Mostras de cinema, mesas redondas, workshops e muitos convidados, são ingredientes que se repetem há 10 edições. FiShara é um festival não competitivo que tem um cariz de denuncia ao pretender chamar a atenção para a situação dos territórios ocupados e do povo sahuri. De 8 a 13 de Outubro, os filmes voltam ao deserto.
"En la wilaya de Dajla, una vez más se hará el silencio, cuando la luz del proyector alcance la pared blanca. Los organizadores volverán a cruzar los dedos y los saharauis de los barrios colindantes podrán ver revolotear los pájaros de nuevo, imaginar mundos y sumergirse por unas horas en la ficción, pero también contemplarán un episodio doloroso y sin cerrar de su historia. “Organizamos el festival con la ilusión de que llegue a celebrarse un día no muy lejano, en las salas de cine de un Sahara libre e independiente, cuyo futuro lo hayan decidido los propios saharauis, así lo deseamos de corazón”, añade Taboada.
FiSahara no solo es cine. Es cine que denuncia. Es cine que esperanza. El único festival del mundo que nació con la vocación de desaparecer, y como ave migratoria, como verdadero nómada del viento, confía en trasladarse a una tierra más clemente, la tierra de los saharauis que baña el océano."
Há mais para ler aqui, a programação e as actividades do Festival estão aqui
"No time like the present", o último romance da nobel da literatura sul africana Nadine Gordimer, é um retrato da actual sociedade sul africana. É desse olhar atento e fotográfico, e desse país, que nos dá conta a entrevista do jornal El Pais.
" Si no fuera porque lo suyo es la ficción, Gordimer podría ser considerada como la notaria o cronista sudafricana porque su obra está amarrada de los problemas, miedos, deseos, retos del país. “No he sido nunca una escritora política, pero la política está en mis huesos, mi sangre, mi cuerpo”, apunta, por lo que se entiende ese empecinamiento en que sus personajes respiren y sufran por los momentos políticos del país."
Toda a entrevista aqui
©Tatiana Macedo
A grande lição do escritor Milton Hatoum para ser escutada na calma dos dias. As histórias do autor brasileiro que refletem o seu processo individual, sem esquecer o contexto das cidades e das viagens que fazem a sua história. Uma ição de literatura e de Brasil.
"Lembro-me sem nostalgia do noite de 22 de Setembro de 1977, quando a polícia da ditadura, no Brasil, invadiu o campus da Universidade Catolica de S. Paulo, espancou e prendeu mais de 1000 estudantes. Esse acontecimento significou para mim o desfecho da década de 1970 no Brasil. E de facto, dois anos depois daquela noite nefasta, decidi ir embora do meu país, e os quatro meses que eu ia passar na Europa se prolongaram por quatro anos.
Essa decisão tinha a ver com a brutalidade da vida brasileira que começou com o golpe militar de 64 e obrigou a minha geração a viver toda a sua juventude sob uma ditadura"
Toda a lição pode ser ouvida aqui
© DAVID CLIFFORD
António Ramos Rosa deixou-nos. Deixou-nos com a poesia.
Não posso adiar o amor
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora imprecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
in Viagem Através de uma Nebulosa (1960)
No ataque terrorista no centro comercial da cidade de Nairobi morreu o poeta e diplomata ganês Kofi Awoonor. São muitas as manifestações de pesar e os testemunhos de consternação. O festival Storymoja Hay onde o poeta deveria participar presta-lhe a sua homenagem.
“We are devastated by the loss of Professor Awoonor, but hope must prevail,” said Storymoja founder, Muthoni Garland, in announcing the tribute. “Although we miss him, we are stronger because during his life’s journey, he so generously shared his wisdom with us.”
Para saber mais sobre o festival e o autor pode ler-se aqui, aqui, aqui ou aqui
Luis Nobre
O volume 2 das Grandes Lições do Próximo Futuro será lançado no próximo dia 21/09. Nesta edição encontramos ensaios de economistas, historiadores, políticos, poetas, sociólogos e artistas que têm participado na Programa Próximo Futuro, num contributo para "analisar aquilo que fazemos quando pensamos na evolução do mundo e no papel que nele desempenhamos".
