Lauren Beukes em entrevista ao I
Published18 May 2015
Imagem: José Fernandes
A escritora sul-africana Lauren Beukes esteve no Próximo Futuro no passado fim-de-semana, no encontro Outras Literaturas: Policial. Numa entrevista ao Jornal I, a autora fala sobre o livro Raparigas Cintilantes (Porto Editora) e as ideias que moldam a sua criação.
Este livro centra-se na história de um serial killer que viaja no tempo e na das suas vítimas, em particular naquela que lhe sobrevive. Como surgiu a ideia de juntar crimes e viagens no tempo?
Achei que era uma boa ideia e uma boa forma de jogar com as convenções deste género literário, porque, genericamente, não gosto da narrativa dos homicídios em série. Na cultura pop glorificam-se os serial killers. Se olharmos para séries de televisão como o “Hannibal”, eles são génios intrigantes e diabólicos, como se fossem supra-humanos, monstros. E não são. É interessante que está a decorrer aqui [na Gulbenkian], a conferência “Vítimas de Crime na Europa”. E o que é a violência na Europa? Acabamos por chegar à violência doméstica. E esse é o real perigo que existe no mundo, a violência doméstica, não são os serial killers. Estes são apenas um aspecto do problema.
Como são então?
São homens desprezíveis que fazem coisas horríveis, porque é a única linguagem que sabem usar para se expressar. Há qualquer coisa neles que está quebrada e danificada mas eles não são interessantes. E quando se vêem entrevistas reais percebe-se que eles não têm razões plausíveis. Os seus parentes não foram comidos por canibais numa floresta russa, como na história de Hannibal Lecter. Por isso quis falar mais das vítimas do que do assassino. E a viagem no tempo permitiu-me perverter a realidade e ao mesmo tempo conseguir aproximar-me dela.
A entrevista completa, aqui