Beatriz Batarda e Margarida Cardoso, em entrevista ao Público
Published16 Feb 2015
O filme Yvone Kane, realizado por Margarida Cardoso, com Beatriz Batarda, estreou no Próximo Futuro em Junho de 2014, e está agora prestes a chegar ao circuito comercial, com data prevista para 26 de Fevereiro. Pretexto para uma longa entrevista de Anabela Mota Rieiro com a realizadora e actriz cuja parceria remonta à adpatação para a tela do romance de Lídia Jorge, Costa dos Murmúrios, em 2004.
É um filme muito interior, contido, tenso. Com tudo a carburar cá dentro. Quando usou a palavra “pantanoso”, lembrei-me das roupas que mãe e filha usam e que marcam um forte contraste com as roupas naturalistas e coloridas que os africanos usam. As suas são de cores desbotadas, baças, pantanosas.
Beatriz — Há uma evolução na cor. A Rita vai ficando cada vez mais clara. Começa por ser cinzenta e acaba de branco.Margarida — Foi uma coisa deliberada, claro. São sempre tons pastel. O não ter padrões. E roupa em várias camadas.
Beatriz — Camadas a esconder o corpo e a proteger. Só há um momento em que as cores de mãe e filha se aproximam: é quando a Rita se apercebe de que a mãe está doente. Ficam as duas com tons terra.
A relação mãe-filha é central no filme. Não percebi ainda bem o que queria dizer, no princípio da entrevista, quando falava do vazio da sua mãe.
Margarida — Quando falo do vazio da minha mãe, falo de alguém que é completamente deslocada do meio, da família, e que vai parar a um sítio que não reconhece. E de eu ter vivido sempre muito próxima desse enorme desgosto. É mais essa dor que me marca, [que me transforma] numa pessoa que tem de tomar conta ou estar atenta. O personagem da Sara [a mãe], para mim: uma das coisas importantes é que houvesse um muro, que fosse uma pessoa que tivesse construído um muro contra várias coisas. É uma pessoa fria.A entrevista completa, aqui