença básica entre brinquedo popular e artesanal. Enquanto o brinquedo artesanal é construído com fins comerciais e recebe todo um acabamento estético, pintura e tudo mais, o artigo popular geralmente é feito pela própria criança ou pelo pai, ou seja, tem fins puramente lúdicos
Moshekwa Langa nasceu numa cidade remota da África do Sul, que veio a descobrir não constar no mapa, e cresceu sob o regime do apartheid, temas que estão presentes na sua obra, agora exposta na ifa Gallery, em Berlim.
In his new installation 'The Jealous Lover' Moshekwa Langa examines the pull that cities exert on people. The desire for a better life in the metropolises – connected with the abandonment of traditions and relationships – exemplifies the experiences of people in the globalised and digitised world.
A Revista Time indicou nove fotógrafos brasileiros a não perder de vista, por captarem os contrastes e complexidades daquele imenso país:
"Contemporary photography takes possessions of these elements and emotions, becoming a solid instrument for new generations and a language to document the multifaceted angles of Brazilian society, its contrasts and renewed identity.
Sebastián Beláustegui nasceu em 1969, em Buenos Aires e reside actualmente em Tepoztlán, no México. Fotógrafo autodidacta, já publicou na National Geographic, Los Angeles Times e Newsweek.
"África na América" é um projecto fotográfico sobre a herança cultural dos afrodescendentes no continente americano.
“En la era de la globalización y la comunicación de masas, las tradiciones de los grupos étnicos minoritarios están siendo diluidas por las culturas dominantes. (...) Mi intención es dar visibilidad a estas realidades marginadas e ignoradas, retroalimentar el alma dando un testimonio de su belleza y proyectar el respeto hacia el valor que tienen estas culturas”, afirma o fotógrafo.
Leia o artigo completo de Sorayda Peguero na Wiriko
A primeira exposição da série "Perspectives", inaugura hoje, dia 22 de Julho, na Galeria Stevenson, na Cidade do Cabo. Coordenada por Darren Levy, esta exposição organiza-se em torno da obra de Albert Adams (na imagem), pretendendo mostrar artistas sul-africanos do pós-guerra, a par de nomes contemporâneos.
This first Perspectives exhibition is built around the Albert Adams triptych, a seminal work in the history of South African art. One has to remind oneself that it was painted 65 years ago because it resonates so strongly with the works of contemporary artists like Wim Botha and Helen Sebidi. In addition, works by Penny Siopis, Alexis Preller, Berni Searle, Guy Tillim, Natasja Kensmil also allude to a transitional space between life and death as well as experiences that we can feel but may have difficulty explaining.
Alguns dos artistas contemporâneos destacados pela Stevenson integram as iniciativas do Próximo Futuro. Em Lisboa, pode conhecer o trabalho de Wim Botha, na exposição "Artistas Comprometidos? Talvez", até 7 de Setembro. No Porto, está patente até 31 de Agosto, a exposição "Present Tense", que inclui fotografias de Guy Tillim.
Chimamanda Adichie, premiada escritora nigeriana, publicou um novo conto. "The miraculous deliverance of Oga Jona" satiriza as questões de segurança e do poder, no seu país:
As soon as he opened his eyes, he felt it. A strange peace, a calm clarity. He stretched. Even his limbs were stronger and surer. He looked at his phone. Thirty-seven new text messages – and all while he was asleep. With one click, he deleted them. The empty screen buoyed him. Then he got up to bathe, determined to fold the day into the exact shape that he wanted.
O protesto urbano como arte: é esta a proposta da exposição "Acción Urgente", que reúne colectivos artísticos da Bolivia, Brasil, Chile, Paraguay, Perú e Argentina, na Fundação Proa, o mais recente espaço de arte contemporânea de Buenos Aires.
Fotografias, videos, objectos e intervenções em salas trazem o protesto para o museu, numa mostra invulgar com curadoria de Cecilia Rabossi e Rodrigo Alonso:
Las acciones y performances que componen Acción Urgente ofrecen un repaso de las manifestaciones más contemporáneas inscriptas en la rica tradición del arte latinoamericano de enfrentar críticamente la realidad tomando el entorno urbano como materia de acción y expresión.
