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"Narrativa caribeña a ritmo femenino"

Published29 Mar 2012

Tags caraíbas literatura

“Yo vengo de una larga tradición de mujeres escritoras: Rosario Ferré, Giannina Braschi, Ana Lydia Vega” comienza a explicar la autora puertorriqueña Mayra Santos-Febres. El boom del cuento caribeño escrito por mujeres ocurre en la década de los 80. Por lo menos allí es donde lo sitúan Cristina Bravo, Evangelina Soltero, Paloma Jiménez y Juana Martínez, cuatro profesoras de la Universidad Complutense de Madrid embarcadas en la épica tarea de recompilar todos los cuentos escritos por mujeres antillanas.

Desde comienzos de siglo ya se había dejado sentir la fortaleza de estas mujeres cuyo reto no es solo aprender a contar una buena historia, sino también evitar la etiqueta que suele dar a la mujer caribe. “La gente espera que nos dediquemos a parir. Que tengamos cinco, seis o siete hijos. Tiene que ser una familia numerosa en todo caso. Se sorprenden cuando digo que no quiero hijos” dice la poeta colombiana Lilian Pallares. No quieren que se les obligue a ser una sola cosa: “¿Por qué hay escoger entre ser madre, esposa o escritora? ¿Por qué no todo al tiempo?”, se preguntan Pallares, Santos-Febres y la performer dominicana Josefina Báez.

Continuar a ler no El País.

"About Change in Latin America and the Caribbean"

Published25 Jul 2011

Tags américa latina artes visuais caraíbas

Até ao próximo dia 31 de Julho é possível ver em Washington a primeira parte de três da plataforma visual About Change in Latin America and the Caribbean, com trabalhos de artistas da Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Brasil, Dominica, República Dominicana, Guyana, Haiti, Jamaica, Saint Kitts e Nevis, Saint Lucia, Saint Vincent e the Grenadines, Suriname, Trinidade e Tobago e Uruguai.

Ler e ver mais aqui.

A BIENAL DO FIM DO MUNDO, na Terra do Fogo

Memorial da Guerra das Malvinas, em Ushuaia, ARGENTINA

A 3.ª Bienal del Fin del Mundo terá lugar em Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo, na Argentina, localizada a 3.190 kilómetros a sul de Buenos Aires e mais conhecida como “a cidade mais austral do mundo” ou “a cidade do Fim do Mundo”.

Sob o mote “Bienvenidos al Antropoceno” (uma referência ao Prémio Nobel de Química – Paul Krutzen – que considera que os efeitos do comportamento do Homem sobre a Terra nos últimos séculos definem uma nova Era geológica: a Era do “Antropoceno”), esta edição realizar-se-á de Agosto a Setembro de 2011 e tem por curadora-geral Consuelo Císcar Casabán, directora do Instituto Valenciano de Arte Moderno (IVAM).

Aquando da sua visita a Ushuaia já no âmbito da preparação deste evento, a curadora enfatizou a importância da iniciativa: “Esta es la bienal de Argentina y es importante que sea desde el Fin del Mundo”. E adiantou que a mostra reunirá obras de artistas de todo o mundo em diferentes suportes, mas “poucas pinturas, dadas as condições climáticas da cidade”. Também se inclui no programa uma exposição de trabalhos de 65 artistas contemporâneos, pertencentes à Colecção do IVAM, e “um diálogo da arte com a literatura, ciências, moda e desenho, desportos e gastronomia”, em espaços como o Museu da Legislatura, uma antiga prisão e um hangar militar ainda em actividade.

Aqui, via Brasil, é possível ler o discurso de Consuelo Císcar Casabán e ter uma boa antevisão do que será a próxima Bienal do Fim do Mundo. Reconhecida pelo seu papel impulsionador na divulgação da produção artística da América Latina, a gestora cultural integrou em Setembro de 2010 o júri da primeira Trienal Internacional das Caraíbas.

Lúcia Marques

Ainda e sempre Glissant: o “todo-mundo”

Published11 Feb 2011

Tags caraíbas edouard glissant mário lúcio

 Não foi assim há tanto tempo atrás que pudemos ouvir o testemunho do carismático martiniquês Edouard Glissant (1928-2011) sobre música e crioulização a propósito do novo álbum “KREOL”, que o músico, escritor e conselheiro cultural cabo-verdiano Mário Lúcio lançou também em Portugal.