"Na mitologia grega, a hidra era o monstro de muitas cabeças que Hércules matou, e vermos a «política cultural» como um monstro é, sem dúvida, um exagero. Deixa de ser um exagero, porém, quando fazemos uso da palavra no seu sentido conotativo, ou seja, um problema persistente ou multifacetado que nos vemos incapazes de erradicar por meio de um esforço individual. (...) «Cultura» é um dos termos que se consolidaram nas suas aceções atuais e que, provavelmente, têm ainda pela frente muitas.
A expressão «política cultural», por outro lado, talvez não esteja tão solidamente enraizada. Digo isto apesar de, no presente, o seu destino parecer promissor, uma vez que é cada vez mais utilizada enquanto recurso retórico e emparelhada com outros tropos contemporâneos mais em voga, como «identidade», «democracia» ou «direitos». No entanto, quando analisamos a questão mais de perto e examinamos a política cultural que efetivamente existe, o seu alcance e poder parecem bastante limitados."
Yudhishtir Raj Isar
Elisabete Azevedo-Harman, Luís Nobre, Mamadou Diawara, Margarida Chagas Lopes, Néstor García Canclini, Ralph A. Austen, Ruth Simbao, Victor Borges e Yudhishtir Raj Isar, são os autores incluídos no Volume 2
São 43 personalidades apresentadas por Lilian Thuram, das mais diversas áreas, de Lucy a Barack Obama A partir das 18h30 no Instituto Francês em Lisboa, o ex-jogador lança sua mais recente publicação apoiada pelo Próximo Futuro.
AS MINHAS ESTRELAS NEGRAS - DE LUCY A BARACK OBAMA apresenta 43 personalidades, tais como Pharaon Taharqa, a corajosa rainha Anne Zingha, o poeta Alexandre Pouchkine, Aimé Césaire ou ainda Frantz Fanon, mas também cientistas, inventores e investigadores.Todas estas personalidades que marcaram a História, assim como a vida do autor. É um apelo à tolerância e um enriquecimento do imaginário colectivo que nos são aqui oferecidos.
©Daniel Rocha
Árvore
Correu, me encontrou a manhã
vinha carregado no vento
voltando do adeus à minha tumba.
Tudo retorna:
juízes estão nas flores
os delegados se reunem na água
(mortos e embriões se multiplicavam
nas árvores testemunhas
e a desgraça junto delas)
ouvi os ramos
entoarem suas leis, e calei
me vesti de natureza.
Adonis (poemas) - tradução de Michel Sleiman
©Paul Samuels
No próximo dia 21 de Setembro, será lançado o livro Grandes Lições - Volume 2, recolhendo ensaios de alguns dos autores que têm participado na programação do Programa Próximo Futuro. A capa desta edição é de Paul Samuels, o jovem fotógrafo sul-africano, da serie Edenvale XVI X que integra a exposição Present Tense.
A partir do seu trabalho e do seu curto percurso Paul Samuels traça o perfil de uma nova geração sul-africana.
"Portraits are reflective of our land, and the state of our existence in this country at this point in our history. I also believe that once an image of a person is created, a viewer has a more intimate relationship with that photograph. But beyond that, I find it enjoyable to meet new people and have access to their lives that would not necessarily happen without a camera."
Toda a entrevista pode ser lida aqui
© Daniel Rocha
Espelho do corpo do Outono
Você já viu a mulher
como carrega o corpo do Outono?
Primeiro ela mistura o rosto e a calçada
depois tece um vestido com os fios da chuva
as pessoas
na cinza da rua
são brasa apagada.
in Adonis (poemas) - tradução de Michel Sleiman
"Um solitário à espreita" lançado na FLIP 2013, em Paraty - Brasil, em Julho passado, recolhe uma serie de crónicas de Milton Hatoum, escritor brasileiro e convidaddo do Próximo Futuro para as Grandes Lições de dia 21 de Setembro. Esta é uma entrevista para conhecer o livro e o autor.