A peça "Pedro Páramo" integra a programação de Setembro do Próximo Futuro, com estreia marcada para dia 9. Uma coprodução Próximo Futuro/Teatro Meridional, que parte do livro do escritor mexicano Ruan Rulfo, com dramaturgia e adaptação de Natália Luiza e encenação de Miguel Seabra.
Num texto com uma linguagem muito visual e com personagens de uma iminente teatralidade, as cenas desenham-se por fragmentos e cada fragmento é um ângulo de visão que mistura habilmente o real, o imaginário e o sobrenatural, numa obra de absoluto realismo mágico.
Uma visualidade a que não será alheia a paixão de Juan Rulfo pela fotografia, tendo sido considerado por Susan Sontag o fotógrafo mais importante que conheceu na América Latina. Deixamos-lhe algumas imagens, publicadas pelo El Pais.
A partir de amanhã, dia 22, será possível visitar a Exposição "Artistas Comprometidos? Talvez" com o Programa Descobrir da Fundação Calouste Gulbenkian, dedicado à Educação para a Cultura e a Ciência.
Uma visita orientada, destinada a grupos escolares e outras instituições educativas e grupos organizados não escolares. Requer marcação prévia.
Johanna Calle/Colômbia, Perimeters (Ceiba), 2014. Fotografia de Eric Swanson.
"Unsettled Landscapes 2014" (Julho 14-Jan 15) expõe artistas contemporâneos das Américas, de Minnessota à Ilha do Fogo, problematizando o espaço do ponto de vista da paisagem, do território e das relações económicas.
"Works in the exhibition attend to concerns about borders, they uncover biases, confront clichés, give voice to silenced histories, subvert the traditions of European landscape painting, address tourism and eco-politics, take an activist stance and challenge capitalist frameworks, among other matters."
O escritor queniano Ngugi wa Thiong'o, autor de uma obra fundamental sobre o colonialismo, Decolonising the Mind, romancista, dramaturgo, é também fundador da revista Mutiri, escrita na língua nativa Gikuku. Deixamos-lhe aqui a sua homenagem a Nadine Gordimer, falecida a 13 de Julho, no jornal Mail and Guardian, em "Fairwell to a great spirit", artigo onde também lhe dedica um poema:
Dear Nadine Your Name is Hope
You were born on the wealthy side of the colour divide You built bridges across the divide Even when apartheid destroyed or burnt them down with hatred You went back at it with pen courage and hope
Dear Nadine Your Name is Hope
You found the crying; you wiped their tears Those without food; you shared what you had kept aside Those that were thirsty; you shared the water you carried The tortured you uplifted them with words of hope
Dear Nadine Your Name is Hope
You found swords raised You just raised your pen A miracle came to be The pen had power greater than the sword
Dear Nadine Your Name is Hope
What then remains to say: You found broken hearts You put them back together with words From a pen that flowed ink instead of blood
Dear Nadine Your Name is Hope
Even though you’re now with Mandela and others Even though we don’t see you with our earth-bound eyes We have inherited hope from your words That you have spun these 90 years
O Festival Músicas do Mundo 2014 já começou em Sines e prolonga-se até dia 26 deste mês. Uma volta ao mundo em pouco mais de uma semana, que conta com uma grande delegação de artistas africanos e sul-americanos, onde não faltam também músicos do Médio Oriente e da Ásia.
É do México, por exemplo, que chega Arreola+Carballo, um projecto de rock experimental que trabalha a poesia índia.
Morreu o escritor brasileiro Rubem Alves, aos 80 anos. Foi psicanalista, académico, teólogo, autor de poesia, contos, crónicas romances, histórias para crianças e ensaios, tendo deixado dezenas de títulos, entre os quais Ostra Feliz Não Faz Pérola ou A Alegria de Ensinar. Leia mais sobre o percurso do escritor aqui
Sobre a Escola da Ponte, em Vila das Aves, no Norte de Portugal, publicou A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.
"Tombuctu: a cidade dos livros" desmistifica lugares comuns sobre o continente africano, lugar de cultura ancestral.
Entre vários dados históricos, que dão conta das questões comerciais e territoriais, este video, produzido por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para fins didácticos, conta a história da cidade Património da Humanidade desde 1998.