Estavamos em Outubro de 2010 e na Fnac do Colombo passava um inesperado excerto do documentário homónimo realizado por Frédérique Menant, que acompanhou as gravações do álbum em sete países, seguindo a rota histórica da escravatura.

Glissant surgiu então, durante breves mas impressionantes momentos, em conversa sobre a importância das raízes da música e o modo como esta “deve correr o risco da diversidade”, reforçando através da repetição de ideias (tão estrategicamente eficaz) a sua constatação e defesa do processo de crioulização a partir da especificidade antilhense.

Deixámos agora de poder contar com a sua inquietude contagiante mas o seu legado está talvez mais vivo do que nunca, com todo o interesse que tem vindo a suscitar e tão crucial que é para pensar os dias que vivemos.

Poeta, filósofo e romancista, Edouard Glissant é já internacionalmente reconhecido como um pensador humanista fundamental no que toca aos temas das migrações, diversidade e mestiçagem, identidade e nação, tendo teorizado toda uma “poética da relação” que realça o processo de “crioulização” numa actualidade a que chamou, sintomaticamente, “Todo-Mundo” (“Tout-Monde”): uma cultura feita, cada vez mais, de muitos mundos, uma cultura inexoravelmente feita de culturas.

Vale a pena ler no Africultures um óptimo artigo publicado pelo jornalista e crítico de cinema Olivier Barlet por altura da estreia mundial do filme biográfico que lhe dedicou Manthia Diawara, em Julho do ano passado.

Aqui a homenagem já depois da sua morte, e desta vez escrita, pelo cineasta e escritor Diawara. E aqui encontram uma excelente súmula sobre a importância do legado deixado por Glissant através de Valérie Marin La Meslée.

Lúcia Marques

 

Dany Laferrière

Published26 Jan 2010

Tags África caraíbas dany laferrière haiti literatura


Este livro estava na lista de espera para ser lido e acontece que acabou por sê-lo exactamente um dia antes do terramoto no Haiti. Este facto não pode deixar de ter um impacto na leitura. Trata-se da obra L'énigme du retour (Prix Médicis 2009 - Grande prémio do livro de Montréal) do haitiano Dany Laferrière (Port-au-Prince, 1953), escritor há muito imigrado no Canadá, onde tem escrito uma obra importante, sendo justamente considerado um dos mais relevantes escritores da diáspora haitiana.
A história parte do anúncio da morte do pai do narrador/autor, acontecimento que o obriga, passados 30 anos, a regressar à sua cidade natal, Port-au-Prince, de onde ambos haviam sido forçados a partir. A narrativa é construída a partir de uma mescla de formatos de textos, que variam entre a forma de versos e textos curtos, muito visuais, espécie de notas de viagem. A leitura deste "caderno de viagens" permite reconstituir toda a viagem: desde a decisão de partir, fazer a mala, recordar os episódios da distante infância, a viagem propriamente dita, com as suas surpresas, vicissitudes, reencontros, decepções. Num trabalho constante de reconstrução da memória, o autor revê as figuras heróicas da infância e da adolescência, o contacto com a escola e a partida. E, finalmente, a nova partida, de regresso ao Norte, à cidade onde agora reside. Do conjunto de textos que, como já se referiu, poderiam constituir todos pequenas "curtas", há alguns que se destacam pela precisão da descrição ou pela singularidade do tema: o sentimento do exilado "que vive sem reflexo no espelho", "o tempo dos livros" e a forma como eles organizam o espaço e a vida em cada nova morada, a vida de bairro na infância, um texto frio sobre a fome, a descrição do vento nas Caraíbas, uma pequena história das artes plásticas nas Caraíbas, etc..
Os relatos de viagem de regresso ao país de origem constituem alguma da melhor literatura africana, sul-americana e caribenha. Os seus autores são grandes escritores que tiveram a experiência do exílio, da diáspora e do sentimento sempre ambíguo entre a nostalgia do país e a dúvida do regresso. Recorde-se a este propósito esse texto maior da literatura das Caraíbas que é Cahier d'un retour au pays natal (1939), de Aimé Césaire, texto que é, aliás, fundador do movimento da Negritude.
O que chega a ser perturbante neste momento e na conclusão desta leitura, é imaginar que para Laferrière, a sua cidade revisitada, Port-au-Prince, já não existe. Destruída, não lhe restará mais do que apenas a recordação da infância e a ilusão do seu reencontro, breve e momentâneo.
Dany Laferrière, L'énigme du retour. Paris: Grasset, 2009