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João do Rio

 

João do Rio é pseudónimo de João Paulo Alberto Coelho Barreto (1881-1921) escritor carioca que cultivou a crónica jornalística do Brasil Republicano e, muito em especial, da então capital Rio de Janeiro. Em a Alma Encantadora das Ruas reunião de textos publicados na imprensa carioca entre 1904 e 1907 ele percorre as ruas do rio para reter a "cosmópolis num caleidoscópio". Esta selecção tem agora uma segunda edição muito cuidada e com um prefácio erudito como é - felizmente - comum nos textos do apresentador e organizador Raúl Antelo.

Três aspectos são notórios nestas crónicas: um grande amor à cidade que faz destas crónicas cartas de apreço à cidade e aos cidadãos de todas as classes sociais, um olhar atento aos detalhes , aos pormenores das ruas e das pessoas e que o autor diz traduzir a condição 'janeleira' do Rio - "O carioca vive à janela" -, e, finalmente o carácter de flânneur na mesma postura de Baudelaire o artista na cidade.

O conjunto dos textos começa pela afirmação "Eu amo a rua." E, depois seguem-se vinte e oito crónicas que tanto podem constituir uma visita panorâmica à cidade e à sua época como são de uma actualidade imprevista. O texto sobre tatuagens, a origem destas, as técnicas, a dimensão simbólica e as implicações do uso das mesmas na vida passional de quem as usa é um manual de utilização do tatoo nos dias de hoje.

João do Rio, A Alma encantadora das ruas, Organização de Raúl Antelo, Companhia de Bolso, São Paulo 2008