Solipsis VII (na imagem) é uma obra que tem uma versão para cada espaço em que se instala, e que o ano passado 'ocupou' a Stevenson Gallery, em Cape Town.
Conheça melhor o pensamento de Wim Botha, artista sul-africano que assina a peça:
Simon Gush, Berna Reale e Bouchra Khalili são alguns dos artistas presentes na exposição "Artistas Comprometidos? Talvez", destacados no blogue Lunettes Rouges, do Jornal Le Monde.
On s'attend à une réflexion plutôt politique et sociale, et à une interrogation sur la prise de distance de l'artiste par rapport à son engagement. Sans doute est-ce une problématique présente dans certaines œuvres, mais plus difficile à identifier dans d'autres, ou davantage au second degré : comme dit le commissaire António Pinto Ribeiro, la politique ne doit pas être le commanditaire, mais le sujet. C'est sans doute ce qui a dicté mes préférences parmi les pièces présentées, et singulièrement les films.
Acontece hoje e amanhã o Cape Town World Music Festival 2014, um evento que teve a sua primeira edição em 2012. Este ano conta com Vieux Farka Touré (filho de Ali Farka Touré), do Mali, Ottoman Slap, banda sul-africana inspirada nos sons tradicionais do Médio Oriente, Ras Haitrim, de Moçambique, a americana Laura Burhenn ou os sul africanos Guy Buttery, Thandiswa Mazwa e Beatenberg, entre outros. "A Mandela Day Weekend" , num evento que conta com três palcos e dois dias de muita música.
Morreu o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, aos 73 anos, no Rio de Janeiro. Autor de obras como A Casa dos Buda Ditosos e Viva o Povo Brasileiro, foi-lhe atribuído o prémio Camões em 2008, pelo "alto nível da obra literária de João Ubaldo Ribeiro, especialmente densa das culturas portuguesa, africanas e dos habitantes originais do Brasil".
Depois de uma infância marcada pelos estudos literários orientados pelo pai, João Ubaldo Ribeiro estreia-se aos 16 anos como jornalista no Jornal da Baía, ainda antes de ingressar no curso de Direito, licenciando-se numa profissão que nunca chegará a exercer. Na universidade, toma parte nos movimentos literários estudantis, mas só em 1963 escreve o seu primeiro romance Setembro não Faz Sentido (já depois de ter assinado vários contos), livro que seria editado dois anos depois, com o patrocínio de Jorge Amado. Seguem-se Sargento Getúlio (1971), obra que lhe valerá a atenção da crítica e que viria a ser editado nos EUA oito anos depois. Sargento Getúlio, que recebeu o Prémio Jabuti para autor-revelação e que a crítica considerou ser herdeiro do melhor de Graciliano Ramos e de Guimarães Rosa, espantosamente só teve a primeira edição em Portugal no final de 2010.
O escritor Mark McKeown e o ilustrador Andre Human, sul-africanos, são os autores de uma iniciativa que pretende transmitir a cultura tradicional zulu em banda desenhada. "Ma" é o primeiro livro de uma trilogia.
Este hecho supone un paso más en la transmisión de la mitología zulú, de todas las historias que para los zulús explican el principio del mundo y su naturaleza. McKeown ha adaptado la historia a las necesidades de la novela gráfica y Human se ha encargado de dibujar un escenario y unos personajes que hacen que esa narración sea todavía más sugerente. La historia cuenta la creación del mundo desde la nada, así que la iluminación y el coloreado de las viñetas son fundamentales para escenificar esa victoria de la luz sobre la oscuridad en la configuración del mundo tal y como lo conocemos.
Assinado por Carlos Agulló e Mandy Jacobson, "Plot For Peace" é um thriller histórico sobre o fim do apartheid, distinguido com vários prémios internacionais, que conta a história de de Jean-Yves Olliver, conhecido como “Monsieur Jacques” e do seu envolvimento na libertação de Nelson Mandela.
Uma iniciativa do Afrikplay, Centro de Estudos Internacionais, ICTE-IUL e do LARGO Residências, incluído nas celebrações do Dia Mandela, com a presença de Carlos Agulló.
«I have cherished the ideal of a democratic and free society in which all persons live together in harmony and with equal opportunities. It is an ideal which I hope to live for and to achieve. But if needs be, it is an ideal for which I am prepared to die.»