"Essa ambiguidade entre o real e o ficcional está sempre presente na literatura. Como diz um amigo meu, o Lourival Holanda, “você sempre paga um dízimo ao real”. Não o real moeda, mas o real de realidade. O que importa é essa ambiguidade. É o que poderia ter acontecido. Recorrentemente me perguntam quem é o pai do Nael, do romance Dois irmãos. Pode ser o Yaqub, pode ser o Omar, já me disseram que pode ser o avô…"
Toda a entrevista pode ser lida aqui. A abertura da Filp 2013 feita por Milton Hatoum pode ser vista aqui
Amor
Ma amam o caminho, a casa
e na casa uma jarra vermelha
amada pela água,
me amam o vizinho
o campo, a debulha, o fogo,
me amam braços que trabalham
contentes do mundo descontentes
e os arranhões acumulados no peito
exaurido do meu irmão atrás
das espigas, da estação, como rubis
mais rubros que o sangue.
Nasci e nasceu comigo o deus do amor
- que fará o amor quando eu me for?
in Adonis (poemas) - tradução de Michel Sleiman.
Espelho do século XX
Caixão revestido com rosto de menino
livro escrito nas entranhas de um corvo
fera que avança levando uma flor
rocha que respira nos pulmões de um louco
assim é
o século xx
in Adonis (poemas) - tradução do árabe de Michel Sleiman.
A 6ª edição da feira internacional de arte de Joanesburgo realiza-se de 27 a 29 de Setembro. Já se podem antecipar artistas e galerias. O projeto especial, que ocupa uma zona de destaque do recinto, será do zimbabweano Dan Halter. E os vencedores do FNB Art Prize 2013 também já são conhecidos
Dan Halter’s artistic practice is informed by his position as a white Zimbabwean living in South Africa. Using materials ubiquitous to South Africa and Zimbabwe, Halter employs the language of craft and curio as a visual strategy to articulate his concerns within a fine art context. Through this, as well as through photography and video, Halter addresses notions of a dislocated national identity and the politics of post-colonial Zimbabwe within a broader African context.
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A sexualidade no feminino escrita por autoras de origem africana está num blogue. Talvez não devesse ser facto extraordinário, mas ainda é. Este artigo explica porquê.
"África no habla de sexo abiertamente y menos si una es mujer y no tiene entre sus planes inminentes casarse. Lo afirma Malaka Grant, ghanesa que a finales de 2008 se dejó convencer por la activista Nana Darkoa Sekyiamah para abrir un blog que llenara este silencio tradicional y generalizado, Adventuresfrom. Ellas son la muestra de que el sexo sigue siendo un tabú en el continente, e incluso esconden a gran parte de sus parientes que están detrás de lo que, traducido, sería Aventuras desde el dormitorio de mujeres africanas, pero están dispuestas a abrir las puertas y ventanas de las alcobas africanas para que el sexo sea lo que es, algo natural. "Nuestras familias no lo entenderían. -se justifica Malaka- Pensarían que hacemos pornografía".
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Sunday Alamba/AP
Os confrontos e contradições da diáspora nigeriana num artigo da jovem escritora Chibundu Onuzo no The Guardian.Os discursos coloniais, o desajuste à realidade e a desintegração, marcam este regresso dos jovens educados no estrangeiro e que são designados por IJGBs
"When IJGBs arrive on African soil, many come with a set of Victorian-era assumptions. The natives are backward. By natives I mean those who have not lived or worked or studied abroad. The native, with his questionable degree from a rundown local university, does not have the skills needed for a modern business world. Thus the best jobs should go to the IJGBs. They have not flown south and crossed the Atlantic to be clerks and graduate trainees. They are here to be district officers and bank managers and live in the best sequestered accommodation."
Todo o artigo pode ser lido aqui
No próximo dia 21/09 regressam as grandes lições do Próximo Futuro. A fechar o Verão e antes da chegada do Outono teremos a poesia de Adonis, o interventivo poeta sírio, que será apresentado pelo também interventivo escritor brasileiro Miltom Hatoum.
A partir das 15h00 com entrada livre