Oiça o discurso completo de Nelson Mandela, no julgamento que o condenaria a prisão perpétua, a 20 de Abril de 1964. Cumpriria 27 anos de cárcere, até ao dia da sua libertação, no dia 11 de Fevereiro de 1990.
Nelson Mandela International Day was launched in recognition of Nelson Mandela’s birthday on 18 July, 2009 via unanimous decision of the UN General Assembly.
It was inspired by a call Nelson Mandela made a year earlier, for the next generation to take on the burden of leadership in addressing the world’s social injustices when he said that “it is in your hands now”.
It is more than a celebration of Madiba’s life and legacy. It is a global movement to honour his life’s work and act to change the world for the better.
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) inaugurou no passado dia 11 de Julho a exposição "Do Coração da África - Arte Iorubá".
A partir da mostra inédita de 49 peças de escultura africana, da colecção Rabilotta, a exposição explora a influência destas obras, produzidas até 1960, em artistas como Picasso, segundo o curador, Teixeira Coelho:
A cultura africana está na origem de um dos marcos da arte moderna ocidental, aquele proposto pelo Picasso cubista de 1907 que buscou suas então escandalosas formas humanas nas máscaras e figuras das esculturas tradicionais da Africa negra. Outra vez, o velho formava o novo. As dimensões desse aporte africano para a arte moderna ficam mais claras e próximas para o visitante do MASP com a primeira mostra da recém doada coleção Robilotta. Com ela e com a coleção de arte asiática a ser exibida futuramente, o MASP explora melhor as relações globais e as versões da arte num mundo cada vez menor.
Retratar o Mundial sem uma única imagem de futebol: o projecto "OffSideBrazil" reuniu quatro fotógrafos da Agência Magnum, quatro nomes da nova fotografia brasileira, o colectivo Garapa e Midia Ninja.
Conheça algumas das imagens escolhidas pela revista Zum
"Puto Gallo Conquistador", de Tamara Cubas, acaba de estrear em Montevideo. A próxima paragem é em Lisboa, no Próximo Futuro, em Setembro. Sobre o título enigmático da obra, conta a coreógrafa ao jornal uruguaio El Pais:
Cuando hubo que nombrar esta obra que germinábamos nos pareció interesante más allá de su sintaxis, esta necesidad del colonizado de referirse al `otro`, el colonizador, de manera despectiva e insultante, que no hace más que subrayar la condición de colonizado
Leia mais sobre o espectáculo com coprodução do Próximo Futuro, aqui.
Fique a conhecer melhor uma das mais luminosas coreógrafas da América Latina sobre percurso, obra e relação entre arte e investigação:
A queniana Okwiri Oduor foi a vencedora Caine Prize, considerado um dos mais importantes prémios da literatura africana anglófona, com o conto "My father's head", incluído em Feast Famine and Potluck - African Short Stories(ed. Karen Jennings).
A escritora queniana, a preparar o seu primeiro romance, competia com as finalistas Diane Awerbuck, com o conto "Phosphorescence", Efemia Chela, de nacionalidade ganense e zambiana, com "Chicken, Zimbabwe’s Tendai Huchu for The Intervention", e o queniano Billy Kahora, com "The Gorilla’s Apprentic".
Um escolha que o presidente do Juri, Jackie Kay, justificou desta forma:
My Father’s Head’ is an uplifting story about mourning – Joycean in its reach. She exercises an extraordinary amount of control and yet the story is subtle, tender and moving. It is a story you want to return to the minute you finish it.
O Caine Prize deve o seu nome a Sir Michael Caine, empresário que durante 23 presidiu ao Booker Prize Management Committee e promoveu também o Africa 95, um festival de arte africana na Europa. Atribuído desde o ano 2000, a contos de autores africanos em língua inglesa, distinguiu recentemente Tope Folarin (2013, Nigéria) e Noviolet Bulawyo (2011, Zimbabué).
O Rwanda Film Festival comemora em 2014 a sua décima edição. Tendo como país convidado a China, o festival elege como tema principal a Reflexão, assumida como balanço, do festival, e dos desenvolvimentos politico-sociais, no país e no mundo:
Focusing on 'Reflection' the Rwanda Film Festival has put together a selection of films that look at historical and contemporary issues from around the world with focus on Africa and a unique retrospective on Rwanda. The films in the program represent a variety of cinematic styles and cultural contexts, but all are relevant for Rwandans today.
Sem escapar ao facto de se assinalar este ano o vigésimo aniversário do genocídio que traumatizou o país, apresentaram mais de cem filmes sobre o tema, entre ficção e documentário, longas e curta metragens. O Festival debruçou-se ainda sobre a diversidade cultural no mundo e o papel da juventude nas transformaçoes sociais. Veja os filmes destacados pela programação aqui.
O Festival encerra amanhã, com a exibição, simbolicamente no Dia Mandela, do filme que celebra a vida de Madiba, já exibido em Portugal.
Nadine Gordimer morreu aos 90 anos, no passado dia 13 de Julho. Figura maior da literatura mundial, Nobel da Literatura em 1991, foi uma das vozes mais activas contra o apartheid.
Filha de um lituano e de uma inglesa de origem judaica, frequentou uma escola católica. Publicou o seu primeiro conto aos 15 anos, no suplemento juvenil de um jornal. Aos 30, em 1953, estreou-se no romance, com The Lying Days, uma história com traços autobiográficos, sobre uma rapariga branca que ganha consciência das discriminações raciais de que vive cercada. Em 1960, o ano do massacre de Sharperville, Gordimer juntou-se ao ANC, depois da detenção da sua amiga Bettie du Toit. Torna-se, na mesma época, próxima de Nelson Mandela, de quem partilhou as suas memórias na New Yorker.
Nadine Gordimer teve várias obras censuradas na África do Sul, sendo, até 1991, a única vencedora de um Nobel da Literatura não reconhecida pelo governo do seu país e também a primeira mulher em 25 anos a receber este galardão.
O reconhecimento internacional chegara anos antes, em 1974 com a atribuição do Booker Prize ao livro The Conservationist (publicado em Portugal com o título O Conservador, pela Asa), um romance que aborda o contraste entre a cultura tradicional Zulu e a industrialização branca.
Sete contos seus foram adaptados para o cinema em curtas-metragens no início dos anos 80. A literatura de Gordimer tornou-se uma forma de alertar o mundo sobre a ignomínia do apartheid, uma causa que abraçou como escritora e como cidadã: em 1986, esteve entre um grupo de poucas centenas de brancos a prestar homenagem pública junto da sepultura de 40 manifestantes assassinados pelas forças de segurança, em Alexandra, uma township perto de Joanesburgo.
Depois da instauração da democracia na África do Sul, a escritora continuou a abordar as tensões da herança do apartheid, em obras como Get a Life (2005) e No Time Like the Present (2012). Assumiu diversas posições críticas do ANC nos últimos anos, tendo sido uma das figuras proeminentes da luta contra a Sida no seu país.
Ferozmente contra qualquer tipo de discriminação, Gordimer era uma prova viva dos seus princípios: em 1998, recusou integrar a lista de finalistas do Prémio Orange, competição inglesa que distingue exclusivamente mulheres.
Uma curta-metragem sobre Nadine Gordimer, realizada por Adrien Steirn para a exposição "21 Icons", mostra a escritora em discurso directo, na intimidade da sua casa, onde revela que quis ser bailarina e que lamenta não ter aprendido as nove línguas do seu país. Foi em inglês que gravou, para o The Guardian, um conto de José Saramago.
Nelson Mandela é o destinatário de uma carta do realizador Khalo Matabane, em forma de documentário, The Myth and Me (2013).
Uma reflexão pessoal que questiona a actuação do ANC nos anos que se seguiram à instauração da democracia e que inclui entrevistas a personalidades como Dalai Lama, Colin Powell, Wole Soynka ou Henry Kissinger. A narração organiza-se segundo os três valores defendidos pelo mítico líder sul-africano - liberdade, paz e perdão - problematizando precisamente o perigo do mito individual.
(...) Matabane explica cómo la mitificación del ex presidente sudafricano inhibe el conocimiento sobre ciertos aspectos que han tenido graves consecuencias sobre el pasado y el presente de Sudáfrica. Asimismo, reflexiona sobre cómo el mito individual ha disipado en cierta forma la lucha colectiva que generalmente se identifica con la entereza y el mérito de una sola persona.
O jovem fotógrafo senegalês Ibrahim Thiam, que esteve presente na bienal Dak’Art 2014, fala sobre o seu trabalho em arquivos, a relação entre fotografia e memória e a história africana da fotografia, aqui.
The regulations on photography under the various colonial powers certainly did limit the expressive choices available to African photographers. As to what the past says about the present, I try to draw on my research into certain aspects of the history of photography in order to highlight the historical basis of today’s society, using concrete examples to demonstrate the relationships that make society and artistic expression interdependent.
O que foi o Modernismo hispano-americano? Como se manifestou na poesia? Quem foram as suas vozes?
O prefácio do livro "Onze Poetas Hispano-americanos" indica algumas respostas.
No caso do Modernismo hispânico, deve ser sublinhada a forte ligação à sociedade e a vontade de a transformar através da arte, ultrapassando a apatia, o materialismo, o consumismo, a imitação e o adorno pela literatura, pintura, escultura, arquitectura e artes decorativas. Pretende-se revolucionar espiritualmente os americanos - oura designação com que o público português não está familiarizado, englobando toda a população do continente, do Estreito de Bering ao Cabo de Hornos. Nas palavras de José Miguel Oviedo, o Modernismo "o processo mais rico, complexo e decisivo" das letras hispano-americanas à volta do qual giram duas épocas: a novecentista e a contemporânea. Sem hesitações, Oviedo considera que o Modernismo "é uma das pedras angulares em que se apoio o edifício da nossa literatura. Já Octavio Paz defende que este movimento constitui o romantismo da América Hispânica, na medida em que reagiu contra o positivismo, o empirismo e o vazio espiritual então criado, contrapondo a sensibilidade e o coração.
Isabel Araújo Branco, FCSH, UNL
E poemas, muitos poemas, com edição bilingue, acompanhados de breve biografia dos poetas.
A sombra dolorosa
de Julio Herrera y Reissig (Uruguai, 1875-1910)
Gemiam os rebanhos. Os caminhos enchiam-se de lúgubres cortejos; uma angústia de holocaustos velhos afogava os silêncios campesinos.
Sob o mistério dos véus finos, evocavas os símbolos hesitantes, hierática, perdendo-te à distância, com os teus húmidos olhos apagados.
Enquanto unidos por um mal irmão falavam-te em suprema confidência os mudos apertos da tua mão,
manchou a sonhadora transparência da tarde infinita o comboio distante, uivando de dor em direcção à ausência.
O escritor chileno Alejandro Zambra esteve na Festa da Literatura e do Pensamento da América Latina, em Junho, e publicou recentemente em Portugal Maneiras de Voltar para Casa (Divina Comédia, tradução de Pedro Tamen)
Este romance segue-se a Bonsai (2006) e La Vida Privada de Las Arboles, entre contos, poemas e ensaios.
Eleito pela revista britânica Granta como um dos 22 melhores jovens escritores hispano-americanos, Zambra, nascido em 1975, em plena ditadura chilena, reflecte sobre uma geração que cresceu num país triste, ensombrado pelo medo, sem que as causas fossem claras para as crianças da época, que não conheciam outra realidade.
Começa amanhã o festival Africa Writes que reúne, até domingo, em Londres, 50 autores, poetas, editores e críticos, uma iniciativa da Royal African Society.
Africa Writes is the Royal African Society’s annual literature festival. Every year we showcase established and emerging talent from the African continent and its diaspora in what is now the UK’s biggest celebration of contemporary African writing taking place over an exciting summer weekend. The festival features book launches, readings, author appearances, panel discussions, youth and children’s workshops, and other activities.
This is art that refuses to be contained by its own perimeter, art that ruptures the boundary between the object and the space around it and introduces dynamic forms to give the illusion of motion and volatility. You will see work that changes as you move around it, and “drawings without paper” that use negative space and shadow to create unique, fleeting compositions.
Mas a geometria (e a geografia) da América do Sul nem sempre foram entendidas da mesma maneira em Inglaterra. Saiba mais, no The Guardian.
O Festival Grec, que acontece em Barcelona desde 1976, dedicado às artes performativas, recebe hoje o espectáculo Lonely Together, uma criação dos bailarinos Gregory Maqoma (sul-africano) e Roberto Olivan (catalão).
En Lonely Together, ambos apuestan por seguir su propia intuición, esa voz interior que ha estado presente durante generaciones y que, en muchas culturas, ha conducido los aspectos más trascendentales de la humanidad a través de ceremonias y rituales de trance. Escuchar esta voz implica dar vía libre a las emociones, los pensamientos y los juicios internos que todos llevamos en nuestro interior.
Entretanto, fique a saber a história da célebre canção "Carinhoso", contada por Orlando Silva, conhecido por "o cantor das multidões", que conviveu de perto com o grande mestre do Choro.
As cidades cabo-verdianas de Praia e Mindelo recebem o primeiro Fórum Itenerante de Cinema Negro, de 17 a 31 de Julho. Duas semanas de oficinas, debates e filmes.
O fórum, que nasceu no Rio de Janeiro em novembro de 2013, será dinamizado pela brasileira Janaína Oliveira e conta com a presença do cineasta cabo-verdiano César Schofield Cardoso, ambos fundadores do projeto FICINE, e ainda com a colaboração do Cineclube do Mindelo, através da Celeste Fortes, e da própria Samira Pereira, responsável da produtora O2. "O FICINE é um espaço de formação e reflexão sobre a produção mundial de cinema, fotografia e audiovisual que tem os/as negros/as como realizadores/as e as culturas e experiências negras como tema principal", explicou Samira Pereira, salientando que o conceito abrange cinematografias distintas que se estendem dos países africanos às suas diásporas.
Present Tense - Fotografias do Sul de África vai até ao Porto. Para ver a partir de 10 de Julho até 31 Agosto, na galeria Almeida Garrett.
A exposição esteve na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, entre Junho e Setembro de 2013.
Uma exposição com fotógrafos do sul da África. Olhando o passado, as fotografias não derivam de uma “constelação de etnias ou de tribos”, para referir a tese de Elikia M’Bokolo, e este é um pressuposto essencial na curadoria desta exposição “Present Tense”. Estamos bastante longe das fotografias feitas aos negros que “eram oficialmente e frequentemente descritos na mesma linguagem visual da fauna e da flora”, citando Santu Mofokeng in “The Black Album Photo”. Interessa-nos mostrar e confrontar o trabalho de fotógrafos que residem ou viajam por um conjunto de cidades maioritariamente situadas na larga região do sul de África sem que nada possa indicar qualquer identidade visual ou cultural da região. Independentemente dos géneros – retrato, paisagem documento, fotojornalismo – são as fotografias sobre o “Present Tense” que queremos mostrar e, este conceito de “Present Tense”, engloba também a tensão entre as linguagens, a opção pela cor ou pelo preto e branco e o detalhe divergindo do panorâmico. Com fotografias dos fotógrafos Délio Jasse, Dillon Marsh, Filipe Branquinho, Guy Tillim, Jo Ractliffe, Kiluanji Kia Henda, Mack Magagane, Malala Andrialavidrazana, Mauro Pinto, Paul Samuels, Pieter Hugo, Sabelo Mlangeni, Sammy Baloji e Tsvangirayi Mukwazhi.
Monte Alban, Oaxaca. Photo courtesy Ronda Brulotte
SLACA Spring Conference in Oaxaca, Mexico (March 26-28, 2015)
Deadline for submission of abstracts: September 30, 2014.
We would like to extend an invitation to discuss important topics on Anthropology as well as on the subjects with whom we carry out our research: from kinship to new ways of sociality and sociability; from alternative construction projects and reconstruction of societies; on the importance of the oral registers to the new technologies of inscription and archives; from the indigenous and farm movements to political and cultural movements that involve a variety of actors with long, multi-directed agendas; from local histories to new proposals for discursive articulations, generated with recent information technology and communication; from the diverse forms of power: from the subtle nuances, to the most violent; from the different ways of understanding gender to the different forms of sexuality; from the local identitarian strategies to the national ones; from the new forms of colonialism and the different anthropological alternatives and strategies to explain that multiplicity of themes.
A energia da inquietação: assim se refere José Marmaleira à exposição "Artistas Comprometidos? Talvez", patente nos jardins e na Galeria das Exposições Temporárias da Fundação Calouste Gulbenkian, até 7 de Setembro, com curadoria de António Pinto Ribeiro.
“Há aqui dois tipos de comprometimento”, diz o curador. “Um comprometimento com o legado artístico, com a arte, que considero profundo. E uma atitude que no meio das maiores vicissitudes, das maiores catástrofes, encontra espaço para a expressão de uma certa alegria, de uma ideia de festividade. Não se trata de uma regra, mas é substancial. É uma energia que os artistas canalizam para a expressão artística, para a criação das suas obras”.
No dia 21 de Junho, o Real Combo Lisbonense apresentou "Carmen Miranda", no Auditório ao Ar Livre da Fundação Calouste Gulbenkian. Uma noite de celebração da portuguesa mais brasileira do mundo.
Num espectáculo criado de raíz, Ana Brandão, Joana Campelo, Margarida Campelo e um coletivo de músicos composto por Bruno Pernadas, David Santos, Ian Mucznik, João Paulo Feliciano, João Pinheiro, Mário Feliciano, Rui Alves, Sérgio Costa e Tomás Pimentel fizeram reviver a estrela que criou e interpretou mais de 300 canções, 60 anos depois da sua morte. E foi assim...
Entrevista com Bonaventure Ndikung e Marius Babias, directores artísticos de SAVVY Contemporary e n.b.k. respectivamente, a propósito do sue projecto multidisciplinar "Giving Contours to Shadows".
C&: You involved many different cultural players. Rising stars as well as distinguished figures like Simon Njami…
BN: But you might notice that almost all the artists were born after 1970.We wanted to work with artists of a specific generation, with people who didn’t necessarily experience colonialism themselves, but who lived through that immediate turn to the postcolonial era. There’s a fantastic article by Esiaba Irobi entitled “The Problem with Postcolonial Theory,” where he writes that the problem with postcolonial theory is that you only ever see yourself through the eyes of the Other. You never just see yourself. You try to legitimize yourself by means of the Other. But in my opinion, we’ve come so far that we no longer need that. Colonial and postcolonial histories are very important, but they are only an aspect of the history of the non-West. My generation needs new narratives, new entry points into precolonial history, colonial history, and our present time. We need to reread and reinterpret the writings of Cheikh Anta Diop and Martin Bernal. We need to situate the political and cultural positions of intellectual pioneers such as Léopold Sedar Senghor, Jomo Kenyatta, Aimé Césaire, orMongo Beti in the context of our own time. We need to internalize the theories and philosophies of Glissant, Trouillot, and Walcott, and learn from curators like Njami andEnwezor.
A guerra em Moçambique ajudou a destruir a ligação, que já era tão frágil, que passava pela escola, e as pessoas só tinham contacto com a língua portuguesa através do livro. Houve uma geração que foi sacrificada na relação com a leitura e o livro. Nas cidades talvez não tanto. Agora estão a ressurgir valores, e é curioso que Moçambique retoma a espécie de natureza mais ligada à poesia – como Angola, mais ligada à prosa – e há muitos jovens promissores no domínio da poesia. É que os escritores nascem de outros escritores, as ideias nascem de onde há ideias. Lembro-me da geração do Ungulani Ba Ka Khosa, frequentavam a esplanada do Charrua, Goa, das cervejarias, debates, tertúlias em Maputo, o café Scala, onde se reunia o Rui Knopfli e o Craveirinha, isso agora não existe.
Após uma das mais cruéis experiência de colonização, há exatamente 54 anos, a República Democrática do Congo se tornava idnependente da Bélgica. Em 2014, a celebração marca um avanço político, mas também a necessidade de não apagar da memória as atrocidades cometidas contra a população local, que ainda precisa se libertar dos seus algozes.
O fotógrafo Omar Viktor Diop fotografado por Jackie Nickerson num dos seus cenários.
Dak’Art was a whirlwind of people, art, dusty feet and taxis across the city,” says Touria El Glaoui, founder of London’s new contemporary African art fair 1:54. “The main exhibition brought the best-known names together while in the corners of Gorée island, you could stumble upon open houses, independent art centres, even pieces of art in a hairdresser’s window. Its model is vital as a platform for pan African art meeting global parameters.